Escola francesa de geografia e a geografia racionalista. diferença entre as principais ideias e análise a contribuição de ambas.
Por Ernandes de Aquino Vasconcelos | 15/11/2011 | GeografiaEscola Francesa de Geografia e a Geografia Racionalista. Diferença entre as principais ideias e análise a contribuição de ambas.
A Escola Francesa de geografia teve dois importantes nomes que contribuíram para seu surgimento, Élisée Reclus e Vidal de La Blache, sendo esse último o próprio fundador da Escola.
A França, por ser na época, um país fortemente econômico e buscando, também, uma grande força na política, precisava apresentar o desenvolvimento de uma nova geografia diferente da Escola alemã, assim entra em destaque as figuras de Reclus e La Blache.
Reclus se destacou por ser uma pessoa política e buscar reformas sociais favorecendo as classes inferiores, apresentando aspectos de liberdade tanto para a sociedade quanto para a Geografia como ciência e condenava o processo de expansão da colonização.
Suas idéias tiveram mais reconhecimento a partir da publicação de suas principais obras: A Terra, Nova Geografia Universal e O Homem e a Terra. Sempre deu importância a descrição e ilustração cartográfica e dessa forma ficava mais próximo do seu público, seus estudos se baseava na evolução da humanidade, realizando pesquisas e analizando a superfície terrestre.
Para o autor, a sociedade estava dividida em classes sociais, as dominadas, que aspiravam melhorias de vida e as dominantes, que não queria perder o controle do poder e da riqueza. Para ele, a solução desse problema estava no desenvolvimento científico e no progresso. Sempre correu atrás de grandes assuntos da época como, o processo de colonização e a degradação do meio ambiente a partir da expansão do capitalismo. Apesar de ter sido muito importante para a geografia francesa, não foi Reclus a pessoa mais impotante da Escola Francesa de Geografia, e sim Vidal de la Blache.
La Blache e suas idéias estavam mais envolvidas com a realidade política e econômica. Para ele não poderia existir vínculo entre o pensamento geográfico e a defesa de interesses políticos. Em seus estudos concluiu que o meio exercia influencia sobre o homem e que o homem também poderia exercer influencia sobre o meio a partir de técnicas e capital para isso, com essa idéia surge o Possibilismo, característica dessa Escola. Não deixava de lado que a Geografia era uma ciência dos lugares e não dos homens. Sempre valorizou os trabalhos de campo e o desenvolvimento dos estudos regionais, considerando a Região como o suporte que o homem utiliza para sobreviver e para se organizar no espaço terrestre.
Paul Vidal de La Blache ressaltava a importância do método como fator definidor da geografia. Reconhecia também a importância da generalização, das leis e da explicação.
Após a Segunda Guerra Mundial, as monografias descritivas em geografia (herdadas do pensamento de La Blache) não eram mais suficientes, surgiu o Racionalismo, que repudiava todo tipo metafísica, como o subjetivismo, a vontade e a intuição do espírito, privilegiando mais o raciocínio dedutivo. Dois autores se destacaram nessa época, Alfred Hettner (alemão) e Richard Hartshorne (Norte-americano).
Hettner foi um dos grandes geógrafos alemães, tinha uma grande preocupação que estava voltada para a natureza do conhecimento geográfico, para ele a Geografia era uma ciência do espaço que analisa as causas das diferenciações das porções da superfície da Terra, sendo, ao mesmo tempo uma ciência natural e humana e sempre teve uma preocupação de caráter ecológico, analisando a ação do homem sobre a natureza.
Hettner propõe a Geografia abordando uma busca racional do terceiro caminho para a análise geográfica, que não fosse o determinismo e o possibilismo geográfico.
Com esses mesmos conceitos de hittner, Hartshorne introduz esse pensamento nos Estados Unidos, bem mais desenvolvido do que o do seu antecessor, conseguindo assim uma articulação entre a Geografia Regional e a Geografia Geral.
Na Geografia Regional ou Idiográfica seu pensamento era de que quanto mais profunda a análise, maior o conhecimento de realidade local. Os fenômenos variam de lugar a lugar e as suas inter-relações também variam. Os elementos possuem relações internas e externas à área.
Na Geografia Geral ou Nomotética seu pensamento era de que quanto maior a simplicidade dos fenômenos relacionados, maior a possibilidade de generalização. A Geografia Nomotética abriu novas vertentes no estudo Geográfico agilizando o estudo regional e criando perspectivas de planejamento e diagnósticos.
Hatshorne usa o conceito de Kant, ou seja, para ele o espaço em si não existe, o que existe são os fenômenos que se materializam neste referencial. Aqui, espaço e tempo são desprezados.
O autor, apesar de não romper com o pensamento tradicional, já representava um papel de transição. A Geografia tradicional deixou uma ciência elaborada e conhecimentos sistematizados. Deixou fundamentos, com um campo delimitado, articulando uma disciplina autônoma. Deixou um rico acervo Empírico e técnicas que possibilitaram um avanço na elaboração de conceitos e críticas que estimularam a transição entre a Geografia Tradicional e a sua renovação.
Autor - Ernandes Vasconcelos