ELES TÊM QUE DURAR POUCO
Por Cilas Emilio de Oliveira | 02/04/2015 | CrônicasELES TÊM QUE DURAR POUCO
Quando rapazote, ficava eu a observar as colméias, palco de lutas ferrenhas e intensas, entre as abelhas e certos personagens que tiveram a infelicidade de nascerem machos. Elas, no afã da busca do precioso néctar,.um ir e vir incessante que se prolongava até ao cair da noite. Eles, os dotados do negarivismo, recebiam seu quinhão pelo que eram e pelo que não faziam. Nesse lufa-lufa algo me chamou a atenção. De vez em quando saia apavorado, com um pequeno enxame às coistas, um zangão todo esbaforido, na maior tentativa em safar-se daquela situação. Dezenas de abelhas ávidas por praticar o ato eliminatório daquele que provavelmente tinha recebido o veredicto indesejável da morte. Fiquei a pensar, o porquê daquilo, daquela guerra, onde os indivíduos eram sacrificados. De fato, aquele pobre ser, depois das inúmeras ferroadas de suas parentas, jazia estendido ao chão, se movendo com dificuldade, até que exalava seus últimos suspiros.Foi então que me ocorreu um pensamento de consultar os mais velhos sobre tão desastroso fim daquele pobre ser. Disseram-me que os zangões não trabalham, que somente um deles serve para fecundar a rainha. Depois do vôo nupcial, também acaba inapelavelmente morto. Dia seguinte lá estava eu no meu posto avançado, observando novamente a guerra. Um após outro saiam os desafortunados seres, cada um recebendo seu quinhão pelo que faziam e pelo que não conseguiam ser. Podia contar dezenas desses desafortunados espécimes estendidos ao chão, servindo de alimento às formigas.
Foi então que me ocorreu pensar num ponto: Se eles não trabalham, se eles nada fazem, a não ser apenas um deles, o escolhido para perpetuar a espécie, então suas existências parasíticas obedecem a mesma de muitos de outras espécies. Eles, se nada fazem para se manterem, lógico está que, se continuarem na colméia acabarão com a reserva do saboroso mel. E quem trabalha, no caso as operárias e defensoras do lar, certamente iriam passar necessidade. A mãe natureza - como acostumam denominar a sabedoria divina - colocou esse recurso, ainda que drástico, para que quem trabalha não fique privado. Eureca! Achei o termo correto, mesmo na minha quase tenra idade: Parasitas!!! Seriam eles? Sim! Sugavam o que outros produziam. Não cooperavam em nada, no entanto se serviam do 'suor" das demais lutadoras. Foi quando, de novo, pensei em nós, os humanos, que em igualdade de postura, muitos e muitos de nós adotam o mesmo princípio de "levar vantagem" em cima dos semelhantes. Verdadeiro párias, parasitas que sugam quem trabalha, havendo casos que, alguns, nem para procriação servem. Também não poderia ser diferente! Em servir para esse fim, sua descendência por certo irá receber de sua hereditariedade, os mesmos traços, os mesmos comportamentos. Novamente a natureza age, determinando que nada façam, até que, de uma forma ou de outra, as "abelhinhas" os empurrem para o seu inevitável fim. Hoje, em sintonia com os zangões, quiçá com os humanos, a turma do “não vale à pena”, um exército do “nem isso”, engrossam fileiras no grande contingente dos vagabundos em massa. O melhor que fazem é ficarem encostado num canto, juntamente com os demais de sua laia, tomando o costumeiro pileque logo de manha. Aliás, Desse produto não abrem mão. Descaradamente, se se passa em sua proximidade, com a cara mais enxuta, pedem dinheiro para comparar mais “caninha”.
Do lado dos irracionais – nem tanto – os exemplos se sucedem, dando conta que o trabalho exige uma série de fatores, pois a vida nunca foi feita somente de momentos ociosos, mas requer apego e dedicação. Se acontece com os animais daquela espécie, não há escapatória para os humanos. Lições de vida, nada mais se pode concluir.