Educação Valorizada, Povo Cidadão
Por Francisco Costa | 26/07/2009 | EducaçãoComo participante ativo de uma sociedade; como educadores atuantes de uma nação, temos um grande desafio pela frente que é o dever de nos unir a outros seguimentos sociais para transformar uma realidade que estamos vivendo na atualidade em relação ao tratamento que a educação brasileira vem recebendo do estado e dos nossos governantes em todos os níveis de ensino e principalmente nas séries do ensino fundamental que é à base de formação dos nossos jovens e que como conseqüência, temos uma sociedade bastante desajustada que precisa se encontrar o mais rápido possível, para evitar resultados mais desastrosos ainda no futuro. Segundo Luis Carlos de Menezes, educador da Universidade de São Paulo, em entrevista a Nova Escola de abril/2007, nossa sociedade se prepara para se proteger dos jovens e não para protegê-los, são gastos milhões com os jovens que cometem delitos. O que é um absurdo sem limite, que lamentavelmente nos faz pensar num grande túnel, sem volta, onde só podemos ver a claridade do início e o comprimento, estreitamento e a escuridão do fim, pois, sabemos que com jovens bem educados e bem formados nosso país no futuro terá adultos respeitados e produtivos. Discorremos aqui sobre a situação em que a educação não é prioridade para os governantes atuais, que mesmo com alguns avanços, ainda há muito que fazer, para que no futuro o maior número de gastos seja feito com ações preventivas e não curativas ou punitivas, como acontece hoje. Uma nação que coloca os interesses políticos e pessoais de uma minoria, acima da educação e dos direitos do seu povo; um país onde suas crianças crescem sem ter seus direitos vitais garantidos, mesmo que estes estejam expressos em leis bonitas e bem elaboradas como é o caso do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/90, de 13 de julho de 1990; que só funcionam para favorecer uma camada da sociedade; a privilegiada pelo poder econômico, social e político, um país que não se inibe em camuflar as indiferenças e as irregularidades causadas pelos desmandos de suas autoridades, pela morosidade da justiça, pela falta de recursos, ou pelo mal empregos dos mesmos, claro com algumas exceções, autoridades envolvidas em falcatruas, em escândalos que só dificulta mais a vida dos pobres e das pessoas honestas e faz crescer cada vez mais a desigualdade social, enquanto os ricos engordam suas contas bancárias de forma desumana, desleal e desonesta; um país que oferece serviços públicos de péssima qualidade, que negligencia os direitos do seu povo, negando a maioria acesso à escola de qualidade, onde o sistema de transportes é péssimo e manipulado por empresários que só visam aumentar seus lucros, mesmo que seja sonegando impostos, esquecendo o bem estar de sua clientela, e que esta é quem trabalha e contribui para manter seus status e sua permanência no mercado; um país onde milhares de pessoas moram nas ruas, embaixo das pontes, nas calçadas; passando fome e frio, onde o sistema previdenciário é mal administrado; em contrapartida o estado deveria se dignar a oferecer um serviço público de qualidade; uma educação onde o aluno só estudasse e aprendesse e o professor só ensinasse; uma vez que a população não tem acesso aos serviços privados, pelo custo alto e pela situação de miséria em que vivem (subemprego, desemprego e salários baixos). Serviços que por sua vez são bem organizados e lucrativos para os grandes empresários, que não têm consciência de sua responsabilidade com o bem estar e com o crescimento saudável da população e do nosso país; um país onde o estado prefere ajudar aos banqueiros com milhões, a cumprir com sua função social, que é zelar pelo equilíbrio sócio-econômico da sociedade, oferecendo condições dignas de vida ao seu povo, o que no seria fazer mais do que devolver o que pagamos em impostos em forma de bons serviços. Um país onde nossos representantes(os políticos) a verdade não nos representam e sim representam, apenas, seus próprios interesses pessoais, isto em qualquer uma das esferas; municipal, estadual ou federal, onde as leis são ignoradas tanto quanto a situação de miséria em que vive seu povo, um país que consegue vender receitas de paz no mundo inteiro, pousar de bonzinhos para a imprensa defendendo pontos de vistas absurdos, tentando ganhar a opinião pública,ajudando aos país necessitados economicamente, tentando transformar o ridículo em tolerável e aceitável, quando na verdade nos afundamos cada vez mais num mar de lama sem fim, se tudo continuar desta forma; o que não devemos aceitar, fazendo o possível para transformar esta realidade, lutando em busca de justiça e direitos sociais.Nas escolas publicas, cedo começamos a seguir um caminho com maior probabilidade de fracasso, do que de êxito ou sucesso, quando nos deparamos com profissionais (com raras exceções), sem formação acadêmica para o magistério ou com formação com pouca qualidade; que falam abertamente que não dispõem de tempo para estudar, para ler; que não gostam de ler; detestam reuniões; discutir os problemas relacionados à educação nem pensar, reclamam dos baixos salários e da falta de incentivo do governo (com razão), não são integrados, não planejam juntos; na maioria das vezes desconhecem o projeto político pedagógico da escola; são desarticulados e vivem em infinito conflito, fazendo valer o individualismo; seus vencimentos quase não os ajudam a ter uma vida digna com sua família, o que os faz endividados. Os incentivos para os educadores são fracos e contraditórios; o estado forma o pedagogo; como obrigação, mas ao se formarem, o próprio estado não os reconhece como profissionais e os vencimentos continuam os mesmos antes da formação. Um país que segundo Álvaro Marchesi, educador espanhol, na revista Nova Escola de abril/2007, as escolas não estão preparadas para atender aos jovens e que educação é assunto de todos... Até dos shoppings centers, que deveriam promover a leitura; quando na verdade não fazem, e o que vemos é uma sociedade dividida, sem objetivos comuns, numa corrida desenfreada em busca do crescimento econômico, sem sequer respeitar o meio ambiente. Marchesi ainda afirma que o Brasil é o país que mais tem professores comprometidos com o ensino; o que precisamos é de políticas sérias de educação, com planejamento consistente e de um bom acompanhamento, para podermos abrilhantar nossa educação, garantindo a aprendizagem e a cidadania ao nosso povo. Fatos como estes, aumentam cada vez mais os problemas da nossa educação e do serviço público em geral, por existir em outros setores problemas desta natureza. Penso que nós profissionais em educação e de outras áreas do setor público devemos nos mobilizar no sentido de darmos o melhor; tentando sensibilizar as autoridades para que entendam que precisamos com urgência transformar esta crítica realidade, apelando para os governantes que levem os serviços essenciais a sério, que a sociedade civil se una pela mesma causa e faça justiça; resgatando a cidadania do povo brasileiro e dos professores da rede pública, que o Piso Salarial Nacional, seja realmente implantado pelos estados e municípios, e que os professores sejam valorizados de acordo com seu nível de formação, não-graduado, graduado ou pós-graduado, e que a educação seja encarada em nosso país como prioridade, como necessidade humana, para que nós educadores, possamos ver com orgulho o crescimento de nossas crianças amadas, sadias e felizes; vendo e sonhando com um futuro brilhante e de sucesso; e que nossas escolas públicas possam formar cidadãos fortes e capazes de enfrentar a vida tanto pessoal, como profissional e que a educação pública se torne tão forte quanto à privada; claro que isto não vai depender só do estado, mas da união do mesmo com todos os que fazem à educação e com diversos segmentos da sociedade civil. Assim, reduziremos num futuro próximo os nossos conflitos e tristezas e passaremos a fazer parte de uma nova história e dessa vez de sucesso, feita e escrita por nós mesmos; quando em todas as profissões surgirão profissionais fortes e capacitados no exercício de suas funções, cumprindo seus deveres e cientes de que o direito dos outros depende dos nossos deveres. Com a proteção das famílias, vem o equilíbrio e o fortalecimento da sociedade, educação e progresso caminharão juntos. O povo terá os direitos preservados e os deveres cumpridos. Assim, teremos educação e cidadania e um país com credibilidade e sustentabilidade econômica e social, onde ao povo será mais respeitado e mais feliz.
Francisco Costa - Pedagogo
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