ESCOLA SEM CELULAR

Por josé raimundo alves | 07/03/2025 | Educação

ESCOLA SEM CELULAR:

CONTRADIÇÃO E RESISTÊNCIA NA ERA DIGITAL

 

José Raimundo Alves[1]

 

RESUMO

 

Este artigo analisa a persistente resistência das escolas ao uso de celulares e novas tecnologias, apesar da onipresença desses dispositivos na vida cotidiana dos alunos. A discussão explora as contradições entre a realidade digital e as práticas escolares tradicionais, abordando os desafios e as possíveis soluções para integrar a tecnologia de forma eficaz no ambiente educacional.

O autor argumenta que a proibição do celular em sala de aula, motivada por preocupações como distração e desigualdade de acesso, impede o desenvolvimento de habilidades essenciais para o século XXI, como pesquisa online, colaboração virtual e pensamento crítico. Além disso, a escola corre o risco de se tornar um espaço desconectado da realidade dos jovens, perdendo oportunidades de inovação e de preparação para os desafios do futuro.

 

Palavras-chave: Celular, escola, tecnologia, educação, resistência.

RESUMEN

Este artículo analiza la persistente resistencia de las escuelas al uso de celulares y nuevas tecnologías, a pesar de la omnipresencia de estos dispositivos en la vida cotidiana de los estudiantes. La discusión explora las contradicciones entre la realidad digital y las prácticas escolares tradicionales, abordando los desafíos y las posibles soluciones para integrar la tecnología de manera efectiva en el entorno educativo.

El autor argumenta que la prohibición de los celulares en el aula, motivada por preocupaciones como la distracción y la desigualdad de acceso, impide el desarrollo de habilidades esenciales para el siglo XXI, como la investigación en línea, la colaboración virtual y el pensamiento crítico. Además, la escuela corre el riesgo de convertirse en un espacio desconectado de la realidad de los jóvenes, perdiendo oportunidades de innovación y de preparación para los desafíos del futuro.

Palabras clave: Celular, escuela, tecnología, educación, resistencia.

ABSTRACT

This article examines the persistent resistance of schools to the use of cell phones and new technologies, despite the ubiquity of these devices in students' daily lives. The discussion explores the contradictions between the digital reality and traditional school practices, addressing the challenges and possible solutions for effectively integrating technology into the educational environment.
The author argues that the ban on cell phones in the classroom, motivated by concerns such as distraction and unequal access, hinders the development of essential skills for the 21st century, such as online research, virtual collaboration, and critical thinking. Furthermore, schools risk becoming spaces disconnected from the reality of young people, missing opportunities for innovation and preparation for future challenges.

Keywords: Cell phone, school, technology, education, resistance.

 

Introdução

 

A revolução digital tem redefinido profundamente a forma como vivemos, nos comunicamos e aprendemos. Nesse contexto, os celulares emergiram como dispositivos indispensáveis, capazes de desempenhar múltiplas funções no cotidiano das pessoas. No entanto, no ambiente escolar, esses aparelhos frequentemente são vistos com desconfiança e resistência, gerando um paradoxo entre a realidade digital dos alunos e as práticas educacionais tradicionais. Este artigo busca explorar essa contradição, analisando os motivos da resistência das escolas ao uso de celulares e as implicações dessa postura para a educação no século XXI.

A onipresença dos celulares na vida dos estudantes é inegável. Esses dispositivos substituíram uma variedade de ferramentas, como câmeras, mapas, agendas e reprodutores de música, tornando-se instrumentos essenciais para comunicação, informação e entretenimento. Apesar disso, muitas escolas continuam a proibir ou restringir severamente o uso desses aparelhos, argumentando que eles causam distração, indisciplina e até mesmo desigualdades sociais. Essa postura revela uma desconexão entre o mundo digital, no qual os alunos estão imersos, e o ambiente escolar, que parece permanecer ancorado em práticas do passado.

A resistência das escolas ao uso de celulares pode ser atribuída a diversos fatores. Em primeiro lugar, muitas instituições carecem de infraestrutura adequada, como acesso a Wi-Fi e computadores, além de formação para os professores utilizarem a tecnologia de forma eficaz. Além disso, a cultura escolar tradicional, baseada em aulas expositivas e livros didáticos, muitas vezes resiste a mudanças. Outro ponto relevante é o medo de que os celulares prejudiquem a concentração e o comportamento dos alunos, assim como a preocupação com as disparidades socioeconômicas no acesso à tecnologia. A ausência de políticas claras sobre o uso desses dispositivos também contribui para a confusão e os conflitos no ambiente escolar.

Essa resistência cria uma contradição evidente com a realidade dos alunos, que utilizam os celulares não apenas para entretenimento, mas também para aprender, se comunicar e se expressar. A proibição desses dispositivos pode levar à desmotivação e à alienação dos estudantes, além de impedir que eles desenvolvam habilidades essenciais para a era digital, como pesquisa online, colaboração virtual e pensamento crítico. A escola, ao invés de se adaptar ao mundo digital, corre o risco de se tornar um espaço desconectado da realidade dos jovens.

Diante desse cenário, é urgente repensar o papel da tecnologia na educação. Em vez de proibir os celulares, as escolas devem buscar formas de integrá-los de maneira produtiva e significativa. Isso requer investimentos em infraestrutura, formação de professores, políticas claras e flexíveis, além de uma mudança de mentalidade por parte dos educadores. A tecnologia, quando utilizada de forma inteligente, pode ser uma poderosa aliada para tornar a educação mais relevante, dinâmica e inclusiva, preparando os alunos para os desafios de um futuro cada vez mais tecnológico.

 

A Realidade Digital Contemporânea

 

O final do século XX e, sobretudo, o século XXI foram marcados por uma transformação profunda na sociedade, impulsionada pela ascensão do mundo digital. Essa nova realidade tecnológica redefiniu não apenas a forma como nos comunicamos, mas também como aprendemos, trabalhamos e nos relacionamos. Nesse contexto, o celular emergiu como a ferramenta de comunicação mais relevante do século XXI, evoluindo de um simples telefone móvel para um dispositivo multifuncional e indispensável no cotidiano das pessoas. Sua capacidade de integrar funções como acesso à internet, serviços de correio eletrônico, aplicativos de produtividade, transmissão de mídia e geolocalização transformou-o em um instrumento central para a vida moderna, refletindo a convergência entre tecnologia e sociedade.

A evolução dos celulares é um exemplo emblemático da rapidez com que a tecnologia avança. Inicialmente concebidos como dispositivos para comunicação verbal e troca de mensagens de texto (SMS), os aparelhos móveis incorporaram, ao longo do tempo, câmeras fotográficas, acesso à internet, redes wi-fi e uma infinidade de aplicativos que ampliaram suas funcionalidades. Hoje, os celulares já são capazes de executar tarefas antes restritas a computadores, como edição de documentos, transmissão de vídeos em alta definição e navegação por GPS. Além disso, tendências como o reconhecimento de voz, a biometria e a inteligência artificial apontam para um futuro em que os celulares se tornarão, essencialmente, computadores portáteis e altamente personalizados. Essa evolução não apenas amplia as possibilidades de uso, mas também redefine o papel desses dispositivos na vida das pessoas, incluindo no ambiente educacional.

 

Neste processo de aprendizagem, podemos utilizar o celular, a mais importante ferramenta de comunicação do século XXI, cada vez mais enriquecido com novas funções. Até há pouco tempo era um mero telefone móvel com serviço de mensagens curtas (SMS), câmara fotográfica e vídeo. Hoje, já incorpora wi-fi, Internet, correspondência (mail), prestação de serviços (Office), televisão, gráficos e GPS. Apesar de inicialmente ser concebido como um mecanismo que torna possível a comunicação entre duas pessoas, atualmente a tecnologia tanto dos aparelhos quanto dos serviços estão evoluindo. Num futuro próximo, incluirá reconhecimento de voz, leitores de impressão digital e outras tecnologias compatíveis ao aparelho “os celulares estão prestes a virar computadores minúsculos”. Na escola, a proposta de utilização da tecnologia disponível nos aparelhos móveis de comunicação, o celular, deve fazer parte do processo educativo, pois contribui para o desenvolver intelectual, bem como para a interação sociocultural do indivíduo, premissa da educação (SILVA).

 

No contexto escolar, a integração do celular como ferramenta pedagógica representa uma oportunidade para alinhar a educação às demandas da realidade digital contemporânea. Ao invés de serem vistos como fontes de distração, esses dispositivos podem ser utilizados para promover o desenvolvimento intelectual e a interação sociocultural dos alunos. A tecnologia disponível nos celulares permite o acesso a informações em tempo real, a colaboração em projetos virtuais e o estímulo ao pensamento crítico, habilidades essenciais para a formação de cidadãos preparados para os desafios do século XXI. A incorporação dessas ferramentas no processo educativo não apenas enriquece a aprendizagem, mas também contribui para a construção de uma educação mais inclusiva e conectada com as transformações da sociedade. Portanto, o celular, longe de ser um inimigo da educação, pode se tornar um aliado poderoso na promoção de uma aprendizagem significativa e contextualizada.

 

A Onipresença do Celular e a Resistência Escolar

 

Os celulares se consolidaram como dispositivos onipresentes na vida contemporânea, assumindo funções que antes exigiam múltiplos aparelhos, como câmeras, mapas, agendas e reprodutores de música. Sua versatilidade os transformou em ferramentas essenciais para comunicação, acesso à informação e entretenimento, integrando-se profundamente ao cotidiano dos estudantes. No entanto, no ambiente escolar, esses dispositivos são frequentemente vistos como fontes de distração e indisciplina, levando muitas instituições a adotarem políticas restritivas ou mesmo a proibição total de seu uso. Essa postura revela uma tensão entre a realidade digital dos alunos e as práticas educacionais tradicionais, que ainda resistem à incorporação plena da tecnologia.

A resistência das escolas ao uso de celulares pode ser compreendida a partir de diversos fatores. Em primeiro lugar, muitas instituições enfrentam limitações de infraestrutura, como a falta de acesso a Wi-Fi de qualidade, computadores e outros recursos tecnológicos necessários para integrar os dispositivos móveis de forma eficaz. Além disso, a formação dos professores para o uso pedagógico dessas ferramentas ainda é insuficiente, o que dificulta a adoção de práticas inovadoras. A cultura escolar tradicional, centrada em métodos expositivos e no uso de livros didáticos, também contribui para essa resistência, uma vez que a integração da tecnologia exige uma reestruturação dos processos de ensino e aprendizagem.

Outro aspecto relevante é o temor dos educadores em relação aos possíveis efeitos negativos dos celulares, como a distração dos alunos e o aumento da indisciplina em sala de aula. Essas preocupações são amplificadas pela percepção de que o uso inadequado dos dispositivos pode comprometer o rendimento escolar. Além disso, a desigualdade no acesso à tecnologia entre os estudantes é um fator que preocupa as escolas, já que nem todos os alunos possuem celulares de qualidade ou planos de dados que permitam o uso contínuo desses dispositivos. A ausência de políticas claras e bem definidas sobre o uso de celulares também gera incertezas e conflitos, tanto entre os educadores quanto entre os próprios alunos.

Essa resistência cria uma contradição evidente com a realidade dos estudantes, que utilizam os celulares não apenas para entretenimento, mas também como ferramentas de aprendizado, comunicação e expressão. A proibição desses dispositivos pode levar à desmotivação e ao desengajamento dos alunos, além de limitar o desenvolvimento de habilidades essenciais para a era digital, como a capacidade de realizar pesquisas online, colaborar virtualmente e exercer o pensamento crítico. Ao invés de se adaptar ao mundo digital, a escola corre o risco de se tornar um espaço desconectado da realidade dos jovens, perdendo oportunidades de inovação e de preparação para os desafios do futuro.

Diante desse cenário, é fundamental que as escolas repensem sua relação com os celulares e outras tecnologias. Em vez de proibi-los, é necessário buscar formas de integrá-los de maneira produtiva e significativa ao processo educacional. Isso requer investimentos em infraestrutura tecnológica, formação continuada para os professores e a elaboração de políticas claras e flexíveis que equilibrem o uso pedagógico dos dispositivos com a prevenção de possíveis distrações. Além disso, é essencial promover a inclusão digital, garantindo que todos os alunos tenham acesso equitativo à tecnologia. Somente com uma mudança de mentalidade e uma abordagem planejada será possível transformar os celulares em aliados da educação, preparando os estudantes para um mundo cada vez mais digital e interconectado.

 

Motivos da Resistência

 

A resistência das escolas ao uso de celulares se baseia em uma série de fatores interligados que refletem tanto limitações estruturais quanto questões culturais. Um dos principais obstáculos é a falta de infraestrutura adequada, como acesso a Wi-Fi de qualidade, computadores e outros recursos tecnológicos que permitiriam integrar esses dispositivos de forma produtiva no ambiente escolar. Além disso, muitos professores não recebem formação suficiente para utilizar a tecnologia de maneira eficaz em suas práticas pedagógicas, o que dificulta a adoção de métodos de ensino inovadores. Essa carência de suporte técnico se traduz na perpetuação de um modelo educacional que ainda está ancorado em abordagens tradicionais, centradas em aulas expositivas e em um uso restrito dos materiais didáticos.

Outro fator que contribui para a resistência escolar é a permeabilidade da cultura tradicional, que se opõe a qualquer alteração significativa nas práticas educacionais. A insistência em métodos convencionais de ensino reflete um receio de que a introdução de tecnologias como os celulares possa comprometer a disciplina e a concentração dos alunos. Os educadores demonstram preocupações constantes sobre os possíveis impactos negativos desses dispositivos, tais como distração excessiva e comportamento indisciplinado em sala de aula. Esse medo, portanto, leva a uma postura reativa em relação ao uso de tecnologia, que tende a reforçar a proibição em vez de fomentar seu aproveitamento pedagógico.

Adicionalmente, a desigualdade social no acesso às tecnologias amplifica a resistência das instituições de ensino em adotar os celulares. O receio de que a utilização desses dispositivos possa acentuar as disparidades já existentes entre os alunos limita as iniciativas que poderiam promover uma inclusão digital efetiva. Nem todos os estudantes têm acesso a celulares de qualidade ou a planos de dados que permitam o uso contínuo desses recursos; por isso, muitos educadores hesitam em incorporá-los nas atividades acadêmicas por medo de discriminação ou exclusão. Essa situação não apenas perpetua a resistência das escolas, mas também pode gerar conflitos e ressentimentos entre os alunos.

A contradição entre a realidade dos alunos e a postura das escolas é evidente. Os celulares, que são utilizados por estudantes como ferramentas de aprendizado e comunicação, são frequentemente vistos como fontes de distração pelos educadores. A proibição desses dispositivos não só desvaloriza as formas contemporâneas de aprendizado, mas também pode levar à desmotivação dos alunos, que se sentem desconectados da sua experiência cotidiana. Subestimar o potencial dos celulares para fomentar a pesquisa online, a colaboração virtual e o pensamento crítico é um erro que pode comprometer a preparação dos jovens para os desafios da era digital.

Diante dessa realidade, é crucial que as escolas repensem suas estratégias em relação ao uso de celulares e adotem uma abordagem proativa em vez de reativa. Para isso, será necessário investir em infraestrutura adequada, formação contínua dos professores e desenvolvimento de políticas claras e flexíveis que permitam um uso equilibrado, promovendo a inclusão digital. Precisamos, portanto, de uma mudança de mentalidade que reconheça a tecnologia como uma aliada na educação, transformando a resistência em oportunidades de inovação e aprendizado. Isso garantirá que os alunos sejam preparados para um futuro cada vez mais digital e interconectado. 

 

Contradições e Implicações

 

A resistência das escolas ao uso de celulares em sala de aula cria uma evidente contradição com a realidade digital vivenciada pelos alunos. No cotidiano, esses dispositivos são ferramentas centrais para aprender, comunicar-se e expressar-se, integrando-se profundamente às suas rotinas. Ao ignorar essa realidade, a escola corre o risco de promover uma desconexão entre o ambiente educacional e o mundo exterior, o que pode resultar em desmotivação, alienação e, principalmente, na perda de valiosas oportunidades de aprendizado. A proibição do celular, portanto, não apenas desconsidera as práticas cotidianas dos estudantes, mas também reforça um distanciamento entre a educação formal e as demandas da sociedade contemporânea.

A restrição ao uso de celulares impede que os alunos desenvolvam habilidades essenciais para a era digital, como a capacidade de realizar pesquisas online, colaborar em ambientes virtuais e exercitar o pensamento crítico diante da vasta quantidade de informações disponíveis. Essas competências são fundamentais para a formação de cidadãos preparados para os desafios do século XXI, e sua ausência no contexto escolar pode limitar o potencial dos estudantes tanto no âmbito acadêmico quanto no profissional. A escola, ao invés de proibir, poderia incorporar o celular como uma ferramenta pedagógica, transformando-o em um aliado para o desenvolvimento dessas habilidades.

Outra contradição evidente reside no fato de que o celular, atualmente, é um dispositivo multifuncional, capaz de desempenhar papéis que vão além da comunicação. Ele funciona como tocador de música, televisão, caixa de banco, supermercado virtual, lanterna e máquina fotográfica, entre outras utilidades. Essa versatilidade transformou o celular em um objeto indispensável no dia a dia das pessoas, incluindo os alunos. A questão que se coloca, portanto, é como a escola pode continuar ignorando essa nova realidade, na qual o celular não é apenas um aparelho de comunicação, mas uma extensão das capacidades humanas e uma ferramenta de integração com o mundo digital.

A resistência ao uso do celular na escola também reflete uma postura que pode ser interpretada como conservadora, na medida em que desconsidera as transformações tecnológicas e sociais em curso. Em vez de se adaptar às mudanças e explorar o potencial educativo desses dispositivos, a escola opta por mantê-los à margem do processo de ensino-aprendizagem. Essa postura não apenas limita o aproveitamento das tecnologias disponíveis, mas também reforça uma visão de educação que parece estar desconectada das necessidades e expectativas dos alunos do século XXI.

É fundamental que a escola repense sua relação com o celular e outros dispositivos digitais, reconhecendo-os como parte integrante da vida dos estudantes e como ferramentas capazes de enriquecer o processo educativo. A integração dessas tecnologias no ambiente escolar não deve ser vista como uma ameaça, mas como uma oportunidade para promover uma educação mais alinhada com as demandas da sociedade contemporânea. Ao fazer isso, a escola poderá reduzir as contradições entre o mundo digital e o ambiente educacional, contribuindo para a formação de indivíduos mais críticos, criativos e preparados para os desafios do futuro.

 

Possíveis Soluções para a Integração da Tecnologia na Educação

 

Uma das principais soluções para a efetiva integração da tecnologia no ambiente escolar é o investimento em infraestrutura e formação. As escolas precisam ser equipadas com recursos básicos, como acesso à internet de qualidade (Wi-Fi), computadores e dispositivos digitais, além de oferecer treinamento contínuo para os professores. Esse treinamento deve focar não apenas no uso técnico das ferramentas, mas também em estratégias pedagógicas que permitam explorar o potencial educativo desses recursos. Sem uma infraestrutura adequada e profissionais capacitados, a tecnologia corre o risco de ser subutilizada ou mesmo ignorada, perpetuando a desconexão entre a escola e a realidade digital dos alunos.

Outro aspecto fundamental é a integração curricular da tecnologia de forma planejada e significativa. A simples presença de dispositivos digitais em sala de aula não garante melhoria no aprendizado; é necessário que seu uso esteja alinhado aos objetivos educacionais e às necessidades dos alunos. A tecnologia deve ser incorporada ao currículo como uma ferramenta que amplia as possibilidades de ensino e aprendizagem, promovendo atividades interativas, colaborativas e que estimulem o pensamento crítico. Para isso, é essencial que os educadores trabalhem em conjunto com especialistas em tecnologia educacional, desenvolvendo planos de aula que integrem recursos digitais de maneira intencional e contextualizada.

É crucial que as escolas estabeleçam políticas claras e flexíveis sobre o uso de dispositivos tecnológicos, equilibrando o potencial produtivo dessas ferramentas com a prevenção de possíveis distrações. Regras rígidas e proibitivas tendem a ser ineficazes, pois desconsideram a realidade dos alunos e o papel central que a tecnologia desempenha em suas vidas. Em vez disso, as políticas devem ser construídas de forma colaborativa, envolvendo alunos, professores e famílias, e devem focar no uso responsável e ético da tecnologia. Essa abordagem permite que os alunos desenvolvam autonomia e consciência sobre como utilizar esses recursos de maneira produtiva.

A inclusão digital também deve ser uma prioridade, garantindo que todos os alunos, independentemente de sua situação socioeconômica, tenham acesso à tecnologia e às oportunidades que ela oferece. Isso pode ser alcançado por meio de parcerias com governos, empresas e organizações não governamentais, que possam fornecer dispositivos e conexão à internet para estudantes em situação de vulnerabilidade. A exclusão digital não apenas aprofunda as desigualdades sociais, mas também limita o potencial de aprendizado de uma parcela significativa dos alunos. Portanto, a democratização do acesso à tecnologia é um passo essencial para uma educação mais justa e equitativa.

É imprescindível uma mudança de mentalidade por parte dos educadores e gestores escolares, que precisam reconhecer o potencial transformador da tecnologia na educação. Isso envolve superar resistências e preconceitos, entendendo que a tecnologia não substitui o papel do professor, mas amplia suas possibilidades de atuação. A adoção de uma postura aberta e inovadora permite que a escola se adapte às demandas da sociedade contemporânea, preparando os alunos não apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida em um mundo cada vez mais digital. Essa transformação cultural é o alicerce para que as demais soluções possam ser implementadas com sucesso, garantindo uma educação mais relevante e conectada com o futuro.

 

Conclusão

 

A escola sem celular é uma contradição na era digital. Em vez de proibir esses dispositivos, as escolas devem buscar formas de integrá-los de forma eficaz, preparando os alunos para um futuro cada vez mais tecnológico. A tecnologia não é uma solução mágica, mas, quando utilizada de forma inteligente, pode ser uma ferramenta poderosa para tornar a educação mais relevante, dinâmica e inclusiva.

A resistência das escolas ao uso de celulares e tecnologias digitais representa uma contradição evidente em um mundo cada vez mais conectado. Enquanto os alunos utilizam esses dispositivos de forma natural para aprender, comunicar-se e expressar-se, o ambiente escolar muitas vezes permanece ancorado em práticas tradicionais, desconsiderando o potencial transformador da tecnologia. Essa desconexão não apenas limita as oportunidades de aprendizado, mas também reforça uma visão de educação que parece estar alheia às demandas da sociedade contemporânea. Para superar essa contradição, é essencial que as escolas repensem seu papel e adotem uma postura mais aberta e inovadora em relação à tecnologia.

A proibição do celular em sala de aula, embora motivada por preocupações legítimas, como a distração e a desigualdade de acesso, acaba por privar os alunos de desenvolver habilidades essenciais para o século XXI. Pesquisas online, colaboração virtual, pensamento crítico e criatividade são competências que podem ser amplamente estimuladas por meio do uso pedagógico desses dispositivos. Ao invés de proibi-los, as escolas devem buscar formas de integrá-los ao currículo de maneira planejada e significativa, transformando-os em aliados do processo educativo. Essa integração exige, no entanto, investimentos em infraestrutura, formação de professores e políticas claras que equilibrem o uso produtivo com a prevenção de possíveis distrações.

A inclusão digital é outro aspecto crucial que não pode ser negligenciado. Para que a tecnologia seja verdadeiramente integrada ao ambiente escolar, é necessário garantir que todos os alunos, independentemente de sua condição socioeconômica, tenham acesso equitativo a dispositivos e conexão à internet. Parcerias com governos, empresas e organizações não governamentais podem desempenhar um papel fundamental nesse processo, reduzindo as disparidades e promovendo uma educação mais justa e democrática. A exclusão digital não apenas aprofunda as desigualdades, mas também impede que uma parcela significativa dos estudantes se beneficie das oportunidades oferecidas pela tecnologia.

Além disso, é imprescindível uma mudança de mentalidade por parte dos educadores e gestores escolares. A tecnologia não deve ser vista como uma ameaça ao papel do professor, mas como uma ferramenta que amplia suas possibilidades de atuação e enriquece o processo de ensino-aprendizagem. A adoção de uma postura aberta e inovadora permite que a escola se adapte às demandas da sociedade contemporânea, preparando os alunos não apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida em um mundo cada vez mais digital. Essa transformação cultural é o alicerce para que as demais soluções possam ser implementadas com sucesso.

A escola sem celular é uma contradição que precisa ser superada na era digital. Em vez de resistir à tecnologia, as instituições de ensino devem abraçá-la como uma aliada na formação de cidadãos críticos, criativos e preparados para os desafios do futuro. A integração dos dispositivos móveis ao ambiente escolar, quando feita de forma planejada e responsável, pode transformar a educação em um processo mais dinâmico, inclusivo e alinhado com as necessidades do século XXI. A tecnologia, longe de ser uma solução mágica, é uma ferramenta poderosa que, utilizada com inteligência e propósito, pode revolucionar a forma como ensinamos e aprendemos.

 

Referência bibliográfica

 

SILVA, L. A. (s.d.). O uso do celular como ferramenta pedagógica nas aulas de língua portuguesa. Brasil Escola. Recuperado em 1 de março de 2025, de: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/portugues/o-uso-celular-como-ferramenta-pedagogica-nas-aulas-lingua-portuguesa.htm

 


 


[1] Professor de Ensino Médio

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