Educação: Inclusão do Aluno Surdo

Por Adriano Melo Aguiar | 27/01/2017 | Educação

INTRODUÇÃO

A tarefa de escrever sobre a história dos surdos na educação é muito difícil e complexa, mas ajudarão todos refletirem um pouco sobre essa temática. Em décadas passadas, existiam famílias ouvintes que “escondiam” seus filhos com surdez por terem vergonha da condição em que a criança havia sido concebida, fora dos padrões considerados normais, e por isso as crianças surdas não saiam de casa e quando saiam sempre ficavam acompanhadas pelos pais. A comunicação entre eles eram bem difícil, pois eles não conheciam a língua de sinais e também não aceitam essa diferença, achavam feias as mímicas e consequentemente não aceitavam a língua de sinais como a primeira língua de seus filhos. Os surdos por sua vez, sentiam-se isolados, sem comunicação nenhuma e acabavam ficando nervosos. Por falta de compreensão e ajuda dos próprios pais a criança surda por muitos anos não compreendia seu problema e isso os atrapalharia no futuro, na fase adulta o processo de construção de sua identidade cultural bem como o seu desenvolvimento de sua cognição e linguagem. Ainda nesses tempos passados acreditavam que as pessoas com deficiências não podiam ser educadas, pois eram considerados incapazes, loucos, não podendo participar de qualquer atividade que fosse da vida normal. Existia também, o extermínio de crianças que nascessem deficientes. Desde os primórdios da civilização, Aristóteles (384-322 a.C), conforme Guarinello (2007, p. 19) já afirmavam que “Quando o homem não pode falar, não poderia também pensar”, considerando-os excluídos da sociedade dita “normal”. O grande calvário dos surdos começa de fato quando são considerados deficientes mentais, a partir daí então não são aceitos na sociedade como toda. No decorrer dos anos 1750-1880, com a inclusão da tecnologia os gestos foram proibidos e a oralidade passou a ser obrigatória. No século XX, com o Fascismo aconteceram muitas mortes e mais preconceitos e desde então a luta dos surdos pela sua ética tem sido mínima. No inicio da Idade Moderna os surdos passaram a ser alvos de interesses pela parte médica e religiosa trazendo com isto algumas mudanças na vida dessas pessoas (Silva, 1998 p. 1). Foi percebido que algumas delas podiam falar, então surgiram professores para ensinarem os surdos a falar e aos poucos ensinavam-lhes a ler e escrever, contradizendo as palavras de Aristóteles. Finalmente, o debate gira em torno das questões sobre a criação, em 1856, do Imperial Instituto dos Surdos-mudos por um professor surdo vindo da França, Ernest Huet, auxiliado pelo Imperador e por uma Comissão Inspetora criada por ele e chefiada por Marquês Abrantes. Quais motivações norteavam a criação desta Instituição? Numa época em que os surdos não tinham reconhecimento social nem mesmo educacional, por que fundar no Brasil um Instituto dedicado a eles? Será que havia intenção de formar surdos intelectuais através da educação? Tal Instituto servia apenas de abrigo e local de assistência aos surdos-mudos pobres, ou havia um projeto de educação estabelecido? Entre os diversos registros deste momento, pode-se perceber preconceitos, um pouco de assistencialismo, porém alguma mudança de atitude com relação à educação da pessoa surda. Muitos anos depois os sujeitos surdos passam a ser vistos como cidadãos com direitos e deveres de participação na sociedade, mas sob uma visão de assistencial excluída. Naquela época, não tinham escolas para pessoas portadoras de surdez. Com esta preocupação educacional de sujeitos surdos fizeram surgir numerosos professores que desenvolveram seus trabalhos com os mesmos e de diferentes métodos de ensino. 

1. REFERENCIAL TEÓRICO 

1.1 UM BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS NO BRASIL

 Uma breve visão através da história de educação de surdos possibilita-nos uma reflexão de como o sujeito surdo foi tratado e educado através dos tempos e permite-nos compreender atitudes atuais dos profissionais da saúde e da educação, causadores de estereótipos que permeiam as diferentes representações na educação de surdos. Rinaldi (1998, p.283) aponta que a carta de intenções do professor surdo francês Hernest Huet sobre a fundação do Instituto, dirigida ao Imperador D. Pedro II, encontra-se no Museu Imperial de Petrópolis – Estado do Rio de Janeiro, atualmente, Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Inaugurado no dia 26 de setembro de 1857, o prédio foi projetado pelo arquiteto francês Gustav Lully, construído em estilo neoclássico e funciona desde 1915. O Instituto recebeu o nome de Imperial Instituto de Surdos-Mudos e foi criado pela Lei nº 839, de 26 de setembro de 1857. Somente pessoas surdas do sexo masculino eram acolhidas. Foi dirigida por Ernest Huet, no período de 1857 a 1861. Conforme Vasconcelos (1978, p.20), com o advento da República, recebeu o nome de Instituto Nacional de Surdos-Mudos e posteriormente, com os progressos alcançados na recuperação de surdos, transformou-se no Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES, que é atualmente um centro nacional de referência. O ano de 1880 foi o clímax da história dos surdos, que adicionou a força de um lado de muitos períodos de duelos polêmicos de apostos educacionais: a língua de sinais e o oralismo. Um único evento, mas com impacto gigantesco na educação dos povos surdos provocando uma turbulência séria na educação que arrasou por mais de cem anos nos quais os sujeitos surdos ficariam subjugados as praticas ouvintes, tendo que abandonar sua cultura, sua identidade surda e se submeterem a uma “etnocêntrica ouvintista”. Foi o Congresso de Milão.

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