Educação bancária não existe mais
Por ELIADE Lisboa Santos | 16/01/2009 | CrônicasNuma Educação bancária é fácil distinguir o professor do aluno: ele, um ser supremo, ditador ; este um ser efêmero, expectador.
Numa Educação bancária o professor narra, o estudante cala e, se tentar se expressar, atrapalha.
Numa Educação bancária o professor é o "bam, bam, bam", o aluno, o ruim que precisa ser "bam"...
Mas essa Educação bancária não existe mais hoje, é só um exemplo citado por Paulo Freire em 1970.
Outro dia eu estava em uma aula – tenho o privilégio de ser estudante - há mais ou menos quinze dias, e uma cena, particularmente, muito me chamou a atenção:
A professora entrou na sala, saudou a todos e começou a apresentar todo o projeto e proposta de aula para aquela noite.
A turma começou a agitar-se, manifestar-se pelo comportamento, indicando que não aceitava algumas coisas daquela proposta.
A cena ia ficando séria. A professora perdia o controle do que pretendia apresentar à medida que a turma falava sem parar.
A professora começou a ameaçar, coagindo ficar alí até altas horas enquanto a turma não colaborasse.
A turma não colaborava, muito pelo contrário.
A professora não conseguia expor o que pretendia. Então falou bravamente - como as professoras que não exercem educação bancária com as crianças falam e, estas, logo, automaticamente, se aquietam.
E conseguiu.
Minutos de silêncio. Momentos de constrangimento.
A professora conseguiu concluir o que pretendia e os estudantes despediram-se cada um para a sua casa.
Educação bancária não existe mais. Isso é do tempo que Paulo Freire escreveu Pedagogia do Oprimido em 1970, aproximadamente.