Entre o ceticismo e o desejo

Por Alcimar Villar | 23/04/2009 | Poesias

Como posso te sentir, sem jamais ter-te sentido?
Como posso te perceber, sem jamais ter-te olhado?

O descortinar da noite,
traz-me o som de pássaros noturnos,
ainda que eu esteja na secura da metrópole.


A cadência das estrelas,
que presencio,
proporciona a sensação
do bailar dos gnomos à minha frente,
mesmo que eu seja cética ao esoterismo.

O ladrar da matilha,
povoa meus pensamentos
de uma vida tão eqüidistante,...
que nem me recordo quando a vivi.

Estranha essa sensação que oscila
entre o ceticismo, a sensação e o desejo.

Será o que isso?
Não possuo respostas plausíveis.
Não sei como acondicionar o que não se materializa.
Não sei como delinear
sensações, emoções e aspirações etéreas.

Quem será que vendeu-me, e eu comprei,
a ilusão de que as explicações da alma
têm lógica ?

Meu suposto equilíbrio, aquele que busca sempre a argumentação mais justa,
não me serve para coisa alguma.
Ao contrário, creio ser ele o transmissor
das inquietações que tanto me fazem levitar
em órbitas ainda não exploradas.

Lá vem minha constante prudência e meticulosidade,
buscando àquela razão que o Ar não me permite!
Ledo engano o da Terra que tenta fincar
essas emoções, esses atos ou esses pensamentos.
Quanto mais a Terra me finca à raiz da figueira
por intermédio da razão,
mais me impulsiona rumo àquilo que há muito vivi.

Quanto mais a Terra tenta me pousar,
mais ela sofre as mazelas de ser um receptá-lo.

Quem mandou Capricórnio não transcender?
Quem mandou Libra não se assentar ?
Quem me presenteou com essas contradições ? Rsss

Ganho pela não formatação de meus sentimentos.
Perco pela anuência da suposta lucidez.
Por fim venço !

Venço exatamente por não possuir dogmas internos que corroborem a lucidez arraigada,
ou a levitação interminável.

Nenhuma das instâncias
conseguem delimitar ou evaporar minha emoção.
Não há o que ou quem,
consiga transpor minha alma!