EDUCAÇÃO SEXUAL INFANTIL NAS ESCOLAS

Por Jocinei Tambosi | 19/04/2010 | Educação

Na grande maioria das vezes a escola acaba assumindo o papel dos pais e dando muito mais informações sobre o assunto em questão, do que eles.

Em algumas escolas, tanto públicas quanto particulares, temos observado que são adotados projetos de orientação sexual no contra turno escolar para assim aumentar os conhecimentos dos educandos e diminuir a angústia infantil em relação às dúvidas sobre a temática da sexualidade.

Outro motivo pelo qual estas escolas adotam estes projetos de orientação sexual é o fato de que não há como proibir os alunos de comentarem sobre a sexualidade, pois devido as grandes mudanças pelas quais estão passando fica quase impossível evitar as dúvidas e os comentários referentes a este assunto.

Estes projetos abrangem o assunto de forma simplificada, mas clara, sem deixar dúvidas, as respostas são repassadas com tranqüilidade sem ameaças ou repressão, e com termos corretos.

Muitas vezes, os pais quase sempre falam de sexualidade para as crianças através de metáforas comparativas, com mitologias, usam nomes fantasiosos, como "pipi, perereca". Essas atitudes dos pais em esconder a sexualidade dos filhos não deve ser propagada pela escola, por isso a importância da clareza e do uso correto dos termos nas aulas Educação Sexual.

Acreditamos que embora seja difícil para o adulto trabalhar este conteúdo, esta ainda é a melhor atitude a ser tomada e estes projetos são um bom recurso pedagógico para a Educação Sexual.

LOURO et al (2003, p. 77) afirma que importante é tornar a discussão da sexualidade algo tranqüilo, comum. Para isso é necessário criar o habito de discutir a temática e que este tipo de atividade pode ser uma forma de iniciar a educação sexual com a turma.

Como o trabalho realizado com os alunos visa sanar dúvidas obviamente o primeiro passo é fazer um levantamento sobre quais os principais assuntos que as crianças queiram que sejam abordados durante o projeto, então assim partir para as discussões, pois este assunto gera grandes conflitos e a cada resposta dada surgem mais e mais dúvidas.

Para tanto, penso ser de suma importância que o educador fique atento a tudo o que é discutido durante as aulas em que se aborda a sexualidade, pois é nestas horas que descobrimos o que ainda falta ser trabalhado em relação a este assunto.

Também entendemos que o educador deve estar por dentro das atitudes de seus alunos fora da escola, quais os assuntos mais comentados, e quando necessário pedir a ajuda para os pais para que os mesmos o coloquem a par das dúvidas infantis.

O importante é o educador inspirar-se na realidade das crianças que ele esta atendendo e não priorizar conteúdos os quais nem são de interesse dos seus alunos. A afetividade entre professor/ aluno entra com grande função nesta fase do conhecimento sexual, pois estes estabelecem uma grande ligação envolvendo confiança sentimento de carinho e de frustração, porque até então ela não tinha noção do que vai encontrar nas aulas e como será a reação do orientador quando ela lhe perguntar algo que ainda não sabe.

Segundo ROSSINI, (2001 P. 15) "a falta de afetividade leva á rejeição dos livros, á carência de vontade de crescer. Portanto, uma das nossas máximas é: Aprender deve estar ligado ao ato afetivo, deve ser gostosa, prazeroso".

De acordo com a autora a relação do professor e aluno é muito importante no desenvolvimento da aprendizagem, pois garante que a afetividade, junto com a compreensão torne tudo muito mais divertido e prazeroso.

Assim acreditamos que a criança terá mais vontade em aprender, deixando de lado o medo que na grande maioria das vezes acompanha o aluno que freqüenta aulas de orientação sexual.

Acreditamos também ser de grande importância que o professor tenham amplo domínio à cerca da temática da sexualidade, e que seja capaz de compreender que muitas crianças sabem muito pouco sobre este assunto.

Vale lembrar que em sala podemos encontrar crianças que conhecem apenas aquela velha história da cegonha e sabem que o homem é homem e a mulher é mulher. Pensamos que os educadores devem ser compreensivos e entender os problemas das crianças, ouvirem o que é dito e tentar diminuir o que está lhes preocupando.

A Educação Sexual também tem um papel fundamental, em relação às questões de conscientização dos adultos, através de um trabalho que pode ser realizado também com os pais dando uma base para que eles também tenham conhecimento dos assuntos e possam ajudar a escola na realização deste tipo de projeto. Palestras com médicos, com orientadores e professores ligados a áreas a fim, podem ajudar nesta conscientização.

LOURO (2003, p. 108) "há diversas pedagogias atuando no meio social e ensinando aos corpos masculinos e femininos, adultos e infantis modos de se comportar e se relacionar com as coisas do mundo".

Educadores e pais deixam seus filhos e alunos a mercê da curiosidade, não abordam as manifestações do desejo das suas crianças e também não adotam situações didáticas para esclarecer as descobertas corporais, assim se omitem no silêncio, afirmando que este assunto é complexo demais e não se encontram preparados para abordar a questão.

Os professores devem incentivar seus alunos a perderem o medo de tocar os colegas, é com atividades em grupo e dinâmicas envolvendo duplas e expressão corporal que o professor pode conseguir que as crianças construam um conceito ou um novo conceito diferente, às vezes do que trouxeram de casa.

De acordo LOURO et al (2003, p. 77)os professores "também devem incentivar um clima de respeito e ajuda mútua, entre meninos e meninas, no trabalho de duplas. Antecipar conhecimentos corporais que serão experimentados durantes a puberdade".

Pais e educadores devem buscar proporcionar possibilidades de escolhas, de informações, deixar que a naturalidade e a afetividade brote, que as informações necessárias sejam aproveitadas para esclarecer dúvidas, tratar de corporeidade e sexualidade com carisma quebrando o tabu que se constituiu através das gerações.