Elementos para Análise de Balanço Patrimonial
Por Heriberto Pena | 24/01/2011 | EconomiaDaniele de Jesus Martins Dantas
Franky Rodrigues Araújo
Luana Souza Santos
Luís Sérgio Siqueira de Melo
Patrícia Simone Silva Brito
Heriberto Wagner Amanajás Pena
INTRODUÇÃO
A Itautec S.A. é uma empresa brasileira, controlada pela Itaúsa ? Investimentos Itaú S.A. e especializada no desenvolvimento de produtos e soluções em informática, automações e distribuição, atuando no mercado corporativo e doméstico (ITAUTEC, 2009). Este trabalho apresenta um diagnóstico da situação econômica e financeira da empresa por meio de uma análise de balanços dos exercícios de 2008 e 2009.
Esta análise é feita com base nas demonstrações financeiras padronizadas da Itautec S.A., a saber, Balanço Patrimonial (BP) e Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Estas demonstrações estão disponíveis no ANEXO A e no ANEXO B, respectivamente.
Vale ressaltar que as demonstrações financeiras objeto da análise são elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e de forma condizente com as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Estas demonstrações consolidadas incluem as empresas na Nota 09 presente em Itautec (2009).
A análise de balanços é feita conforme metodologia proposta por Ribeiro (2002). Como as demonstrações analisadas já foram padronizadas pelos elaboradores, inicia-se a análise pelos cálculos de indicadores financeiros e econômicos, passando-se para a interpretação desses indicadores; em seguida, realiza-se a análise vertical e horizontal, restrita apenas à DRE para, enfim, elaborar um relatório sobre a situação econômica e financeira da empresa.
Uma observação que deve ser realizada antecipadamente quanto à análise é a ausência de comparação dos indicadores econômicos financeiros e econômicos da empresa com quocientes-padrão, conforme a proposta de Ribeiro (2002). Isso se deve ao fato de não haver um número significativo de empresas concorrentes, uma vez que Ribeiro (2002) define concorrente como uma empresa que exerce os mesmos ramos de atividade, do mesmo porte, no mesmo período e que atua na mesma região, sobre o mesmo regime econômico.
1 INDICADORES FINANCEIROS E ECONÔMICOS
No capítulo 10 de seu livro, Ribeiro (2002) explica detalhadamente o que é, como calcular e os critérios de interpretação de cada um dos indicadores financeiros e econômicos para a análise de balanços. Neste trabalho, estes indicadores foram calculados a partir das formulações empregadas por este autor. Os resultados estão dispostos na Tabela 1. A seguir, realiza-se uma interpretação de cada indicador.
Tabela 1 ? Mapa de indicadores
INDICADORES 2008 2009
QUOCIENTES FINANCEIROS
Estrutura de Capitais
Quociente de Participação de Capitais de Terceiros 1,67 1,61
Composição do Endividamento 0,62 0,71
Imobilização do Patrimônio Líquido 0,28 0,26
Imobilização dos Recursos Não Correntes 0,17 0,18
Liquidez ou Solvência
Liquidez Geral 1,43 1,46
Liquidez Corrente 1,91 1,78
Liquidez Seca 1,16 1,05
Liquidez Imediata 0,14 0,06
Rentabilidade
Giro do Ativo 1,47 1,45
Margem Líquida 0,02 0,03
Rentabilidade do Ativo 0,03 0,04
Rentabilidade do Patrimônio Líquido 0,09 0,11
1.1 INDICADORES FINANCEIROS
a) Participação dos Capitais de Terceiros
No exercício de 2008, a Itautec tomou R$ 1,67 de Capital de Terceiros para cada real de Capital Próprio; em 2009, esta proporção correspondeu a R$ 1,61. Analisando isoladamente o indicador, pode-se inferir que, em ambos os exercícios, a empresa está endividada, uma vez que trabalha com recursos de Terceiros em proporção maior do que com recursos Próprios.
Segundo este indicador, a empresa está em uma situação desfavorável porque se encontra consideravelmente dependente do Capital de Terceiros e não há folga que dê à empresa liberdade financeira para tomar decisões.
No entanto, de 2008 para 2009, há uma queda de R$ 0,06 no indicador, o que aponta uma redução no grau de endividamento. Este fato ocorre, certamente, por causa de um esforço realizado pela empresa, a fim de melhorar a situação.
b) Composição do Endividamento
No exercício de 2008, a maior parte dos Capitais de Terceiros é tomada para pagamento em curto prazo, o que permite dizer que a situação da empresa não era boa. Em 2009, a situação continua, porque a proporção dos Recursos de Terceiros de Curto Prazo (Passivo Circulante) em relação aos de longo prazo passou de R$ 0,62 para R$ 0,71. É provável que a gestão da empresa, de um exercício para o outro, tenha deixado um pouco a desejar quanto à política de pagamentos.
c) Imobilização do Patrimônio Líquido
No exercício de 2008, a empresa investe 28% do Patrimônio Líquido (PL) no Ativo Permanente; no ano seguinte, a imobilização do PL reduz para 26%. Isso quer dizer que, nos dois exercícios, o PL consegue cobrir os investimentos efetuados no Ativo Permanente, sem necessidade de Capitais de Terceiros.
d) Imobilização dos Recursos Não Correntes
Analisando o presente indicador, verifica-se que a empresa imobiliza 17% do total de Recursos Não Correntes em 2008. No exercício de 2009, este percentual sobe para 18%. O aumento desse indicador, de um exercício para o outro, reforça a idéia remota de falha na política de pagamentos da empresa.
e) Liquidez Geral
Em ambos os exercícios, a empresa mostra capacidade de garantir o pagamento de todas as obrigações de curto e longo prazo das obrigações contraídas. Para cada real de dívidas, a empresa possui R$ 1,43 no Ativo Circulante em 2008. O que chama a atenção é a tendência de melhora desse indicador em 2009, que passa para R$ 1,46, considerando que, naquele momento, o mundo passa por uma crise financeira que atinge principalmente o setor de tecnologia da informação.
f) Liquidez Corrente
Este indicador aponta que, em 2008, a empresa tem R$ 1,91 no Ativo Circulante para cada real de dívidas a curto prazo. Em 2009, a empresa já possui R$ 1,78. Apesar de a empresa continuar com folga para pagamentos em curto prazo, não se pode ignorar a queda de R$ 0,13 de um exercício para outro, que pode ser justificada com o momento de crise financeira.
g) Liquidez Seca
No exercício de 2008, o indicador reforça a boa situação financeira, visto que a empresa possui R$ 1,16 no Ativo Circulante Líquido para saldar cada R$ 1,00 de compromissos de curto prazo. No exercício de 2009, embora o índice ainda apontasse uma situação favorável, houve uma queda de R$ 0,11 no indicador e, por conseguinte, na capacidade de o Ativo Circulante Líquido quitar obrigações de curto prazo.
h) Liquidez Imediata
Segundo Ribeiro (2002), este indicador pouco ou quase nada acrescenta às conclusões da análise da situação financeira da companhia e, por isso, não é considerado neste trabalho.
1.2 INDICADORES ECONÔMICOS
a) Giro do Ativo
De acordo com este indicador, em 2008, a empresa fatura R$ 1,47 para cada R$ 1,00 investido no Ativo. Isto mostra que a Itautec consegue girar os investimentos totais 1,47 vezes no ano. Como este indicador sofre uma leve redução para R$ 1,45, nota-se que o desempenho mercantil da empresa praticamente é mantido.
b) Margem Líquida
O valor de 0,02 alcançado no exercício de 2008 indica que a empresa consegue obter lucro líquido correspondente a 2% do valor da Receita Líquida. No exercício de 2009, o indicador aumenta timidamente para R$ 0,03, o que reforça a idéia dos coeficientes financeiros, que retratam a manutenção de uma boa situação financeira.
c) Rentabilidade do Ativo
Em 2008, para cada R$ 1,00 de investimentos totais, a empresa obtém R$ 0,03 de lucro. No exercício posterior, esta relação é de R$ 0,04 para cada R$ 1,00 de investimentos, o que indica uma leve melhora no potencial de geração de lucros. Isso mostra que, apesar da boa situação, a empresa não tem realizado esforços realmente significativos para a melhoria no retorno de Capitais investidos.
d) Rentabilidade do Patrimônio Líquido
No ano de 2008, a empresa obtém R$ 0,09 de lucro para cada R$ 1,00 de PL. Em 2009, essa marca aumenta para R$ 0,11, o que representa uma melhora leve, mas considerável.
2 ANÁLISE VERTICAL
No ANEXO C, encontra-se uma análise vertical da DRE nos exercícios de 2008 e de 2009. Dessa análise, podemos destacar alguns pontos relevantes acerca da situação econômica e financeira da Itautec S.A.:
a) Custo dos Produtos Vendidos e Serviços Prestados: no exercício de 2009, o percentual desta conta é 2,45% maior que no exercício de 2008. Uma causa provável para este aumento pode ser o encarecimento de insumos de produção ou mesmo a dificuldade para obter vantagens junto aos fornecedores.
b) Lucro Bruto: observa-se um aumento em 2,45% em 2009 em relação ao ano de 2008, decorrente do aumento do faturamento bruto.
c) Despesas com Vendas e Despesas Gerais e Administrativas: há aumento de 0,27% e de 0,51%, respectivamente, em relação ao exercício passado.
d) Despesas com Pesquisa e Desenvolvimento: observa-se uma queda de 0,13% nessas despesas em relação ao exercício anterior. Embora seja uma queda leve, isso pode mostrar o nível de esforço da empresa em atingir resultados econômico-financeiros.
e) Lucro Operacional Antes do Resultado Financeiro: é importante observar a queda de 0,21% no exercício de 2008 para 2009. Isso decorre do aumento das Despesas de uma forma geral.
f) Receitas e Despesas Financeiras: ambas sofreram redução percentual leve, o que reflete o aumento de gastos.
g) Lucro Operacional: obtém um pequeno aumento em relação ao ano de 2008, por conta do aumento das gastos.
h) Lucro Líquido do Exercício: obtém um aumento leve em 2009 em relação ao ano anterior, por conta do aumento dos gastos, principalmente das Despesas.
3 ANÁLISE HORIZONTAL
No ANEXO D, encontra-se uma análise horizontal da DRE nos exercícios de 2008 e de 2009. Dessa análise, podemos destacar alguns pontos relevantes acerca da situação econômica e financeira da Itautec S.A.:
a) Receita Líquida de Vendas e Serviços: aumenta em pouco mais de 100%, o que mostra o bom faturamento bruto da empresa em 2009 em relação a 2008.
b) Custo dos Produtos Vendidos e Serviços Prestados: também aumentam em mais de 100% em relação ao exercício de 2008.
c) Lucro Bruto: aumenta em pouco mais de 120%, outro fator que reflete o bom faturamento bruto da empresa em 2009 em relação a 2008.
d) Despesas com Vendas e Despesas Gerais e Administrativas: aumentam em mais de 100% em 2009, o que mostra que a empresa pode ter falhado no controle dos gastos.
e) Lucro Operacional Antes do Resultado Financeiro: aumenta em 98,88% de 2008 para 2009.
f) Lucro Operacional: aumenta em 120,86% de 2008 para 2009.
g) Lucro Líquido do Exercício: é o maior índice percentual de aumento nesta análise. 132% no exercício de 2009 em relação ao ano anterior. Esses aumentos nos Lucros mostram uma situação econômica favorável na empresa.
4 RELATÓRIO CONCLUSIVO
Do ponto de vista econômico, a Itautec alcança uma situação melhor em 2009 em relação a 2008. Entretanto, apesar tendência de crescimento, percebe-se ainda que as melhoras nos indicadores são um tanto tímidas, o que implica aos gestores da companhia em planejarem e executarem esforços realmente significativos para que haja um salto maior no desempenho da empresa.
Financeiramente, a empresa encontra-se em um estado considerável de endividamento. Porém, pela análise dos indicadores, há uma tendência de melhoria desta situação, somada ao momento de recuperação econômica mundial. Do ponto de vista da solvência, a Itautec está numa situação favorável, apesar da conjuntura econômica, pois apresenta solidez financeira que garante o cumprimento das obrigações de curto e de longo prazo.
REFERÊNCIAS
ITAUTEC S.A. Relatório da Administração 31 de dezembro de 2009. 2009. Disponível em: <http://www.itautec.com.br/ifileexplorer/arquivo/ri/itr-dfp-ian/diario%20do%20comercio%202009.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2010.
RIBEIRO, O. M. Estrutura e Análise de Balanços - Fácil. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.