EDUCAÇÃO DO CAMPO E AS LUTAS POLÍTICAS.

Por Eliete Maria Nascimento Francisco | 15/03/2017 | Educação

EDUCAÇÃO DO CAMPO E AS LUTAS POLITICAS

ELIETE MARIA NASCIMENTO FRANCISCO[1]

elietemnf@hotmail.com

 

 

RESUMO

 

O artigo aqui apresentado propõe uma reflexão relativa ao processo de aprimoramento das políticas de Educação do Campo observados por meio de documentos oficiais. Este trabalho retrata outra abordagem transcrita na dissertação que norteia a Educação do Campo e os possíveis desenvolvimentos territoriais acompanhando o cenário brasileiro.  O objetivo pautou-se em analisar documentos oficiais abordados por alguns historiadores e o debate sobre as Diretrizes Operacionais para a Educação do Campo. 

 

Palavras Chave: Educação do campo.  Política educacional.  Contradição

 

 

ABSTRAT

 

The article presented here proposes a reflection on the process of improvement of the Field Education policies observed through official documents. This work portrays another approach transcribed in the dissertation that guides the Field Education and the possible territorial developments accompanying the Brazilian scenario. The objective was to analyze official documents addressed by some historians and the debate on the Operational Guidelines for Field Education.

 

Keywords: Field education. Educational politics. Contradiction

 

 

INTRODUÇÃO

 

 

O emprego das políticas públicas relacionadas a educação, enfatizando especialmente a educação do campo, tem garantido destaque na atualidade devido as novas práticas utilizadas. Tratando-se de um fruto das lutas encampadas pelos movimentos sociais do campo, visando políticas públicas que venham a atender as reais necessidades do homem do campo. Tal artigo empenha-se em analisar algumas políticas destinadas à educação do campo. Onde as práticas destas políticas são oriundas de insistentes negociações dos movimentos sociais que articulam uma tendência mundial na política educacional relacionadas ao atendimento das comunidades rurais. Destacando que o conceito de Educação do Campo, associado as políticas conquistadas, advém de frutos relacionados ao processo dos movimentos sociais, responsáveis por disputas pela terra e pelo direito ao trabalho, levando ao conhecimento de uma nova fronteira a educação. 

 

 

A POLÍTICA EDUCACIONAL SETORIALISTA NO ESTADO CAPITALISTA

 

 

Trata-se de uma questão de caráter dubio discutir políticas públicas e não promover um debate, que trate das categorias envolvidas como: Estado e Política. Ao adentrar no campo da política que designa a vertente relacionada ao estudo da esfera que abrange as atividades humanas englobadas as coisas do estado verificamos que a modernidade do termo política se refere especificamente ao conjunto de atividades que direta ou indiretamente, são atribuídas ao Estado em sua forma moderna e capitalista. Compartilhamos de afirmação de Shiroma et al (2007, p. 8) ao afirmar que a política se destaca em ser a expressão das formas contraditórias associadas as relações de produção que visam se instalar gradativamente na sociedade civil. Neste contexto a sociedade civil se auto afirmar como um conjunto de relações propriamente econômicas, as quais se fundamenta em implantar sua origem e tendo como finalidade se delimitar passando a determinar suas ações. 

Já Tafarel e Molina (2012, p. 571) descreve que a razão que demarca a política tem como elemento de desenvolvimento pelas forças de produção considerando as relações de produção, sendo assim, a relação existente entre os homens, a natureza, correlacionam-se com a produção dos bens materiais e imateriais demarcando o processo de trocas decorrente desta ação. 

Entretanto Santos (2010), qualifica como outra forma de organização relacionada a produção, sendo a de propriedade escravista. Tal fato é resultado da unificação ocasionada por meio de conquistas ou acordos. Sendo esta organização que obtém o trabalho está mais desenvolvido. A relevância deste processo demarca essencialmente a necessidade da criação do Estado, com intuito de garantir a propriedade e o trabalho intelectual e manual, sendo cabido aos trabalhadores nada mais que a formação pela prática resultada do trabalho manual.

Dessa maneira na atualidade o estado passa a ser impossibilitado de superar contradições assinaladas como intrínsecas a sociedade capitalista, tendo a função de administrar de forma a manter o controle primário dessas contradições. Cabe as políticas públicas apresentar-se diante deste confronto de forças que forçosamente abrem possibilidades que favorecem as classes dominantes, consequentemente dominam gradativamente os meios de produção, permanecendo no controle do poder gerando um equilíbrio considerado instável entre os compromissos, empenhos e responsabilidades de ambas as partes.

AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO DO CAMPO

 

Considerada notória a importância relativa aos movimentos sociais do campo visando a busca por políticas de educação autossustentáveis. Lembrando que, em sua atribuição do processo de organização, determina como capaz de inspirar a construção de uma bandeira de luta com interesses em comum, considerando uma diversidade específica de interesses voltados para o campo. Para Ribeiro (2010) a existência de uma contradição fundamentada no íntimo destes movimentos percebida por meio do movimento de conservar/transformar o qual pode direcionar um eixo em duas vertentes. Tais movimentos e suas reivindicações tratam de orientações que revelam um projeto de sociedade capaz de confrontar a sociedade atual, pois os tratam como sujeitos do capital.

Assim temos que ao analisar anteriormente, a educação rural deparamos como sendo um fruto do sistema capitalista, que nada mais faz que negar as contradições pertinentes a sua classe que se encontra presente em nossa sociedade atual. Considerando que na atualidade pode-se perceber que o mundo rural se apresentava como desvalorizado frente a situação que se encontrava, assumindo agora o papel de revalorizado, respeitando principalmente à cultura sendo englobada pela valorização gradativa da agricultura familiar. Convém ainda destacar, que tal valorização tem a finalidade de atender aos processos considerados dominantes sociais, destacando que durante a história a discussão retratada entre as culturas urbana-rural origina-se a partir da cidade.

Destacamos que essa ideia se propaga incessantemente relativa a dicotomia cidade-campo, onde cabe ao campo o papel de local da natureza entre outros, são ideias e olhares embutidos pelas cidades oriundas principalmente dos países capitalista considerados de primeiro mundo.

Tais movimentos sociais na atualidade são considerados protagonistas de cenários de lutas reivindicando políticas voltadas para a Educação do Campo, atentando que estes somente objetivam suas disputas em políticas de interesse da classe trabalhadora rural e em determinadas situações permanecem contra os interesses do agronegócio, alegando que o mesmo é gerido pela sociedade capitalista.

 

CONTRADIÇÕES DAS POLÍTICAS EM EDUCAÇÃO DO CAMPO

 

Ao considerar adentrarmos as questões relativas as contradições existentes nas políticas de educação do campo, torna-se necessário repensar o termo contradição. Visto que ao considerar que a unidade de luta dos contrários revela-se através da contradição, originando a partir de uma diferença considerada por muitos como não essencial e ocupando posteriormente o status de diferença essencial. Ao obter as condições apropriadas, tais diferenças consideradas essenciais tornam-se imediatamente contrárias. Consequentemente, sempre encontramos na história que os contrários entram em conflito naturalmente, inserindo-se um ao outro e assim tornam-se idênticos, dessa forma, passam a condicionar a resolução das contradições, um grupo subjugando ao outro.

Refletindo a análise das políticas de Educação do Campo encontra-se um processo de contradição generalizada entre a classe trabalhadora do campo, que se faz representar através dos movimentos sociais e seus eternos rivais que são o estado, os agronegócios e as pedagogias hegemônicas que representa o capital nacional e internacional fonte da imposição do poder. Denota-se que nesse processo denominado de luta dos contrários, cabe aos movimentos sociais agir pautado em disputas por políticas públicas que garantam a perspectiva dos direitos sociais dos indivíduos do campo, norteada especialmente pelo direito a educação de todos.

 

CONCLUSÃO

 

Conclui-se que a conquista de políticas pública expressa ações mediatizadoras das lutas, revertendo em conflitos entre si mesmas, ao consideramos estes fatos como políticas, encontramos aqui as políticas educacionais, que visam expressar as contradições de classe encontradas no campo. 

Considerando a existência de uma forte contradição inserida no processo de fundamentação dessas políticas fomentada através da presença de organismos internacionais no processo, derivados de alianças com os setores que forçam a defesa de ações imediatas, observa-se que os valores embutidos através destas políticas se contrapõem primordialmente aos valores capitalistas, destacando que por serem fundamentados no ideal da coletividade, na superação da propriedade privada são essencialmente contra o capitalismo. 

Para finalizar conclui-se que a construção das políticas de Educação do Campo fundamenta-se na luta dos trabalhadores do campo em conflito com o poder do estado na execução destas políticas, pautado na força das contradições existentes nos documentos oficiais da Educação do Campo.

REFERÊNCIAS

 

Ministério da Educação (MEC). Decreto no 7.352, de 4 de novembro de 2010. Brasília: Junho, 2010.

RIBEIRO, M. Movimento Camponês, trabalho e educação: liberdade, autonomia e participação: princípios, fins da formação humana. São Paulo: Expressão Popular, 2010.

SANTOS, Cláudio E. Félix dos. Relação entre modo de produção, estado e sociedade e suas repercussões na direção da educação. 2010

SHIROMA, Eneida et al. Política educacional. 4. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.

TAFFAREL, C. Z e MOLINA, M. C. Política educacional e educação do campo. In: CALDART, Roseli (org.). Dicionário da Educação do Campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012,

 

[1] Licenciada em Pedagogia pela ULBRA - Universidade Luterana do Brasil. 05/2010