EDUCAÇÃO FÍSICA: Quais são suas contribuições para os alunos do Ensino Médio

Por JEFERSON GONÇALVES DE OLIVEIRA | 05/06/2017 | Educação

EDUCAÇÃO FÍSICA: Quais são suas contribuições para os alunos do Ensino Médio

 

Jislayny dos Santos Mendes1

1Graduanda CEDF / UEPA- CAMPUS VII

lanyy16@gmail.com

Alessandra Melo da Silva2

2Graduanda CEDF / UEPA- CAMPUS VII

alessandramelo66.com@gmail.com

Jeferson Gonçalves de Oliveira3

3Prof°. Orientador CEDF / UEPA- CAMPUS VII

jrp030303@hotmail.com

RESUMO

Partindo do pressuposto que a educação física no ensino médio é pouco estudada surgiu a necessidade de entender a relação que os alunos do ensino médio atribuem a disciplina para o ingresso no ensino superior, utilizando como processo seletivo as médias alcançadas no ENEM, para tanto foi realizado  uma pesquisa de campo, tendo como procedimento de coleta de dados através de um questionário, aplicado aos alunos do terceiro ano do ensino médio e primeiro ano de dois cursos da Universidade do Estado do Pará – UEPA/CAMPUS-VII, a fim de se verificar se realmente as aulas de educação física estão contribuindo para seu desenvolvimento acadêmico. Pode se perceber através dos dados coletados que no ensino médio as aulas de Educação Física pouco contribuem para a sua formação, e principalmente por não oferecer suporte pedagógico no que se refere ao ingresso no ensino superior, além de se mostrarem confusos diante da significação da disciplina na escola, e poucas contribuições para aqueles se encontram no ensino superior. 

 

PALAVRAS-CHAVE: Educação Física escolar. Ensino médio. ENEM.

 

INTRODUÇÃO

O presente artigo surgiu da necessidade em entender a realidade das aulas de Educação Física no Ensino Médio, já que a presente disciplina se encontra na matriz de referência do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), inserida no campo de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, tornando um componente significativo na preparação de milhares de jovens para a realização dos processos seletivos para o Ensino Superior.

O que se nota da Educação Física dentro do contexto escolar é que ela oscila pela busca de sua identidade e termina por não conseguir suprir as competências impostas a ela, tanto na matriz referencial do ENEM como em seus dispostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) do ensino médio, o qual sendo a última fase do ensino básico o ensino médio no que diz respeito à Educação Física percebe-se certo descaso proveniente de diversos setores da escola, tornando o ensino da Educação Física como algo a parte. Percebe-se na escola supracitada que os alunos vêm a disciplina como algo “dispensável” para a preparação para o ENEM, pois muitos apresentam a falta de conhecimento sobre a relevância desta, para sua formação não só acadêmica mais também na sua formação como um psicossocial, dessa forma, não dão muita credibilidade à disciplina, muitos desconhecem até que a Educação Física faz parte do conteúdo programático do vestibular.

Partindo do pressuposto que pouco se encontra na literatura sobre a Educação Física no Ensino Médio e Principalmente no que se refere a temática relacionada ao processo seletivo de ingresso ao ensino superior, o presente trabalho visa a contribuir com produções futuras e pesquisa na área, bem como na construção de uma visão diferenciada da Educação Física escolar.

Contudo, chegamos as seguintes questões as quais ainda apresentam repostas pouco plausíveis no que diz respeito à Educação Física; qual é o papel da Educação Física no ensino médio? Qual a contribuição para ingresso dos alunos no ensino superior? Dentro da cultura corporal do movimento, ao longo do processo de escolarização na educação básica, quais as contribuições da Educação física escolar para o desenvolvimento integral dos alunos? As aulas de Educação Física têm propiciado o desenvolvimento de competência e habilidades ao longo dessa escolarização? Existe ligação entre os conteúdos das áreas afins e as aulas   de educação física durante o processo de construção de conhecimento ao longo do Ensino Fundamental e Médio? As aulas propiciam a compreensão da cultura corporal? Ao Final do Ensino Médio os alunos são capazes de compreenderem a cultura corporal como fator histórico contextualizado nas diversas culturas?  As aulas fomentam temas geradores de conhecimento e identificação de padrões estéticos e sinestésicos de diferentes grupos socioculturais? São capazes de reconhecer, nas diferentes manifestações da cultura corporal, fatores de construção de identidade e expressões de valores sociais?

Partindo dessas indagações buscamos compreender qual a relevância da Educação Física para os alunos do 3° ano do ensino médio e acadêmicos do 1° ano do curso de Educação Física e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Pará – UEPA/ CAMPUS VII para o ingresso no ensino superior, tendo como base a matriz referencial do ENEM e os PCN’s do ensino médio. Foram escolhidos os graduandos do 1° ano da Universidade do Estado do Pará (UEPA)- CAMPUS VII, pois esses entraram na universidade através do processo seletivo pelas notas do ENEM, estabelecido em 2015 passando a ser vigorada em 2016 e 3° ano do ensino médio por estarem no último ano de escolarização do ensino médio, tendo uma maior compreensão em relação a disciplina de educação física e sua preparação para o ENEM.

A pesquisa foi desenvolvida em duas escolas estaduais de Conceição do Araguaia-PA, com duas turmas do terceiro ano do ensino médio, sendo escolhido aleatoriamente 10 alunos de cada turma, sendo 20 alunos por escola, totalizando 40 alunos entrevistados, e na Universidade do Estado do Pará (UEPA-CAMPUS VII)  duas turmas do 1° ano dos cursos Educação Física e Ciências Sociais, também dando um total de 36 entrevistados, assim escolhidos tendo em vista que os alunos do terceiro ano tem por principal objetivo a preparação para o vestibular e os acadêmicos do primeiros anos pelo fato de terem acabado de sair do ensino médio. Foram realizados dois questionários com sete perguntas fechadas, sendo um para as turmas do 3° ano ensino médio da manhã e tarde e outro para os acadêmicos do1° ano dos cursos Educação Física e Ciências Sociais da Universidade Estadual do Pará Campus VII. 

Foi desenvolvida a pesquisa de campo, para melhor compreensão dos fatos, pois se deseja obter informações sobre o determinado assunto e de acordo com Marconi; Lakatos (2003, p. 186).

 

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 186).

 

A pesquisa terá enfoque de caráter compreensivo na qual segundo Elizabeth Teixeira (2005), vem para descrever significados, interpretar sentimentos, compreender percepções, etc.

Sabe se que cada pessoa tem suas concepções sobre determinado assunto e suas peculiaridades. Com isso faz se necessário que se busque uma abordagem quantitativa pois buscamos trabalhar com quantidade para Martinelli (1994, p. 34) “A abordagem quantitativa quando não exclusiva, serve de fundamento ao conhecimento produzido pela pesquisa qualitativa. (...) ambas devem sinergicamente convergir na complementaridade mútua (...)”

A partir dessa informação, optamos em fundamentar a compreensão de coleta de dados segundo Marconi; Lakatos (2003, p. 201) ao qual se referem ao questionário como sendo “um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.”

 

A EDUCAÇÃO FÍSICA NO SEU CONTEXTO HISTÓRICO

Desde os primórdios da humanidade já havia resquícios da Educação Física de maneira peculiar, mostrando a importância fundamental para a sobrevivência da espécie humana, os homens primitivos necessitavam lutar, caçar, lançar, agarrar, empurrar, puxar, atacar e defender-se, para que não morressem de fome ou para se protegerem de animais ferozes, daí surgiu os primeiros resquícios do que viria a ser conhecido como Educação Física.

 

O homem pré-histórico, nos primórdios do seu primitivismo, tinha sua vida cotidiana assinalada, sobretudo, por duas grandes preocupações atacar e defender-se. [...] Desde o começo da aventura do homem sobre a terra, foi transmitida, de geração em geração, uma série de práticas utilitárias, que, observadas e imitadas, possibilitaram-lhe, vivendo em um meio hostil, melhor apurar seus sentidos, forças e habilidades. (RAMOS, 1983, p. 16).

 

Na Grécia, a atividade física ganha ênfase, pois estava fortemente relacionada com as crenças e mitos da população, que rendiam cultos de adoração aos seus deuses através de danças e espetáculos. Naquela época um corpo “belo” e escultural era tido como perfeito, os homens precisavam ser saudáveis e claro muito fortes. Foi nesse contexto que o esporte foi evidenciado com surgimento dos jogos olímpicos, quando somente os homens podiam participar e assistir, excluindo-se, assim, o sexo feminino.

Em meados do século XIX surgem as escolas de ginásticas europeias, eram elas: Inglesa, Alemã, Sueca e Francesa, como principal finalidade visava o desenvolvimento pedagógico, higiênico e militar, com vista à formação e preparação dos homens para contribuírem com a prestação de serviços para sociedade e para com o crescimento das indústrias. “Deste período podemos citar como exemplo de atividades físicas algumas civilizações orientais que tinham na Ioga (Índia), no Kung-Fu (China), no Jiu-Jitsu (Japão) e no Pólo (Persas) a base da sua cultura corporal.” (FIORIN, 2002. p 17). 

Historicamente no Brasil a Educação Física surge sobre forte influência das escolas de ginastica Europeias e é desencadeada pela reforma Couto Ferraz em 1851 mais foi apenas em 1882 com a intervenção de Ruy Barbosa, polímata na época, que a Educação Física então conhecida como ginástica passou a ser exigida na grade curricular das instituições de ensino. No entanto no início ela foi inserida apenas em uma parcela das escolas do Rio de Janeiro e nas escolas militares. Para Betti (apud DARIDO, 2012, p. 25 e 26) “(..) é apenas a partir da década de 1920 que vários Estados da federação começam a realizar suas reformas educacionais e incluem a Educação Física, com o nome mais frequente de ginástica.”

Durante o processo de “modernização” da educação física ela passou por grandes mudanças que vem desde seu surgimento na área institucional, onde era conhecida como ginástica à sua fase higienista que visava o ensino da higiene e saúde das pessoas, à militarista onde o que prevalecia era o treinamento e fortalecimento de soldados para a guerra, essas duas fases faziam com que as aulas de Educação Física fossem exclusivamente práticas, como diz Darido.

 

Ambas as concepções higienista e militarista da educação física consideravam a Educação Física como disciplina essencialmente pratica, não necessitando, portanto, de uma fundamentação teórica que lhe desse suporte. Por isso, não havia distinção evidente entre Educação Física e a instrução física militar. (DARIDO,2003, p. 02).

 

Posteriormente com a reforma no plano pedagógico da escola a velha ginástica ganha novos parâmetros e até os dias atuais é reconhecida como Educação Física e implantada a proposta pedagógica da escola pela lei nº 9.394/96, passando a ser disciplina obrigatória na grade curricular das escolas posteriormente de acordo com a lei 10.793/03 de 1º de dezembro de 2003.

A Educação Física no contexto escolar segundo a visão gramsciana deve ter como finalidade a formação dos alunos, capacitando para desenvolvimento de seu caráter, que dê aos mesmos o direito de liberdade de se expressar se manifestar, e que não limite sua formação. No entanto não e o que se percebe no desenvolvimento das aulas, que ainda sofre por influência dos século XIX com aulas sistematizadas e mecanizadas.

A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO

O ensino médio antes conhecido por 2°grau é a última etapa da educação básica, precedida pelo ensino fundamental e educação infantil, nesta fase compete aos alunos segundo a Lei de diretrizes e Bases (LDB) da educação Brasileira o seguinte;

                  

I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo   a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. (LDB, 2015, p. 24)

 

Pode-se perceber que o ensino médio vem para atribuir ao educando saberes mais complexos em relação as fases anteriores, é clara uma falha existente nesta fase em que a Educação Física é vista como disciplina secundária, porém, é de suma importância ressaltar que isso ocorre desde o início do processo educacional o que vemos atualmente na realidade da maioria das escolas brasileiras, são crianças saindo da Educação Infantil para o Ensino fundamental sem saber ler ou mesmo escrever sem o auxílio de um livro ou texto, o que acarreta em alunos chegando ao ensino médio sem uma noção básica de concepção de sociedade e ser humano, tornando assim seres desconhecedores  do senso crítico  o que acarreta em seres com maior facilidade de alienação.

Partindo desses pressupostos e trazendo o ensino médio brasileiro para as aulas de Educação Física especificadamente, percebe-se uma disciplina praticamente alheia na escola, pois, na realidade no dia a dia escolar ela muitas vezes, toma um papel secundário para a formação dos alunos do ensino médio, e principalmente no terceiro ano onde a preocupação da maioria dos alunos é conseguir uma vaga no ensino superior. O que faz com que a educação física ministrada atualmente nas escolas demonstre poucas chances de colaborar no processo de formação de pessoas críticas, autônomas e conscientes de seus atos, Barbosa (2001).

 Algo questionado atualmente, os alunos vão às aulas praticar esportes, sem necessariamente saber os fundamentos ou mesmo porque estão praticando, deixando a educação física de cumprir seu verdadeiro papel dentro na escola, ou seja, de desenvolver competências e habilidades cognitivas, motoras e sócias.

 

A EDUCAÇÃO FÍSICA DE ACORDO COM OS PCN's

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), é a proposta pedagógica utilizada pela rede de educação básica brasileira, sendo elaborada a fins de suprir as necessidades da educação pública, porém deixa a cargo das escolas de iniciativa privada inserir ou não no seu projeto-pedagógico.

É importante ressaltar que o professor tem a total autonomia de utiliza-los ou não em suas aulas, uma vez que a utilização dos PCN’s como método de ensino não é obrigatória, essa proposta pedagógica foi lançado em 1997 baseada no modelo de ensino espanhol com propostas para a 1° a 4° série, em 1998 foi lançado os documentos referentes a 5° a 8° séries do ensino fundamental (DARIDO 2003). Somente com a criação dos novos PCN’s de 1999, baseado nos princípios na LDB, que o ensino médio foi contemplado, dando uma nova cara para o currículo escolar. Dentro do seu objetivo geral buscou-se dar “significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização; evitar a compartimentalização, mediante a interdisciplinaridade; e incentivar o raciocínio e a capacidade de aprender” (PCN’s 2000, p.4). 

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do ensino médio foram desenvolvidos em quatro partes, entre elas Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, onde está inserida a disciplina de Educação Física. Visto que as aulas de Educação Física nessa etapa final da escolarização tem sido meras repetições dos conteúdos trabalhados no ensino fundamental, o ensino médio, sendo assim torna-se irrelevante para formação dos alunos e a cada dia tem se percebido o desinteresse pelas aulas por parte desses. Diante da realidade o objetivo geral para a disciplina segundo PCN’s é “aproximar o aluno do Ensino Médio novamente a Educação Física, de forma lúdica, educativa e contributiva para o processo de aprofundamento dos conhecimentos” (PCN’s 2000, p.33). 

Para que se consiga atingir o objetivo é necessário que se entenda qual o papel da disciplina na escola, o que se busca desenvolver durante as aulas e qual o motivo da inserção dela projeto-político-pedagógico. Buscando responder as lacunas existentes foram criadas pelos PCN’s as competências e habilidades que espera ser desenvolvidas durante o ensino médio segue algumas delas:

 

  • Compreender o funcionamento do organismos humano, de forma a reconhecer e modificar as atividades corporais, valorizando-as como recurso para melhoria de suas aptidões físicas.
  • Desenvolver as noções conceituais de esforço, intensidade e frequência, aplicando-as em suas práticas corporais.
  • Refletir sobre as informações específicas da cultura corporal, sendo capaz de discerni-las reinterpreta-las em bases científicas, adotando uma postura autônoma na seleção de atividades e procedimentos para a manutenção ou aquisição da saúde.
  • Assumir uma postura ativa, na prática das atividades físicas, e consciente da importância delas na vida do cidadão.
  • Compreender as diferentes manifestações da cultura corporal, reconhecendo e valorizando as diferenças de desempenho, linguagem e expressão.
  • Participar de atividades em grandes e pequenos grupos, compreendendo as diferenças individuais e procurando colaborar para que o grupo possa atingir os objetivos a que se propôs. (PCN’s 2000, p.42-43).

 

Diante das competências e habilidade exigidas nos PCN’s, e necessário que o professor de Educação Física participe juntamente com a escola da construção do projeto político pedagógico, garantido com que elas sejam desenvolvidas durante o ensino médio, que tornaria as aulas mas atraentes para os alunos. Porém, a participação De alguns professores não está presente na realidade da maioria das escola, pois eles se ausentam do desenvolvimento escolar, preconizando o ensino dos conteúdos que deveriam ser ensinados nas aulas.

 

AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES ATRIBUÍDAS A EDUCAÇÃO FÍSICA NA MATRIZ REFERENCIAL DO ENEM;

Durante cada etapa da escolarização básica, estão presentes diferentes competências e habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos, essas que vão se modificando de acordo com o nível escolar, atribuindo conhecimentos específicos para cada etapa. Perrenoud (1999) defini competência como:

 

(...) sendo uma capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. Para enfrentar uma situação da melhor maneira possível, deve-se, via de regra, pôr em ação e em sinergia vários recursos cognitivos complementares, entre os quais estão os conhecimentos. (PERRENOUD 2000, p. 07)

 

Cada competência possui suas habilidades, o termo habilidades por sua vez está ligado ao saber fazer, além de conhecer é necessário saber desenvolver com eficiência determinada ação, ou seja, seria a prática dos impostos nas competências. Para Garcia (2005, p. 1) as habilidades são consideradas como algo menos amplo do que as competências, com isso elas estariam constituídas por várias habilidades. Assim como o ensino básico possui suas competências e habilidades a serem desenvolvidas o ENEM também exige as suas a serem alcançadas pelos alunos que vão desenvolver as provas para o ingresso no ensino superior, essas que são formuladas pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e contém objetivos a serem alcançados em cada área de conhecimento.

A educação física foi evidenciada no ENEM em 2009 a qual passou a ser cobrada como disciplina obrigatória pelo MEC (Ministério da Educação) a preparação para o vestibular onde entrou no eixo cognitivo disposta na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, inserida na competência de área 3, contendo 3 habilidades são essas:

 

Competência de área 3 - Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade. 

H9 - Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.

H10 - Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades sinestésicas.

H11 - Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos. (2009, p. 02)

 

 

Desenvolver essas competências e habilidades exigidas pelo ENEM, dentro de uma escola ocorre em certo tempo, e todo esse processo deve ser desenvolvido desde as séries iniciais, a fim de ao chegarem no ensino médio muitos alunos já apresentem um conhecimento sobre corporeidade, senso crítico entre outros. Segundo a matriz de referência do ENEM, os alunos deveriam compreender as várias formas de se expressar segundo a cultura corporal, reconhecer seu papel como produtor de conhecimento, saber sobre a importância de ter uma vida saudável de respeitar a individualidade de cada um, suas diferenças, cor, raça necessidades especiais, além de formar um ser crítico, reflexivo diante do meio em que esteja inserido.

 

O PAPEL DO PROFESSOR NA CONSTRUÇÃO DO CONCEITO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇAO FÍSICA;

A Educação física como já foi evidenciada apesar de fazer parte do currículo escolar, parece estar desvinculada das tarefas pedagógico-educacionais das escolas, e do comprometimento com a formação dos alunos. O que provoca crítica dirigida à Educação Física, que exige uma aproximação maior com os princípios da educação escolar. Surge a partir daí a indagação que intitula este capitulo, muitos direcionam a responsabilidade pela a desvalorização da disciplina ao professor de Educação Física, pelo fato de haver profissionais que parecem ter parado no tempo, onde os alunos eram meros reprodutores de movimentos, outros simplesmente jogam a bola para os alunos e os deixam brincar livremente sem o menor resquício de planejamento direcionado nas aulas de Educação física de forma eficaz e adequada.   

Mais e necessário ser evidenciado que não é apenas o professor de Educação Física que é culpado, claro que é papel do professor buscar uma maior reflexão por parte dos alunos sobre a Educação física e também deixá-los a par da importância da disciplina em seus vários contextos, porém há um preconceito visível por parte dos professores de outras disciplinas que provocam uma certa exclusão do professor da área, isso fica evidente na construção do Projeto-Político-Pedagógico das escolas onde em muitas casos o professor da disciplina exerce papel secundário nas reuniões, ficando responsável por entreter os alunos, ou suas opiniões não são levadas em conta. Isso desestimula os professores que se veem na escola como sendo um professor para as festividades comemorativas, pois apenas nessas datas comemorativas é que o professor de educação física torna-se evidenciado pelo corpo docente e discente.

A falta de um termo definitivo para o papel do professor de Educação Física, também é fator importante para desvalorização da disciplina, fator evidenciado por Barbosa (2001) quando chega à conclusão de que não se tem por certo o que vem ser o professor de Educação Física, com isso o profissional fica oscilando entre educador/atleta/técnico. As aulas de Educação Física estão cada vez mais parecidas com treinos desportivos, e vista apenas como formadores de atletas e nada mais.

 

Em nossa sociedade, de modo geral, existem representações sociais acerca da Educação Física Escolar, que a identificam como uma disciplina responsável apenas pela prática de treinamento desportivo e pela prática recreativa e/ou de lazer, sem qualquer preocupação em relacionar-se com a realidade social mais ampla, da qual a própria escola faz parte. (BARBOSA, 2001 p. 17)

 

Segundo Neira 2008 (apud CASTELLANI FILHO 1988 p.  206) “(...) certa formalidade explicita ao longo da sua história, responsável por caracterizá-lo, por muito tempo como “atividade escolar” ao invés de componente curricular”. Isso dificulta o processo de transformação da Educação física, é preciso que as aulas sejam reinventadas de maneira em que a concepção de atividade escolar mude e ela venha definitivamente fazer parte integrada do Projeto Político-Pedagógico da escola.  Moreira (2009 p. 35) refere-se a um meio de integrar a Educação Física para que ela “seja entendida como um dos pilares da organização didático-pedagógica da escola, assim como todos os outros componentes curriculares, oferecendo possibilidades de desenvolvimento pleno, integrado e interdisciplinar”. Os PCN’s (2002, p. 36) do ensino médio dizem que “o professor de Educação Física deve buscar, a todo custo uma integração com o trabalho desenvolvido na escola, colocando o seu componente curricular no mesmo patamar de seriedade e compromisso com a formação do educando”. Sendo assim o professor também precisa fazer a sua parte e se impor como profissional capaz, que se graduou como todos os outros para que a disciplina seja entendida como indispensável na escola.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RESULTADO DA PESQUISA NAS ESCOLAS ESTADUAIS

 

Gráfico 1

Percebemos que na escola A do universo de 20 alunos questionados, 15 alunos responderam que houve sim ligação entre os conteúdos ministrados nas aulas de Educação Física do ensino fundamental e médio, enquanto 5 alunos responderam que não houve essa ligação. Na escola B de 20 alunos questionados 16 alunos disseram que houve ligação e 4 disseram que não, pode-se perceber que a maioria dos pesquisados de ambas as escolas responderam que ocorreu essa ligação entre as aulas do ensino fundamental e médio.

Gráfico 2

 

Na escola A do total de 20 alunos 18 disseram que sim que contribuíram para o seu desenvolvimento físico e intelectual, não somente na disciplina de educação física, como também nas outras áreas de conhecimento; porém 2 dos alunos pesquisados disseram que não, na escola B 16 alunos disseram que sim e 4 que não.

 

Gráfico 3

No terceiro gráfico é notável a atribuição dos alunos tanto da escola A quanto da escola B, quando se refere aos temas geradores priorizados nas aulas do ensino médio, a maioria de ambas as escolas disseram que as aulas apresentam temas voltados para a saúde e qualidade de vida, ficando em segundo temas apenas voltados ao esporte seguido por uma minoria que disseram que que possui temas relacionados aos conhecimentos do ENEM, a corporeidade não obteve nenhuma marcação.

Gráfico 4

Na escola A do total de 20 alunos 6 responderam que sim, ou seja, que sabiam que a Educação Física é cobrada como conteúdo no ENEM enquanto a maioria somando 14 alunos não sabiam dessa cobrança. Na escola B os resultados foram diferentes 13 alunos disseram que sabiam enquanto 7 não sabiam.

Gráfico 5

Percebe-se que na escola A do total de 20 alunos 16 disseram que sim, ou seja que o ensino da Educação Física no ensino médio contribui ao ingresso no ensino superior, enquanto apenas 4 disseram que desconheciam essa contribuição. Na escola B 15 alunos disseram que sim, que tinham conhecimento dessa contribuição e 5 responderam que não. Nas duas escolas podemos notar que a grande maioria vem na Educação Física disciplina que contribui para o ensino superior.

 

Gráfico 6

Na escola A do total de 20 alunos 8 disseram que sim, ou seja, que aulas ministradas em educação física, foram relacionadas aos conteúdos do ENEM e a maioria somando 12 que alegaram não haver essa relação. Na escola B 10 alunos responderam que sim em relação à questão supracitada, enquanto 10 alegaram que não.

Gráfico 7

Em ambas escolas a maioria dos alunos, somando 11 da escola A e 12 da escola B, relacionaram o termo corporeidade em sendo a relação entre o ser vivo e seu corpo, seguido por a maneira como nos deslocamos obtendo 4 alunos da escola A e 3 da escola B, a participação nas aulas de Educação Física também recebeu marcações sendo 5 alunos da escola A e 2 da escola B, a opção correr na práticas de futebol não obteve nenhuma marcação pelos alunos da escola A e 3 pela escola B.

 

RESULTADO DA PESQUISA NOS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS SOCIAIS

Gráfico 8

No gráfico apresentado dos 36 alunos pesquisados 18 de educação física (E.F) e 18 de ciências sociais (C.S). Nos dois cursos a maioria dos alunos considera que as aulas de Educação Física contribuíram para seu desenvolvimento físico e intelectual, mas que dos que não consideram houve um número maior do curso de ciências sociais que foram 6 pessoas para 2 do curso de E.F.

Gráfico 9

No gráfico apresentado dos 36 alunos pesquisados 18 de educação física (E.F) e 18 de ciências sociais (C.S). Nota-se que á pouco conhecimento por parte dos dois cursos que a disciplina era cobrada como conteúdos na prova do ENEM. Já dos que tinham esse conhecimento o curso de C.S apresenta um número maior de pessoas (6) referente ao curso de E.F (2).

 

Gráfico 10

No gráfico apresentado dos 36 alunos pesquisados, 18 de educação física (E.F) e 18 de ciências sociais (C.S). Foram constatados que para os dois cursos os temas geradores, mas priorizados durante as aulas de Educação Física no ensino médio, foram apenas os esportes. O segundo mais votado pelo curso E.F foram os temas voltados para saúde, com 4 votos e apenas 1 de C.S. Percebe que assuntos que deveriam ser abordado nas aulas de Educação Física, como a corporeidade, assuntos relacionados aos conteúdos do ENEM, foram pouco citados ou nem mencionados.

Gráfico 11

No gráfico apresentado dos 36 alunos pesquisados 18, de Educação Física (E.F) e 18 de ciências sociais (C.S). No curso de E.F a um número maior de alunos (10) que considera que a disciplina de Educação Física contribuiu para o ingresso no ensino superior. Enquanto o curso de C.S os alunos que consideram a contribuição da disciplina para o ingresso no ensino superior, as opiniões se dividiram.

Gráfico 12

No gráfico apresentado dos 36 alunos pesquisados 18 de educação física (E.F) e 18 de ciências sociais (C.S). Compreende que nos dois cursos, atribuem pouca ou nenhuma relação dos conteúdos trabalhados no ensino médio com a prova do ENEM, sendo 15 alunos do curso de E.F e 16 do curso de C.S.  O que mostra que na visão dos alunos a disciplina pouco contribui para prova do ENEM.

Gráfico 13

No gráfico apresentado dos 36 alunos pesquisados, 18 de educação física (E.F) e 18 de ciências sociais (C.S) mostraram que apesar dos alunos do curso de E.F se interessarem pela área, há um número menor (5) dos alunos que conseguiram identificar questões ligadas aos conteúdos de Educação Física na prova do ENEM, em relação aos alunos do curso de C.S, que foram 8 alunos. A maioria dos alunos num total de 23 dos 40 alunos entrevistados não conseguiram identificar essa relação.

Gráfico 14

No gráfico apresentado dos 36 alunos pesquisados, 18 de educação física (E.F) e 18 de ciências sociais (C.S). De acordo com os dois cursos, a maioria dos alunos (27) define o termo corporeidade como a relação entre ser vivo e seu corpo. Mas verifica-se que há um maior conhecimento da real definição do termo corporeidade por parte dos alunos no curso de C.S em relação aos alunos do curso de E.F.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Face aos dados apresentados nos gráficos acima, fica evidente segundo os alunos a relevância da Educação Física no ensino médio para o ingresso no ensino superior. Contudo, a Educação Física como componente obrigatório na grade curricular das escolas nacionais ainda precisa de muitas mudanças para conseguir êxito conforme os dispostos em seus PCN’s, e as competências e habilidades cobradas no ENEM. Sabe-se que essa transformação não é fácil, e sim gradativa e turbulenta, em que necessita contar com todo o corpo escolar e principalmente com o professor da área, o qual contribui grandemente para a visão adequada dos alunos sobre a Educação Física.

Nos questionários aplicados podemos observar em algumas ocasiões a discordância ocorrida por parte dos alunos do ensino médio principalmente onde a maioria de ambas as escolas afirmam que a Educação Física contribui para o ingresso no ensino superior, porém, a grande maioria não sabe que a mesma é componente curricular para o ENEM, e também afirmam que a disciplina não abrange durante a escolarização temas que se relacionassem ao Exame, a partir disso nota-se que há uma falta de conhecimento por parte dos alunos sobre uma noção básica do que realmente compete as aulas de Educação Física. Podemos notar também que segundo o gráfico 1 a maioria dos alunos consideram que houve relação entre os conteúdos trabalhados no ensino fundamental com o ensino médio, mas que na verdade o que se percebe é que existe é uma repetição dos conteúdos do ensino básico, por isso eles atribuem essa relação. Já para os discentes que já ingressaram na universidade a do curso de Educação Física a maioria não atribui a disciplina contribuição para o seu ingresso ali, já no curso de Ciências Sociais metade dos alunos disseram que sim enquanto a outra metade disseram que não, é importante mencionar que assim como nas respostas do ensino médio e as do ensino superior, também sofreram discordância vistos que os mesmo dos dois cursos em sua grande massa após ficarem divididos sobre a importância da disciplina no ENEM afirmaram logo após que não conseguiram identificar questões relacionadas a educação física no vestibular.

Com isso é possível notar que a educação física como componente curricular obrigatório durante a fase de escolarização não está cumprindo com as competências e habilidades que cabe a ela, e não consegue formar cidadãos de forma integral, conscientes do seu corpo e da cultura corporal, mais sim pessoas confusas acerca da validez da disciplina no contexto escolar.

 

 

PHYSICAL EDUCATION: WHAT ARE YOUR CONTRIBUTIONS TO STUDENTS OF MIDDLE SCHOOL.

 

ABSTRACT

 

Based on the assumption that physical education in secondary education is little studied, there arose the need to understand the relationship that high school students attribute to the discipline for admission to higher education, using as a selective process the averages reached in the ENEM, a field survey was then carried out, using a questionnaire, which was applied to the students of the third year of high school and first year of two courses of the University of the State of Pará - UEPA / CAMPUS-VII, In order to verify if the physical education classes are actually contributing to their academic development. It can be seen from the collected data that in the secondary education Physical Education classes do little to contribute to their education, mainly because they do not offer pedagogical support regarding the entrance in higher education, besides being confused by the significance of the discipline in the school, and few contributions to those found in higher education.b

 

KEY WORDS: School Physical Education. High school. ENEM.

 

REFERENCIAS

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