ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO MÉDIO: UMA PROPOSTA DE VALORIZAÇÃO LINGUÍSTICO-SOCIAL ATRAVÉS DO PROJETO “PLACAS E ANÚNCIOS COMERCIAIS” NO MUNICÍPIO DE GUAMARÉ/RN
Por SAFIRA FREIRE BEZERRA | 13/12/2019 | EducaçãoSafira Freire BEZERRA[1]
RESUMO
Desenvolver e aplicar aulas formativas de Língua Portuguesa muitas das vezes é assimilado pelos educandos como um pleonasmo, isto é, o aprendiz acaba interpretando tal ensino de maneira equivocada, devendo o educador orientar, também, essa especificidade subjacente ao processo de ensino-aprendizagem da língua materna. Para tanto, o estudo enfatiza a valorização das modalidades da língua escrita e falada, através da realização de projeto escolar, intitulado “Placas e anúncios comerciais no município de Guamaré/RN”, realizado na modalidade do Ensino Médio de uma instituição de ensino público. Objetiva-se identificar as mais variadas expressões linguísticas impressas através de cartazes, placas, fachadas etc., de estabelecimentos comerciais, com o intuito de compreender a assimilação linguística da Língua Portuguesa e de sua representação no meio social local, além de discutir a manifestação do fenômeno da comunicação humana e suas mais diversificadas variedades linguísticas, relacionando sua funcionalidade à fala e à escrita, diante de um contexto propício à interatividade.Nossa fundamentação teórica apresenta um leque de autores e estudiosos que contribuem para maior apreciação do ensino da língua materna. A metodologia traçada corresponde às determinações de pesquisa qualitativa com vistas à revisão da literatura como subsídio plausível à seleção e análise dos dados. Assim, o estudo propõe expor as relações existentes entre a Língua Portuguesa expressa pela sociedade guamareense através de expressões comerciais. O estudo, então, contribuirá, significativamente, para uma revelação acerca do que se é ensinado, do que foi assimilado, além de aspectos referentes à compreensão das mensagens.
Palavras-chave:Ensino. Língua Portuguesa. Valorizaçãolinguístico-social.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O ensino da Língua Portuguesa, doravante LP, e de suas mais variadas formas e expressões (gramática e oralidade) é ministrado ao longo de todo o processo formativo da educação básica brasileira e posteriori – formação técnica e superior. Para Görski e Moura (2011, p.62), gramática é um termo que envolve múltiplos significados, todavia, pode ser distinguida em duas especificidades, sendo elas: “– A gramática universal (GU) é a faculdade da linguagem, o próprio conhecimento inato dos falantes; – A gramática particular é o sistema abstrato que subjaz às realizações linguísticas dos falantes”. No entanto, quanto à oralidade formativas, Fruteira (2007) expõe que:
[...] a oralidade como conteúdo estruturante apenas sobre a fala fluente nas mais diferentes circunstâncias de comunicação, sem considerar que há gêneros orais que dificilmente serão aprendidos se não houver uma intervenção didática séria (FRUTEIRA, 2007, p.2).
O ensino da LP nas escolas brasileiras consiste, basicamente, em duas formas distintas, as quais dizem respeito às manifestações linguísticas da fala e da gramática normativa dessa língua. Estas duas formas de ensino, muitas das vezes são associadas de forma coerente, no entanto, ambas possuem características próprias que tanto uma quanto a outra não são capazes de abranger-se.
O referido ensino da língua materna caracteriza-se pela normatização sistemática da comunicação, expresso, mais significativamente, de forma tradicionalista e formal. Meio a essa expressão e deflagração de ensino, a LP também oportuniza discussões em que sua análise põe em cheque suas variedades e é em tais variedades que o estudo busca desenvolver-se, onde o aluno possa identificar, com clareza, a capacidade comunicativa dessas variedades subestimadas pelo ensino formal.
Diante desse cenário supressor, a LP é considerada um sistema elitista, isto é, o aprendiz para que seja considerado apto a desenvolver uma comunicação coerente com o padrão de qualidade e de educação social deverá apropriar-se das habilidades da comunicação formal para que seja considerado um sujeito com condições linguísticas adequadas. Todavia, ainda há uma segmentação discrepante entre ensino da gramática e da oralidade, seja pela falta de uma prática docente mais efetiva e significativa ou pela falta de recursos e subsídios teóricos a disposição do docente e dos alunos.