Educação: formação de valores
Por Alina Campos Tomaz Teixeira | 20/01/2012 | CrescimentoFormação de valores
Educação
Para responder a seguinte pergunta: para que serve a educação[1]? Entendemos que serve, segundo o conceito, para que o indivíduo utilize os conhecimentos adquiridos, aplicando-os no meio onde se relaciona com a família, a escola, igreja, sexo, profissão, de forma ética, criativa e buscando a qualidade de vida, em constante evolução.
Podemos entender que a educação é apresentada para os vários contatos do indivíduo com seu semelhante, visto que este não nasceu para viver isolado, é um ser de relação contínua.
Para viver em família, que é o primeiro grupo onde se enquadra o bebê, ele precisa apresentar a educação aprendida em seu cotidiano, de acordo com o termo de cultura [2]conceituado. Podemos dizer que é um tipo de educação informal existente para assistir ao sujeito em suas primeiras relações.
Outro tipo de educação aprendida e continuada deve ser a escolar, em seguida a intelectual, a educação social, a sexual, a religiosa e a profissional.
A educação deve ser entendida como meio útil e criativo, pelo qual o indivíduo trata melhor e protege os seus semelhantes. Em suma, precisa melhorar continuamente a convivência com os seus semelhantes.
A educação enquanto princípio básico de sobrevivência, não deve ter fim em si mesmo, mas para criar e manter boas condições de relacionamento entre os seres vivos, que se utilizam da linguagem, como principal meio de comunicação, no caso o homem.
A educação deve ser enfatizada em todo tipo de relação humana. Mas muitos reforçam a necessidade da educação intelectual.
Por que a ênfase na educação intelectual, que a torna como central, formando a imagem do homem como o melhor, o maior, o mais, por ter adquirido um grau de conhecimento conteudal?
A importância que a sociedade investe ao grau de estudo, para reconhecer a educação no indivíduo, é apenas ao nível cumulativo de informações.
Na prática, na relação diária este mesmo indivíduo, não se mostra formado e muito menos preparado para experimentar e desfrutar a vida social útil, a fim de proporcionar uma qualidade melhor em seus contatos cotidianos.
O depoimento de Renato Rossi 2007, fala que o comércio é a vitrine natural de todos os setores de atividade produtiva e, devido a esta qualidade que lhe é própria, torna bastante vulnerável a toda sorte de violências que, somadas, geram prejuízos vultosos: assalto à mão armada, calotes, fraudes de toda sorte, estelionatários, latrocínios, etc.
Não se pode mais assistir estupefatos os cidadãos de bons costumes, a essa completa banalização da lei, especialmente à reiteração de práticas desleais e ilícitas, às portas dos estabelecimentos comerciais, a pretexto de redução de informalidade e desemprego.
Queixas de violência como foram apresentadas neste depoimento inicial, confirmam a afirmação sobre a necessidade da educação em todo relacionamento do indivíduo.
O processo de educação deve ter o objetivo de auxiliar o indivíduo a tomar decisões e agir em sociedade, de forma ética, adaptativa e inovadora, visto que os modelos de aprendizagem estão em constante modificação.
O indivíduo deve agir baseado em sua compreensão correta do ambiente, sem trazer destruição ao mesmo, e também de acordo com suas necessidades, sem permitir que essas venham a violentar e agredir aos outros participantes da sociedade.
Para o sujeito ter compreensão correta do ambiente, precisa processar adequada e adaptativamente às suas necessidades as informações recebidas na família, escola e sociedade.
Para aprender a processar as informações, deve recebê-las, interpretá-las e convertê-las, criando um significado a fim de construir o conhecimento que lhe permitirá tomar decisões acertadas ou equivocadas.
Estas decisões permitem ao sujeito agir. São conseqüências das ações adequadas e acertadas, nos diversos níveis de relação sociais, que implicarão em educação para a formação de um indivíduo adaptado, eficiente, ético e criativo, ou apenas um acúmulo de conteúdo científico, mas como cidadão é inadaptado, ineficiente, antiético e violento.
É imprescindível a aprendizagem contínua no convívio em sociedade.
Johnson e Myklebust 1987, explicaram de forma simples como a criança aprende: utilizando os estímulos visuais, auditivos, táteis e sinestésicos.
Segundo os autores, os estímulos em atividades que é a percepção[3] desenvolvem-se seguindo a imaginação que é relação da percepção com o conhecimento prévio, isto é, a parte da memória estimulada a se desenvolver e estabilizar.
Através do estabelecimento da memória, desencadeia-se a simbolização que são os sinais ou códigos da fala, escrita, leitura, linguagem interior (pensamento). Após a simbolização, a conceitualização é desenvolvida, a fim de que a pessoa possa classificar, generalizar e categorizar (julgar e opinar).
Portanto, para que o indivíduo seja capaz de exercer o domínio sobre conceitualização, os níveis anteriores da aprendizagem devem já estar desenvolvidos e estabelecidos; caso haja transtornos nos níveis inferiores, conseqüentemente os superiores sofrerão danos e serão exibidos de forma irregular.
É possível sem medo de errar, condicionar à aprendizagem da criança, àquilo que ela vê, ouve pega e sente. Se a criança vê alguma coisa que lhe chama a atenção, por exemplo, um animal é preciso explicar a ela porque não se pode pegá-lo e para que manter uma distância.
Mas é preciso conversar com calma e usar de palavras de boa, fácil aceitação e entendimento. A criança pode até querer ir contra ao que foi dito pelos pais, mas a experiência de frustração a sua aproximação em relação ao animal irá trazer-lhe aprendizagem.
Quanto à linguagem também é assim. Para que a criança adquira a capacidade de conceitualizar, é preciso antes ser capaz de simbolizar. Os símbolos aparecem mediante a convivência com os familiares, através do contato com a televisão ( os programas preferidos pela criança mostram o quanto de simbolização foi capaz de absorver).
A fim de estabelecer a capacidade de conceitualizar, a criança procura modelos “acessíveis” a ela e por isso, certas pessoas são mais aceitas do que outras, na intimidade desta. A maneira de falar, de vestir, as atitudes, a forma de tocar em alguma coisa, e mesmo nas pessoas são exemplos práticos para que a criança possa aprender e imitar.
Em conclusão, a linguagem falada é aprendida pelo que se vê, ouve, e toca. A capacidade de conceitualizar, isto é, classificar, generalizar e categorizar, é desenvolvida pela relação com o ambiente.
Se a estimulação traz um conhecimento seguro, a seqüência garante a aprendizagem; seja de qualquer conteúdo.
Quanto ao conteúdo, só caberá à consciência de cada praticante da ação, isto é, o interlocutor. A este caberá a responsabilidade de ensinar e contribuir para o desenvolvimento do ser humano.
O diálogo está diretamente ligado ao conteúdo da fala. Quanto melhor o nível do conteúdo (seleção no conceito e na emoção), tanto melhor a qualidade para estabelecer o diálogo. Quanto mais segurança e exatidão na percepção, melhor o desenvolvimento do diálogo.
A segurança e exatidão na percepção nada têm a ver com presunção e orgulho ou soberba. Na grande maioria das vezes, muitos conceitos são ensinados de forma simples e desnuda de sofisticação.
Também a simplicidade nada tem a ver com a mediocridade ou duplicidade de intenções, isto é, a linguagem verbal é uma e a linguagem corporal, vestimenta, ou visual, ou mesmo a expressividade corporal (atitudes), é outra.
O diálogo pode ser estabelecido de forma direta ou indireta, conforme o temperamento de cada pessoa. Qualquer processo de relação com o outro só poderá surtir efeito positivo, se focalizado nas variáveis correspondentes ao processo individual.
Deve-se respeitar a capacidade individual de viver a experiência do nível concreto ao nível abstrato tendo como base, a função sensorial e como conseqüência, a conceitualização ocorrendo o ciclo completo em todas as experiências de relação interna (o mundo individual) e externa (capacidade de integração com o mundo externo).
Linguagem Figurada
A linguagem figurada é aquela usada pelo locutor, para facilitar a mensagem e a compreensão, pelo receptor da mensagem; por isso é usada através de figuras comparativas ou simbólicas.
Ao usar a expressão “você é uma flor”, a pessoa que fala quer dizer que a outra é uma beleza delicada e sensível, mas também pode estar se referindo que não aceita ofensas sem se defender de maneira segura.
Por ser mais fácil aprender com o que se vê a pessoa pode aprender com mais facilidade e mais praticidade quando, o que se fala ela pode tocar ou mesmo ela tem já tem contato constante.
É muito mais difícil, alguém entender o que um microscópio, sem nunca Ter visto um antes ou se não sabe para que sirva. Ao contrário, se uma pessoa vê e, pode tocar, souber para que sirva o aparelho em suas mãos poderá entender e saber explicar, quando for argüida.
É muito mais fácil um homem do campo saber o que significa o tempo da semeadura, colheita, cheias, estiagem, em relação a uma plantação, do que uma pessoa que jamais pode chegar ao contato direto com a terra, as sementes, seus tipos e suas espécies.
A aprendizagem feita por proximidade tem este objetivo. Falaremos mais sobre o assunto, no tópico de aprendizagem.
Os semelhantes são capazes de realizar muitos prodígios, enquanto os opostos se atraem para depois se afastarem. Por isso o ditado popular é tão preciso: “os opostos se atraem, mas os semelhantes são felizes.”
Os semelhantes têm cumplicidade e enfrentam os obstáculos mais serenamente, enquanto os opostos ou desconhecidos não podem obter a proximidade necessária para atingir o objetivo.
A linguagem figurada para ser usada e bem acolhida é necessária que o locutor ou o que passa a mensagem, seja capaz de entender as figuras que serão parte de sua comunicação, assim também saber que o que recebe a mensagem, seja entendedor das figuras de linguagem.
Um bom exemplo são as estórias infantis, as quais têm uma mensagem de ensino moral, ético e social nelas. As crianças e os adultos aprendem muito com estas estórias, que ensinam sobre a amizade e a sinceridade.
[1] Conjunto de normas pedagógicas tendentes ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito; ação de educar; cortesia, polidez, instrução.
[2] É ação ou arte, aplicação às coisas do espírito; estado do que tem desenvolvimento intelectual, estudo, o nível de uma coletividade, instrução, saber, cuidado, perfeição. (NOVA ENCICLOPÉDIA, VOL.II, 1981)
[3] ‘“É o conhecimento seguro e exato dos estímulos sensoriais”.