Erro Evolucionista na Religião

Por ADEMIR GOULART | 13/05/2014 | Filosofia

AS CONSEQÜÊNCIAS DA TEORIA DE DARWIN

A tentativa de se obter respostas sobre as origens de todas as coisas no século XIX ganhou força quando Darwin tomou os princípios evolucionistas para tentar demonstrar como as formas de vida poderiam ter surgido de outras formas mais simples. Com este fato aumentou grandemente o entusiasmo dos pensadores da época, pois acreditavam que os princípios evolucionistas da biologia poderiam ser aplicados na filosofia e na sociologia, como as origens da sociedade, da cultura e da religião.
Na tentativa de explicar a origem da religião, alguns eruditos sem se preocupar com a fonte das informações, se eram apoiadas pela Bíblia, se eram de procedência pagã, se eram rechaçadas por Deus, enfim, se eram verdadeiras ou falsas, reuniram todas as religiões em um só grupo e apresentaram a hipótese de que as religiões animistas, espíritas, surgiram primeiro.
Edward Tylor, um inglês, disse que a ideia da alma humana surgiu em primeiro lugar e que isto foi o princípio de todas as formas de religião, disse que os selvagens primitivos imaginavam que tinham uma alma, pois se perguntavam a respeito do sono, da doença, da morte, dos sonhos e das visões. O reflexo na água e mesmo suas sombras trouxeram a ideia e reforço ao pensamento de que o homem possuía uma alma, e já que eles tinham uma alma, outras coisas, como: animais, árvores, montanhas e as forças da natureza também deveriam possuir alma também, logo o espiritismo, ou animismo, veio a nascer, sendo, portanto a primeira religião*. Passado um longo tempo e com a evolução da sociedade humana se dividindo em classes, a aristocracia dominando os camponeses, isto levou os homens a criar uma aristocracia de deuses, que governavam sobre os homens, surgiu ai o politeísmo. Logo, o politeísmo nasceu do animismo. Passado mais um bom tempo a aristocracia humana viu surgir um aristocrata que se destacava acima de seus companheiros de classe, tornando-se um monarca que reinava sobre eles, logo não tardou a se desenvolver a ideia de que assim também seria no plano espiritual, ou seja, um membro das divindades, um dos deuses, começou a se destacar dos demais, elevando-se acima dos demais, como um ser supremo. Desse modo o monoteísmo evoluiu gradativamente do politeísmo, na sociedade onde o se desenvolveu a monarquia*.
Quatro conceitos básicos se observam na teoria de Tylor: 1- Acabara os mistérios sobre religião, sua origem e desenvolvimento. 2- O monoteísmo foi o marco final da religião. 3- O próximo passo nesses conceitos evolucionistas seria o abandono da religião com seu Deus, deuses ou espíritos. 4- Nas sociedades primitivas não poderia haver uma crença monoteísta, pois o conceito monárquico ainda não existia.
Essa teoria de Tylor foi aceita por muitos estudiosos de raças e religiões da época devido à esmagadora evidência apresentada, não deixando lugar para refutações, e assim permaneceu por trinta anos. Essa teoria dominou o pensamento da Europa e alguns estudiosos americanos. A ideia do evolucionismo foi avançando a tal ponto que seus defensores passaram a argumentar que a teoria da evolução deveria se sobrepor aos demais sistemas e principalmente o Teísmo e o Teísmo Cristão.
Enquanto isso muitos outros estudiosos se empenharam em desmascarar essa teoria, mas com pouco sucesso. Até que em 1898, um dos discípulos de Tylor, chamado Andrew Lang ao ler o relatório de um missionário, onde era dito que um povo primitivo da região onde aquele missionário estava já tinha conhecimento da existência de um Deus Criador antes da chegada dos missionários. Lang julgou que havia ali algum equivoco, passando a estudar o assunto e quanto mais se aprofundava mais descobria que existia um grave erro na teoria de Tylor e que ela não poderia manter-se. Lang pronunciou-se sobre a questão lançando um livro intitulado: “A formação da religião” e mais do que isso, ele buscou mais informações e equívocos que deveriam ser esclarecidos, publicados e repelidos.
Wilhelm Schmidt, sacerdote católico e professor universitário em Viena, impressionado com a falta de crédito aos argumentos de Lang, concentrou-se em fazer uma pesquisa tão profunda que seria uma verdadeira bomba sobre os argumentos do evolucionismo, concentrando-se em documentar as evidências a favor do “Monoteísmo Nativo” que vinham de todas as partes do mundo. Em 1912 Schmidt publicou sua obra intitulada: “A Origem do Conceito de Deus”. As evidências, porém não paravam de chegar, até que em 1955 já se acumulavam mais de 4000 páginas de evidências, num total de 12 volumes*.
Embora a teoria de Tylor tenha caído, pouco antes disto, ela inspirou alguns a aplicarem esses princípios em outros segmentos, ou seja, a teoria de Tylor deixou ramificações que deveriam ter desaparecidas com a queda da ideia principal, mas infelizmente, não caíram e persistem até hoje, como: 
a)- Teologia Liberal, que tenta desacreditar o Antigo Testamento, pois acredita que o Pentateuco foi adulterado por sacerdotes monoteístas que tiraram partes importantes desses livros que traziam a ideia do politeísmo, mas acabaram por se esquecer de algumas partes. Com isto a escola resultante, a Alta Crítica, enfraqueceu a fé de milhares de cristãos e enfraqueceu milhares de Igrejas em todo mundo, bem como fez com que as pessoas não levassem a Palavra de Deus a sério. Esqueceram-se, porém que se a ideia principal morreu assim também deveria acontecer com seus subprodutos.
b)- O Racismo Nazista, que teve suas raízes nesta teoria, pois a evolução biológica e cultural indicava que assim também um segmento das populações do mundo teve uma evolução superior às demais no campo físico e cultural, e essa população evidentemente era a européia. Nietzsche, filósofo alemão evolucionista defendeu essa ideia e mais do que isso, disse que se uma raça era superior então seu líder seria um homem superior, ou seja, um super-homem, com tamanha superioridade que poderia dominar a humanidade. Três décadas depois da morte de Nietzsche surgiu um austríaco chamado Adolf Hitler, que acreditou ser o tal super-homem, por comandar uma super-raça, daí por diante sabemos muito bem o que aconteceu, o pior pesadelo de toda história da humanidade. Logo, o racismo nazista surgiu de uma ideia morta em sua base fundamental.
c)- O Comunismo, com base ainda nesta teoria retrógrada e morta, através de Karl Marx, Lenine e outros desfecharia uma perseguição furiosa e mortal contra tudo que se chamasse ou estivesse associado à religião, pois acreditavam que deveriam aniquilar a religião da face da terra, mesmo que para isso tivessem que matar, torturar e prender. Acreditavam no materialismo e no ateísmo, que deve ter se originado nos pensamentos de Tylor, pois acreditavam que a ciência tinha finalmente posto um ponto final na ideia de que a religião tinha alguma seriedade espiritual. No mundo comunista é ainda ensinado até hoje os conceitos de Tylor como base fundamental do ateísmo nas universidades. Um professor universitário de um desses países comunistas foi indagado por um outro professor: “Como os antropólogos comunistas reconciliavam seu ensino ao fato de as teorias de Tylor terem sido refutadas nas primeiras décadas do século XX”. Para sua surpresa, o comunista, parecia desconhecer que essa teoria tivesse sido refutada e rejeitada.
Graças a homens como Lang e Schmidt que investigaram a fundo esses preconceitos e idéias puramente humanas, que a sensatez ganhou da loucura. Essas teorias cegas que vem somente com um intento: depreciar as profundezas de Deus com leviandades e soberbas de homens que querem se colocar numa posição de intelectual e sábio, mas que na verdade é loucura para Deus. Quantas pessoas inocentes pagaram com a própria vida por esse erro, e quantas almas se perderam por causa dessa teoria inconsequente, ou melhor, por essa vã filosofia.

Isso tudo desencadeou uma revolução na Teologia, pois muitos correram atrás do prejuízo desenfreadamente tentando resolver esse quebra-cabeça. Assim surjiram as Teologias Liberais, da Missão Integral e da Libertação. Foi um verdadeiro retorno ao Gnosticismo. Porém, depois de provado ser um grave erro, o resultado disso se perpetua ainda hoje.

* Don Richardson - "O Fator Melquisedeque".  O testemunho de Deus nas culturas através do Mundo.