EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E INCLUSÃO DE ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

Por Ademir Felix Dalmarco | 14/08/2024 | Educação

 

LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

 

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E INCLUSÃO DE ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

 

Ademir Felix Dalmarco

 

RESUMO

 

A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas aulas de educação física escolar é uma prática fundamental para promover a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de todos os estudantes. Este estudo tem como objetivo analisar as estratégias pedagógicas eficazes para a inclusão de alunos com TEA nas aulas de educação física, visando identificar práticas que favoreçam o desenvolvimento motor, social e comportamental desses alunos. A metodologia utilizada baseou-se em uma revisão bibliográfica de abordagem qualitativa, de artigos científicos, dissertações e estudos de caso que abordam a inclusão de alunos com TEA na educação física escolar. Os resultados evidenciam que o uso de instruções visuais, a simplificação das tarefas e a criação de rotinas previsíveis são estratégias pedagógicas que facilitam a participação e o engajamento dos alunos com TEA nas atividades físicas. A implementação de práticas pedagógicas adaptadas e a formação contínua dos professores são essenciais para promover um ambiente inclusivo e eficaz, beneficiando tanto os alunos com TEA quanto a comunidade escolar como um todo.

 

Palavras-chave: Educação Física Escolar; Transtorno do Espectro do Autismo; Inclusão.

 

1 Introdução

A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas aulas de educação física escolar é um tema que ganha crescente relevância no campo da educação. A educação física, além de contribuir para o desenvolvimento motor e físico, auxiliam no aprimoramento das habilidades sociais e emocionais dos alunos. No contexto da educação inclusiva, garantir que alunos com TEA participem efetivamente das atividades físicas representa um desafio significativo, mas também uma oportunidade de promover um ambiente mais diverso e equitativo.

 

A abordagem inclusiva na educação física escolar envolve adaptações específicas que atendem às necessidades dos alunos com TEA. As características do autismo, como dificuldades de comunicação, interação social e comportamentos repetitivos, exigem estratégias pedagógicas diferenciadas. A legislação educacional, como a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, reforça a necessidade de práticas educativas que acolham a diversidade e promovam a inclusão plena desses alunos no ambiente escolar.

O objetivo geral deste trabalho é analisar as estratégias pedagógicas utilizadas na inclusão de alunos com TEA nas aulas de educação física escolar. Os objetivos específicos incluem identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos com TEA na educação física, avaliar a eficácia das metodologias de ensino adaptadas, e propor práticas pedagógicas que promovam a inclusão e o desenvolvimento integral desses alunos.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

 

Características do Transtorno do Espectro do Autismo e suas Implicações na Educação Física

 

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição neurológica e de desenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social. As características do TEA variam amplamente entre os indivíduos, mas algumas características comuns incluem dificuldades na comunicação verbal e não verbal, desafios na interação social, comportamentos repetitivos e interesses restritos, além de sensibilidade sensorial aumentada ou diminuída. Essas características têm implicações significativas para a participação dos alunos com TEA nas aulas de educação física, exigindo estratégias pedagógicas adaptadas para atender às suas necessidades específicas (AZEVEDO, 2022).

Dificuldades de comunicação são uma característica central do TEA,afe tando tanto a expressão quanto a compreensão da linguagem. Muitos alunos com TEA podem ter habilidades limitadas de fala ou usar formas alternativas de comunicação, como gestos ou dispositivos de comunicação aumentativa. Essas dificuldades podem criar barreiras na compreensão das instruções dadas durante as atividades físicas, bem como na interação com os colegas e professores. Para superar esses desafios, os educadores precisam utilizar métodos de comunicação visual, como cartões de instrução, demonstrações físicas e sinais visuais, que são mais acessíveis para esses alunos (OLIVEIRA, 2022).

Segundo Silva, Prefeito e Toloi (2019), a interação social é outro aspecto crítico afetado pelo TEA. Alunos com TEA podem ter dificuldade em compreender e responder a sinais sociais, manter conversações recíprocas e participar de jogos cooperativos. Essas dificuldades podem levar ao isolamento durante as atividades físicas e à exclusão dos jogos em grupo, onde a interação social é fundamental. Para facilitar a inclusão, os professores podem promover atividades que incentivem a cooperação e a parceria, ajustando os jogos para que todos os alunos possam participar de forma significativa. Atividades estruturadas e mediadas pelo professor também podem ajudar a desenvolver habilidades sociais em um ambiente seguro e encorajador.

Comportamentos repetitivos e interesses restritos são características frequentemente observadas em indivíduos com TEA. Esses comportamentos podem incluir movimentos repetitivos, como balançar ou bater as mãos, e uma fixação em tópicos ou atividades específicas. Durante as aulas de educação física, esses comportamentos podem distrair o aluno ou interromper a participação nas atividades planejadas. Estratégias para gerenciar esses comportamentos incluem a introdução de rotinas previsíveis e o uso de interesses especiais do aluno para motivá-lo a participar das atividades, como se um aluno tem um interesse particular por bolas, as atividades podem ser adaptadas para incluir esse interesse de maneira produtiva (BARBUIO, 2024).

A sensibilidade sensorial é outra característica importante do TEA. Alunos com TEA podem ser hipersensíveis ou hipossensíveis a estímulos sensoriais, como luzes brilhantes, sons altos, texturas ou cheiros. Essas sensibilidades podem tornar o ambiente da educação física desconfortável ou até angustiante para alguns alunos. Para mitigar esses efeitos, os educadores podem ajustar o ambiente físico, minimizando ruídos excessivos e proporcionando áreas de descanso onde os alunos possam se retirar temporariamente se sentirem sobrecarregados. O uso de equipamentos adaptativos, como bolas de diferentes texturas ou pesos, também pode ajudar a acomodar as preferências sensoriais dos alunos (CHAGAS, 2023).

De acordo com Oliveira (2017), compreensão detalhada dessas características e suas implicações permite que os educadores desenvolvam estratégias pedagógicas eficazes para a inclusão de alunos com TEA nas aulas de educação física. Adaptações e acomodações específicas são essenciais para garantir que esses alunos possam participar plenamente e se beneficiar das atividades físicas, promovendo seu desenvolvimento motor, social e emocional. Ao reconhecer e responder às necessidades individuais dos alunos com TEA, os educadores podem criar um ambiente inclusivo que apoie a aprendizagem e o bem-estar de todos os alunos.

Estratégias Pedagógicas para a Inclusão de Alunos com TEA na Educação Física

A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas aulas de educação física exige a implementação de estratégias pedagógicas específicas que atendam às suas necessidades particulares. A utilização de métodos pedagógicos adaptados é fundamental para promover um ambiente de aprendizagem inclusivo, onde todos os alunos possam participar e se beneficiar das atividades físicas. Várias estratégias têm se mostrado eficazes na inclusão de alunos com TEA, incluindo o uso de instruções visuais, a simplificação das tarefas, a criação de rotinas previsíveis e o uso de reforços positivos (SILVA; GOMES; COELHO, 2021).

Para Laureano e Fiorini (2021), o uso de instruções visuais é uma das estratégias mais eficazes para facilitar a compreensão e a participação dos alunos com TEA nas aulas de educação física. Instruções visuais podem incluir

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cartões de imagem, diagramas, vídeos e demonstrações físicas das atividades. Esses recursos ajudam os alunos a entenderem claramente o que é esperado deles, reduzindo a ansiedade e a confusão. O uso de cartões de sequência pode mostrar passo a passo como realizar uma atividade, tornando o processo de aprendizagem mais acessível. Estudos de caso mostram que a implementação de instruções visuais melhora significativamente o desempenho e o engajamento dos alunos com TEA.

A simplificação das tarefas é outra estratégia importante. As atividades físicas podem ser desafiadoras para alunos com TEA, especialmente quando envolvem múltiplas etapas ou habilidades complexas. Simplificar as tarefas envolve quebrá-las em passos menores e mais gerenciáveis, o que facilita a compreensão e a execução. Ao ensinar uma habilidade motora complexa, o professor pode dividir a atividade em componentes mais simples e ensinar cada parte separadamente antes de combinar tudo em uma sequência completa. Esse método progressivo ajuda a construir confiança e competência nos alunos, permitindo que eles avancem no seu próprio ritmo (SILVA; OLIVEIRA, 2018).

A criação de rotinas previsíveis também é essencial para a inclusão eficaz de alunos com TEA. Muitos alunos com TEA se beneficiam de uma estrutura clara e consistente, que lhes proporciona um senso de segurança e previsibilidade. Estabelecer uma rotina fixa para as aulas de educação física, incluindo horários específicos e sequências de atividades, pode reduzir a ansiedade e melhorar o comportamento. Começar cada aula com um aquecimento padrão seguido por atividades programadas ajuda os alunos a saberem o que esperar e a se prepararem mentalmente para cada parte da aula. Essa previsibilidade é particularmente útil para alunos que têm dificuldade em lidar com mudanças ou surpresas (ANDRION et al., 2021).

O uso de reforços positivos é uma estratégia poderosa para motivar e encorajar alunos com TEA. Reforços positivos podem incluir elogios verbais, recompensas tangíveis ou atividades preferidas como incentivo. Reforçar positivamente o comportamento desejado ajuda a aumentar a frequência desse comportamento e a construir uma associação positiva com as atividades

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físicas. Quando um aluno com TEA completa uma tarefa corretamente ou demonstra um esforço significativo, o professor pode oferecer elogios específicos ou uma pequena recompensa, como um adesivo ou um tempo extra em uma atividade favorita. Estudos indicam que o uso consistente de reforços positivos melhora o comportamento e o engajamento dos alunos com TEA (LEIVAS, 2020).

 

Formação e Capacitação dos Professores de Educação Física para a Inclusão

 

A formação e capacitação dos professores de educação física são elementos essenciais para a inclusão eficaz de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas atividades escolares. A preparação adequada dos educadores permite que eles desenvolvam e implementem estratégias pedagógicas adaptadas, compreendam as necessidades específicas dos alunos com TEA e criem um ambiente de aprendizagem inclusivo. A literatura sobre o tema destaca a importância da formação continuada, que deve abranger tanto aspectos teóricos quanto práticos, para equipar os professores com as competências necessárias para lidar com a diversidade em sala de aula (JUCÁ et al., 2022).

A formação continuada em TEA e práticas inclusivas deve ser uma prioridade na educação física escolar. Programas de formação específicos sobre TEA devem incluir informações sobre as características do espectro autista, suas manifestações comportamentais e sensoriais, e as implicações para o ambiente de aprendizagem. Esses programas devem oferecer estratégias práticas para adaptar as atividades físicas e promover a inclusão. Workshops, cursos e seminários são formas eficazes de proporcionar essa formação contínua, permitindo que os professores atualizem seus conhecimentos e compartilhem experiências e práticas bem-sucedidas (SILVA; PREFEITO; TOLOI, 2019).

De acordo com Maia, Bataglion e Mazo (2020), os recursos educacionais, como manuais, guias de prática e plataformas online, também

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tem um papel importante na capacitação dos professores. Esses recursos podem oferecer orientações detalhadas sobre como adaptar atividades físicas, utilizar equipamentos específicos e implementar estratégias de gestão comportamental. Plataformas online, em particular, oferecem acesso a uma vasta gama de materiais educativos e permitem que os professores participem de cursos e workshops virtuais, facilitando o acesso à formação continuada, independentemente da localização geográfica.

A literatura destaca que a formação dos professores deve ser contínua e integrada ao desenvolvimento profissional ao longo da carreira. Estudos mostram que professores que participam regularmente de programas de formação em inclusão e TEA demonstram maior confiança e competência na implementação de práticas inclusivas. Essa formação contínua deve ser apoiada por políticas educacionais que incentivem e financiem oportunidades de desenvolvimento profissional, garantindo que todos os educadores tenham acesso a treinamento de qualidade (OLIVEIRA, 2017).

Exemplos de programas de sucesso incluem a formação oferecida por associações de educação física adaptada, que frequentemente colaboram com universidades e centros de pesquisa para desenvolver cursos e workshops especializados. A participação em comunidades de prática, onde os educadores podem discutir desafios e compartilhar soluções é uma componente da formação contínua (LAUREANO; FIORINI, 2021).

Kistt e Gonçalves (2021) ressalta que a capacitação dos professores deve incluir a promoção de atitudes positivas e a sensibilização para a importância da inclusão. Professores bem capacitados estão mais aptos a enfrentar desafios e a adaptar suas práticas pedagógicas para atender às necessidades de todos os alunos, promovendo um ambiente de aprendizagem onde cada estudante possa se desenvolver plenamente.

 

Benefícios da Inclusão de Alunos com TEA nas Aulas de Educação Física

 

A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas

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aulas de educação física traz inúmeros benefícios tanto para os próprios alunos quanto para a comunidade escolar como um todo. A participação desses alunos em atividades físicas adaptadas promove melhorias significativas em suas habilidades motoras, sociais e comportamentais, ao mesmo tempo em que fortalece a empatia e a compreensão da diversidade entre os demais alunos. A revisão da literatura sobre esse tema revela como práticas inclusivas podem contribuir para um ambiente escolar mais acolhedor e benéfico para todos os envolvidos (FIORINI; MANZINI, 2021).

Para os alunos com TEA, a inclusão nas aulas de educação física oferece uma oportunidade de desenvolver habilidades motoras. Muitas crianças com TEA apresentam dificuldades motoras, como coordenação deficiente, tônus muscular baixo e desafios na realização de movimentos complexos. A participação regular em atividades físicas adaptadas ajuda a melhorar essas habilidades, promovendo o desenvolvimento motor fino e grosso. Estudos mostram que a prática de exercícios físicos contribui para o fortalecimento muscular, a melhoria da coordenação e o aumento da agilidade, proporcionando um avanço significativo no desempenho motor dos alunos com TEA (COSTA; FERREIRA; LEITÃO, 2017).

As aulas de educação física inclusivas atuam no desenvolvimento das habilidades sociais dos alunos com TEA. Atividades físicas em grupo oferecem oportunidades para a interação social, a cooperação e a comunicação com os colegas. Esses momentos são essenciais para que os alunos com TEA aprendam a trabalhar em equipe, a seguir regras sociais e a desenvolver amizades. A prática regular dessas interações em um ambiente estruturado e de suporte ajuda a reduzir o isolamento social e a aumentar a confiança e a autoestima dos alunos. Evidências sugerem que alunos com TEA que participam de atividades físicas inclusivas mostram melhorias nas habilidades de comunicação e nas interações sociais cotidianas (MAIA; BATAGLION; MAZO, 2020).

De acordo com Fiorini e Manzini (2021), a inclusão nas aulas de educação física também tem um impacto positivo no comportamento dos alunos com TEA. A atividade física regular é associada à redução de

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comportamentos desafiadores e ao aumento da atenção e do foco nas atividades escolares. Exercícios físicos ajudam a liberar energia de maneira construtiva, o que pode diminuir a incidência de comportamentos repetitivos e disruptivos. A estrutura e a rotina das aulas de educação física fornecem um ambiente previsível e seguro, que é particularmente benéfico para alunos com TEA. A participação em atividades físicas contribui para o desenvolvimento de habilidades de autorregulação e autocontrole, melhorando o comportamento geral desses alunos tanto na escola quanto em outros contextos.

Para a comunidade escolar, a inclusão de alunos com TEA nas aulas de educação física promove a empatia e a compreensão da diversidade. Quando alunos sem TEA têm a oportunidade de interagir com colegas com TEA em um ambiente colaborativo, eles desenvolvem uma maior apreciação pela diversidade e uma compreensão mais profunda das diferentes necessidades e habilidades. Essa interação promove atitudes mais positivas em relação à inclusão e à aceitação das diferenças, contribuindo para a criação de um ambiente escolar mais inclusivo e respeitoso. Estudos indicam que a convivência com alunos com TEA ajuda a reduzir preconceitos e estigmas, promovendo um ambiente de apoio mútuo e colaboração (OLIVEIRA, 2017).

A inclusão de alunos com TEA também oferece benefícios aos professores e ao currículo escolar. Os educadores têm a oportunidade de desenvolver e aplicar práticas pedagógicas inovadoras e adaptadas, enriquecendo sua experiência profissional e aumentando sua capacidade de atender às necessidades de uma população estudantil diversificada. O currículo de educação física, por sua vez, torna-se mais abrangente e inclusivo, refletindo a diversidade da sociedade e promovendo valores de igualdade e respeito (KISTT; GONÇALVES, 2021).

A inclusão de alunos com TEA nas aulas de educação física proporciona benefícios significativos que vão além do desenvolvimento individual dos alunos. Esses benefícios incluem melhorias nas habilidades motoras, sociais e comportamentais dos alunos com TEA, bem como um impacto positivo na empatia e na compreensão da diversidade por parte dos demais alunos. A literatura científica documenta amplamente esses benefícios, fornecendo uma

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base para justificar e promover práticas inclusivas nas escolas. Ao adotar uma abordagem inclusiva na educação física, as escolas contribuem para o desenvolvimento integral de todos os alunos e para a construção de uma comunidade escolar mais coesa e solidária (BARBUIO, 2023).

 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 

Os procedimentos metodológicos adotados neste estudo consistiram em uma revisão bibliográfica sistemática, que envolveu a busca e análise de artigos científicos, dissertações, teses e outros documentos relevantes publicados entre 2017 e 2024. Foram utilizados bancos de dados acadêmicos como Scielo, PubMed e Google Scholar, com palavras-chave específicas relacionadas à inclusão de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas aulas de educação física escolar. A seleção dos estudos seguiu critérios de relevância e qualidade, considerando publicações que abordassem estratégias pedagógicas, formação de professores e os impactos da inclusão na educação física. Os dados extraídos foram organizados e sintetizados para identificar as principais práticas e recomendações para a inclusão de alunos com TEA na educação física escolar.

 

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas aulas de educação física escolar exige a adoção de estratégias pedagógicas adaptadas para atender às suas necessidades específicas. Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos com TEA, destacam-se as barreiras na comunicação, a interação social limitada, os comportamentos repetitivos e as sensibilidades sensoriais. Segundo Azevedo (2022), essas características podem dificultar a participação desses alunos nas atividades físicas, exigindo dos educadores uma abordagem diferenciada. A utilização de métodos pedagógicos adaptados, como instruções visuais e simplificação das tarefas, é

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fundamental para criar um ambiente de aprendizagem inclusivo e eficaz.

Para superar as dificuldades de comunicação, que são uma característica central do TEA, muitos professores de educação física recorrem ao uso de instruções visuais. De acordo com Oliveira (2022), recursos como cartões de imagem, diagramas, vídeos e demonstrações físicas das atividades ajudam os alunos com TEA a entenderem claramente o que é esperado deles, reduzindo a ansiedade e a confusão. Estudos de caso apresentados por Laureano e Fiorini (2021) mostram que a implementação de instruções visuais melhora significativamente o desempenho e o engajamento dos alunos com TEA nas aulas de educação física, facilitando sua participação ativa e significativa.

A simplificação das tarefas é outra estratégia eficaz para a inclusão de alunos com TEA. As atividades físicas podem ser desafiadoras, especialmente quando envolvem múltiplas etapas ou habilidades complexas. Simplificar as tarefas, dividindo-as em passos menores e mais gerenciáveis, facilita a compreensão e a execução por parte dos alunos com TEA. Silva e Oliveira (2018) sugerem que ao ensinar uma habilidade motora complexa, o professor deve dividir a atividade em componentes mais simples e ensinar cada parte separadamente antes de combinar tudo em uma sequência completa.

A criação de rotinas previsíveis é essencial para a inclusão eficaz de alunos com TEA. Muitos alunos com TEA se beneficiam de uma estrutura clara e consistente, que lhes proporciona um senso de segurança e previsibilidade. Andrion et al. (2021) afirmam que estabelecer uma rotina fixa para as aulas de educação física, incluindo horários específicos e sequências de atividades, pode reduzir a ansiedade e melhorar o comportamento dos alunos. Iniciar cada aula com um aquecimento padrão seguido por atividades programadas ajuda os alunos a saberem o que esperar e a se prepararem mentalmente para cada parte da aula, facilitando a adaptação e a participação.

O uso de reforços positivos também é uma estratégia poderosa para motivar e encorajar alunos com TEA. Reforços positivos podem incluir elogios verbais, recompensas tangíveis ou atividades preferidas como incentivo. Leivas (2020) destaca que reforçar positivamente o comportamento desejado ajuda a

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aumentar a frequência desse comportamento e a construir uma associação positiva com as atividades físicas.

A utilização de instruções visuais, simplificação das tarefas, criação de rotinas previsíveis e uso de reforços positivos são métodos eficazes que promovem a inclusão e o desenvolvimento integral dos alunos com TEA. A literatura, conforme mencionam autores como Azevedo (2022), Oliveira (2022), Laureano e Fiorini (2021), Silva e Oliveira (2018) e Leivas (2020), fornece uma base sólida para a implementação dessas práticas, garantindo que todos os alunos possam participar plenamente das atividades físicas e se beneficiar de um ambiente de aprendizagem inclusivo e acolhedor.

 

5 Considerações finais

 

A inclusão de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas aulas de educação física escolar enfatiza a importância de estratégias pedagógicas adaptadas, formação contínua dos professores e promoção de um ambiente inclusivo. A literatura destaca que compreender as características do TEA e implementar métodos específicos, como instruções visuais e simplificação das tarefas, são essenciais para o desenvolvimento motor, social e comportamental dos alunos.

A formação contínua dos professores é para o sucesso da inclusão, oferecendo-lhes o conhecimento e as ferramentas necessárias para atender às necessidades dos alunos com TEA. Programas de capacitação, workshops e recursos educacionais são fundamentais para preparar os educadores a implementar práticas pedagógicas adaptadas. Professores bem treinados promovem um ambiente acolhedor e eficaz, que beneficia todos os alunos, reduzindo o isolamento social e aumentando a confiança e autoestima dos alunos com TEA.

A inclusão de alunos com TEA nas aulas de educação física traz benefícios tanto para os próprios alunos quanto para a comunidade escolar. Além de promover melhorias nas habilidades motoras e sociais dos alunos com TEA, a inclusão fomenta a empatia e a compreensão da diversidade entre os

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demais alunos. Um ambiente físico adequado e a colaboração entre professores, pais e profissionais de saúde são essenciais para ajustar as estratégias de ensino às necessidades dos alunos.

 

Referências

 

ANDRION, Patricia Rossi et al. Transtorno do espectro autista e educação física escolar: revisão sistemática de literatura. Revista da Associação Brasileira de Atividade Motora Adaptada, v. 22, n. 1, p. 175-194, 2021.

AZEVEDO, Leonardo da Silva. Inclusão de um aluno com Transtorno do Espectro Autista na Educação Física escolar. 2022.

BARBUIO, Rodrigo. Imaginação e Criatividade como meio/modo de trabalho com alunos com Transtorno do Espectro do Autismo. Boletim de Conjuntura (BOCA), v. 14, n. 40, p. 158-171, 2023.

BARBUIO, Rodrigo. O Processo Imaginário de um Aluno com Transtorno do Espectro do Autismo nas Aulas de Educação Física. Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, v. 25, n. 1, p. 60-65, 2024.

CHAGAS, Victor Ferreira. Educação inclusiva para estudantes com transtorno do espectro autista: uma visão da educação física escolar. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso.

COSTA, Camila Rodrigues; FERREIRA, Mariana Oliveira; LEITÃO, Marcelo Crepaldi. Aulas de educação Física: inclusão escolar de estudantes com transtorno do espectro autista. Educação Online, n. 26, p. 80-96, 2017.

FIORINI, Maria Luiza Salzani; MANZINI, Eduardo José. Estratégias para a participação de alunos com transtorno do espectro autista em aulas de educação física. Revista Teias, v. 22, n. 66, p. 124-137, 2021.

JUCÁ, Luan Gonçalves et al. Educação Física escolar e o transtorno do espectro autista: uma revisão integrativa. Motrivivência, v. 34, n. 65, 2022.

KISTT, Thiely; DA SILVEIRA GONÇALVES, Patrick. Notas para problematizar a educação física escolar na inclusão dos indivíduos com transtorno do espectro autista (TEA). Diálogo, n. 46, p. 01-12, 2021.

LAUREANO, Carla Gabriela; FIORINI, Maria Luiza Salzani. Possibilidades da psicomotricidade em aulas de educação física para alunos com transtorno do espectro autista. Revista da Associação Brasileira de Atividade Motora Adaptada, v. 22, n. 2, p. 317-332, 2021.

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LEIVAS, Paulo Sayão Lobato. Percepção dos professores de Educação Física sobre a inclusão de crianças e jovens com transtorno do espectro autista (TEA) no ambiente escolar. 2020. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pelotas.

MAIA, Juliana; BATAGLION, Giandra Anceski; MAZO, Janice Zarpellon. Alunos com transtorno do espectro autista na escola regular: relatos de professores de educação física. Revista da Associação Brasileira de Atividade Motora Adaptada, v. 21, n. 1, 2020.

OLIVEIRA, Calleb Rangel de. Educação Física escolar e inclusão de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo. 2017. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pelotas.

OLIVEIRA, Juliana de Assis. Educação física escolar inclusiva e alunos com transtorno do espectro autista. 2022. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

SILVA, Bruna de Lima Albuquerque; DE LIMA OLIVEIRA, Marilene Ferreira. Contribuição da educação física escolar para crianças com espectro autista. Diálogos Interdisciplinares, v. 7, n. 2, p. 87-99, 2018.

SILVA, Isabela Carolina Pinheiro; PREFEITO, Carina Regina; TOLOI, Gabriela Galucci. Contribuição da educação física para o desenvolvimento motor e social do aluno com Transtorno do Espectro do Autismo. Revista da Associação Brasileira de Atividade Motora Adaptada, v. 20, n. 1, 2019.

SILVA, Marcos Ruiz; GOMES, Ana Carolina; COELHO, Ana Lucia Zattar. A educação física e crianças com transtorno do espectro autista: um cenário. Caderno Intersaberes, v. 10, n. 24, p. 152-164, 2021.

 

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