EDUCAÇÃO: O QUE MUDOU DESDE A REFORMA POMBALINA ATÉ A ATUALIDADE?

Por " FABIULA KATIANE DA SILVA " | 14/10/2010 | Educação

EDUCAÇÃO: O QUE MUDOU DESDE A REFORMA POMBALINA ATÉ A ATUALIDADE?

Quando pensamos na história da educação no Brasil, é impossível não citarmos o momento da colonização e a ação jesuítica. Entretanto, é valido ressaltar que se pensarmos na educação como o ato de ensino e aprendizagem, é possível afirmar que dentro das suas possibilidades, os indígenas que aqui viviam, já possuíam um sistema educacional, ainda que limitado a sua cultura e voltado para a aprendizagem dos seus trabalhos.
Com a colonização, não chegaram somente os jesuítas, mas também com eles os novos métodos pedagógicos, novos objetos de estudos, novos costumes, a moral e a religiosidade. Situação que se estendeu até 1750 quando Sebastião José de Carvalho e Melo mais conhecido como Marquês de Pombal, assume a administração de Portugal.
A proposta do Marquês de Pombal era contrária a ação pedagógica dos jesuítas. A companhia de Jesus tinha como objetivo principal a propagação da fé, a catequese, o evangelismo, com o intuito de conseguir novos adeptos ao catolicismo, uma vez que as idéias iluministas já começavam a interferir no pensamento europeu.
Por outro lado, Pombal tinha outra missão para com a colônia, ele não precisava de fiéis, mas sim de uma colônia que pudesse oferecer suporte para o crescimento político e comercial, uma vez que Portugal precisava se recuperar da crise em que estava imersa.
Assim, podemos dizer que a principal diferença entre os objetivos dos Jesuítas e de pombal, é que os primeiros serviam a igreja, enquanto o segundo ao estado e aos interesses políticos.
Inicia-se então a reforma Pombalina, nesse período extinguiu-se a ação dos jesuítas, pois a prática dos mesmos não era bem vista sob a visão das idéias iluministas. A educação fica então, a critério do estado.
Nesse momento, ocorreu um agravante, quem cuidaria da educação, uma vez que a maioria dos professores eram padres? Quem pagaria por esse trabalho se tanto Brasil quanto Portugal, não tinham recursos para investir na educação?
Os professores que lecionavam nesse período sofreram com a baixa remuneração, e com a falta de prioridade da educação.
Quando pensamos nessa questão, é pertinente questionar a situação do professor atual, que na maioria das vezes precisa se submter a uma carga-horária elevada para conseguir se manter, ou ainda, precisa completar seus horários com matérias que não condizem com sua formação.Tudo isso, sem citar os que além de lecionar, precisam atuar em outras áreas, para garantir sua estabilidade. Fatos como esses, nos fazem pensar sobre a importância dada ao educador, e a forma com que o estado percebe o seu trabalho.
Pombal criou ainda as aulas régias de Latim, Grego e Retórica. Essas eram isoladas e não havia relações entre esses aprendizados, foram criadas com o objetivo de suprir as aulas ensinadas nas escolas jesuíticas. Entretanto, não eram disponibilizadas a todos, índios e negros não tinham acesso a esse sistema educacional. Todas essas tentativas, muitas delas sem êxito, trouxeram para educação do Brasil um período de estagnação no âmbito educacional. De fato, as mudanças mais significativas, só ocorreram a partir da vinda da família real portuguesa em 1808.
Desde então, indubitavelmente a educação vem se desenvolvendo, muitas mudanças já ocorreram na escola. É perceptível que o tradicionalismo já não é absoluto, que o aluno é visto como individuo ativo na sala de aula, que já é existente a preocupação com o desenvolvimento social e principalmente, a escola tem ensinado a pensar, a questionar e tem mostrado a importância da formação de uma opinião crítica.
Entretanto, há situações que insistem em permanecer, como por exemplo: a falta de preocupação com a qualificação do profissional da educação, o descaso com o ensino público e a falta de estrutura que esse sofre. Infelizmente, não é difícil perceber salas com números elevados de alunos, falta de vagas e a dificuldade de acesso ao ensino superior. Esta é a situação atual que nos preocupa, e que nos faz questionar quanto tempo mais será necessário para que haja verdadeiramente uma reforma educacional que beneficie a todos, ao invés de privilegiar somente a "aristocracia" e prejudicar as camadas populares.
Assim, mesmo depois de séculos de história, percebe-se que há um pensamento que não mudou que é a percepção da educação como mercadoria, como produto político e comercial de um país.