Educação superior: o certo e o duvidoso

Por Central Press | 07/05/2015 | Educação

Carlos Walter Kolb*

Aproximadamente 10% dos brasileiros concluíram um curso superior. Os índices podem ser considerados baixos, quando comparados a países que atingiram a universalização do ensino superior, como a Alemanha e nações nórdicas (Dinamarca e Finlândia, por exemplo), que superam 50% da aprovação. No entanto, para o Brasil, o dado representa grande avanço no número de acadêmicos nos corredores das universidades, especialmente em função do aumento de vagas, propiciado pelo surgimento de diversas instituições privadas de ensino.

O crescimento das oportunidades de educação superior fazem com que o mercado exija dos profissionais a formação em terceiro grau. Em nossa rotina de ensino nos cursinhos preparatórios para o vestibular, estimulamos os alunos a investirem na carreira, até mesmo em função de sua qualidade de vida futura. Pesquisas mostram que, na média, o salário de quem detém curso superior é quatro vezes maior do que de quem não tem – sem contar o amadurecimento pessoal e profissional proporcionado pelo período de universidade. A grande questão é: como escolher a universidade correta? Vale a pena ingressar em qualquer instituição ou tentar mais um ano de vestibular?

É preciso observar, ao menos, três fatores na hora de escolher a faculdade e tomar uma decisão como esta: (1) tradição, (2) avaliações realizadas pelo Ministério da Educação (MEC) e (3) o número de pós-graduações, mestrados e doutorados ofertados pela instituição avaliada. A tradição, embora seja um conceito subjetivo, influencia muito, pois a faculdade, em geral, conta com professores referência em algumas das áreas estudadas. Esse tipo de professor transforma a maneira de o estudante enxergar o horizonte e a sua própria profissão. É um grande diferencial.

Outro ponto a ser levado em conta são as avaliações realizadas pelo MEC. O Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes) estabelece notas de 1 a 5 em cursos ofertados em todo o Brasil. Tendo isso em mente, o estudante ganha mais opções para pesquisar e se aprofundar, na hora de optar sobre vestibulares que pretende prestar. Ou seja, além de administrar diversos dilemas sobre como estudar mais, amadurecer decisões, gerir o tempo e pressões familiares, por exemplo, os vestibulandos devem inserir mais esta ‘investigação’ em sua rotina – além da difícil escolha do curso propriamente dito.

Por fim, o número de cursos de pós-graduação, mestrados e doutorados representa, na prática, o compromisso com a qualidade do ensino. Inevitavelmente, uma instituição com diversos cursos de pós-graduação está mais qualificada do que outra que não faz esse tipo de investimento, pois está mais alinhada às pesquisas acadêmicas e necessita de professores com titulações superiores.

Por estarem mais preocupados em ingressar nas instituições e vencer a primeira batalha da “vida adulta”, muitos estudantes se esquecem de que se formar em um curso superior é um carimbo que vão carregar para o resto da vida. Com o aumento do número de vagas em instituições de ensino, o próprio mercado de trabalho e até mesmo as seleções para mestrados e doutorados questionam em qual faculdade você se formou. De certa forma, ser egresso de uma instituição respeitada credencia de forma positiva o seu currículo – e o seu futuro.

É importante frisar que uma boa universidade favorece o surgimento de bons profissionais, mas não se trata de uma regra. Entretanto, em um mundo com mais opções, é preferível optar pelo certo em vez do duvidoso.

* Carlos Walter Kolb é professor do Curso Positivo e da Universidade Federal do Paraná.