EDUCAÇÃO SEXUAL: CONTRIBUIÇÕES E RETROCESSOS
Por Jedida Melo | 27/07/2018 | EducaçãoEDUCAÇÃO SEXUAL: CONTRIBUIÇÕES E RETROCESSOS
Ana Paula Maria dos Santos, Fabiana Amorim de O. S.S. Maior, Gediene Maria de França Silva, Gilvanete Maria de S. Pinheiro, Luan Praxedes da Silva, Maria Eugênia Farias Gama, Maria Giselly Cristina & Lindair de Lira Baraclio[1]
Professora Dra. Jedida Melo [2]
Introdução
A educação sexual sofreu diversas influências e mudanças. Mudanças estas que trouxeram diversos benefícios e malefícios ao longo dos anos, e após décadas de estudo e experiências desenvolvidas viu-se a necessidade de investimentos em conhecimento, compartilhamento e ampliação do tema proposto, além de um novo olhar quanto aos aspectos inerentes ao tema educação sexual, como as questões comportamentais, sociais, culturais e espirituais.
Desenvolvimento
Diversos trabalhos foram desenvolvidos ao longo dos anos acerca da educação sexual para jovens e adolescentes, e de acordo com algumas pesquisas tiveram uma influência direta no contexto histórico aos quais estavam inseridos.
Passamos no início do século XVII, onde não haviam maiores restrições quanto ao assunto, depois houve uma fase de repressão na qual o prazer sexual era visto como a fonte de todos os malefícios e de diversas perturbações mentais, instaurando assim um padrão opressor de comportamento. Nos séculos seguintes (XVIII e XIX) o sexo teve uma dimensão muito maior tornando-se um problema clínico de saúde, entrando na classificação de doenças como um desvio e/ou anormalidade.
No final do século XIX e início do século XX quando Freud desenvolveu teorias relativas à sexualidade e a sua correlação com o comportamento humano, além da questão física, houve uma ampliação do olhar e maior compreensão quanto a algumas questões inerentes a este tema.
Já na segunda metade do século XX houve importantes mudanças quanto aos padrões de enfoque da sexualidade e sobre os comportamentos sexuais. Entre eles podemos destacar O Plano de Ação de Cairo, um dos principais documentos que trata sobre a liberdade das pessoas em expressar e viver sua sexualidade, que responsabiliza o estado por executar ações como campanhas educativas com enfoque na saúde sexual e reprodutiva e sua inclusão nos currículos nacionais escolares. Com o objetivo de atingir meninos e meninas e que de acordo com relato de alguns teóricos, existiram regressões quanto a compreensão deste tema.
Quanto a história da sexualidade brasileira é registrada desde a colônia quando regras portuguesas eram contra a nudez do índio, que era vista como uma falta de pudor e indecência, posteriormente foram admitidos sexo entre os homens com suas esposas, as índias e posteriormente com as negras, já as esposas eram restritas ao seu marido e a religião. Ficando estes responsáveis pelo avanço da sífilis, que foi amplamente disseminada pelos bordeis do séc. XIX. A homossexualidade deixou de ser um pecado e tornou-se uma doença, que era sujeito a cura, e a masturbação tornou-se fonte de pesquisa, por ser considerada responsável por diversas patologias, que acometiam as mulheres em sua maioria.
Nas últimas décadas existiriam diversas mudanças quanto a questões ligadas a sexualidade no Brasil, inicialmente com forte conteúdo educativo, porém perceptiva repressiva, através da reprodução de livros que tinha por objetivo orientar a prática sexual com um discurso higienista, depois iniciaram a inclusão da educação sexual nas escolas, que tinha como função controlar as doenças transmissíveis, entre elas a sífilis.
Ao passar dos anos com aporte conservador esta temática foi perdendo espaço, retornando de forma mais incisiva através do movimento feminista brasileiro, além da inserção da luta pelos direitos civis e políticos e a discursão da sexualidade e da reprodução, o qual reivindicavam o direito de ter ou não filhos, e uma relação quanto a autonomia com os serviços de saúde.
Com o passar dos anos as atitudes e conceitos conservadores foram questionados, e houve uma progressiva liberação sexual nas décadas seguintes, difundindo assim uma maior aceitação das pílulas anticoncepcionais. Iniciaram ações de planejamento familiar e posteriormente ações que tinham por objetivo diminuir o avanço iminente de algumas doenças transmissíveis.
Conclusão
De modo geral a sexualidade sofreu múltiplas influências, e influenciaram de forma determinante o curso da história, não só do Brasil, mas do mundo. Acreditamos que existe uma necessidade iminente de um novo olhar para este tema, ele vai muito além do físico, existe uma necessidade social e cultural que pode ser proposta, mas não pode ser imposta a todos os indivíduos.
Um país multicultural e laico hoje é observado por duas vertentes repressoras, a primeira uma sexualidade reprimida e outra uma sexualidade explícita. Necessitamos sim, formar crianças, adolescentes e adultos com conhecimento, de acordo com a sua faixa etária, por profissionais e que este conhecimento não seja imposto como uma verdade única, universal e que o mesmo não se sobressaia aos valores construídos ao longo dos anos.
Referência
SFAIR, Sara Caram. BITTAR, Marisa e LOPES, Roseli Esquerdo. Educação Sexual para Adolescentes e Jovens mapeando posições oficiais. Saúde