Educação Popular
Por GRACIELE CASTRO SILVA | 20/04/2023 | EducaçãoEDUCAÇÃO POPULAR
Esse resumo, foi baseado no artigo de Conceição Paludo, e procura contribuir para a construção de processos de resistência e para a emancipação humana. Partindo, que a Educação Popular está em processo de aprofundar, notadamente a partir dos anos 1970, cujo marco significativo, no campo da educação.
No decorrer XVII e XVIII, a burguesia mudou, acabou com o sistema feudal, mudando para o capitalismo nesse processo transforma o estado para reconhecer os seus interesses. Esse processo de mudança também fortaleceu o movimento da escola pública gratuita e leigas.
Para Galeano (2011) no século XVI, associa o processo de constituição do capitalismo, cita, a invasão, a expropriação, a exploração e a colonização da América Latina.
O autor complementa que a formação dos estados nacionais não levou em consideração a valorização da cultura dos povos nativos e de seus descendentes, dos escravos libertos e nem de um desenvolvimento voltados para as necessidades internas, mas sim, forjada no ideário do crescimento econômico, interesses internacionais, importando tecnologia e fornecendo produtos ao mercado. As mudanças foram realizadas com o suprimento externo de capital e o controle financeiro. Isso impediu o desenvolvimento em bases autônomas e não permite a superação do colonialismo. Fernandes (2009) a dependência da América Latina e consequência da subordinação econômica, cultural e política.
Os autores mostram como a forma da aliança entre os antigos senhores e a classe burguesa emergentes, ambos de estreita relação com a burguesia dos centros hegemônicos do capitalismo, que gera a dependência. Esse processo também gerou o desenvolvimento desigual e combinado entre os envolvidos. Só nesse período teve a resistência das populações empobrecidas (criolos que lideravam, negros, mestiços, indígenas e os brancos pobres).
Marx e Engels tecem criticas radical ao capitalismo, ao mesmo tempo em que coloca como bandeira lutas e convoca os trabalhadores para unidades de luta politicas para a transformação radical, também explicita como a educação se faz a partir das e nas relações sociais e que pode estar a serviço da reprodução dessa mesma relação.
Vale ressaltar que desde Marx, observa que a educação cumpre o papel de socialização do conhecimento histórico e atua nas consciências, condicionando as formas de pensar e a ação humana no mundo. Fundada pelo trabalho, atividade vital, em seu sentido ontológico, a educação nasceu juntamente com o ser social e constitui-se em elemento fundamental e mediação necessária ao processo de reprodução econômica e sociocultural.
De acordo com Streck (2010), constituem-se em exemplos: José Martín (Cuba, 1853-1895), que se dedicou à independência e defendia uma educação científica e técnica junto com a formação ética e política do povo; José Carlos Mariátegui (Peru, 1894-1930), que defendia o socialismo, as universidades populares e a escola única para os peruanos; Franz Fanon (Ilha Martinica/Caribe, 1925-1961), que propunha uma pedagogia voltada para a luta concreta e conjunta dos condenados da terra; Ernesto Che Guevara de La Serna (Argentina/Cuba, 1929-1976), em cujas fileiras ninguém poderia continuar sem saber ler e escrever; sub comandante insurgente Marcos (México/Chiapas), defendendo a ideia de uma educação rebelde e autônoma; Paulo Freire (Brasil, 1921-1997), que propunha a educação como prática da liberdade.
Entende-se que esse processo latino-americano possibilita compreender que a educação, desempenha uma perspectiva emancipatória, só pode ser resistência e exercício de contra hegemonia. Gramsci (1978) define a hegemonia – e pode-se dizer que no seu âmbito também a resistência – como a capacidade de um grupo social unificar em torno de sua proposta política um bloco mais amplo não-homogêneo, marcado por contradições de classe. Para o autor, a disputa hegemônica acontece no plano das interpretações da realidade, para a modificação dessa mesma realidade.
Para Dussel (1977) analisa que a “pedagogia imperial” faz tudo parecer tão óbvio que a não-criticidade e a naturalização passam a fazer parte da vida cotidiana. Mészaros (2005) anuncia a contra internalização e Paulo Freire (1994) a conscientização.
De acordo com os autores, é notório a necessidade de estabelecer relações entre o projeto de sociedade e o projeto educativo para essa mesma sociedade, que pode estar em consonância com a totalidade vigente.
Entre o período de 1960 e 1980, ocorre a onda de ditaduras, nesse período a educação popular se firma em um período em que as análises teóricas salientavam que o Estado e a educação, notadamente a formal reproduziam as relações econômicas e socioculturais, assim como em um contexto em que houve um avanço importante das ciências humanas e sociais para o entendimento das sociedades latino-americanas.
Para (BRANDÃO, 2002) É no interior do “Movimento de Educação Popular”, que acontece no interior do “movimento político e sociocultural mais amplo”, que vai sendo formulada a “concepção de Educação Popular” e esse mesmo Movimento também se constituía como formador, porque propiciava, na dinâmica política e organizativa dos diferentes movimentos sociais, a vivência concreta de outro modo de relações sociais e de compreensão da realidade. O “Movimento de Educação Popular” se fez, da construção de fazer do povo expressão política de si mesmo, por meio de organizações populares autônomas, imbuídas do desejo de construir o “poder popular”. Cumpriu um forte papel de ação cultural no interior do campo e para além dele, constituindo-se em mediação entre a realidade objetiva e o projeto de futuro em construção.
REFERÊNCIAS Conceição P., Cad. Cedes, Campinas, v. 35, n. 96, p. 219-238, maio-ago., 2015 219
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Gean Karla Dias Pimentel/ Graciele Castro Silva/ Renata Rodrigues de Arruda