ENSINO, FORMAÇÃO E RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO ENSINO SUPERIOR: Um estudo sobre a visão dos docentes de uma Instituição de Ensino Superior de Igarassu-PE.
Por Vera Estevão | 31/08/2011 | Educação* Cristina Camarotti
* Vera Estevão
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi desenvolvido através de um estudo sobre a Docência no Ensino Superior, tendo como objetivo descrever os aspectos relacionados ao ensino, formação e relação professo-aluno no contexto acadêmico de uma Instituição de Ensino Superior de Igarassu-PE.
O interesse de pesquisar sobre esse tema surgiu durante a minha graduação em Licenciatura em Pedagogia, ao perceber que independente da área de estudo a que o aluno esteja vinculado, o processo ensino aprendizagem está fundamentalmente ancorado na formação do professor, na sua prática e na relação afetiva que desenvolve com seu aluno.
Nessa direção, faz-se necessário que se ampliem os estudos nessa temática, considerando-se que o Ensino Superior vem ascendendo em função de uma demanda significativa de uma formação profissional cada vez mais qualificada para atender o mercado de trabalho.
Dessa forma, pesquisar como se desenvolve a formação do professor para o Ensino Superior nos possibilita discutir como vem sendo praticada a sua docência inserindo-se no contexto social que determina e é determinado também pela ação dos sujeitos que nele atuam. Quando se trata de questões relacionadas a Instituições de Ensino Superior - IES, é preciso situá-las e analisá-la como instituições sociais que têm compromissos historicamente definidos.
O início do ensino superior surge no Brasil em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao país. Todavia, a iniciativa privada e a expansão do ensino superior somente aconteceram muito tempo depois com a Constituição da República em 1891 que descentralizou a oferta de ensino superior, permitindo que os governos estaduais e a iniciativa privada criassem seus próprios estabelecimentos, através do ato assinado por Dom João implantando-se na Bahia e no Rio de Janeiro as escolas médico-cirurgicas, primeiras sementes desse grau de ensino no país (MOURA, 2007).
As Universidades no Brasil possuem grandes diferenças quanto à história se comparadas às universidades dos outros países latino-americanos. As universidades são bem mais jovens do que as Instituições de Ensino Superior de outros países da América Latina. Resultam da demanda do mercado que sinaliza para a necessidade de formação de profissionais com qualificação fundamentalmente em áreas das engenharias, medicina e direito. Inicialmente estavam localizadas em grandes cidades economicamente mais importantes para o Brasil naquela época (STALLIVIERI, 2011).
Na década de 1990 através de um estudo ? a proporção de estudantes oriundos de famílias com renda acima de dez salários mínimos ultrapassava a média de 60% tanto no setor público quanto no privado. Observou-se que o acesso ao ensino superior naquela época era maior entre a classe social mais elevada o que vai ao desencontro da crença de que os menos favorecidos são os que freqüentam o ensino privado. Ao contrario de que se imagina, não por falta de vagas e sim, uma deficiência na educação básica e ainda problemas sociais (ENSINO SUPERIOR, 2011).
As Instituições de Ensino Superior no Brasil surgiram para atender ao mercado de trabalho que solicitava profissionais qualificados, ao mesmo tempo em que buscavam criar sua própria identidade enquanto sistema de educação, considerado até hoje como uma das mais preciosas construções do Brasil republicano (PANIZZI, 2004).
Portanto, se o mercado de trabalho torna-se cada vez mais exigente quanto à formação profissional do trabalhador, refletimos que é necessário, para ingressar nesse mercado, uma boa formação universitária. E para que essa formação acadêmica seja de qualidade é necessário que as IES ofereçam, além de uma proposta pedagógica inovadora, um corpo docente qualificado. Essa qualificação docente deve estar fundamentada numa formação consistente, onde os professores estejam atualizados quanto as tendências pedagógicas contemporâneas, necessidades do mercado na sua área de ensino e, sobretudo, ter uma postura educativa que considere os aspectos afetivos da aprendizagem, desenvolvendo um vínculo afetivo com os alunos.
O fato é que, expressivas e significativas mudanças acompanham os dias atuais e da mesma forma ? independentemente da classe social - o ensino superior ganhou forças quanto ao crescimento e demanda por cursos em nível superior. De 1960 até os dias atuais, o ensino superior no Brasil contou com significativas mudanças, tanto no funcionamento quanto em sua configuração, como: titulação dos docentes, institucionalização da pesquisa e da produção intelectual, qualidade da formação oferecida, diversidade de oferta de cursos, entres diversos outros fatores.
Em plena era da informação, os meios de acesso aos estudos estão cada vez mais rápidos. A dinâmica das mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais da sociedade moderna refletem cada vez mais no ensino e no que ensinar. Anos atrás as mudanças significativas na vida humana exigiriam no mínimo o tempo correspondente a uma geração para ocorrer. Entretanto, gradativamente, passaram a ser imprevisíveis e determinantes pela busca do conhecimento (ENSINO SUPERIOR, 2011).
Ao ensino superior cabe a responsabilidade de gerar o saber, um saber interligado ao contexto social, considerando os condicionantes da sociedade.
Atualmente observa-se um crescimento na quantidade de ofertas de Faculdades e/ou Universidades, porém essa quantidade não reflete, necessariamente, qualidade. Em grande parte das IES a constatação é de que muitos graduados deixam suas faculdades e partem rumo à vida profissional, carentes do verdadeiro conhecimento pelo qual, precisarão para ingressar no mercado de trabalho.
Isso se deve ao distanciamento entre o conteúdo das disciplinas constantes nos currículos e a velocidade das transformações nos variados campos do conhecimento cientifico e tecnológico. Reconhecer essas mudanças nos faz refletir sobre a melhoria das práticas pedagógicas no ensino superior.
O estudo foi realizado através de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, buscando trazer a visão dos professores sobre a sua própria prática. O trabalho apresentado traz em seu primeiro capítulo uma abordagem histórica sobre a Docência no Ensino Superior. O segundo capítulo trata de Formação de Professores para o Ensino Superior. No terceiro capítulo discutimos a relação professor-aluno no processo didático, enfocando a importância vinculo apto. A metodologia é apresentada no quinto capítulo, seguida da discussão e das considerações finais.
2. DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR
A profissão de professor é uma prática educativa, uma forma de intervir na realidade social, através da educação e, assim sendo, ela é uma prática social. Considerando que existe diferença entre prática e educação, nos pautamos em PIMENTA; ANASTASIOU (2005), que explica que sendo a prática institucionalizada, ou seja, a forma de educar existente em diferentes contextos institucionalizados, configurando a cultura da cada Instituição, que seria conteúdo e o método da educação. No que se refere à ação considera-se os sujeitos, seus modos de agir e pensar, seus valores e compromissos, desejos e opções.
Uma das principais questões relacionadas à atuação do professor universitário é a relação entre ensino e aprendizagem. Trata-se de um assunto bastante polêmico. Masetto (2003) reflete que uma das principais opções feitas pelo professor dá-se entre ensino, o que ministra ao aluno, e a aprendizagem que este adquire. Esta relação é de fato indissociável, só completando-se o "ensino" se houver aprendizagem.
A pedagogia no ensino superior deve ser compreendida como um espaço em movimento, no qual se pode analisar e compreender os fenômenos de aprender e ensinar as profissões, adequando-se, sempre, à realidade social e ao mercado de trabalho. Dessa forma a Pedagogia do ensino Superior deve ser pensada como um espaço no qual a própria docência universitária em ação pode ser revisitada e constantemente reconstruída (BOLSAI; ISALA, 2010).
O professor quando exerce a função de docência, paulatinamente suas atividades ganham dimensões quanto a sua formação e vai se destacando por uma série de competências desenvolvidas na sua carreira, não pela titulação de professor, mas, sobretudo pelo próprio exercício da função.
Entretanto, sua identidade não se caracteriza com o exercício da docência. (Para tanto, no que diz respeito à formação docente, BENEDITO, 1995, p. 131) considera:
"O professor universitário aprende a sê-lo mediante um processo de socialização em parte intuitiva, autodidata ou seguindo a rotina dos outros. Isso se explica, sem duvida, devido à inexistência de uma formação específica como professor universitário. Nesse processo, joga um papel mais ou menos importante sua experiência como aluno, o modelo de ensino que predomina no sistema universitário e as reações de seus alunos, embora não há de se descartar a capacidade de autodidata do professorado. Mas ela é insuficiente."
Nessa direção, analisamos que, embora não se possa descartar a autodidata do docente e reconhecer o quanto ele pode dominar o assunto a ensinar, o enfoque maior se dá pela inexperiência na prática pedagógica, ou seja, na distância no processo de ensinar, dificultando, assim, a construção da aula. De acordo com essa argumentação, fica claro uma tendência básica da necessidade da formação docente para o ensino superior que diz respeito ao processo ensino aprendizagem em sala de aula universitária. Muitos professores mesmo sendo competentes e dominando a sua área de conhecimento, "deixam a desejar" quanto às didáticas e melhores posturas para conduzir uma aprendizagem significativa.
Ainda em outra abordagem surge um fator importante quanto aos cursos superiores e seus docentes. É que geralmente os professores recebem ementas prontas, dessa forma, elaboram seus planejamentos individuais, esquecendo que a prática pedagógica reflete como um todo, contribuindo assim para uma docência restrita. (PIMENTA; ANASTASIOU, 2010).
Na concepção de GIL, (2010, p. 8):
"O principal papel do professor do ensino superior passa a ser, portanto, o de formar pessoas, prepará-las para a vida e para cidadania e treiná-las como agentes privilegiados do progresso social."
Assim, o professor e aluno protagonizam papeis simultâneos elementos primordiais no processo de ensino aprendizagem pelo qual o docente se faz presente no intuito de conduzir a construção do saber.
Embora muitos tenham essa visão, outros, mantêm uma atitude conservadora, autoritária e não dispõem de informações sobre novas técnicas e metodologias que estão em foco na docência do ensino superior.
Nessa perspectiva, o ensino superior é de fato um grande desafio, pois nem sempre o professor se dispõe a partilhar com os acadêmicos o processo educativo onde democratizar o espaço parte de uma linha de onde deve ser permeada pela pesquisa, descoberta, desenvolvimento e construção do conhecimento.
A docência deve buscar melhores saberes para seus educadores com o objetivo de obter melhores resultados e tendo a consciência que o foco principal dessa busca, será sempre o crescimento do professor e do aluno.
Como já pontuamos, o ensino superior torna-se desafiador, pois precisa ser reinventado constantemente ao considerar que o mundo social entrelaça no cotidiano acadêmico. É (BECKER, 2001, p 125) que reforça esse argumento ao afirmar que:
"A educação deve ser um processo de construção de conhecimento ao qual ocorrem, em condição de complementaridade, por um, lado, os alunos e professores e, por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído."
Portanto, comprometer-se com o ensino e assumir uma posição de orientador das atividades que incentive ao desenvolvimento acadêmico de sua turma é uma função docente. Sobretudo, estimular práticas inovadoras e contínuas que superem os problemas na divisão do saber.
Destacamos, pois, a importância do professor universitário ter consciência de que sua metodologia precisa ser revista, considerando como requisito a aproximação do conteúdo a ser ministrado à vivência dos seus alunos, comprometendo-se com as mudanças e rupturas em todos os níveis de atividade humana. É nessa perspectiva que (CASTANHO, 2000, p. 87) afirma:
"A educação em todos os níveis precisa de uma nova postura. O ensino tradicional paulatinamente vem dando lugar a práticas alternativas que devem levar ao desenvolvimento global dos educando e acender o entusiasmo."
Analisando por este ângulo, o professor universitário que quer modificar sua prática em sala de aula, percorre uma zona de transição de paradigmas, desenvolvendo uma nova postura que inclui novos procedimentos metodológicos, como recomenda CASTANHO (2000), quando pontua que o foco principal desse novo paradigma é o professor, por ser um sujeito histórico contextualmente social e político, que deve ser entendido e considerado para entender sua prática docente. Ainda nessa linha de análise, encontramos reforço:
Professores universitários envolvidos com inovação na universidade têm uma concepção de conhecimento que envolve flexibilidade e movimento, entendem o conhecimento em construção, incentivam a dúvida, valorizam o erro e trabalham com base nele. A provisioriedade, a multiplicidade e o momento permeiam o cotidiano." (CUNHA, 1998, p.107)
Sendo assim, a dúvida em sala de aula que era vista como um erro, fracasso, desconhecimento, atualmente faz parte de um contexto de construção do conhecimento, desde que haja subsídios para o seu desenvolvimento.
Basicamente, um docente universitário precisa além de dominar o conteúdo a ser trabalhado, compreender a motivação dos discentes como uma pré condição da aprendizagem e a partir daí desenvolver técnicas e procedimentos que estimulem o interesse dos alunos para o "aprender".
Dessa forma, trabalhar na perspectiva da construção e produção do conhecimento, permeadas por elementos da criatividade, que despertem no aluno o gosto por novas formas de "saber fazer", contribuirá para mudanças primordiais no ensino universitário.
Requer-se hoje, professores competentes, capazes de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos para solucionar situações e conflitos ligados a contextos sociais e profissionais, levando em consideração a individualidade do ser humano. Assim sendo, é preciso compreender que a atividade educacional possui naturezas e características pedagógicas, metodológicas e afetivas interrelacionadas, que influenciam na formação humana e na apropriação do saber. Além disso, que o processo educativo se afirma entre a teoria e a prática e que é importante reconhecer que o ofício de professor se situa na dinâmica histórica da aprendizagem humana, do ensinar e aprender que inclui os mais diversos planos de cultura, não se limitando ao ensino técnico
3. FORMAÇÃO PARA O ENSINO SUPERIOR
A Lei de Diretrizes e Base- LDB n º 9394/96 trata no art. 43 ? Da Educação Superior, a questão da exigência da titulação para o exercício da função.
No entanto, a nossa discussão é acerca da importância da formação na docência para o ensino superior, numa questão mais ampla que é a compreensão das condições pelas quais esses profissionais ingressam no exercício acadêmico.
Sobre a formação dos professores (PIMENTA; ANASTASIOU, 2010 p. 37), identifica que:
"Na maioria das instituições de ensino superior, incluindo as universidades, embora seus professores possuam experiências significativas e mesmo anos de estudos em suas áreas específicas, predomina o despreparo a até um desconhecimento cientifico do que seja o processo ensino aprendizagem, pelo qual passam a ser responsáveis as partes no instante em que ingressam em sala de aula."
Retomando essa temática surgem reflexões sob os diferentes enfoques e paradigmas a respeito dos saberes docentes, gerando diversas polêmicas no âmbito universitário, que se depara com a necessidade de contratar professores e, por muitas vezes esses profissionais ainda não possuem uma formação adequada para assumir essa função. O cumprimento das exigências da titulação não se reflete, necessariamente numa formação epistemológica e pedagógica.
A inserção do profissional na área do magistério, em Instituições de Ensino Superior, tem sido em grande parte pelos variados conhecimentos e áreas de atuação, sem mesmo nenhuma preparação no campo filosófico educacional para respaldar a função docente.
Consideramos que os conhecimentos nas áreas das Ciências Humanas e Sociais são pré-requisitos para o professor universitário, uma vez que vai fazê-lo compreender como se dá o processo ensino-aprendizagem. Entendendo esse processo ele poderá desenvolver uma prática pedagógica condizente com a necessidade de formação do aluno.
É necessário aprofundarmos essa discussão sobre as exigências cada vez mais complexas na preparação dos professores universitários para o magistério, pois fica claro que a ausência da formação específica tem se refletido na qualidade profissional dos alunos egressos das IES, que não têm conseguido estabelecer as relações necessárias entre o conteúdo vivenciado em sala de aula e a efetivação prática no seu exercício profissional.
De fato, o currículo dos cursos é um fator fundamental quando se avalia a qualidade do Projeto Pedagógico de cada área. Um dos conceitos de currículo está mais ligado ao etimológico e significa tudo aquilo que precisa ser ensinado ou aprendido segundo uma ordem de progressão determinada num ciclo de estudos. A idéia de currículo ligada a curso, percursos, a uma organização de assuntos, ou de conhecimentos, ou de tudo aquilo que se deve aprender. Na prática a preocupação é como ordenar o que precisa ser aprendido numa ordem determinada (MASETTO, 2003).
Discutindo currículo profissional, foco do nosso interesse, enfocamos a formação docente, que se refere aos conhecimentos científicos de seu campo e do campo da educação, da pedagogia e didática. Para tanto, essa formação requer grandes investimentos acadêmicos. Se exigirá um ensino que permita ao docente os nexos com o campo e o contexto de produção dos conhecimentos na historia da sociedade. Uma formação que tome o campo social da prática educativa e de ensinar como objeto de análise, de compreensão, de crítica, que desenvolva no professor a atitude de pesquisar, como forma de aprender.
A formação para o exercício do ensino superior pode ser entendida como um campo em que há muito por se fazer em termos de pesquisa e prática. Para a docência nesse grau de ensino encontra-se a disciplina de Metodologia no Ensino Superior, nos momentos da pós-graduação com carga horária média de 60 horas. Nessa disciplina, encontra-se referencias e orientações para o professor universitário atuar em sala de aula.
Na nossa realidade, para a docência do ensino superior não há uma exigência de conhecimentos básicos para o magistério. A questão da formação para o ensino superior far-se-á com os títulos de mestrados, doutorados e especialistas, sendo esses cada vez mais presentes nas universidades, principalmente nas privadas. A contratação de especialistas condiz com o que Brandão (2007) comenta baseado no que diz a LDB (1996) no artigo 52 no inciso II, que um terço dos professores universitários com titulação acadêmica de mestrado e doutorado vem acrescentar a qualidade do quadro de professores, mas, deixa claro que os especialistas também fazem parte desse contexto.
Como podemos constatar o professor geralmente assume a profissionalização dos cursos superiores pelos quais, eles se graduaram. Não existe curso para professor universitário e sim, graduados em licenciaturas e bacharelados que exerçam funções em suas áreas específicas.
A análise pôr este ângulo nos permitiu identificar que muitos dos professores riquíssimos em seus trabalhos científicos se distanciam em sua suas práticas pedagógicas, uma vez que não se trata de uma exigência prévia das IES. No entanto, defendemos que o professor universitário deverá ser obrigatoriamente crítico e reflexivo, não sendo um mero reprodutor do conhecimento e sim um condutor, mediador, facilitador, voltado às novas tendências pedagógicas. Para salientar essa argumentação (CAMPOS, 2008, p.70) ressalta que:
"É importante enfatizar que a autonomia docente no universo da profissionalização é uma exigência do novo contexto da profissionalidade, que indica na ação a produção criativa."
Constatações assim, onde a vivência não faz a essência que os define, ou seja, na maioria dos casos, alguns professores apenas dão aulas, copiadas, repassadas e com isso, o novo e tão esperado, se torna frustrante principalmente quando a área é voltada para mercado de trabalho (ENSINO SUPERIOR, 2011). Exceto os cursos oriundos da área de educação ou de licenciaturas, os demais não funcionam com uma preparação para a docência, que lhes dê suporte nas questões pedagógicas e processo ensino-aprendizagem.
Ainda na discussão sobre a formação para o Ensino Superior e as condições pelas quais os docentes se integram no contexto acadêmico, surge vários enfoques e paradigmas direcionados aos saberes pedagógicos e epistemológicos que mobilizam a docência. Numa visão filosófica, no percurso de suas ações e no senso comum pedagógico, o docente precisa compreender a necessidade de sair da posição de inatacável, procurando compreender a sua necessidade, humanidade, potencialidade e fragilidade, evitando uma rotina na posição defensiva de um facilitador da aprendizagem.
Nessa direção, compreendemos que o conteúdo do ensino é composto dos conhecimentos científicos e sua finalidade é a transmissão dos conhecimentos elaborados produzidos pela pesquisa cientifica. Assim, o ensino deve ser compreendido como um campo de aplicação desses conhecimentos, sendo tarefa do professor traduzi-los em um fazer técnico para transmiti-los aos alunos, que deverão construir conhecimentos e elaborar seus saberes de forma a utilizá-los na sua trajetória de formação profissional.
Portanto, toda a ênfase nessa questão deverá ter como respaldo o desenvolvimento do potencial transformador do docente, para o exercício cotidiano da reflexão, partindo dos problemas da realidade acadêmica do professor universitário e as condições pelos quais eles ingressam. Essas diferem de paradigmas relativos aos saberes pedagógicos que mobilizam a docência (CARLINE; ESCARPATO, 2008).
Quanto à necessidade de estarmos sempre reelaborando os conhecimentos pedagógicos, nos pautamos em Pimenta (1997) que defende a importância de saber reinventar os saberes pedagógicos a partir da prática social da educação, ou seja, estabelecer ligações entre os conteúdos e a realidade concreta vista em sala e fora dela.
4. RELAÇÃO PROFESSOR - ALUNO NO PROCESSO DIDÁTICO
A relação professor-aluno constitui-se em outro ponto de reflexão, quando tratamos do ensino superior. Já observadas às questões da titulação e da formação específica na área de atuação, enfocamos o relacionamento interpessoal entre o docente e o discente.
A construção dessa relação pode ter resultados positivos e negativos, pois entendemos que professor e aluno formam um par complementar nesse contexto. As dificuldades acadêmicas não podem ser focadas apenas nos alunos, é preciso investir tanto no aluno como no professor para que não se instale um círculo vicioso: professor-problema, aluno-problema, onde se instala um prejuízo maior para a formação do aluno. (VASCONCELOS: AMORIM, 2011).
A sala de aula é constituída de relações interpessoais onde o professor explica, responde, indaga, repreende, elogia, e o aluno questiona, responde, interage, enfim, um universo de atitudes pelo qual se relacionam. Tanto o professor como o aluno devem encontrar na sala de aula um lugar onde, além da busca do conhecimento, seja um espaço de convivência, de vínculo afetivo que correspondam às necessidades de quem o busca.
Nesse contexto, desenvolve-se a ação didática, que é a forma específica de ensinar, de construir uma aula, do modo como é conduzido o processo em sala de aula. Destacamos, dessa forma, que a ação didática envolve o domínio do conteúdo pelo professor, o planejamento de suas aulas, a capacidade de avaliar seu aluno por meio de um processo contínuo, saberes didático-pedagógicos e a construção de vínculos afetivos importantes para o desenvolvimento da aprendizagem.
Ainda considera-se que a principal função da escola é ensinar. No entanto, já pontuado por alguns autores, essa função implica em outros fatores que contribuem para uma relação didaticamente expressa, entre eles, o contexto interpessoal, valorizado por grande parte de docentes.
Gil (2010, p.57), tratando de funções da escola, afirma:
"A escola constitui uma das mais importantes fontes de socialização, pois é no seu âmbito que se aprende e se reforçam muitos valores, das crenças e das normas de conduta social."
Nessa direção, se faz necessário a quebra de paradigmas que limitam-se ao estudo, apenas, em relação ao comportamento do professor, ampliando-se essa discussão para as funções educativas da escola onde insere-se toda a sua comunidade. Essas funções contemplam a seleção de conteúdos, organização e sistematização didática para facilitar o aprendizado como fonte de socialização, permeada pela relação afetiva professor-aluno.
No âmbito universitário, essa questão não é diferente, sabendo-se que nele o processo ensino-aprendizagem também acontece da perspectiva de troca de conhecimentos, de interação, de relação afetiva. Nessa abordagem, Carl Rogers, um dos pioneiros no desenvolvimento da psicologia humanística apresenta como um dos principais pilares de sua teoria, o relacionamento entre professores e alunos.
Para Rogers (1986, p.127) a facilitação da aprendizagem se sobrepõe a que:
"Não repousa nas habilidades de lecionar do líder, nem do conhecimento erudito do assunto, nem no planejamento curricular, nem da utilização de auxílios audiovisuais, nem a aprendizagem programada que é utilizada nem nas palestras e apresentações e nem na abundancia de livros, embora qualquer um dos meios acima possa, ser utilizados com recursos de importância. Não a facilitação da aprendizagem significativa repousa em certas qualidades de atitudes que existem no relacionamento pessoal entre facilitador e o estudante."
Para tanto, a relação professor e aluno, segundo Rogers, é a mais básica dessas atitudes onde vem favorecer a aprendizagem. Ainda sobre essa questão (ROGERS, 1986, p.130) admite que:
"O professor que se preocupa com o estudante, que o aprecia, que confia nele, cria um clima muito mais favorável para a aprendizagem. É que "o apreço pelo estudante ou sua aceitação (...) constitui uma expressão operacional de sua fé e confiança essencial na capacidade do organismo humano".
Outro fator importante que deve fazer parte da ação docente é a preocupação do professor em atingir os objetivos propostos, levando-o a uma cobrança saudável e construtiva de resultados favoráveis para o crescimento dos alunos, sempre ressaltando a importância da aprendizagem como melhor forma de se obter conhecimentos.
Freire (2006) fortalece esse pensamento quando nos esclarece que vivemos na autenticidade exigida pela prática de ensinar e aprender, nesse movimento dialógico, pode perceber que todos participam de uma experiência total, diretiva, política e, buscando sempre novos conhecimentos e fontes para um melhor conhecimento a ser aprendido de forma clara e proveitosa por ambas as partes em que envolve a educação.
Nessa perspectiva, o aprender se torna atrativo quando o aluno sente sua competência refletida pelas atitudes e métodos inseridos, na motivação em sala de aula, levando em conta o prazer pelo aprender e não sendo encarado como obrigação didática. Para que isso seja favorável, o professor deverá despertar nos seus alunos a curiosidade de suas ações no desenvolvimento das atividades.
O educador deve se preocupar, além do conhecimento científico e informações absorvidas pelo aluno, a construção de sua cidadania. Para que isso aconteça será necessária a conscientização do próprio educador em delegar-se em seu papel de facilitador da aprendizagem frente às novas experiências e tentando levá-los a auto-realização.
O trabalho do professor é expresso em sua concepção da relação educação e sociedade. Daí se estabelece seu modo de agir em sala de aula, que poderá colaborar para o desenvolvimento uma aprendizagem significativa fundamentada numa determinada concepção de valores. Entendendo-se que o docente deve trazer a mediação como aspecto fundamental para aprendizagem, partimos do principio que a construção do conhecimento ocorre a partir de um processo de interação entre pessoas. Assim sendo, consequentemente, a mediação e a qualidade das interações, refletem na qualidade dos saberes desenvolvidos na relação professor - aluno.
Nesse sentido, as relações humanas partem de uma função social que lhe atribui à essência do objeto do conhecimento, pois só existe a partir de um intenso processo com o meio social feita na mediação pôr ambos e do objeto de ensino.
Assim, a educação deve ter sempre uma função humanista e progressista, visando à construção de um cidadão autônomo e seguro a ponto de reconhecer seu espaço na sociedade com seus direitos e deveres para uma cidadania melhor e na esperança de construirmos juntos, uma boa relação professor e aluno no contexto acadêmico.
5. METODOLOGIA
Para desenvolver esse trabalho foi necessário definir procedimentos e estratégias com o objetivo de compreender a problemática estudada.
Nesse processo, delimitamos o contexto, os sujeitos e os instrumentos para a coleta dos dados. Essa coleta foi realizada na perspectiva qualitativa, para atender os objetivos propostos.
5.1 O contexto da pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior no município de Igarassu. A escolha dessa instituição se deu ao interesse de estudar a realidade local, sendo essa IES uma referência na região.
5.2 Os sujeitos da pesquisa
A escolha dos sujeitos da pesquisa foi através da indicação dos Coordenadores dos cursos oferecidos pelas IES. Desta forma, foram indicados quatro professores de cursos diferentes, denominados como E1, E2, E3 e E4.
5.3 Procedimentos Metodológicos
Os procedimentos metodológicos foram divididos em duas fases:
5.3.1 Coleta de dados
Para a coleta de dados foram utilizados dois instrumentos: a observação e a entrevista. A observação teve como objetivo identificar como vem sendo desenvolvida a prática pedagógica na sala de aula e a entrevista, compreenderem como o professor vem construindo essa prática.
5.3.2 Análise dos dados
A análise dos dados se constitui na interpretação do material coletado, a partir do referencial teórico.
Essa fase concretizou-se com a apresentação do material produzido promovendo a discussão dos resultados.
6. DISCUSSÃO
O trabalho descreve a importância das práticas pedagógicas existentes no ensino superior. Para tal foi realizada uma revisão da literatura através de livros, artigos e entrevistas semi-estruturadas na qual constavam três perguntas (tabela 1) com docentes de áreas interdisciplinares, tendo como base três pontos principais, o ensino, formação e relação professor?aluno, o estudo foi realizado entre os meses de agosto e setembro de 2010.
As respostas obtidas foram dispostas em um quadro, de modo a tornar mais fácil a compreensão da leitura tendo em vista que os livros e artigos científicos subsidiaram o levantamento e análise dos dados encontrados.
Por fim, uma contextualização bibliográfica acerca de alguns livros de renomados autores da educação onde os mesmos, exemplificam saberes necessários para o desenvolvimento e aprendizado na atual realidade do ensino superior no Brasil.
Tabela 1. Perguntas realizadas aos docentes de uma Faculdade de Ensino Superior privada de Igarassu-PE.
P1 Considerando que o educador em geral especialmente o professor universitário deverá ser obrigatoriamente crítico e reflexivo, como você analisa sua prática pedagógica?
P2 A formação do professor universitário deverá ser entendida numa perspectiva de formação humana, visando à construção do conhecimento. Nessa mesma perspectiva, descreva a importância da Didática no Ensino Superior.
P3 Descreva como é sua relação professor aluno em sala de aula. Quais os pontos positivos e negativos que influenciam essa relação no processo ensino aprendizagem?
Tabela 2. Respostas dadas pelos docentes de uma Faculdade de Ensino Superior privada de Igarassu-PE.
P1
R1: Analiso minha prática pedagógica como crítica, pois, busco junto aos meus discentes a interação ao qual necessitam para desenvolver o próprio conhecimento numa perspectiva de conduzir em busca de uma prática pedagógica que melhor ofereça resultados para os mesmos.
R2: Analiso minha prática com objetivo de construir uma formação cidadã como também o trabalho como princípio educativo.
R3: Eu busco o mesmo dos alunos, fundamentadas em decisões, procuro fazer o necessário para exercer práticas onde a flexibilidade e a criticidade se faça presente nas salas de aula.
R4: Analiso minha prática pedagógica como crítica, pois viso à reflexão dentro do contexto em que se buscam resultados favoráveis para a educação.
P2
R1: A importância da didática no ensino superior emerge como grande alicerce para desenvolver praticas pedagógicas indispensáveis para uma formação de qualidade.
R2: Em minha opinião a didática é o elemento mais importante quando se trabalha a questão do ensino-aprendizagem.
R3: É de suma importância que aqueles que desenvolvem o conhecimento (o professor) em sala de aula estejam aptos nas metodologias de ensino. A prática do ensino não é trivial e não pode ser feita na intuição, sem qualquer responsabilidade.
R4: A didática é de grande importância para o ensino. A metodologia não pode ser feita por acaso, é preciso ter responsabilidades e habilidades durante o uso das técnicas.
P3
R1: A relação professor aluno é profissional pois, como precisam ser inseridos no mercado de trabalho, os discentes precisam ter responsabilidades mediante suas escolhas para que os mesmos se preparem por uma qualificação profissional.
R2: Considero minha relação professor - aluno bom. Mesmo não agradando a todos, precisamos ter uma relação com base na sinceridade.
R3: Minha relação com os alunos é muito boa. Acredito que o fato de ser jovem seja um grande estímulo para eles. O mais importante nessa relação para o processo ensino-aprendizagem, a meu ver, e a maturidade da turma para que haja a troca de experiência\conhecimento.
R4: Minha relação com os alunos é muito boa. Tento na medida do possível buscar soluções que interajam na questão da aprendizagem.
P1: Considerando que o educador em geral especialmente o professor universitário deverá ser obrigatoriamente crítico e reflexivo, como você analisa sua prática pedagógica?
Quando questionados sobre sua prática pedagógica, todos os quatro docentes responderam que é critica e reflexiva, embora tivessem diversos tipos de justificativas para suas respostas, como por exemplo, o entrevistado E1, que salientou uma perspectiva de conduzir em busca de uma prática pedagógica que melhor ofereça resultados para os discentes, o E2 preocupa-se na formação do cidadão onde os demais, deixam claro sua flexibilidade de acordo com suas necessidades pedagógicas (GIL, 2010, p. 37), enfatiza bem essa análise afirmando que:
"Requer-se um professor com visão do futuro, atento à velocidade das transformações tecnológicas, às mudanças sociais, aos novos perfis profissionais que estão se desenhando, às novas exigências do mercado de trabalho e os desafios éticos. Que seja capaz de definir o que será melhor para a formação de um profissional que vai atuar daqui alguns anos."
Tomando como base a prática pedagógica, devo argumentar a necessidade de buscar melhores resultados considerando o ensino aprendizagem uma prática voltada às necessidades de cada educando. Além do mais, o docente de um modo geral, precisa compreender que poderá criar condições necessárias para melhorar sua prática pedagógica, devendo ser participante ativo na aprendizagem, criando condições para que o aluno busque o conhecimento e construa seu desenvolvimento cognitivo de forma presente, verdadeira e concreta.
P2: A formação do professor universitário deverá ser entendida numa perspectiva de formação humana, visando à construção do conhecimento. Nessa mesma perspectiva, descreva a importância da Didática no Ensino Superior.
Sabemos que a didática é tida como a arte do ensinar, a importância dessa didática busca saberes importantes no qual cada entrevistado se fez pensar. Analisando suas respostas percebi que em todos os momentos em que os mesmos diversificaram-nas baseadas nas suas experiências docentes, como por exemplo, o entrevistado E2 deixa claro que a didática é tida como elemento importante onde se da à ligação do ensino aprendizagem.
Segundo E3, o ensino não é trivial e não pode ser feito de qualquer modo e sim com responsabilidade em busca de uma metodologia que visa melhores resultados. Outro fator importante é que as práticas pedagógicas assim sugeridas por ele devem enfatizar numa boa compreensão por parte dos alunos para que os mesmos tenham perspectivas de melhores condições quanto ao aprendizado.
A didática foca as habilidades práticas em que cada educador tem sua metodologia baseada nas perspectivas existentes referente ao uso das técnicas. O entrevistado E4 ilustra bem essa abordagem, salientando o uso da arte para desenvolver técnicas que visem melhores condições de aprendizagem. Quem foca esse assunto como fator primordial é (LIBÂNEO, 2001), dizendo que "a didática hoje precisa se comprometer-se com a qualidade cognitiva das aprendizagens e estas, por sua vez, está associada à aprendizagem do pensar".
Com base nesse pensamento, os alunos serão sujeitos pensantes no mundo contemporâneo onde às competências cognitivas ajudam nas habilidades mentais, pelos quais, estão defrontando com os dilemas e problemas antigos em sala de aula.
P3: Descreva como é sua relação professor aluno em sala de aula. Quais os pontos positivos e negativos que influenciam essa relação no processo ensino aprendizagem?
Todos os entrevistados descreveram sua relação com os alunos de forma clara de modo a focar o ensino aprendizagem como principal fator do sucesso do aluno. Analisando os dados existentes entre eles, o entrevistado E1 deixou claro que a relação professor-aluno é extremamente profissional, pois sua preocupação visa em torno da cobrança de melhores resultados tanto pela instituição como no mercado de trabalho pelo quais os alunos farão parte dessa procura.
No entanto, salientamos que no universo acadêmico, não podemos deixar de atentar para a importância da relação afetiva, da existência de um vinculo afetivo que promove a interação professor-aluno facilitando a construção do conhecimento.
A relação afetiva não exclui a cognoscência, ou seja, o vínculo afetivo desenvolvido entre professor-aluno, desde que não interfira no cumprimento ético da função docente, pode produzir resultados positivos na formação profissional do aluno.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desse trabalho foi de realizar um estudo sobre a visão dos docentes de uma Instituição de Ensino Superior de Igarassu-PE, ressaltando a importância da sua formação profissional no que se refere a conhecimentos específicos e melhores condições de práticas pedagógicas, buscando sempre o comprometimento e os desafios atuais para o exercício da profissão.
Esse estudo contribuiu na reflexão sobre a docência no ensino superior, sendo mais um passo no processo contínuo de crescimento e formação de professores educadores que também aprendem e traçam vários caminhos para a construção do conhecimento.
Pudemos reconhecer que os caminhos a serem traçados, envolvem não apenas os conhecimentos científicos da profissão e sim, o foco na técnica de como trabalhar com as essências dos fenômenos educativos através do ensino reflexivo e nas possibilidades de estabelecer no dia a dia uma relação articulada entre alunos e professores.
Acredita-se que a atitude reflexiva do professor permitirá aos alunos na mesma instância, melhores condições para sua aprendizagem. Ser professor nunca foi uma profissão simples, exigem do profissional, competências necessárias à função. Além dessas exigências, não podemos deixar de realçar ao que Masseto (2003) se refere quando considera que o professor é um "cidadão", um "político", e dessa forma deve ser compromissado com seu tempo, sua civilização e sua comunidade. Daí, refletimos a necessidade de valorizar a sua ação compreendendo que a importância no processo de emancipação do homem é fundamental.
Dessa forma, podemos pensar, tanto nas Instituições de Ensino Superior como nas demais instituições educacionais como espaço de mudanças sociais e culturais, envolvendo os docentes quanto ao compromisso na formação cidadã dos discentes.
Os problemas quanto à didática, formação e relação professor-aluno é constante entre outras descobertas a respeito do professorado frente às IES. Contudo, se faz necessário instigar novas descobertas e se possível, encontrar novos caminhos para melhoria no ensino como também, melhores condições de trabalho frente ao mercado tão competitivo.
A universidade precisa ser entendida como um lugar de formação no qual a organização pedagógica precisa ser articulada de maneira criativa, constituindo-se num centro de inovação no qual o protagonismo pedagógico é reconhecido como caminho para emancipação dos processos formativos e da aprendizagem docente e, consequentemente, da professoralidade.
Dessa forma se entende que a universidade ou faculdade é tida como um espaço formador na construção do homem na sociedade, procurando voltarem-se as mais novas atribuições que o levam a exercer seu trabalho como um todo, buscando saberes mais elaborados, procurando atribui-se de uma educação fundamentada no trabalho dos docentes e discentes com o objetivo de colaborar com o trabalho coletivo e interdisciplinar.
Podemos dizer que a formação deve abranger as necessidades reais dos docentes e da instituição, e ambos, devem caminhar lado a lado em busca de um ensino mais eficaz. A teoria e a prática devem se interligar o que facilita a aprendizagem dos mesmos. Sendo assim, os programas de formação devem ter como foco a atualização dos conhecimentos específicos de cada área que tenha como referencial aquisição de conhecimentos por partes dos alunos.
Portanto, pensar em educação é pensar nas possibilidades de interações entre ambos, embora devamos reconhecer que existem vários avanços na educação superior no Brasil. De certo, os desafios que temos a enfrentar não são poucos, todavia já existem sinais de que alguns avanços foram conquistados através do desempenho de professores que demonstram a conscientização para a necessidade de mudança na prática pedagógica da sala de aula.
Não bastam recursos e estratégias, se não houver competência docente. Tal competência caracteriza-se inicialmente pelo processo de reconhecimento da necessidade de mudança e adaptação de práticas que atendam a formação profissional para o mercado de trabalho atual.
Dessa forma, constamos que possibilitando o docente a refletir sobre o trabalho que vem desenvolvendo, como pretendemos nesse estudo, contribuiu para o desenvolvimento de uma postura crítica dos entrevistados diante de situações dos saberes que circulam e sustentam uma prática docente mais adequada no Ensino Superior.
Salientamos que esse trabalho nos instigou a continuar pesquisando e estudando essa temática, pois ao nos deparamos com a realidade, aumentou ainda mais o nosso interesse em contribuir com essa questão.
O estudo ratificou o nosso reconhecimento do conceito de docência, que não se reduz apenas a atividade de dar aulas e sim a toda atividade educativa. Não havendo nenhuma dúvida que o professor está na linha de frente e é o principal agente no processo de construção de uma proposta pedagógica novo, que dê conta de um processo ensino-aprendizagem significativo
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