Escola dos Annales: A Era Braudel

Por Ítalo Sampaio | 03/11/2016 | História

- Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru Escola dos Annales A Era Braudel Ítalo Ricardo Sampaio da Silva Graduando História Caruaru/PE, 03 de novembro de 2016. A Era Braudel Nesse terceiro capitulo do livro Escola dos Annales, é frisado sobre a Era Braudel O Mediterrâneo, suas teses e teorias, dentre elas a primeira foi escrita sobre Felipe II, onde ele retrata a política externa do Mediterrâneo. O primeiro artigo publicado por Braudel foi no século XVI sobre o qual colocou o tema da Presença Espanhola no Norte da África. Essa pesquisa foi desenvolvida no início dos anos 30 em Simancas. Algumas pesquisas de Braudel foi interrompidas, pois ele foi contratado para lecionar aulas na Universidade de São Paulo, e ficou no Brasil nos anos de 1935 a 1937. Foi depois desse período que Braudel se encontrou com Febvre, que lhe adotou como um filho intelectual. Sem dúvidas o Mediterrâneo foi um dos maiores feitos do historiador, pois foi escrito quando Braudel se encontrava preso no período da Segunda Guerra Mundial. Essa obra foi publicada em 1949 e dedicada a Febvre. A parte mais tradicional do livro corresponde a politica externa de Felipe II, onde retrata toda a história politica e militar. Essa narrativa de eventos, contudo, está longe de ser uma história tradicional, como é notório aparecer a primeira vista. Braudel também escreve sobre Don Juan, Don Juan da Austrália e Lepanto, mas ele recusa de explicar o sucesso desses, perante um fato vitorioso, cuja existência é desconhecida. A preocupação de Braudel é justamente situar individous e eventos em um só contexto. A segunda parte do Mediterrâneo é denominada de “destinos coletivos e movimentos de conjuntos”. A partir daí, Braudel vai situar e frisar a forma do sistema estatal, economia, sociedade, civilizações e formas mutantes de guerra. Nessa conjuntura Braudel analisa o governo de Felipe II como um “colossal empresa de transporte terrestre e marítimo”. No século XVI é perceptível o favorecimento de desenvoltura de grandes estados de impérios rivais espanhóis e turcos, que possuiriam a hegemonia da dominação do mediterrâneo. Para Braudel, a história é desfavorável e ao mesmo tempo favorável, visto que a formação era vasta pela hegemonia política. Em um dos capítulos do livro, Braudel faz uma comparação entre cristãos e mulçumanos que estavam presentes no Mediterrâneo, ele evita o discurso simplista, discute também a respeito dos espanhóis que evocara o repudio ao protestantismo. Em suma, Braudel foi um dos mais importantes historiadores da França, foi também o mais poderoso. A partir de então, ele teve uma grande influência sobre algumas gerações de estudantes e pesquisadores. Braudel e Febvre foram os grandes responsáveis pelo então projeto de escrever a história da Europa, como foi proposto por Febvre, mas apenas Braudel concluiu o seu trabalho de titulação Civilization Matérialle et Capitalisme (1967 – 1973). Febvre não concluiu sua parte, pois foi nesse decorrer que ele veio a falecer. Em sua obra, Braudel achava necessário acrescentar para preservar uma certa distância intelectual de Marx, evitando cair na armadilha de uma estrutura intelectual que considerava rígida. Nos três volumes de Civilization Matérialle et Capitalisme, Braudel ordena a categoria econômica do consumo, distribuição e produção. Na introdução do primeiro volume ele descreve a história econômica como edifício de três andares. O primeiro volume é dedicado a história econômica do denominado “velho regime”, que é sobretudo referente há quase quatrocentos anos. Braudel escreve esse livro com o intuito de abordar em sua totalidade a história da Europa, mas tábém fala um pouco sobre a África, e muito sobre a Ásia e América. Braudel analisava a história em sua totalidade, enquanto seus discípulos estudavam as tendências populacionais em nível de províncias e vilas. Braudel se diferencia dos outros historiadores quando põe em destaque temas que subvertem as fronteiras tradicionais da história econômica, deixando de lado as categorias voltadas para agricultura, comércio e indústria. Para ele, existem dois conceitos do primeiro volume, são eles: vida diária e civilização material. Na introdução da segunda edição, Braudel tem como objetivo introduzir a vida cotidiana no domínio da história. Doravante, sua obra é muito importante por sua síntese entre o que pode ser denominada a “pequena história” do dia-a-dia, facilmente transformável em mera descrição, anedotário e a história das grandes tendências socioeconômicas da época. Para entender a concepção de civilização material, merece destacar a grande afinidade de Braudel com o historiador Oswald Spengler, que dá a ideia de um domínio da rotina, oposto ao domínio da criatividade. Como escrevera no Mediterrâneo, Braudel destaca sua forma de abordar as civilizações com um olhar de um geografo, ou melhor, de um geo-historiador, onde seu maior interesse é em áreas culturais, nas quais a troca de bens ocorre, ou deixa de ocorrer. Braudel sempre mantem um equilíbrio entre o abstrato e o concreto, o geral e o particular. Focalizando no século XVIII inicia o estudo de caso sobre uma fabrica agrícola e a denomina como Veneziano, ou também a Bolsa de Amsterdam. Um caso curioso em que Braudel conta que a missa era celebrada no balcão da catedral afim de que os compradores e vendedores assistissem sem interromper os negócios. Braudel se destaca por ser um grande teórico, ele interligava suas ideias com outras disciplinas convertendo-as depois para um conceito próprio. Nesse volume ele utiliza a “teoria do lugar central”, do geografo alemão Walter Christaller, para analisar a distribuição dos mercados chineses. Nessa análise, Braudel faz explicações estruturais e multilaterais. No ultimo volume Letemps du Monde, Braudel elide sua abordagem sua abordagem eclética, tendo como apoio as ideias de um único homem, Immanuel Wallerstein. Voltou-se para economia quando não poderia entender o capitalismo sem retornar as suas origens. A análise de Wallersten faz da história do capitalismo repouso sobre a obra do economista Andre Gunder. Este ultimo volume se preocupa também com a sequência dos poderes preponderantes, mas principia, como se poderia esperar de Braudel, com o Mediterrâneo. Segundo ele, foi a Veneza que teve uma hegemonia sobre a economia mundial da época. Em todos os volumes que Braudel escreveu é comum encontrar lacunas e imperfeições, particularmente quando o autor se afasta do Mediterrâneo, que tanto amava e conhecia. Porém, em uma obra tão grande é inevitável não encontrar imperfeições. As qualidades da trilogia de Braudel superam e muito os seus defeitos, visto que os três volumes constroem uma magnifica síntese da economia do inicio da modernidade Europeia.