Entre Flores e Cactos!

Por Francisco Antônio Saraiva de Farias | 30/10/2012 | Crônicas

Entre flores e cactos!... 

Prossigo firme, embalado por velhos sonhos, um tantinho cansado, circunstancialmente embaraçado, mas sem vergar-me aos percalços da vida e sem temer o eco dos arroubos autoritários e intimidatórios bradados por mentes portadoras de índole má e sem deixar-me atrair e encantar-me pelo brilho das facilidades que o mundo oferece. Tive e tenho vários amores: de Deus, de mãe, de pai, de irmãos consaguíneos e do coração, de avós, de uma saudosa e virtuosa mulher, amada amante, que antes de ser colhida pelo Pai de toda criação, presenteou-me com dois filhos lindos, abençoados, que me amam incondicionalmente, de sobrinhos, netos, e de um verdadeiro exército de amigos-irmãos.

Sou feliz!

Louvo e agradeço a Deus por isso!

No entanto, esse é apenas o introito prazeroso de uma maravilhosa e infindável história, brotada da essência do sentimento mais nobre, o amor, em sua acepção mais ampla. Largarei-a inacabada, longe do fim, para, amargamente, ousar delinear e externalizar alguns cenários e facetas de outra forma de amor: o Amor Prostituto ou... o Amor Bandido! Do avesso, paradoxal!... Fruto de uma vivência sem preconceito e falso moralismo, e de observações no complexo, desafiador, gratificante, mas, às vezes, tenebroso e pungente percurso dessa “vida severina”!... A essa estranha e penosa forma de amor, deu-se, há milênios, o nome de prostituição. Desgraçadamente, a prostituição vem sendo, ao longo dos vários janeiros, elasticamente ampliada, criminosamente explorada!... Capto, com o coração contristado, que, embora estejamos vivendo a era da Tecnologia da Informação e da Nanotecnologia, onde ações e realizações magistrais poderiam ser idealizadas e alavancadas no âmbito das Instituições, em favor de todos, sobretudo dos segmentos sociais equidistantes das riquezas nacional, esquecidos por longos e dolorosos janeiros pelos governos, principalmente pelos que antecederam aos dois mandatos consecutivos do Presidente Lula, diferenciados e exitosos, na tenaz perspectiva de um Brasil mais justo e igualitário. Porém, não obstante os significativos avanços experimentados, principalmente por um expressivo número de brasileiros e brasileiras que dantes faziam apenas uma refeição por dia (às vezes nem isso...), tais segmentos sociais ainda vivem massacrados e visivelmente desguarnecidos da plena e merecida proteção do Estado, mais escandalosamente os pretos e índios!

Se aproveitando desse cenário, alguns oportunistas se articulam e se juntam, como aves de rapina, travestidos de bons samaritanos, para disputar poder no seio das Instituições, onde, depois do êxito obtido, expõem as garras (ou vísceras!...), passando à habitá-las como verdadeiros monarcas, transitando vaidosamente por todo o “Reino”, protegendo e premiando aleatória e generosamente os “fiéis escudeiros” e monitorando e encurtando os espaços dos previamente classificados como adversários, gerando insegurança Institucional e acentuando os “apartheid”, sem nenhuma cerimônia ou desfaçatez, em meio ao sofrimento e ao clima putrefato gerado pelas injustiças e pelas desigualdades que ainda grassam e desnivelam criminosamente os ambientes das Instituições e a realidade dos vários Brasis, produzindo e disseminando ações e ambientes amorais, propício à proliferação vertiginosa de falsas lideranças, alquimistas intelectuais, prostituição, ambição desmedida, falsidade e excesso de esperteza, que, avassaladoramente, espraiam-se para todas as camadas, perpassando, inclusive, o âmago das Instituições... Desafiando e afrontando acintosamente o poder do povo e da democracia, tão duramente conquistados e consagrados na Carta Magna proclamada pelo saudoso líder Ulisses Guimarães, então Presidente do Congresso Brasileiro, em 1988!... Violando, pois, leis, ludibriando expectativas, violentando sonhos, desagregando vidas, lares, aconchegos, fruto da corrupção e da impunidade que grassam vertiginosamente em todos os níveis, secularmente acobertadas pelo próprio manto da legalidade, apequenando e acovardando o Estado, e, por conseguinte, estimulando e fortalecendo o tráfico de influência, o controle e a manipulação da mídia; a proliferação de templos, liderados por pastores inescrupulosos, que, via de regra, transformam a religião em negócios lucrativos, gananciosos e em fonte de “generosa” e escabrosa troca de favores, pregando, em nome da salvação celestial, o radicalismo e o conformismo religioso, enganando, ludibriando e assolando a boa fé de muitos; alimentados pela desestruturação dos núcleos familiares, da cristalização e “satanização” da miséria de uns e da desmedida ambição e ganância de outros... Mais sofrível e doído é constatar que, além da abominável comercialização do corpo... Testemunhamos, também, às vezes impassíveis, omissos, a degradante e pegajosa prostituição, corrosão, putrefação do caráter e a mercantilização do sagrado legado moral e ético que recebemos por herança, a banalização de princípios fundamentais à convivência digna, enfim... assistimos, com intensidade cada vez maior, a prostituição e a profanação da alma!...