ENTRAVES E POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO:

Por MARILENE CAPINAN SOUZA ROCHA | 20/08/2011 | Filosofia




FACULDADE REGIONAL DE FILOSOFIA,
CIÊNCIAS E LETRAS DE CANDEIAS ? FAC
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO (LATO SENSU) EM PRODUÇÃO TEXTUAL, GRAMÁTICA E LITERATURA


MARILENE CAPINAN SOUZA ROCHA



ENTRAVES E POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO:
UM ESTUDO A PARTIR DAS IDEOLOGIAS DA LINGUAGEM E DO DISCURSO IMPLÍCITOS EM PROGRAMAS DE TELEVISÃO E NO RÁDIO









Rafael Jambeiro
2010
MARILENE CAPINAN SOUZA ROCHA












ENTRAVES E POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO:
UM ESTUDO A PARTIR DAS IDEOLOGIAS DA LINGUAGEM E DO DISCURSO IMPLÍCITOS EM PROGRAMAS DE TELEVISÃO E NO RÁDIO

Trabalho de conclusão de curso apresentado como pré-requisito avaliativo para obtenção do título de pós-graduação em Produção textual, Gramática e Literatura.
Orientador: Prof. Esp. Anderson dos Anjos Pereira Pena




Rafael Jambeiro
2010
MARILENE CAPINAN SOUZA ROCHA

ENTRAVES E POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO:
UM ESTUDO A PARTIR DAS IDEOLOGIAS DA LINGUAGEM E DO DISCURSO IMPLÍCITOS EM PROGRAMAS DE TELEVISÃO E NO RÁDIO



Monografia apresentada à Faculdade Regional de Filosofia, Ciências e Letras de Candeias ? FAC, do curso de Pós-Graduação (Lato Sensu) em Produção Textual, Gramática e Literatura como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Produção textual, Gramática e Literatura.
Orientador: Prof. Esp. Anderson dos Anjos Pereira Pena




Aprovada Em:___/___/_____
BANCA EXAMINADORA

Orientador - Prof. Especialista Anderson dos Anjos Pereira Pena
Faculdade Regional de Filosofia Ciências e Letras de Candeias-FAC.

Prof.
Faculdade Regional de Filosofia Ciências e Letras de Candeias-FAC.

Prof.
Faculdade Regional de Filosofia Ciências e Letras de Candeias-FAC.
DEDICATÓRIA





























Dedico este trabalho à saudade e, sobretudo,
à memória do meu pai, meu grande líder João Souza.
Que partiu tão cedo das nossas vidas,
mas deixou-me um legado de autonomia, força e persistência
que jamais se perderão do meu interior.
AGRADECIMENTOS


Ao meu grande Pai eterno, presença fortalecedora nessa trajetória.

À minha família e aos meus amigos pela compreensão.

Aos colegas e professores das disciplinas, pelas contribuições, que possibilitaram as riquíssimas discussões, para desenvolver a minha autonomia na busca de conhecimentos.

Aos meus filhos, pelo empenho ao ajudar-me nos afazeres para me proporcionar tempo para o alcance de mérito de satisfação e realização deste trabalho.

Ao técnico de informática, Paulo José, pelas diversas vezes, que deixando o seu trabalho se dispôs a ajudar.

Ao orientador, Anderson Pena, pessoa muito significativa para a concretização dessa pesquisa e, por sua motivação e dinâmica em busca de transmitir confiança e dotar-nos do reconhecimento das nossas competências.

A Jesus Cristo, mestre e conselheiro intelectual!














MENSAGEM

Águia pequena

Tu me fizeste uma das tuas criaturas
Com ânsia de amar
Águia pequena que nasceu para as alturas
Com ânsia de voar
E eu percebi que as minhas penas já cresceram
E que eu preciso abrir as asas e tentar
Se eu não tentar não saberei como se voa
Não foi a toa que eu nasci para voar.
Pequenas águias correm risco quando voam
Mas devem arriscar
Só que é preciso olhar os pais como eles voam
E aperfeiçoar
Haja mau tempo haja correntes traiçoeiras
Se já tem asas seu destino é voar
Tem que sair e regressar ao mesmo ninho
E outro dia, outra vez recomeçar.
Tu me fizeste amar o risco das alturas
Com ânsia de chegar
E embora eu seja como as outras criaturas
Não sei me rebaixar
Não vou brincar de não ter sonhos se eu os tenho
Sou da montanha e na montanha eu vou ficar
Igual meus pais vou construir também meu ninho
Mas não sou águia se lá em cima eu não morar.
Tenho uma prece que eu repito suplicante
Por mim, por meu irmão
Dá-me esta graça de viver a todo instante
A minha vocação
Eu quero amar um outro alguém do jeito certo
Não vou trair meus ideais pra ser feliz
Não vou descer nem jogar fora o meu projeto
Vou ser quem sou e sendo assim serei feliz.
(Pe: Zezinho)
RESUMO

O presente estudo tem como objeto os obstáculos e as possibilidades da comunicação a partir das ideologias presentes no discurso. Temos como substância estrutural a análise semiótica destes discursos, a partir da linguagem radiofônica, onde, por meio, de um "grupo focal" analisamos "O Programa do Bocão" no Rádio e fizemos também relação ao "Se liga Bocão" na TV, pela singularidade do locutor/apresentador e pela seqüência do discurso. Para tanto, utilizando-nos desta fonte composta por (homens e mulheres) residentes no Povoado do Cajueiro Município de Rafael jambeiro, estudamos a semiótica no discurso para compreender como se fundamenta as questões ideológicas transmitidas através da mídia entre os grupos sociais. E, no entanto, refletir sobre a inserção dos estigmas na luta das classes e identificar marcas de alienação a partir da linguagem utilizada no discurso persuasivo dentro de um contexto. Assim sendo, o método etnográfico com abordagem da pesquisa qualitativa direcionaram esta análise juntamente com os principais teórico Michel de Certeau, Bourdeare, Guy Debord, Lúcia Santaella e Orlandi, que, com suas abordagens e fontes, tornaram clarividentes as oposições de sentido diante do foco da pesquisa.

Palavras-chave: Discurso. Linguagem. Ideologia. Alienação.






















ABSTRACT

This study focuses on the obstacles and the possibilities of communication from the ideologies present in the speech. We like substance structural semiotic analysis of these speeches, from language radio, where, by means of a "focus group" analyzing "The Program of Mouth" in Radio and we also respect the "Connects BOCÃO" on TV by uniqueness of the speaker / presenter and the sequence of speech. To do so, using this source consists of the (men and women) living in the Cajueiro Village of Rafael Jambeiro City, we studied semiotics in speech to understand how the ideological bases transmitted through the media between social groups. And yet, consider the insertion of the stigmas in the class struggle and identifying marks of alienation from the language used in persuasive speech in context. Thus, the ethnographic method with qualitative research approach directs this analysis with the principal theorist Michel de Certeau, Bourdeare, Guy Debord, Lucia Santaella and Orlandi, whom, with their approaches and sources, have clairvoyants oppositions of meaning before the outbreak research.

Keywords: Speech. Language. Ideology. Alienation.

















LISTA DE SIGLAS

AD Análise do Discurso
TV Televisão
NCE USP Núcleo de comunicação e Educação de São Paulo
a.C Antes de Cristo
MEC Ministério de Educação e Cultura



















SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 11
2 INFLUÊNCIAS IDEOLÓGICAS DA LINGUAGEM E DO DISCURSO 15
2.1 A SEMIÓTICA NO DISCURSO E NA LINGUAGEM 15
3 A INSERÇÃO DO ESTIGMA 21
4 ANÁLISE SEMIÓTICA DOS PROGRAMAS 28
4.1 ABORDAGENS SEMIÓTICA DOS PROGRAMAS DO BOCÃO (RADIO/TV) 31
4.2 OS AUTORES SOCIAIS FALAM 33
4.3 INTERDISCURSIVIDADES ENTRE OS AUTORES SOCIAIS 36
5 CONCLUSÃO 41
6 REFERÊNCIAS 43











1 INTRODUÇÃO

Tomando como base a construção histórica da sociedade pode-se inferir que parte do indivíduo o poder mobilizador das lutas de classe, para quem a sociedade torna-se o contexto de formação e transformação das ideologias, das práticas, dos compromissos com a qualidade social e particularmente da vida pessoal de cada um.
O presente trabalho é um estudo sobre as ideologias do discurso e da linguagem, no intuito de compreender a dinâmica deste processo, da comunicação, dos obstáculos e das possibilidades de sentido que a linguagem carrega. Trata-se de mais uma contribuição, ainda que limitada, diante dos muitos trabalhos nessa área, que discutem aspectos diversos dessa natureza, contudo, apresentamos como norte da pesquisa, especificamente, as ideologias do discurso e da linguagem, com base na semiótica.
Inicialmente, a partir do estudo do signo linguístico, estabelecer uma concisão no entendimento do que é a língua, com base no trabalho de Saussure (1949) e com Santaella (2003) ressaltaremos algumas ideias constituintes da ideologia no discurso, a fim de mostrar como esse conceito "único" de verdade é aprisionado dentro da sociedade e como o discurso persuasivo pode desenvolver um ciclo de comunicação alienante.
Com Orlandi (2005), procuraremos entender a linguagem, a fim de compreender a língua fazendo sentido, enquanto trabalho simbólico, que parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua história. E, para isto, a partir de Certeau (1994) demonstraremos como as ações sociais interferem na formação e nas manifestações do homem na sociedade (o potencial das lutas de classe, a inserção dos estigmas) e, com Bourdieu (2008) a formação do hábitus, que abordará de forma ampla traços da estigmatização das pessoas entre as classes.
No primeiro capítulo dessa dissertação iremos tratar de como as influências ideológicas da linguagem e do discurso presentes nas linguagens radiofônicas se utilizam das múltiplas facetas de um vocabulário, para exercer "de forma perigosa" o seu propósito de convencer as pessoas. E em seguida, é feita uma abordagem de como a linguagem e o uso das "expressões intencionadas", ou seja, vocabulário vasto carregado de sentidos que exige uma leitura mais densa e cuidadosa, funciona com o objetivo de corromper a visão e/ou manipular a forte carga emotiva de um locutário, a partir do estudo das influências ideológicas da linguagem e do discurso por meio da semiótica.
No segundo capítulo, a nossa reflexão se embasa no discurso de Certeau (1994) e Bourdieu (2008) que, apresentam as contribuições do homem no inusitado das suas vidas, na sociedade, e como ele se torna produto das suas escolhas e escravos das suas ações. Um apresenta a luta das classes e o que ele considera as "trampolinagens" no cotidiano e o outro descreve o funcionamento das estruturas predispostas (classes e grupos sociais) no sistema como estruturas estruturantes (núcleos dessa organização social) onde o habitus gera a distinção das práticas e, por sua vez, possibilita a inserção dos estigmas, vindo a desenvolver os diversos estereótipos.
Ainda nesse capítulo, como um exercício de reflexão sobre o que vem a ser a perspicácia e predileção do discurso persuasivo da mídia e de seus veículos de comunicação (neste caso o rádio) apresentamos, a maneira através da qual o apelo das formas gritantes desta linguagem manipula as preferências classificantes, tornando, assim, as pessoas produtos escravizados pelas práticas que se acentuam, na disposição das linguagens/imagens e textos/referenciais estruturados com propósitos determinados.
A exteriorização desta concepção reflexiva mostra que esse estudo das ideologias do discurso e da linguagem vem apresentar entre outros meios, propostas embasadas numa forma mais crítica e menos fiel quanto à decodificação dos códigos ou a leitura das imagens representados nos discursos quer sejam orais ou escritos. Uma vez que, ele possibilita a permanência, a continuidade, o deslocamento e a transformação do homem e da sua realidade, visto que essa mediação é necessária entre o sujeito e a realidade natural e social para o funcionamento das estruturas sociais.
Orlandi (2005), afirma que o trabalho simbólico do discurso está na base da produção da existência humana. Por isso, além de fazer uma alusão reflexiva sobre esses aspectos da linguagem no discurso, nos debruçaremos por meio dessa temática, a fim de desvencilhar o "fazer autônomo" do homem sobre o seu cotidiano perante as abordagens sociais.
A partir desse olhar, o nosso objetivo geral é investigar até que ponto as ideologias implícitas na linguagem e no discurso levam as possíveis evidências que induz as aparentes alterações de sentido do discurso num contexto, ao refletir sobre a relevância da escuta e da observação minuciosa dos fatos e suas analogias e o que elas têm apresentado no atual contexto de emancipação das ideias através das linguagens.
Através dos objetivos específicos pretendemos: mostrar o poder de persuasão do discurso e da linguagem e a sua relação a partir de programas jornalísticos locais; refletir como a sociedade (re)constrói os símbolos disseminados através das diversas mídias e como isso se torna instrumento para a intensificação dos estigmas e, também, analisar através das mídias de comunicação (Rádio/TV) a relevância dos discursos e como cada um é direcionado numa produção de sentido ideológico.
Sendo assim, diante dos parâmetros que foram apresentados na significativa idealização deste trabalho justificamos nossa concepção de juízo em abordar a estigmatização como produto de reflexo das ações e manifestações humanas na sociedade e a partir dela. Intentamos constatar as possíveis causas e efeitos de equívocos e/ou evidências na interpretação de um discurso, bem como notificar os pressupostos que levam a essa divergência, ao considerar-se o estudo das entrelinhas "do que não está claramente explicito" no discurso ou na comunicação.
Demonstraremos no terceiro capítulo como os clichês (vinhetas) têm sua importância dentro da comunicação das massas e o fundamento dos kitsch já internalizado por essa cultura como "sensacionalismo" das atenções e da intenção "depreciativa" gerada pela cultura industrial, como mais uma forma de manipular e/ou ironizar, a grande massa social (isso depende tão somente da categoria das mídias frente ao público), cujo efeito prefigurado procura evidenciar o grau de diferenças entre os interlocutores e/ou também se apresenta como mais uma forma de "satirizar" os comportamentos.
Assim, procuramos fazer uma abordagem através da análise semiótica de dois programas jornalísticos numa forma de comparar as evidências e os "disparates" perceptíveis nesse viés que é a comunicação. Escolhemos, por excelência, o programa: Se liga Bocão (imagem) Rede Record e o Programa do Bocão (som) Rádio Sociedade da Bahia. Mas, o trabalho está pautado no rádio jornalismo a adesão à TV, neste caso, justifica-se apenas porque comparamos as duas modalidades exclusivas de um programa jornalístico que, tem o mesmo apresentador em mídias diferentes e praticamente a mesma linguagem.
Inicialmente, demonstraremos como o rádio ainda modifica os hábitos sociais, costumes etc., mesmo numa sociedade desenvolvida onde outras mídias mais competitivas estão ganhando o espaço na audiência do público. Entretanto, observando a diferença na forma como a linguagem invade o espaço.
No quarto capítulo será abordada a fala dos atores sociais, e como eles falam, buscaremos compreender as suas linguagens e a forma como se estende cruzando outras vozes. Para isto observamos os múltiplos significados implícitos a partir dos seus diferentes contextos.
O trabalho será desenvolvido tendo como base a etnografia (pesquisa qualitativa), onde teremos como observação das diferenças os comportamentos, as experiências e os costumes, associados aos gostos/preferências, para obsevar a fundamentação dos estigmas sociais prefigurados no cotidiano das pessoas. O método fundamentado pela semiótica se constituiu através de fontes orais (grupos focais) por meio de entrevista. E, para se falar dessa importância da comunicação e do uso da linguagem radiofônica foi, também, permissível a busca de comparação entre os programas suba citados.
Além do estudo sobre as ideologias da linguagem e do discurso e seu poder de persuasão fizemos comparações da linguagem, transmitida pelos programas; análise do perfil do ouvinte e da característica da informação e seu grau de importância/sedução. Observamos também a relevância dos fatos no contexto e como os ouvintes se prendem pela questão da audiência - como são inconscientemente motivados a isso.
Mostraremos também, como a informação direta aparece enfatizando o cotidiano real das pessoas, omissas diante dos fatos que chocam a sociedade, não percebendo a invasão sutil, indiretamente, vista por uma forma de repressão social que não está pré-estabelecida por organizações legais. Mas, que diante da neutralidade aprisiona os pontos de vistas, dos quais muitos deles não se sentem livres para explicitar seus detalhes, ou seja, expor suas opiniões, por temer as represárias.
Temos conhecimento de que, hoje, vários projetos já foram criados, como meio de inserir o rádio também ao alcance da educação, inclusive, já existe parcerias e programas que desenvolvem esse tipo de trabalho através das rádios comunitáris. Podemos citar a NCE USP ? como Núcleo de comunicação e Educação de São Paulo que desenvolve o trabalho Educomunicação, visto dessa forma, o rádio é tido como centro de uma categoria que dissemina cultura/conhecimento.
Não obstante, a todo esse aparato de informação e conhecimento que pode ser transmitido através do rádio não poderemos esquecer que ele é fruto de um projeto social, portanto, mencionar seus pontos positivos frentes a comunidade é algo que torna-se bastante relativo e depende apenas da categoria de rádio que se esteja falando.
Para tanto, consideramos que a linguagem expressa por meio dos conflitos e confrontos apresentados através dos dois programas em estudo, de qualquer maneira tenta abreviar a reflexão das pessoas e impossibilitar o alcance de um olhar mais crítico quanto aos tipo de comportamento sociais, bem como a formação dos estigmas e estereótipos. Isso é perceptivel pelo dinamismo ideológico dos programas a frente do publico, e corresponde a forma como a linguagem é expressa através das mídias que a instrumentaliza.

2 INFLUÊNCIAS IDEOLÓGICAS DA LINGUAGEM E DO DISCURSO

Por ser o código mais utilizado nas situações de comunicação e interação social a língua é por excelência a grande responsável nas práticas de linguagem onde o discurso é, assim, palavra em movimento. Saussure (2005) vem nos mostrar que com o estudo do discurso observa-se o homem falando, e isso permeia a característica histórico-social da língua.
Ao levar em conta o período histórico, em que se contextualiza a fala Saussure, procura encontrar as regularidades da linguagem na produção do discurso, e considera todos os processos e às condições de produção de sentido da linguagem, analisando os sujeitos que falam e as situações em que se produz o dizer. Para articular os conhecimentos do campo das Ciências Sociais (o político) e do domínio da Linguística (o simbólico).
Essa articulação leva às transformações das práticas sociais e às condições de linguagem do homem na sua história, quanto à questão de transparência da mesma que adquire a capacidade de representar as ideias constituintes das ideologias da linguagem através das verdades "impostas" pela cultura ou cultura de massa em cada contexto.
Diante disso, para a semiótica esse conceito da linguagem é mais abrangente, pois não se limita a estudar apenas o sujeito que fala ou o que é dito por ele, mas, a significação ou representação do conceito ou da ideia na natureza da cultura. Visto dessa forma a semiótica como a análise do discurso tem bases na face semiológica/significante e na epistemológica/significado, visto que a semiose ilimitada segundo Pierce (1983) se acentua a partir dos significados que vão surgindo diante da conceituação de cada signo. E assim vai surgindo os novos e diversos conceitos a partir dessa linguagem e da leitura dos símbolos.

2.1 A SEMIÓTICA NO DISCURSO E NA LINGUAGEM

Para Mikhail Baktim "tudo se reduz ao diálogo, a contraposição dialógica enquanto centro. Tudo é meio, o dialogo é o fim. Uma só voz nada termina nada resolve. Duas vozes são o mínimo da vida". Essa ideia mostra que as relações humanas são determinadas historicamente a partir da linguagem não como um sistema de estruturas abstratas, mas em seu aspecto dialógico, onde o sujeito torna-se o elemento que manipula essa linguagem através da interdiscursividade, sobretudo com essa visão podemos dizer, entretanto, que a linguagem é constituidora do sujeito.
Barros (2005) mostra que:

A mudança de posicionamento frente aos fatos de linguagem levou ao aparecimento de propostas teóricas diversas que concebem o texto, e não mais a frase, como unidade de sentido e que consideram, portanto, que o sentido da frase depende do sentido do texto. Ao lado dos estudos do texto, desenvolveram-se, também, diferentes teorias pragmáticas ou da enunciação que têm em comum o ponto de vista adotado de exame das relações entre a instância da enunciação e o texto-enunciado e entre o enunciador do texto e o enunciatário, para quem o texto é fabricado.

Ao fazer uma analogia desse conceito pragmático do texto com o sentido da comunicação percebemos que, assim como o texto, o sentido da comunicação também vai depender de um contexto e do posicionamento/ideologia dos sujeitos, no entanto, não se pode questionar uma situação da fala fora do seu contexto, pois cada discurso carrega em si significados que se forem considerados à parte emitirão sentidos totalmente contraditórios.
A mesma autora reafirma que, o texto como objeto de comunicação entre dois sujeitos encontra seu lugar entre os objetos culturais, inserido numa sociedade (de classes) e determinado por formações ideológicas específicas. Quanto a isso entendemos que a característica sócio-histórica da língua permeia a dinâmica da interação entre as pessoas possibilitando a formação de sentidos.
É o que afirma a autora:

(...) o texto precisa ser examinado em relação ao contexto sócio-histórico que o envolve e que, em última instância, lhe atribui sentido. (...) No entanto, o texto só existe quando concebido na dualidade que o define ? objeto de significação e objeto de comunicação ? e, dessa forma, o estudo do texto com vistas à construção de seu ou de seus sentidos só pode ser entrevisto como o exame tanto dos mecanismos internos quanto dos fatores contextuais ou sócio-históricos de fabricação do sentido, Barros (2005, p. 12).

Diante disso, embasados no que diz a autora compreendemos que a semiótica tem caminhado nessa direção e procurado conciliar, com o mesmo aparato teórico-metodológico, as análises ditas "interna" e "externa" do texto, para explicar "o que o texto diz" e "como o diz". Assim, a linguagem independente da forma como se apresenta e passa a ser apenas veículo da interdiscursividade entre os sujeitos. Donde a Análise do Discurso (AD) caracteriza a língua como a condição de possibilidade do discurso. Barros (2005) ainda vem nos mostrar que nos seus desenvolvimentos mais recentes, a semiótica trata de examinar os procedimentos da organização textual e, ao mesmo tempo, os mecanismos enunciativos de produção e de recepção do texto. "Somos uma espécie animal tão complexa quanto são complexas e plurais as linguagens que nos constituem como seres simbólicos, isto é, seres de linguagem" (SANTAELLA, 2003, p.2).
Ela menciona que existem várias formas de comunicação e, também, demonstra que em todos os tempos, grupos humanos constituídos sempre recorreram a modos de expressão, de manifestação de sentido e de comunicação sociais outros e diversos da linguagem verbal,
.
Observamos:

(...) quando dizemos linguagem, queremos nos referir a uma gama incrivelmente intrincada de formas sociais de comunicação e de significação quê inclui a linguagem verbal articulada, mas absorve também, inclusive, a linguagem dos surdos-mudos, o sistema codificado da moda, da culinária e tantos outros. Enfim: todos os sistemas de produção de sentido aos quais o desenvolvimento dos meios de reprodução de linguagem propiciam hoje uma enorme difusão (SANTAELLA,2003, p.2).


A partir do ponto de vista que temos, ressaltamos o que é explicado por Barros na teoria semiótica do texto,
(...) a semiótica parte de uma visão espetacular de sintaxe em duas concepções de narrativa: narrativa como mudança de estados, operada pelo fazer transformador de um sujeito que age no e sobre o mundo em busca dos valores investidos nos objetos; narrativa como sucessão de estabelecimentos e de rupturas de contratos entre um destinador e um destinatário, de que decorrem a comunicação e os conflitos entre sujeitos e a circulação dos objetos.


Visto dessa forma, o sujeito se manifesta por diversas modalidades da comunicação e a linguagem pode ser expressa para representar o seu pensamento. Dessa maneira torna-se possível explicar a analogia de que pensamento e fala são indissociáveis; nem sempre um depende do outros porque o pensar pode ser expresso por tantas outras linguagens.
Com isso adotamos, também, o pensamento de Santaella sobre o sistema social em que vivemos, pois estamos, de fato, fadados a apenas receber linguagens que não ajudamos a produzir, e somos bombardeados por mensagens que servem à inculcação de valores que se prestam ao jogo de interesses dos proprietários dos meios de produção de linguagem e não aos usuários.
Logo, nos pregamos à discussão de que isso vem se agravando de tal forma que os interesses da grande massa social está "desnutrida" de importância perante estas razões, que emitem um sentido contraditório da língua. Isso porque no exercício da comunicação moderna a linguagem parece estar "desfigurada" de sentido ou "sobrecarregada" demais, vindo a trazer privilégios apenas aos interesses únicos da classe que a manipula. Ou seja, é como se o signo na linguagem, aparentemente, não estivesse transmitindo um referente ideal. Por tantas vezes que a comunicação "dominante" aparece como ruído, à incompreensão da "massa."
Sabemos que a semiótica estuda os fenômenos sociais de forma mais abrangente que a linguística. Em partes, ela, vai tratar da interpretação das mensagens. Toda sua discussão leva-nos a compreender e a "criticar" a prática das ações políticas e do simbolismo da língua, numa forma de "refletir" sobre a maneira como a linguagem se materializa na ideologia e como essa ideologia se manifesta na língua.
Nesse caso, podemos deduzir que o discurso persuasivo por meio da linguagem radiofônica pode, tão somente, desenvolver uma comunicação alienante como desenvolver diversos tipos de estigmas/estereótipos, especificamente pela ausência de reflexão dos fatos abordados pelos programas em foco nesta pesquisa. Porém, quando se reflete a partir de uma dada situação entendem-se seus pormenores e dali emerge conclusões e relações significativas.
Assim poderemos compreender o sentido simbólico da língua - domínio da linguística ? como parte do trabalho social geral, constitutivo do homem na sua história e produtor das ações cotidianas que se caracteriza pela originalidade e pela força da linguagem utilizada. Contudo, a semiótica ajuda-nos a absorver a essência dos programas do Bocão pelo comportamento do locutor/apresentador ao notar como a sua dinâmica preenche "satisfatoriamente" todos os espaços de reflexão dos fatos.
Logo é possível deduzir o porquê dos entraves da comunicação neste sentido, já que muitos dos ouvintes/telespectadores não têm e tão poucos adquirem o hábito de fazer análise apurada dos fatos. E, supostamente, por isso não conseguem encontrar razões para refletir diante do jogo de aproveitamento dos espaços supervalorizados pelo ibope, a partir do que ouve/presencia, uma vez que os clichês, também, complementam e aproximam o desejo de reflexão (poder ideológico) que é intencionalmente produzido pelo mentor/diretor dos programas.
Isso possibilita entender que para se fazer a leitura das "entrelinhas" de uma enunciação é preciso, antes de tudo, que o sujeito tenha o senso crítico desenvolvido para que sua visão de mundo seja relativizada em face da interpretação. Esse dispositivo de análise na teoria saussuriana põe em evidencia a inexpressividade da linguagem, o descentramento do sujeito, o efeito metafórico da fala e a materialidade no exercício da interpretação. Digamos que a razão para deslocamento do sujeito em face da análise crítica seja fundamental, realmente, porque neste caso o alcance da visão se direciona de forma total e, estando no centro ela procede de forma parcial e pode limitar as possibilidades de uma análise.
Entretanto com a semiótica esse processo de comunicação trata de enumerar a informação perpassada pela cultura e estuda a regulação dos comportamentos diante da atuação dos sujeitos e da propagação dos signos. Para a linguística um mesmo discurso suscita interpretações diferenciadas isso nos faz perceber que a própria língua funciona ideologicamente, oferecendo lugar a interpretação.
Dessa maneira, ao se considerar o contexto, a relação com os outros grupos ou sujeitos envolvidos é possível perceber as diferenças ? horizontais/verticais - que se associam à percepção crítica da linguagem e que (res)significa também suas relações de amadurecimento e poder. Contudo, percebemos que a linguagem radiofônica atinge a diferentes camadas sociais e por não sofrer interferência direta da censura sua imparcialidade frente às situações cotidianas busca exprimir a voz da comunidade. Mas, levado pelo nível de cultura do ouvinte/telespectador existe a possibilidade dessa linguagem ser decodificada com um significado único. Isso, entretanto, caracteriza a passividade do sujeito como parte de uma omissão, diante do caráter social da linguagem mesmo sabendo os "conflitos" que lhe envolve.
Poderemos dizer que isso abrange àquelas categorias universais: primeiridade, secundidade e terceiridade, que é apresentada por Pierce (1983). Sendo assim analisado, pode se entender que a primeira categoria dispõe-se a uma leitura rápida, imprecisa ou vaga de uma situação, a segunda categoria trata-se de uma decodificação meramente mecânica e direta, a terceira situação como é apresentada por Pierce é quando se reflete, analisa e investiga a partir do olhar crítico, fundamental para o estudo das ideologias e das possibilidades da linguagem. Haja vista que, existem pessoas que não conseguem passar da primeira categoria, conclusão perceptível diante da contribuição do grupo focal.
Parafraseando a professora Danielly Silva, a formação do senso crítico ajuda a enfrentar o mundo complexo em que vivemos, mas é preciso que se tenha opinião própria a respeito de tudo que envolve a vida.
Diante do exposto sempre corremos o rico de interpretar tudo a partir de nossa experiência, de nossas convicções e de nossos sentimentos. A orientação básica diante desta premissa é observar e escutar com profundidade, para evitar aqueles conflitos que são gerados por que as pessoas não interpretam bem o que o outro expressou.
De acordo com o que diz (FAXINA, 2007):

A comunicação no Brasil é muito fechada, muito restrita. Se você compara um telejornal com outro é quase a mesma coisa (...). Nossa televisão é muito repetitiva, não mostra a diversidade brasileira. Se você lê jornal e depois lê outro, a diferença é pouca. Na verdade, é uma comunicação muito vinculada ao mercado (...). Os economistas são ventrículos do mercado. Eles trabalham a informação que interessa a uma elite.

A princípio Faxina apresenta o desnível da comunicação, seu efeito de sentido cultural para o homem produto do meio "escravizado" pela incompreensão dos recursos linguístico que acabam favorecendo apenas aos referentes movidos pela globalização capitalista. Assim, ele nos leva a compreender que "o discurso é o lugar em que se pode notar a relação entre língua e ideologia. (...) e, também, entender a não transparência da linguagem que, segundo Orlandi compromete o sentido do discurso para o sujeito." Isso nos remete ao legado do materialismo histórico de que o homem faz história, mas está não é transparente.
A partir dessa visão é interessante compreender a língua não só como uma estrutura, mas, sobretudo como acontecimento que engloba todo o fazer humano. A relevância da enunciação feita por Faxina a cerca dos aspectos da comunicação no Brasil conjuga a língua com a história mostrando como o sujeito é afetado pelo deslocamento da noção do homem para a de sujeito. Isso, segundo a Psicanálise, é explicada por se constituir uma relação com o simbólico, que é a compreensão do sentido da língua, - esse instrumento que faz do homem um ser especial com sua capacidade de significar e significar-se ? mas, a posição do sujeito e a inscrição do que diz em uma ou em outra forma discursiva abre diversas possibilidades de interpretar o linguageiro discursivo. Sobretudo, o que nos atrai é que falamos a mesma língua num emaranhado de ideias e linguagem e elas se correlacionam para representar no todo os interesses individuais de cada um.
No entanto, podemos analisar que no rádio o que muda é a posição do sujeito, mas ele continua tendo uma característica bastante significativa para a populção, incluindo assim a camada social de menor poder aquisitivo, pela presença da fácil acessibilidade; da praticidade e da disseminação da cultura, pois, ainda hoje, é a forma mais completa de alcance da "verdade" ou da informação direta para uma grande parcela da sociedade. Sabemos que este acesso foi difícil para a grande massa e o que nos leva a concluir é que, parte desta valorização atual pode ser um desses aspectos significativos, mas o fato é que o rádio é bastante versátil.
Diante da característica histórico-social da linguagem conhecemos que a necessidade de comunicar gera uma ideologia e, por sua vez, geram também outras e, assim um discurso nunca estará isento de ideologias. Para Sócrates "quando conversamos, tu e eu, trocamos opiniões, é a alma que fala à alma" diante disso, percebemos que a ideologia parte, também e inicialmente, pela razão do discurso intrínseco na condição humana.
Diante dessa visão do discurso Orlandi (2005), diz que a análise de um discurso não procura o sentido "verdadeiro", apenas o real sentido em sua materialidade linguística histórica que nos leva a questionar a relação do linguareiro discursivo com a realidade que pode ser alterada a depender do sujeito e do contexto em que se produz o efeito de sentido da linguagem. Perante isso, ressaltamos como as informações contidas e ditas não explicitamente nos discursos embasa e "remexe" o significado dos seus equivalentes.

3. A INSERÇÃO DO ESTIGMA

A história nós mostra que já na antiguidade romana o homem passa a fazer parte de status diferentes na sociedade. Desde quando surge a divisão das classes, por volta do segundo milênio a.C.. De um lado a aristocracia, representada pelos patrícios, e de outro a maioria da população constituída pelos homens livres (plebeus) sem direitos políticos. Mas, há também aqueles que se colocaram na dependência de uma família patrícia (os clientes) para obter proteção jurídica em troca da prestação de serviços e, embora, em número reduzido, existiam também os escravos.
A divisão da sociedade como se sabe, teve início no período da realeza e com a queda do último rei etrusco inicia-se a república que representa os interesses dos patrícios, únicos que tiveram acesso aos cargos políticos. No entanto, as lutas para obtenção de direitos iguais começam a surgir dadas ao enriquecimento de algumas camadas da plebe.
Os plebeus de fato alcançaram algumas vitórias, mas o surgimento de uma nova aristocracia passa a ser marcada não mais pelo nascimento; logo a riqueza torna-se o fato indicativo em destaque, enquanto que os plebeus pobres continuavam a margem dos processos políticos.
Evidentemente, grandes foram as transformações ocorridas na sociedade da época republicana, como também não foi diferente no Império; levada pela complexidade das questões de justiça e a perseguição dos cristãos. Com isso, percebemos que os costumes e até mesmo a distinção entre os grupos são marcas, relativamente antigas que se destacam com muita nitidez, mas talvez sem influência de pensamento discriminatório. Até porque, cada um fazia parte de um grupo indistintamente e, unicamente por questões de origem.
Contudo, a decadência do império faz surgir às lutas de classe que se sobressaem pela dificuldade de manutenção da máquina burocrática e a crise do escravismo é lentamente responsável pelo sistema colonato que, nos reporta um tempo de crises e guerrilhas entre os bárbaros. Entretanto, as grandes transformações ocorridas intensificam as relações comerciais e surgem às fortunas e, por sua vez, o número de escravos torna-se maior.
Percebemos, entretanto que diversos foram os acontecimentos históricos que marcaram o início da organização sócio política e cultural do povo, vindo a contribuir com inúmeras influências para a sistematização das gerações posteriores.
Entretanto, a mutação das terminologias ao longo do tempo, bem como a amplitude que elas abarcam nos dias atuais, contribui efetivamente para que a sociedade atual seja comumente marcada por outros momentos de efervescência e, no entanto, supere as mudanças na forma de organização, de inserção de outros conceitos e modelos (habitus/estereótipos), etc.
Sobretudo, a máquina burocrática, muito mais desenvolvida, impulsiona assustadoramente o desenvolvimento urbano, cultural, o consumismo, visto que a preocupação do poder público com a educação também aumenta para atender a esta nova sociedade. Hoje, diferentemente da educação Greco-romana, a sociedade moderna chega a propor educação igualitária, mobilizando todos pela qualidade da educação. Porém, surgem ainda alguns inconvenientes, uma vez que, o nível de desigualdade entre os homens é imensurável, isso infelizmente acaba afetando os seus resultados.
Com um olhar mais voltado para a formação histórica podemos assim dizer que a organização da sociedade foi constituída a partir de inúmeros conflitos e tentaremos mostrar a partir de uma leitura de Certeau como as inúmeras e excessivas marcas (psicológicas, afetivas, sociais) intrínsecas ou presentes no cotidiano das pessoas interferem na formação e nas manifestações do homem na sociedade.
Um dos grandes estudiosos desses aspectos do cotidiano, o filosofo e professor, Michel de Certeau nasceu em Chambéry em maio de 1925. Forma-se em letras clássicas, história e teologia, mas tornou-se padre pela Companhia de Jesus em 1956, e permaneceu jesuíta até o final de sua vida. Fora estudioso dos textos místicos da Renascença à Idade Clássica e se dedicou em seus estudos tanto a história quanto a antropologia, lingüística e psicanálise, teve vasta participação em diversas atividades envolvendo psicanálise e história, e em departamentos de antropologia e ciências das religiões e dirigiu seminários de antropologia cultural.
Foi também professor da Universidade da Califórnia, em San Diego. Em 1984, nomeado para ensinar e orientar estudos na École des Hautes Études en Sciences Sociales, onde ofereceu curso sobre o tema "Antropologia histórica das crenças ? séculos XVII e XVIII". Ele morre, em Paris, em 9 (nove) de janeiro de 1986.
Mediante as pesquisas sobre as teorias apresentadas por Rogger Certeau, conferimos que, assuntos como educação, arte, mídia, música, esporte, posições políticas, entre outros estão de fato, ligados ao nível de instrução do homem, e submetidos ao volume global de capital acumulado ou aferidas pelos diplomas escolares ou pelo número de anos de estudo que, segundo ele também, está secundariamente ligada à herança familiar.
Nessa visão, indiretamente, ele nos atenta, para a percepção da formação dos estereótipos, como é o caso da discriminação cotidiana, numa sociedade, onde o sujeito é medido por aquilo que "tem", mas o "ser" permanece anônimo como se não existisse. Assim, Certeau demonstra a necessidade de superação que os impulsionam na terrível tentativa de resistir às intempéries do "seu" cotidiano.
Esta representação torna-se facilmente notável no ambiente onde estes indivíduos são observados ao desempenhar os seus papéis sociais. Isso também tem a ver com o modo como cada um concebe a sua imagem e pretende mantê-la nas mais diferentes e ou minúsculas situações da vida cotidiana num contexto histórico social. Que é onde a rejeição social começa a ser inserida, ou seja, notada a partir da diferença dos grupos.
Partindo do princípio do entendimento sobre a luta das classes e o desejo de conhecer e/ou investigarmos a fundo, este cotidiano (sociedade) nossa discussão aqui prioriza a forma como se dá ou torna perceptível à inserção de um estigma ou a formação dos estereótipos, a partir das tendências apresentadas pelas mídias em discussão nesse trabalho e das implicações da linguagem nos referidos programas do Bocão.
No sentido denotativo a palavra, estigma origina-se do latim e quer dizer stígma, segundo o dicionário (AURELIO 1999, p.835) ela significa marca; cicatriz; sinal de vergonha ou infâmia; sinal natural no corpo.
Entretanto, (GOFFMAH,1988) apresenta-a como marca ou impressão, que surgiria desde a antiguidade clássica como forma de tornar visível qualquer coisa de mau ou extraordinário sobre o status de alguém. Anterior a isso este mesmo estudioso da interação social, em 1975, definiu estigma como uma discrepância específica entre a identidade social virtual e a identidade real dos indivíduos da qual se embasa o nosso estudo.
No entanto, embora, a definição da palavra estigma pareça estar ligada à moralidade social; a distinção dos estereótipos pressupõe a fragilidade, a ignorância e ao medo. Características fáceis de serem notadas na forma como descreve Certeau em seu livro "A invenção do cotidiano", onde ele apresenta o cotidiano como aquilo que nos é dado a cada dia e nos mostra que o "homem ordinário??, ou seja, o homem comum inventa o cotidiano com mil maneiras de "táticas de resistências", que ele chama de "artes de fazer".
Esta teoria pode ser reforçada no ambiente líquido-moderno, quando Baumam fala da fragilidade dos vínculos humanos, da banalização das ideias e do surgimento dos estereótipos, pois ele demonstra a insegurança, a indeterminação como marcas dos tempos atuais. E, como consequência disso, a incansável busca de atualização profissional e o acúmulo de conhecimento, que faz com que nos fechamos em nossas casas cada vez mais equipadas com sofisticados sistemas de segurança, mas incapazes de nos propiciar alívio e conforto diante de nossos temores (Z. BAUMAM apud FRATTARI 2008.);
Neste atual cotidiano, a forma mais condizente para compreensão dessa temática pode ser lançada a partir de um olhar para a realidade que nos circunda: a violência urbana, as catástrofes naturais, o desemprego, as epidemias, o terrorismo e excepcionalmente a exclusão. Estas marcas, características do mundo social moderno pode contribuir para a formação dos estereótipos como também para a inserção dos estigmas.
Pela análise semiótica dos programas do "Bocão" podemos dizer que para a sociedade, eles apresentam-se como um espelho dessa realidade do dia-a-dia, pois notifica continuamente o sofrimento dos injustiçados, a passividade de quem vive a margem dos projetos sociais, muito embora venha exibir o silencio/omissão da bancada ativa da sociedade e o crescimento desenfreado da corrupção lastimável que tem invadido os ambientes sociais, fruto do desequilíbrio governamental e social-humano.
Certeau se volta para observação do homem no contexto histórico, as trampolinagens elemento impar no cotidiano, a questão da semelhança expressa por também apresentar a luta das classes. (BOURDEARE, 2008), elitiza uma categoria dentro das classes sociais, para ele o mundo social deve ser compreendido à luz de três conceitos fundamentais: campo, habitus e capital, quando ele procura estabelecer diferenças entre os quais. Nossa reflexão, entretanto está pautada no conceito de habitus para mostrar como o locutor/apresentador José Eduardo, o Bocão, apresenta nas reportagens diárias dos programas (Rádio/ TV) a luta do homem pela sobrevivência, apontando nitidamente o nível de desigualdade entre as pessoas. Haja vista que, esse programa de jornalismo apresenta, em partes, características destes dois perfis das sociedades abordadas teoricamente.
Além de demonstrar as concepções na legitimação das diferenças sociais entre as pessoas o Bocão aponta em sua crítica a relevância das posições e tomadas de decisões, moldadas pelo sistema de posições e denuncia as estruturas predispostas que funcionam como estruturas estruturantes individualistas. Por meio desta concepção notamos que a legitimação das diferenças sociais é apontada como relatividade à hierarquia etimológica, ou seja, a estrutura social e a cultura são vista como o fator relevante das posições e tomadas de decisões, porém o que sobressai é o inconformismo, o sofrimento e o medo que assola intensamente o viver do homem no cotidiano e que por vezes torna-se índice dos mais diversos "rótulos" trazidos por tantas outras marcas sociais.
Perante a grande audiência do programa, o sensacionalismo gritante, a imparcialidade e o choque que as imagens e fatos provocam há um fator decisivo para o conceito estereotipado quanto à compreensão crítica e quanto à aceitação/seleção do programa por parte do público. O aparelho ideológico de informação, o rádio, apresenta de forma indireta sua ideologia simbólica caracterizada pela categoria/faixa de rádio que está veiculando os conteúdos, mas por tratar de uma rádio popularizada pela aceitação nacional priorizam-se os interesses maiores do cidadão não deixando de emergir aos interesses próprios que ficam subtendidos.
Esta observação nos permite esclarecer que as ideologias implicitas no discurso do locutor/apresentador acompanham secundariamente a linguagem no contexto em que ela se forma, no entanto, notamos que o propósito do programa atende apenas a alguns aspectos do interesse social. Pois, pelas entrevistas com o grupo focal notificamos que não existe plena compreensão do sentido real das abordagens do mesmo, uma vez que observamos nas entrelinhas dessa entrevista que, para algumas pessoas ouvir/assistir o programa é parte de uma distração; não julgam necessário refletir sobre os aspectos abordados e relataram que o programa em sua maioria é completo ao se posicionar a respeito dos fatores de escolha/seleção de programas dessa categoria.
Pelo conceito de ideologia apresentado por Althusser (1985), compreendemos que o livre arbitrio é resultado das lutas de classe, portanto, a sociedade que luta contra o poder das instituições privadas, dos aparelhos de repressão e ideológicos do Estado pode muito bem fazer escolhas seletivas de aspectos do cotidiano tal qual, programas que mais lhe agradam.
Althusser (1985) salienta que:
Somos levados a formular a hipótese seguinte, em função mesmo da diversidade dos aparelhos ideológicos do Estado em seu papel único, pois que comum, de reprodução das relações de produções. (...) nas formações sociais capitalistas contemporâneas um número relativamente elevado de aparelhos ideológicos do Estado: o aparelho escolar, o aparelho religioso, o aparelho familiar, o aparelho político, o aparelho sindical, o aparelho de informação, o aparelho cultural etc...
Para isso, é preciso que entendamos o simbolismo da linguagem ideológica, pois uma sociedade organizada tem base nos Aparelhos Ideológicos do Estado e todo o simbolismo advém, inicialmente de um princípio dominante para se fazer, de certa forma, formidável a uma situação, que vem inibir às supostas intenções permanecendo "camulfladas" enquanto o senso crítico do proletariado continua omisso. Pode-se dizer que isso independe do aparelho ideológico a frente da sociedade. Sobretudo, a diversidade deles compete com a interatividade humana, visto que também e feita por ela. Pelo grupo focal este senso de observação crítica não corresponde positivamente à estimativa da audiência do programa, pois a formação dos estigmas bem mais, presente quanto deveria reforça a incompreensão da mensagem transmitida, nesse caso o ibope pode ser marcado não apenas pela qualidade em massa.
A leitura, através disso, leva à percepção de que os julgamentos de gostos e de preferências são o reflexo da estrutura social. Uma das causas que levam a essa discussão refere-se à situação do sujeito na sociedade (marginalização). A elite se destaca como um pequeno fragmento nesse meio e, é tão quanto responsável pelas características moldáveis desta Sociedade de Consumo que controla a Indústria Cultural. Mas, conforme afirma Bourdieu (2008), ela contribui para uma parte significativa da sociedade, campo onde os homens atores sociais envolvidos "valem" pelo que têm e, por isso não podem se afastar do centro.
Isso é tão convincente que ele usa oposições como recursos para justificar a complexidade desse campo. No entanto, ele não apresenta um conceito definido para isto; serve-se das díades, ou seja, observação de dois vetores como parte de seu método, a fim de fazer as classificações estruturais dos agentes nos campos sociais.

(BOURDIEU Apud. MÁRIO AZEVEDO), para saber qual o espaço social ocupado, ele perguntaria: o sujeito prefere cachaça ou conhaque? Futebol ou tênis? Literatura clássica ou auto-ajuda? Violino ou violão? (...) o que ele demonstra é a oposição e a luta constante entre os atores sociais para a ocupação dos espaços nos campos sociais, porque é assim que se faz, na maioria das vezes.

O perfil desta observação leva ao entendimento de que a riqueza econômica e a cultura acumulada geram a distância entre os agentes no campo social, quanto mais desigual for o volume e o tipo de capitais, assim, pode-se compreender que, as disposições (habitus) diferenciam os sujeitos e os espaços que serão ocupados nessa mesma dimensão complexa que ele define como sociedade, daí é possível entender o fato de cada grupo social possuir o seu núcleo. Mas, como já foi apresentado, no contexto global o núcleo pertence à elite.
Entendendo as classes sociais como uma realidade histórica, é possível perceber que o habitus deriva da ocupação do espaço social sobre a luta dos atores sociais, e isso representa a estrutura das relações de força e das relações simbólicas entre as classes. São essas políticas que contribuem para a maior ou menor visibilidade de um grupo e também para a sua glorificação ou estigmatização. No entanto, hoje, a maioria dos rótulos, que se aplicam aos comportamentos está relacionada àqueles que se encontram às margens da sociedade.
O "Se liga Bocão", se torna um ícone na audiência, e prefigura a glorificação através do sensacionalismo, mas as marcas de estigmatização se repetem. Sobretudo, ambas (glorificação e estigmatização) "minam" do caráter da linguagem simbólica que encontra seu destaque através de todos os elementos que compõe as marcas da audiência.
Certeau (1994) discute esse comportamento ante as "práticas comuns", as "artes de fazer" dos praticantes, as operações astuciosas e clandestinas deste sujeito social, cercado pelas múltiplas perspectivas que desenvolve nas suas práticas culturais contemporâneas, recuperando as astúcias anônimas para se garantir como peça que também move a sociedade de consumo. Contudo, pela forma como Bocão manifesta sua indignação o ouvinte/telespectador fica dispensado de ressaltar sua opinião, a autenticidade e razão das reflexões nos programas preenchem todas as possibilidades, o que justifica a rejeição de quem procura vazão para interagir/refletir diante das circunstancias abordadas
(CERTEAU, 1994, p.39):
[...] Uma produção racionalizada, expansionista além de centralizada, barulhenta e espetacular, corresponde outra produção, qualificada de ?consumo?: esta é astuciosa, é dispersa, mas ao mesmo tempo ela se insinua ubiquamente, silenciosa e quase invisível, pois não se faz notar com produtos próprios, mas nas maneiras de empregar os produtos impostos por uma ordem econômica dominante. (CERTEAU, 1994, p. 39).
Diante das abordagens notamos que as ideologias continuam a fazer parte dessa história social humana como sempre fez e por isso elenca por situações inomináveis os interesses do homem no seu cotidiano. Entendemos que independente da classe ou grupo social cada sujeito possui seus interesses e a soma destes resultam nas ideologias discursivas. Isso para satisfazer as suas necessidades, mesmo que, numa visão anti-democrática ou para atender interesses pessoais/particulares, ou que seja imposta às ordens e proibições adminstrativas, à censura explicita ou implicita como é apresentada na visão de Althusser (1985), mas é preciso, também, entender a ideologia como uma forma de exploração, naturalmente associada as "coisas" e valores de uma sociedade. Entretanto, podemos enumerar a presença de diversas modalidades simbólicas nos dois programas do Bocão
Salientamos que o atual modelo de sociedade capitalista movida pelo consumismo, também alimenta a ideologia numa forma mais ligada aos gostos e preferências o que resulta na estigmatização das classes inferiores. Sobretudo, os aparelhos ideológicos do Estado nem sempre usam a repressão, mas uma linguagem simbólica, dominante e persuassiva que se instaura no discurso com a função de neutralizar a transparência da linguagem, reduzir a literalidade do sentido e silenciar a onipotência do sujeito, impossibilitando-o de refletir a cerca dos conflitos que são gerados pelas linguagens de forma a consumir o que é imposto por elas.

4. ANÁLISE SEMIÓTICA DOS PROGRAMAS

A partir dos estudos percebemos que, como todo meio de massa, a comunicação pode ser caracterizada como pública, transitória e rápida. Ela é pública, porque, na medida em que as mensagens não são endereçadas a ninguém em particular, seu conteúdo está aberto ao critério público. Rápida porque as mensagens são endereçadas para atingir grande audiência em tempo relativamente curto, ou mesmo simultaneamente. Transitória, pois a intenção é de que sejam consumidas imediatamente, não se destinando a registros permanentes, naturalmente há exceções, como filmotecas, gravações etc.
Assim, passamos a compreender que o rádio é um veículo de comunicação, baseado na difusão de informações sonoras, por meio de ondas eletromagnéticas, em diversas freqüências. Ele pode ser caracterizado como um meio essencialmente auditivo, formado pela combinação do binômio: voz (locução) e música.
Por ser um meio de comunicação relativamente antigo ao se comparar com outras mídias modernas o rádio representa um instrumento rico em possibilidades de grande abrangência, pois atinge todas as camadas da população. E como elemento integrado ao cotidiano pode-se dizer que ele ainda supera as outras mídias hoje disponíveis. Inclusive, tem sido muito discutido a sua utilidade como recurso didático-pedagógico enfatizando sua importância no papel da educação, através de rádios comunitárias ilustrados por experiências ocorridas na escola ou na comunidade.
Podemos comprender essa finalidade acompanhando o trecho de uma entrevista por um Programa de Educação do MEC para um ambiente colaborativo de aprendizagem entitulado e-ProInfo (abril, 2010) Módulo Básico da Mídia Rádio:
Locutora: Estamos aqui no nosso estúdio com o professor Ismar de Oliveira Soares.
- O senhor poderia falar pra gente sobre o Módulo Básico Geral da Mídia Rádio?
Nos preocupamos em contextualizar o rádio na sociedade contemporânea como um veículo, e... que alcança a população inteira do país e facilita a comunicação entre as pessoas, os grupos sociais..., nesse sentido, o Módulo Rrádio vai tratar da linguagem radiofônica, e vamos trabalhar com a possibilidade de integrar o rádio na escola, de integrar o rádio junto a outras mídias e, finalmente, integrar a escola e a comunidade através do rádio. Nós estamos falando na grande meta de Paulo Freire de que a educação seja permanentemente dialógica através do rádio. Quando associamos o professor, o aluno, a comunidade nós ganhamos um espaço efetivo de prática de comunicação pra trabalhar especialmente com o protagonismo dos atores sociais presentes na escola.(vinheta sonora).
Fonte: <www.eproinfo.mec.gov.br/pdf>
Diante disso, percebemos como o papel do rádio é significativo na atividade social das massas. Por disseminar cultura, ajudar a construir conhecimentos, ampliar horizontes e possibilitar o viés da comunicação e expressão. Enfim, sua capacidade de "ter voz" e de "dar voz" à comunidade, o torna líder ainda a conquistar espaços e transmudar realidades.
Interessante, também, que o rádio tem um grande poder de alcance, pois é uma mídia que não exclui. E, assim, notificamos que a descoberta da importante linguagem radiofônica tem sido capaz de facilitar o ideal de muitas pessoas, como também ajudar a construir um processo educativo a partir do lugar onde elas se encontram.
Seu "compromisso" com a sociedade leva o rádio a além da comunicação direta, na sua diversidade de programas, condiciona entretenimento, música, sobretudo, no jornalismo sua autenticidade e imparcialidade nutre de força a voz dos marginalizados; além da informação ele também fornece apóio às denúncias. É perceptível como a progamação radiofônica esta mais voltada ao socialismo.
Já sabemos que o rádio atinge a todos os públicos, sem distinção e por predileção à camada mais densa, onde existe um espaço habitado possivelmente ele está presente. Assim a informação perpassada pelas ondas sonoras da Rádio Sociedade da Bahia traz um vasto e importante conteúdo que se solidifica no cotidiano das pessoas e fortalece a credibilidade por parte do público. Desde seu surgimento até os dias atuais ele tem o papel de formar, informar, anunciar, denunciar, e transformar o imaginário das pessoas de forma a inserir a sua marca; julgando a partir da abordagem semiótica isso é ideologia.
Essa ideologia simbólica nem sempre é perceptível, a linguagem radiofônica não se veste de um caráter discriminatório, repressivo, mas seletivo. Os inúmeros conteúdos diante da comunidade são selecionados de acordo ao gosto, comportamento e linguagem isso determina e caracteriza uma formação de perfis diversificados contundentes à distinção com relação ao contexto e ao produto do habitus.
Pela semiologia podemos perceber que a formação dos estereótipos também se dá de forma indireta. Isso é perceptível, não estando totalmente explicito, entretanto deve ser levado em consideração o grau de reflexão do ouvinte, pois eles (estereótipos) se estendem na forma como os "clichês/kitsch" são introduzidos no conteúdo e às vezes aparece como mais um complemento ou mesmo chamam a atenção para outros destaques sem relevância crítica.
Diante disso, notamos como a linguagem radiofônica nutre de significado o gosto dos interlocutores, pois usa uma linguagem emergente, porém discreta e "viva". É está aceitação que aumenta o poder de persuasão destas linguagens que, desencadeia-se pela dinâmica de organização de uma equipe técnica. Entretanto, sua ideologia é receptiva mesma porque a comunidade que adota uma programação tem também seus interesses, ideologias e expectativas.
Para tanto, observar a disposição da linguagem é fundamental para a compreensão final do todo num processo comunicativo, pois ao mudar o significado de um signo ele também pode produzir outros sentidos, por exemplo "a palavra ladrão ao lado da foto de um político deduz que ele não é honesto, embora o texto não esteja dizendo isso diretamente." Tantos significantes diante de um único símbolo incita a compreensão das aparentemente dificuldades encontrada pelo "grupo focal", ao se fazer, vez ou outra, a correspondência entre as imagens do Programa (TV) e o discurso do locutor/apresentador Zé Eduardo (Bocão). Entretanto, a linguagem radiofônica, neste caso, facilita a compreensão, pois o kitsch substitui preferencialmente as imagens, induzindo a passividade do ouvinte que nem sempre lhe é dada a oportunidade para interagir.
Notamos que, os ícones, índices e os símbolos atrelados a linguagem humana através da linguística também ganham um novo olhar diante da semiologia e absorvem outros significados, mas os símbolos que representam a fusão de um/outro conhecimento cultural (não linguísticos), como um ícone que se torna símbolos: "os pinguins que representam a Antártica, a foice e o martelo que representa o comunismo, o urso polar que representa a Coca-cola. São alterações de significados que realmente podem dificultar a leitura por quem não tem conhecimento das conversões que assim as denominaram. Porém, quando não há total compreensão disso dentro de uma cultura o discurso mesmo que interessante passa a não ser compreensível, daí o risco de alienação prevalece diante da passividade do indivíduo incapaz de decodificar o significado simbólico diante do significado real.

4.1. ABORDAGEM SEMIÓTICA DO PROGRAMA DO BOCÃO

Já sabemos que, a Rádio Sociedade AM é uma empresa do grupo rede Record com 86 anos de audiência, tem como exclusividade de segunda a sexta-feira, das 8h às 10h, o programa do Bocão, apresentado pelo jornalista José Eduardo, o Bocão, que mistura jornalismo com assistencialismo, informação com entretenimento. Os quadros consagrados na televisão ganham destaque nas ondas do rádio, além de entrevistas com artistas e a participação do povo. É um espaço para denúncias, apelos e diversão... Tudo isso e muito mais; sem censura!


Fonte: <www.itapoanonline.com/main/seligabocao/blogdobocao/>


Fonte:<http://www.itapoanonline.com/main/seligabocao/blogdobocao/>

O destemido José Eduardo do programa "Se liga Bocão"
Rádio Sociedade da Bahia/ TV Itapoã/ Rede Record
"Se Liga Bocão" da TV Itapoan, rede Record mostra que Salvador não é só axé














Fonte: <http://www.itapoanonline.com/main/seligabocao/blogdobocao/>
Publicado às 19:00 em 30/8/2008


Diante de todas as pesquisas e abordagens feitas teoricamente no corpo deste capítulo podemos, assim, concluí-lo mostrando que a imparcialidade do Programa de Jornalismo "O programa do "Bocão" (José Eduardo) Rádio Sociedade da Bahia (som), utiliza-se de uma linguagem radiofônica (precisa e rápida) e tem auxiliado as pessoas, dando-lhes suporte no processo de compreensão das questões abordadas, na fundamentação das críticas, atenção as denúncias e ajuda solidária. Isso pode justificar a razão da sua grande audiência que vem somando crescimento satisfatório no decorrer do tempo.
Diante do "jeitão explosivo" ele, Zé Eduardo, transmite palavras de reflexão e apoio, fundamentadas em críticas aos comportamentos "desumanos e antissociais" que, volta e meia, se chocam com o modismo de descaraterização do valor essencial do homem e, que também, se perde nessa dimensão do mundo moderno. Pela sua função social o programa tem se destacado, tanto na categoria (Rádio), quanto (TV). Nesta análise fizemos a reflexão a partir dos conteúdos e das imagem transmitidas pela Rede Record de Televisão pois segundo as pessoas entrevistadas é como se um programa completasse o outro elas fizeram essa relação nos seus depoimentos.
É perceptível que tanto o "Programa do Bocão", (rádio) quanto o "Se liga Bocão" (TV) se confundem. Sobretudo, a única diferença é a presença das imagens que se encarrega dessa distinção se não fosse a seleção das mídias. Entretanto, ambos são líderes de audiência. Pois, é a representação da "voz do povo", mas de uma sociedade marginalizada, discriminada, onde os fatos da vida parece não ter limite.
Bocão escancara a voz (no rádio), acolhe as denúncias, faz as suas críticas e as encaminha ao "pinga fogo da Rádio Sociedade", onde serão analisadas e julgadas por uma comissão. Ele mostra a realidade cotidiana através das imagens (TV) de forma a realçar, simples e assustadoramente, aspectos fortes e graves do cotidiano das pessoas. O programa de jornalismo, onde a notícia e, por sinal, a má notícia parece ter hora, vez e lugar certo para acontecer tem um público bastante seletivo e a "carnificina" apresentada pelas imagens é antes de tudo muito forte e revoltante pela forma como é exibida sem censura, como se tivesse com lentes de aumento se comparada à realidade de outras classes sociais.
Podemos até dizer que, a originalidade dessas imagens e dos fatos corrompe os sonhos e estigmatiza a classe dos telespectadores, visto que representa um "choque" para a sociedade da notícia de forma que, outros veículos de informação omitem-na quando a enfatiza sutilmente. Isso depende também do perfil do ouvinte/telespectador, sendo que cabe a ele a reflexão e, sobretudo a tentativa de mudança de postura.
Quer seja no rádio, quer seja na televisão o programa tem um público de alcance estimado, isso é totalmente perceptível. Mas, será realmente necessária a apresentação dessa realidade dramática diante do sofrimento em que as pessoas convivem? Tantas denúncias feitas alargam a credibilidade do povo, mas de qual povo? Se a sociedade se fecha ali. E os fatos que se repetem, são passíveis de mudança e mesmo diante da veracidade da informação e da notícia parece que a mudança não se faz, nem se reconstitui, quanto que na medida em que o tempo passa tudo é fato, ou melhor, a notícia continua impactante nestes programas.

4.2 OS AUTORES SOCIAIS FALAM
O "grupo focal", formado para o desenvolvimento dessa pesquisa compõe-se por (7) sete pessoas entre elas quatro homens que denominamos por ouvinte (1), ouvinte (2), ouvinte (3), ouvinte (4) e três mulheres que foram denominadas por ouvinte (a), ouvinte (b) e ouvinte (c) o tem sua relevância a partir da análise do perfil dos ouvintes/telespectadores, da linguagem apresentada por ambos e da formação de estereótipos a partir destas linguagens utilizadas nos seus discursos. As categorias de estruturação referem-se apenas a ordem, para classificação das respostas, uma vez que a entrevista se deu em momentos diferentes no tempo e no espaço. Notamos, entretanto, que as respostas foram coerentes aos questionamentos, muito embora alguns demonstrassem dificuldade para responder.
O produto dessa amostra de resultados para nosso estudo de caso, obtido nos grupos focais - foi adquirido de forma espontânea pelos homens e mulheres entrevistados - no Povoado de Cajueiro, incluindo as localidades de Fazenda Alagoinhas, Estrada do Maracanã, Fazenda Gameleira e Localidade de Porteiras II (Rua da Cajá), no Município de Rafael Jambeiro, cujos participantes demonstraram estar satisfeitos pela contribuição.
Os entrevistados foram: ouvinte (1) 24 anos, residente no Povoado do Cajueiro; ouvinte (2), 47 anos, residente no Povoado de Fazenda Alagoinhas; Ouvinte (3), 56 anos, residente na Estrada do Maracanã e ouvinte (4), residente na localidade de Fazenda Porteiras II (Rua da Cajá), sendo que este relatou não ser ouvinte assíduo, pois em alguns momentos precisa sair para trabalhar fora de casa e às vezes no trabalho não é possível ouvir rádio muito menos assistir TV.
As entrevistadas foram: ouvinte (a), 36 anos, residente na localidade de Fazenda Gameleira; ouvinte (b) 29 anos, residente na localidade de Fazenda Porteiras II e ouvinte (c), residente na Estrada do Maracanã. Todas, donas de casa, sem nenhum vínculo empregatício com nenhuma empresa.
Diante de uma discussão formulada, anteriormente, sobre a importância do programa e diante da forma como todos os ouvintes/telespectadores de ambos os programa se posicionaram ao responder as questões/debates para a entrevista é realmente necessária a apresentação dessa realidade dramática, denunciada através do programa, mesmo diante do sofrimento em que as pessoas já conhecem, pois eles justificam que diante das denúncias, dia após dia se conhece a realidade do "mundo." As imagens que são mostradas no Se liga Bocão, (TV) são esperadas por quem fica na escuta do Programa do Bocão, (rádio) embora a ouvinte (a) tenha feito o seguinte comentário, "(...) o que ele mostra é somente a realidade..., mas tem imagem que é forte demais, quem não tem natureza não assiste não, viu." Ouvinte (b) [...] "o da televisão é melhor porque mostra as cenas...e, eu gosto de ver, mas tem coisas que é forte demais, mesmo!"
Pelo que podemos perceber o programa apresenta/expõe situações calamitosas em que a "massa" vivencia no seu cotidiano, levando-as ao impasse nas suas ações e reflexões. Mas, a indignação transmitida pelo Bocão, não é receptível, não parece ser, pois é visto que muitos dos seus ouvintes/telespectadores permanecem passivos diante das revelações, fatos e abordagens criminosas (debatidos e apresentados) no programa, bem como diante das sucessões de assistencialismo que se repete circunstancialmente.
A abordagem feita pelo ouvinte (3) é de que o programa serve também para definir o caráter e apontar o melhor caminho para se seguir, uma vez que segundo ele "quem tem vergonha fica sabendo tudo o que é preciso fazer e o que não deve." Ele diz que fica satisfeito quando Bocão "bota a boca no mundo" e argumentou que admira a coragem do Bocão.
É por isso que eu gosto dele [...] ainda agora mesmo, ele tava mostrano a história da falsa advogada que os "caras" mandou ela ir no banco de trás sem gemar, eu acho que ele quiria saber se é por que ela é branca, que tem previlégio,...é por isso mesmo que eu gosto dele, porque ele não deixa passar nada (GRUPO FOCAL, ouvinte 3).
Apesar satisfação que demonstra nesta abordagem em outro momento ele fala de certa preocupação com o fato de não ter censura no programa e salienta as vantagens do rádio, criticando a televisão, onde as imagens são muito fortes; embora em algumas cenas a lente da câmera apareça alterada, ainda assim a realidade é muito chocante. Sua preocupação é a respeito da filha menor (8) anos, que está presente na sala. "(...) essa aí, eu não deixo assistir, porque eu acho forte demais para ela assistir, porque ela aí é danada demais..." Ele se mostra fiel ouvinte/telespectador e diz que fica constrangido nos finais de semana porque não tem programa para saber o que está acontecendo no mundo.
Há uma somatória de contradição nessa abordagem, visto que no primeiro momento a fala anuncia a importância do programa depois, expressa a alegria pela menção dada aos fatos e ainda a angustia pelos dias em que o programa não é apresentado. Se a realidade não é agradável espera-se que não haja a notícia, torcer para ver o programa é alimentar a esperança de que a realidade não precisa mudar.
Dessa forma, como a linguagem e o pensamento foram explícitos, há de existir sempre alguém envolvido em algum fato ou alguma ocorrência para que a notícia aconteça. Se o programa é uma mostra da realidade subtende-se que essa realidade mude, para que sejam evitados tais confrontos/choques à criatura humana, pois, o desejo de dias melhores persiste ou pelo menos deveria ser alimentado no coração das pessoas.
O ouvinte (2) demonstra não compreender totalmente o programa, mas, diz existir algo estranho nos bastidores da reportagem. Ele acredita que as disputas para captar a melhor imagem ou toda uma sequência de reportagens levam os jornalistas a se desentenderem e justifica. "(...) eles vê uma cena vai lá tira uma foto e acaba brigano uns com ou outros pra mostrar aquilo, tá entendeno? (...). o povo ajuda a produção e a produção dá o que necessita, entendeu?
Quando perguntamos se o programa ajuda as pessoas na forma como é transmitido e diante da indignação do locutor/apresentador, quase todos interpretaram "ajuda" no sentido material.
Ouvinte (a):
Tem umas partes que ajuda, que eu não sei se foi onte mesmo,...foi! Teve uma mulé que perdeu duas criança na enxurrada e a casa e ela ganhou muita coisa. ?Como é que ajuda?? Porque as pessoas ta precisano das coisas aí vai lá no programa e fala, eles aí ajudam. Eh, ajuda, com certeza,... é verdade mesmo ajuda, eles dão uma informação, muitas veze as pessoa não sabe o que fazer, eles aí vai e resolve...
Notamos assim que, a mensagem do programa não é totalmente compreensível a todas as pessoas, mesmo diante da clareza e ou "transparência" do Bocão. Dependendo do nível de instrução, do ouvinte/telespectador sua linguagem pode ser deturpada na compreensão do público. Aí nos reportamos às formas de ideologias presentes num discurso, suas abordagens e linguagens a ser utilizadas. Perante a isso, a intenção do programa em abordar questões relacionadas não somente a política e economia, mas também notícias da cidade, entrevistas, denúncias, além da interatividade com o telespectador, pode não está sendo totalmente legível/compreensível a todos.
De um lado ele, locutor/apresentador cria a mensagem, do outro o ouvinte/telespectador o incorpora à sua necessidade, ou seja, haverá sempre muita ideologia. O discurso não será totalmente decodificado com um sentido único e especifico. Ambas as significações levam em consideração o perfil do locutário, o espaço geográfico e o tempo, como Orlandi nós mostra que as abordagens discursivas têm caráter sócio histórico por isso as rejeições e/ou aceitações só depende de quem o analisa, mas a comunicação procede. Sobretudo a ausência das possibilidades de interpretação faz com que ela apareça simplesmente como ruído para alguns sujeitos.

4.3 INTERDISCURSIVIDADE ENTRE OS AUTORES SOCIAIS
CADEIA é só para o pobre !!!
Amigos tive uma semana vitoriosa na TV, não só pelo ibope que o assunto rendeu, mas pela justiça feita com Marília a mulher que roubou dois sacos de leite e ficou presa durante 24 dias na carceragem das delegacias 11 e 6 . Um absurdo ! Para um país cheio de corruptos engravatados e políticos abastecidos com dinheiro público. Ela sofreu apanhou na cela das colegas, viu o mundo desabar. Tudo para matar a fome dos quatro filhos que choram em casa atrás de um prato de comida. Recebi críticas, fui chamado de sensacionalista, demagogo, não estou preocupado. Fiz o que devia. Contratamos um advogado e pagamos a fiança para Marília ganhar a liberdade. Quem sabe a partir de agora ela enxergue que pedir é melhor que roubar. Quem sabe agora mais do que nunca nós enxergamos que CADEIA é só para o pobre. (Zé Eduardo)

Observamos, entretanto que o próprio Bocão acaba sendo reflexos e alvo de muitas críticas, e como ser humano teme por suas atitudes perante a formação atual da consciência humana na sociedade moderna, visto que a violência e a criminalidade estão por toda parte. Analisamos este desabafo, onde as pessoas não compreenderam a sua revolta e a atitude de mudança de uma situação. Pois, associaram a sua postura ao sensacionalismo numa visão individualista, e não compreenderam como uma causa nobre dentro das questões humanas (assistencialismo social) em contraposição a humilhação e a revolta, descrita ao chamar a atenção para o fato do descaso com as pessoas menos favorecidas da grande massa. Ele tem seus motivos para realizar estes feitos e justo por isso quem o critica não o entende ou não aceita a Ideologia supostamente visível


Como você faz pra andar nas ruas?
Bocão: Não ando. Não posso mais andar nas ruas. Com o povo é melhor do que com a classe A. O povo entende, brinca, dá risada, me abraça, chora e tal. A classe A sacaneia, bota apelido, olha com aquele olhar de escroto. Prefiro evitar. Nem saio. É só da TV pra rádio, da rádio pra casa.

Assistencialismo ou sensacionalismo?
Disponível em: < labweb.fsba.edu.br ? ... ? jornalismo. > Acesso em: 27/04/2010


Mesmo demonstrando sinceridade num discurso a veracidade da informação e da notícia provoca inquietação por quem conhece uma sequência discursiva que não se equipara ao que é proposto pela suposta mudança, gerando o descrédito porque sobressai a incompreensão. Desta feita os sujeitos envolvidos (vítimas, ouvintes, telespectadores, locutor, apresentador) constituem em si, parte, de um processo da "apresentação" dos fatos no cotidiano, meramente como personagens de uma peça teatral, onde o palco é a sociedade. Para ele é possível que, na maioria das vezes, alguém se esconda para denunciar a realidade ou criar tantas outras realidades movidas de sentidos. Como é o caso dos discursos gerados por ele ou criticados a partir dele. Perceptível na discussão acima.
Notamos assim que, conforme o tempo passa tudo é fato, tudo é noticia. Segundo Guy Debord (2003) em A sociedade do Espetáculo, Os fatos ideológicos não foram nunca simples quimeras, mas a consciência deformada das realidades, e, enquanto tais, fatores reais exercendo, por sua vez, uma real ação deformada (p.134). Isso pode ser avaliado como uma reflexão adaptável à crítica anterior.
O programa é muito útil, mas 70% das pessoas entrevistadas demonstraram pouca compreensão. As denúncias feitas através das abordagens do programa não lhes proporcionam desenvolver a criticidade. Entretanto, notamos também que 60% das pessoas escutam/assistem o programa como meio de passar o tempo, mas não estão atentos a outros detalhes em si, falam assim das marcas, das reportagens, no entanto não chegam a perceber algo mais além do que está explicito.
Através dessa coleta de dados, notificamos que, nem sempre nos programas radiofônicos e televisivos o efeito de sentido da linguagem está sendo totalmente compreendidos por seus ouvintes/telespectadores, uma vez que no grupo focal 40% das pessoas não se atentam à mensagem transmitida, diante dos 100% que admitiram ser o programa útil a comunidade. Destes, podemos considerar que apenas 10% demonstraram que a falta de censura pode ser prejudicial, como pode instigar a formação de uma consciência irreversível diante dos altos índices de violência notificados pela mídia, nos receptores de comunicação em massa da sociedade. Fatos estes banalizados no dia-a-dia e com muita freqüência repetidos no interior das famílias.
O ouvinte (3) demonstra não ter o hábito de fazer análise sobre o que ouve argumentando que assiste, mas não consegue fazer relação e nunca presta atenção aos detalhes, mas, afirma ouvir/assistir diariamente o programa. Já o ouvinte (1) demonstra maior compreensão sobre as linguagens também assisti/ouvi os programas e mostra mais criticidade inclusive ressalta a importância do programa. "Eu acho que ajuda até demais....combatendo o crime organizado que ocorre né, ali...digamos que,...o mais importante é que eles não tem medo, é de está acompanhando as ocorrências perigosíssimas, né? atrás da verdade, né?
Percebemos que, neste caso ele faz uma relação mais direta com o que seria o objetivo do programa. Nas abordagens o Bocão elenca tantos outros assuntos que a veracidade desta reflexão demonstra diversos "caminhos" para formação dos pontos de vista. Isso depende também do conhecimento social, da visão de mundo que a pessoa tem. Neste caso, notamos que ele, o ouvinte (1), tem conhecimento da banalização dos direitos humanos, pois é um sujeito, que mesmo tendo um nível de instrução equiparado a outros que foram entrevistados, não demonstra estar totalmente alienado, diante dos acontecimentos. Ele acha que a interatividade com o telespectador aumenta o valor/conceito do programa.
Sobretudo, como mostramos as oposições na interpretação das linguagens, procurando relacionar o desejo da produção (Programa do Bocão e do Se liga Bocão) para que o programa atinja os objetivos da comunidade, entendemos que é difícil fazer uma seleção dentre o perfil dos ouvintes/telespectadores, embora saibamos que existem os diferentes gostos e opções de escolha.
Isso prova que, mesmo tentando nos desviar da realidade não tem como fechar os olhos para ela. A violência está em toda parte, ao lado da população, isso é fato. Mas, não podemos entender o comportamento do locutor/apresentador simplesmente como um fiel aliado da grande massa. Ele priva-se da sua liberdade não apenas para defender os direitos sociais. O seu discurso, nesse contexto, está voltado a este tipo de situação por questões ideológicas do próprio interesse e da "marca" do programa, ou seja, a produtividade que nele desponta para o espaço social. Ele mesmo diz: "é assim que funciona: mostrar a vida do povo com palhaçadas, com repórteres atuando como personagens, mas tudo vem ancorado no social."
Podemos identificar isso, através da analise do seu discurso de um/outro momento, onde ele (Bocão) fala de uma experiência passada. "O programa deixou de ser daquela linha da Transamérica, que era classe A e B, universitária, pra cair mesmo no povão. Eu me identifiquei muito mais nessa linha do que na linha da Transamérica, mas eu "chuto" com as duas. Se precisar fazer pra ganhar dinheiro com A e B eu vou fazer!" (labweb.fsba.edu.br jornalismo:27/04/2010)

Quanto da sua experiência no rádio ele afirma ser algo realmente muito bom:

Quando saí da TV Bahia, descobri o rádio, fui começando a me soltar. O rádio solta muito, você acaba levando isso pra TV. Rádio é a melhor escola. No rádio, você está com o microfone, é você e Deus. Você pega ligeiro. Claro que, nos primeiros dias, você se prende, não quer falar, mas depois você vai embora. Isso facilita quando você vai pra televisão.
Mas critica a postura dos que se referem à linha ideológica do seu programa.
Eu o defino como um programa de assistencialismo social. Não de sensacionalismo. Engraçado... Quando faço esse programa chamado de "sensacionalista" e me criticam, por que a pessoa que faz a crítica não deixa uma cesta básica aqui? Por que ela não faz isso sem aparecer na TV? E se eu não fizer por aquela mulher que veio aqui, que quer conhecer a mãe, que quer embarcar pra São Paulo, que dormiu aqui na portaria, quem vai fazer?
Concluímos, esta etapa, enfatizando o poder da linguagem e dá mídia usada como ferramenta, perante os diversos discursos, uma vez que, sempre haverá linhas diferentes na interpretação da linguagem em ação, pois a comunicação possibilita essa dualidade e o discurso em si não é estático como já foi abordado anteriormente. Sobretudo, "em torno do que é ser ?popular?, e da possível diferença entre isso e os padrões estéticos vigentes na cultura de massa." Segundo o que (GREENBERG. apud COELHO 2006) aborda em seu texto ele assinala a presença dos kitsch ligados ao academicismo e à cultura de massa, e relaciona-o a prefiguração do efeito que é uma forma facilitada enquanto arte acadêmica para poupar o esforço do ouvinte/espectador.
Para ele o kitsch facilita às massas: a interpretação, a decodificação e a compreensão. Diante disso demonstra que "ao espectador não cabe inquirir a obra, nem sequer conviver com ela; apenas consumi-la."
Nas duas modalidades do programa Bocão se utiliza de uma variedade de clichês que podemos relacioná-los a estes kitsch, sendo que, eles vêm como uma forma de deduzir o que o ouvinte deve pensar, pois ele já traz em si a interpretação, as conclusões e as mensagens a serem absorvidas pelo ouvinte/espectador.
Dessa maneira, entendemos que o programa dissemina a formação de estereótipos de uma forma simbólica, pois sua linguagem não é totalmente decodificada enquanto elemento de classificação ou (re)classificação dos sujeitos na sociedade. O próprio Bocão enfatiza que "é função do programa apresentar os fatos, mostrar a vida do povo com palhaçadas, com repórteres atuando como personagens, pois tudo isso vem ancorado no social." Aí percebemos como, de certa forma, a sociedade fomenta essa iniciativa da inserção dos estigmas e que esta é uma inegável suposição, uma vez que, "os meios levam a estes fins".



5. CONCLUSÃO
Vimos que são diversos os pontos de vista frente a um mesmo fato/situação e que resultam nos múltiplos significados que podem ser extraídos a partir do conhecimento da ciência dos signos, sendo a linguagem um traço de identificação que diferencia os homens nos espaços sociais e, a comunicação em si, uma forma simbólica que, além de movimentar ela, também, fomenta a formação de opiniões como sistemas de significação e estruturas numa cultura.
Logo, quando analisamos a cultura de massa enquanto cultura dominante, obviamente tendemos a fazer uma reclassificação da identidade dos sujeitos para compreender o fenômeno da "manipulação irrestrita e exploradora" por meio da ideologia a cerca do conceito de alienação. Visto que, o consumo acaba sendo determinado pelo habitus como princípio das diferenças, através da oposição entre os gostos, citado no segundo capítulo. Uma vez que, diante disso, os símbolos (semiologia), embora carregados de significados, suas dessemelhanças produzem efeitos de sentido que se focam no relacionamento entre as palavras e as coisas que elas denominam no mundo, cuja interpretação implica, também, na condição social x espaço onde estão inseridos e agregam essa carcterística do consumo.
O contexto socio-cultural "palco das lutas de classe" que Certeau descreve como cotidiano, compreende um espaço de desintegração para as mudanças e ruptura dos eventos (lutas) que, perante a visão marxista concebe a transição estrutural (essencialmente política) e fortalece as potencialidades. Para tanto, numa sociedade capitalista onde a história se fundamenta no uso da linguagen, o discurso sofre a correspondência entre o signo e o sentido. Nisso, é provável que no entendimento desse sistema de comunicação, possamos identificar obstáculos e possibilidades, dela mesma, entre os sujeitos do discurso, já que a inteligência precede a linguagem e ela se equilibra nos elementos que fundamentam a história Piaget, (1979).
Notamos, entretanto, que realmente existe conflito (obstáculos) no processo da comunicação entre os sujeitos do discurso. Quando, durante a coleta de dados para esta pesquisa, nos deparamos com uma cena de desentendimento a uma das respostas dadas por parte de um dos sujeitos; ambos escolarizados, jovens que não lhes caberia aquela dificuldade de compreensão.
Embora, sem qualquer análise diante da resposta dada anteriormente, poderíamos ali dizer, sequer, que ambos poderiam está certos. Contudo, justificamos o detalhe/obstáculo que impossibilitava a compreensão e apresentamos ali uma teoria para o problema, exemplificando-o. E, a compreensão se fez, a seguir mediante o que realmente contribuía para a ideologia da questão.
A partir das nossas reflexões podemos deduzir, que a incompreensão dos discursos nesta sociedade da informação e do conhecimento, está relacionada à falta de comunicação direta ou a exposição desregrada (sem censura) de cenas, linguagens, códigos e símbolos: que emitem significados dúbios, para fomentar/alimentar o propósito ideológico da sociedade de consumo, tão enérgica, mas tão fugaz.
De fato, ainda não poderemos concluir uma afirmação tão complexa e tão significativa nesse processo de entendimento da linguagem e do discurso, pois, se detalhássemos as formas e os pensamentos ideológicos, não faltaria apenas censura (na mídia), tanto quanto respeito, ética no exercício das linguagens. Porém, não se distingue totalmente a classe cujas lutas (trampolinagens) se sobressaem ora um ou outro grupo tem o seu momento de glorificação como também o momento de estigmatização.
A indústria cultural assegura o seu discurso, a elite mantém o seu status e a grande massa absorve a soma dos discursos, mesmo frente à intemperança das lutas não procura dissuadi-lo, influenciado pelo desejo do "ter" alienado/a corrompe seus paradigmas e esquece-se de ser o que realmente deveria "ser."
Diante de tudo, a liberdade de imprensa atrelada aos interesses sociais é uma conquista grandiosa ao considerar o período da ditadura militar, momento em que a sociedade gemeu pela forte presença da opressão. Hoje, que se faça cumprir as leis, que os letrados da sociedade não priorizem o egocentrismo para que o domínio cultural não seja uma ferramenta de alienação perante as classes, pois o discurso propicia vários caminhos, para se conhecer o objetivo e o movimento da vida social e das relações afins. No entanto a "linguagem precisa" tem que ser decodificada não apenas com um único efeito do sentido; bom se pudéssemos explorar de todas as formas este vasto campo de significados que ela detém em si.





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