Entrevista com jovem moradora do assentamento Olga Benário em Ipameri - Goiás

Por NALY DE ARAUJO LEITE | 28/03/2012 | Direito

É direito do cidadão a moradia, a saúde, a educação, trabalho e lazer. A Constituição Federal da República protege estes direitos como CARTA MAGNA do Brasil. VIDA DIGNA, hoje, tem sido restringida por processos sociais classistas, e esta restrição não ocorre visivilmente, é necessário a observância do processo, análise reflexiva, e as pessoas estão muito ocupadas com a própria sobrevivência, portanto, muitas das pessoas que não concordam com princípios constitucionais, os denomino de  "seres excludentes constituicionais" conduzem, induzem e manipulam o sistema discriminador com luvas de pelica.

A reportagem abaixo é com uma jovem, que não tem vícios sociais como os seres excludentes, portanto, peguntas simples e respostas sinceras. Após entrevistá-la, gravei um vídeo e está na you tube no meu canal, NALY 62 - intitulado, IPAMERI - ENTREVISTA COM MORADORAS DO ASSENTAMENTO OLGA BENÁRIO.

Em se comparando, Geovana se queixou da falta de união para o término das casas do Assentamento, entre outras dificuldades, mas as senhoras entrevistadas e filmadas, demonstraram claramente que os moradores do Assentamento foram extremamente marginalizados e excluídos pela comunidade ipamerina.

Dirigentes religiosos, Promoção Social, Entidades de Base, não tem atuação nestes assentamentos, mas chegando a época das eleições, a frequência e atenção iniciam, as promessas também, mas difícil é o cumprimento das promessas, o que torna a questão um circulo vicioso.

Em se tratando da discriminação, não há nada mais difícil nesta região, em outras regiões também, não posso negar, do que uma Ação de Inconstitucionalidade ou se provar um descumprimento a nossa Constituição.

Sou admiradora de Carneluti, escritor de vários livros aos quais tive acesso durante os 05 anos nos quais cursei Direito, me lembro que o admirava porque afirmava categoricamente que "ao menor dano produzido ao ser humano se move toda a máquina do judiciário".

Pobre Carnelutti, pobre de nós, a máquina pode mexer, mas o homem não. Projetos e mais projetos que distanciam cada vez mais o homem, cidadão comum, do alcance do direito ou justiça almejados. A OAB não demora se tornar como Convênio Particular, hoje, para conseguir Assistência Judiciária Gratuita, é quase impossível, eles exigem praticamente a "miserabilidade do cidadão", ou seja, que este cidadão necessitado da justiça, assine o ATESTADO DE INCOMPETÊNCIA DO ESTADO.

Elaborei um Projeto contra a Lei 9.099/95, pelo menoscabo e por bagatelar fórum íntimo da vítima, e legislar limitadamente sobre danos emocionais, psíquicos, consequentes de um furto, por exemplo, em sua tentativa, na qual a vítima se debate com o assaltante, este foge, e se detido, não é tipificada tal tentativa como crime, e a vítima não é atendida a não ser que os danos lesivos sejam visíveis a "olho nú". O Estado não salvaguarda as vítimas do que não se tipifica, não constitui pequena infração, os "quesitos" limitam a "extensão do cometimento", mas o Estado não tem meios de assegurar esta vítima através de um acompanhamento, e o assaltante não é apenado por tentativa.

Mas, aguardemos o parecer da Ouvidoria do Senado, e enquanto isto vamos conhecer uma das moradoras do Assentamento e tentar conhecer melhor as várias realidade que nos cerca e empreendermos luta por melhores realidades para todos.

 

Geovana Almeida Vaz, moradora do Assentamento Olga Benário, na Antiga Fazenda Santa Rosa, em Ipameri – Go., provavelmente uma futura líder política por pensar no seu povo e sua gente como “gente grande e de atitude”, responde algumas perguntas:

NALY - Oi Geovana. Gosta do lugar onde vive?

GEOVANA - Sim.

NALY - Por que?

GEOVANA - Porque lá é bom, fazenda boa, nos podemos plantar e cuidar das plantas, a terra é boa...

NALY - Que plantio vocês fazem?

GEOVANA - Arroz, milho, feijão, abóbora, tomates, de tudo.

NALY - E árvores frutíferas?

GEOVANA - Maçã, banana, limão, laranja, mixirica, figo, só...

NALY - Tem asfalto, luz e água?

GEOVANA - Asfalto não, só luz e água.

NALY - Qual o transporte de vocês?

GEOVANA - KOMBI escolar.

NALY - E para ir e vir até o município?

GEOVANA - A Kombi de vez em quando trás todos, e depois a gente pega um ônibus, escolar.

NALY - Quantas pessoas vivem no assentamento?

GEOVANA - 84 famílias.

NALY - Se contruíssem uma escola no assentamento, seria melhor para todos?

GEOVANA -Sim.

NALY - Por que?

GEOVANA - Fica mais perto.

NALY - Quantas horas de espera e viagem?

GEOVANA - A gente saí de casa 11h35 e chega às 18h00.

NALY - E trabalho? Todos trabalham?

GEOVANA - Sim. Em fazendas, e na cidade.

NALY - Como se deslocam do assentamento para cidade?

GEOVANA - De moto e de carro.

NALY - Como é a moradia de vocês?

GEOVANA - Casa de alvenaria, e alguns moram em barracas de lona preta.

NALY - Como tomam banho e dormem?

GEOVANA - Buscam água no córrego, e dormem em camas.

NALY - Qual o maior risco sofrido pelos moradores do assentamento?

GEOVANA - Animais ferozes como cobras, onças, lobos, gambá, jaratataca.

NALY - Que animal é jaratataca?

GEOVANA - É um animal parecido e fedido como o gambá.

NALY - Já pegaram onças no assentamento?

GEOVANA - Não. Mas onça atacou as casas e comeu 03 porcos.

NALY - E a jaratataca.  Já entrou nas casas?

GEOVANA - Não, mas comeu ovos das galinhas que estavam chocando.

NALY - O que falta no assentamento?

GEOVANA - Falta terminar as construções.Alguns tem material, mas não terminou...

NALY - E a saúde? Tem postinho de saúde?

GEOVANA - Não. Tinha um médico Dr. Sinésio, dentista, ele mora lá, mas aposentou.

NALY - Quantos cômodos tem as casas?

GEOVANA - Tem algumas que tem 04 cômodos e  outras com 07.

NALY - Há igrejas no assentamento?

GEOVANA - Sim. Igrejas evangélicas, são três as Igrejas, e nenhuma Igreja Católica.

NALY - Os Ministros da Eucaristia prestam assistência espiritual e evangelística no Assentamento?

GEOVANA - Não, nem recebemos visitas dos católicos.

NALY - Tem outras Igrejas?

GEOVANA - Não sei dizer.

NALY - Se alguém sentir mal durante a madrugada, qual o procedimento dos moradores?

GEOVANA - Nunca aconteceu, mas se acontecer chamam um médico.

NALY - As pessoas do Assentamento são felizes?

GEOVANA - Sim.

NALY - Quais os sonhos e desejos das pessoas que vivem no Olga Benário?

GEOVANA - Arrumar os lotes para ter uma vida melhor.

NALY - Como é arrumar os lotes?

GEOVANA - É assim: a gente tem um pedaço de terra, aí a gente limpa um pedaço, faz a casa, aí eles capina lá para plantar e também eles arrumam bem direitinho o plantio, aí quando o plantio tá mais grande, eles capinam, e só...

NALY - Como poderia ser arrumado o lote?

GEOVANA - Precisa de ajuda para capinar, tem que juntar o grupo, para ajudar capinar, ou às vezes eles capinam sozinho.

NALY - Esta ajuda deveria ser externa?

GEOVANA - Não. É do grupo que a gente organiza, mas tem alguns grupos que não aceitam.

NALY - Tá faltando união no Olga Benário no seu ponto de vista?

GEOVANA - Sim.

NALY - Como você acha que poderia ser resolvido? Vamos supor que você fosse Prefeita de Olga Benário.O que você faria?

GEOVANA - 1º - juntar os grupos para ter todo mundo junto e a união;

  2º -tem alguns que é muito ignorantes, então eu iria falar com eles;

  3º - então, mãos a obra.

   4º - fazia o resto das casas;

   5º - ajudava eles num jeito pra vir pra cidade;

   6º - eu queria construir uma escola;

    7º - eu queria um posto de saúde;

    8º - uma praça com parque pras crianças brincar;

 NALY - Geovana, que mensagem você deixa aos leitores dos BLOGS nos quais serão publicados a sua entrevista?

- Deixaria a boa leitura.

GEOVANA reside no Assentamento Olga Benário, estuda no CEPEM, filha de DIVINO MACHADO VAZ E CLENIA APARECIDA DE ALMEIDA, tem 07 irmãos, Tulio, Rafael, Carlinhos, Leidiane, João Paulo, Cassio e ela.

Resolvi entrevistá-la porque se sentou próxima a mim, no meu local de trabalho e ficou me observando. Comecei a conversar com ela e me veio a idéia de mostrar OLGA BENÁRIO através da concepção de uma jovem de 11 anos que tem muitos idealismos e conhecimento da realidade de sua gente, isto é extraordinário.

Anexo vídeo da entrevista com duas moradoras do Assentamento, após entrevista com Geovana.

 

 

Naly entevista a jovem Geovana do Assentamento Olga Benário