EDUCAÇÃO AMBIENTAL UM DESAFIO PARA AS NOVAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES
Por Vanderlane Francisco Silva | 24/05/2016 | EducaçãoEDUCAÇÃO AMBIENTAL – UM DESAFIO PARA AS NOVAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES
Vanderlane Francisco Silva
RESUMO
Nos dias de hoje a Educação Ambiental se faz necessária em todos os segmentos. Com tantos problemas que estão acontecendo devido à má atitude do ser humano, é preciso que a população principalmente as crianças obtenham conhecimento sobre esses fatos e como preveni-los, para que já cresçam com uma mentalidade sustentável. Há vários questionamentos sobre como pode ser incluído a educação ambiental nos programas escolares, esse artigo visa mostrar que uma das medidas é através do professor e que ele pode contribuir muito para a propagação desse conhecimento, mas que para isso é necessário que ele tenha em sua formação uma base na área ambiental.
Palavras Chave:
Educação Ambiental; EA nas Escolas; Formação de Professores.
ABSTRACT
Today environmental education is needed in all segments. With so many problems that are happening due to the bad attitude of the human being, it is necessary that the population especially children gain knowledge about these facts and how to prevent them, so you have to grow up with a sustainable mindset. There are several questions about how you can be included environmental education in school programs, this article aims to show that one of the measures is through the teacher and that it can contribute greatly to the spread of this knowledge, but for that it needs to have in your forming a base in the environmental area.
Keywords:
Environmental Education; EA in Schools ; Teacher Training.
1. INTRODUÇÃO
Percebe-se em pleno século XXI, a urgente necessidade de transformações que resgatem o respeito pela vida, com justiça ambiental, equidade, diversidade, sustentabilidade e beleza. O homem sempre conviveu com o Planeta para crescer, se desenvolver e construir uma história nas suas relações com a natureza e com os outros seres vivos. Considerando o lado positivo dessa convivência, a proposta seria responder às necessidades básicas de todos os cidadãos em termos de água, alimentos, abrigo, saúde e energia. No entanto, principalmente no século passado, começou a perceber inúmeras contradições causadas pelo esgotamento sem precedentes dos recursos naturais por modos de vida destruidores (VCB, 2007).
Ao longo dos séculos, a humanidade desvendou, conheceu, dominou e modificou a natureza para melhor aproveitá-la. Estabeleceu outras formas de vida, surgiram novas necessidades e novas técnicas para suprir essas necessidades, muitas delas decorrentes do consumo e da produção (SANTOS; FARIA, 2004).
A educação ambiental é necessária para que o ser humano entenda a sua relação com a natureza e com o meio ambiente. “A Educação Ambiental nasce como um processo educativo que conduz a um saber ambiental materializado nos valores éticos e nas regras políticas de convívio social e de mercado, que implica a questão distributiva entre benefícios e prejuízos da apropriação e do uso da natureza. Ela deve, portanto, ser direcionada para a cidadania ativa considerando seu sentido de pertencimento e corresponsabilidade que, por meio da ação coletiva e organizada, busca a compreensão e a superação das causas estruturais e conjunturais dos problemas ambientais.” (SORRENTINO, 2005).
A educação ambiental ganhou notoriedade com a promulgação da Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, que instituiu uma Política Nacional de Educação Ambiental e, por meio dela, foi estabelecida a obrigatoriedade da Educação Ambiental em todos os níveis do ensino formal da educação brasileira. A lei 9.765/99 resultou de um longo processo de interlocução entre ambientalistas, educadores e governos, por isso precisa e deve ser mencionada como um marco importante da história da educação ambiental no Brasil (BRASIL, 1999).
Nesse artigo é defendida a ideia de que a Educação Ambiental precisa estar presente na formação do professor e que também deve ser inserida na grade escolar como uma disciplina separada das outras, pois não é dada a importância devida a esse tema tão necessário nos dias de hoje.
2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Segundo LOUREIRO (2004), "educação ambiental é uma perspectiva que se inscreve e se dinamiza na própria educação, formada nas relações estabelecidas entre as múltiplas tendências pedagógicas e do ambientalismo, que têm no “ambiente” e na “natureza” categorias centrais e identitárias. Neste posicionamento, a adjetivação “ambiental” se justifica tão somente à medida que serve para destacar dimensões “esquecidas” historicamente pelo fazer educativo, no que se refere ao entendimento da vida e da natureza, e para revelar ou denunciar as dicotomias da modernidade capitalista e do paradigma analítico-linear, não dialético, que separa: atividade econômica, ou outra, da totalidade social; sociedade e natureza; mente e corpo; matéria e espírito, razão e emoção etc.”.
A educação ambiental como qualquer outra disciplina trata da transmissão de conhecimento e informações para a formação de cidadãos mais conscientes dos problemas ambientais, resultando em mudanças de atitudes e dando motivação para a resolução de problemas e de prevenção dos mesmos (MELO, 2007).
O objetivo geral da educação ambiental é formar cidadãos capazes de identificar os problemas ambientais, que saibam soluciona-los e preveni-los, além de participar desses processos. Que preservem o patrimônio cultural e natural, que lutem por melhorias tanto para essa geração como para a futura (MELO, 2007).
Ainda segundo MELO (2007), a educação ambiental possui cinco objetivos específicos que são: a consciência, o conhecimento, a atitude, a habilidade e a participação. No que diz respeito a consciência seria adquirir consciência do meio ambiente global e sensibilização para essas questões; Conhecimento: Vivenciar maior diversidade de experiências e compreensão do meio ambiente e seus problemas. Ter atitude para adquirir valores sociais, junto com o interesse pelas questões ambientais e a vontade de participar em sua melhoria e proteção; Desenvolver habilidades para resolver os problemas ambientais e a participação, proporcionando aos cidadãos a possibilidade de participarem ativamente das tarefas de resolução, prevenção e conscientização dos problemas ambientais.
A educação ambiental vem sendo falada desde muitos anos atrás, sempre frisando sua importância para a preservação dos recursos naturais. Apesar disso, hoje estamos sofrendo com a escassez de alguns recursos naturais, com os problemas climáticos, com a extinção de algumas espécies da fauna e da flora, o que nos dá a entender que o que se falava antigamente não foi o bastante para prevenir e evitar esses problemas. É necessário que o indivíduo já cresça com a ideia formada de que é necessário o conhecimento sobre as questões ambientais, de que se tem que preservar para a existência de gerações futuras em um ambiente melhor que o de hoje.
2.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS
Santos (2007, p. 10), acredita que uma das formas que pode ser utilizada para o estudo dos problemas relacionados ao meio ambiente é através de uma disciplina específica a ser introduzida na grade escolar, podendo assim alcançar a mudança de comportamento dos alunos, tornando-os influentes na defesa do meio ambiente para que se tornem ecologicamente equilibrados e saudáveis. Porém, ressalta que estes projetos precisam ter uma proposta de aplicação, tratando de um tema específico de interesse dos alunos, e não longe da proposta pedagógica da escola.
De acordo com o Art. 9º da Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, a Educação Ambiental deve estar presente e ser desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino público e privado, englobando:
I – educação básica:
a. educação infantil;
b. ensino fundamental e
c. ensino médio
II – educação superior;
III – educação especial;
IV – educação profissional;
V – educação para jovens e adultos.
Observa-se que a educação ambiental deve estar presente em todos os seguimentos da educação e níveis da educação formal. A educação ambiental deve estar presente como medida educativa, desenvolvendo-se de maneira interdisciplinar para a reflexão das questões atuais e de que mundo queremos, pondo em prática um pensamento ecologista mundial. (MEDEIROS et all, 2011)
De acordo com Dias (2004) na educação infantil, a apresentação de temas ambientais na educação deve dar ênfase em uma perspectiva geral, sendo importante que atividades sejam desenvolvidas com os educandos, de forma a estimulá-los, já que nesta fase as crianças são mais curiosas e participativas, a aprendizagem neste sentido deve ser contínua. É importante que sejam apresentados temas pertinentes que levam a uma conscientização, de uma forma que a criança dissemine tal conhecimento, pois é comum que quando uma criança adquire um conhecimento ela o repasse principalmente para seus familiares.
Dessa forma, é importante a apresentação de práticas ecologicamente corretas para incutir uma conscientização a cerca do meio ambiente desde a infância, e a escola tem a responsabilidade de dar suporte para o desenvolvimento de uma educação Ambiental de qualidade, estabelecendo o meio ambiente como patrimônio de todos, desenvolvendo atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora de sala de aula, projetos, etc., conduzindo os alunos a serem agentes ativos e não passivos e meros espectadores (MEDEIROS et all, 2011).
Os inúmeros problemas existentes no meio ambiente se devem por a população não ser sensibilizada para a compreensão da fragilidade dos recursos naturais e biosfera. Ela não foi e nem está preparada para resolver de um modo eficaz os problemas do seu ambiente, pois a educação para o ambiente didática e pedagógica só apareceu por volta dos anos 80, a partir dessa data que os alunos tiveram a possibilidade de se conscientizar sobre as situações que acarretam problemas no seu próprio ambiente ou para a biosfera geral e de criarem medidas para prevenir e combater esses problemas (EFFTING, 2007).
De acordo EFFTING (2007), “A Educação Ambiental, como componente essencial no processo de formação e educação permanente, com uma abordagem direcionada para a resolução de problemas, contribui para o envolvimento ativo do público, torna o sistema educativo mais relevante e mais realista e estabelece uma maior interdependência entre estes sistemas e o ambiente natural e social, com o objetivo de um crescente bem estar das comunidades humanas”.
Tornando os alunos conscientes e sensibilizados sobre as questões do ambiente, eles acabarão se tornando educadores ambientais, formando uma corrente de ações benéficas à vida, natureza e ao futuro (EFFTING, 2007).
2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES
THOMAZ (2006) observa que, apesar de as políticas públicas se basearem em promover a educação ambiental em todos os níveis educacionais, a sua aplicação e desenvolvimento no nível superior contribui pouco no processo de ensino-aprendizagem na formação real do professor.
É preciso que se defina a função da educação ambiental na sociedade, educação, política, enfim, para que se torne possível buscar meios de contribuição para a formação do professor que com isso irá desenvolver uma consciência ambiental nos estudantes (MEYER, 2011).
De acordo com JACOBI (2003), a função do professor é ser mediador na construção de referenciais ambientais e deve saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito da natureza.
O professor deve ser capacitado para seguir com a Educação ambiental, elaborando e/ou utilizando das práticas pedagógicas existentes para a conscientização do indivíduo, proporcionando o desenvolvimento de novas competências, mudanças de comportamento, de opiniões a cerca do que é certo ou errado em relação às práticas ambientais, contribuindo com projetos que beneficiem a comunidade e o meio ambiente em geral.
É preciso que nos currículos escolares de formação dos professores tenham práticas pedagógicas que permitam a adaptação desse novo profissional, com estratégias educacionais mais dinâmicas, lúdicas e de socialização (MEYER, 2011).
Ainda segundo MEYER (2011) “O professor deve saber modificar motivar o seu futuro educando pra que esse conheça o valor da sua importância em contribuir para a sustentabilidade do planeta e a capacidade dele de poder transformar e criar novos horizontes para si mesmo e para o entorno aonde vive. O professor é o mediador de seus alunos e facilitador de um novo saber”.
Deve ser incrementado na formação do professor a educação ambiental e os que já formaram poderiam adquirir esse conhecimento com práticas, com projetos em parceria com órgãos governamentais e não governamentais. A prática desse assunto é uma medida importante para a inserção do mesmo na formação e didática dos professores.
Uma das medidas para a inclusão da questão ambiental nos programas escolares é por meio dos professores já que juntamente com os pais são formadores de opinião, transmissores de saberes e novas tendências. O professor ao capacitar-se na área ambiental poderá assim desenvolver projetos educacionais interdisciplinares formando cidadãos conscientes e empenhados em desenvolver novas estratégias para a preservação do meio ambiente.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado nas pesquisas feitas para a elaboração desse artigo e dos referenciais bibliográficos apresentados, conclui-se que é necessário que os professores sejam formados com competências em gestão ambiental, que participem de programas de formação que contribuirão para a aquisição de uma nova postura metodológica. É preciso que o governo, instituições privadas e não privadas de ensino e até mesmo a população empenham-se para que essas novas práticas pedagógicas e ambientais aconteçam e funcionem.
Os professores devem estar bem preparados para a reelaboração do conhecimento e informações que recebem, inclusive as ambientais, para que assim possam transmitir de forma fácil para os alunos.
A inclusão das questões ambientais nas escolas e na formação do professor é um desafio, mas é um desafio que pode ser vencido com empenho dos professores, das instituições de formação, do governo, dos alunos e da população.
“São os professores que contribuem para a formação do futuro profissional e que poderão ou não serem capacitados para formar cidadãos conscientes e com ações sustentáveis preservando o próprio ser humano e o planeta, com um nível de aprendizado muito mais abrangente que as gerações passadas” (MEYER, 2011).
É explícito que para uma boa formação do indivíduo precisa-se de um bom professor, então nada mais justo que ele esteja preparado para transmitir seus conhecimentos e que junto com os cidadãos sejam capazes de propor e executar melhorias para a sua própria vida e para a vida da população e gerações futuras.
4. REFERÊNCIAS
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DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9a ed. São Paulo. Gaia, 2004.
EFFTING, Tânia Regina. Educação Ambiental nas Escolas Públicas: Realidade e Desafios. Marechal Cândido Rondon. 2007. Disponível em: <http://www.terrabrasilis.org.br/ecotecadigital/pdf/autoresind/EducacaoAmbientalNasEscolasPublicasRealidadeEDesafios.pdf>. Acessado em Março de 2016.
JACOBI, Pedro. Educação Ambiental: Cidadania e Sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118. São Paulo; USP, 2003.
LOUREIRO, C. F. B. Educação Ambietal Transformadora. In: Layrargues, P. P. (Coord.) Identidades da Educação Ambiental Brasiliera. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004.
MEDEIROS, Monalisa Cristina Silva; RIBEIRO, M aria da Conceição Marcolino; FERREIRA, Catyelle M aria de Arruda. Meio ambiente e educação ambiental nas escolas públicas. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 92, set 2011. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?artigo_id=10267&n_link=revista_artigos_leitura>. Acessado em mar 2016.
MELO, Gutemberg de Pádua. Noções Práticas de Educação Ambiental para Professores e outros Agentes Multiplicadores. Superintendência do IBAMA-PB. João Pessoa. 2007. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/phocadownload/cnia/6-nocoeseduamb.pdf>. Acessado em Março de 2016.
MEYER, Raquel Camargo Valery. Educação Ambiental: Um Desafio para as Novas Práticas Educacionais na Formação do Professor. Monografia para Especialização em MBA-Gestão Ambiental e Práticas de Sustentabilidade. 2011. São Caetano do Sul – SP. Disponível em: <http://maua.br/files/monografias/completo-monografia-educacao-ambiental-desafio-para-novas-praticas-educacionais-formacao-professor.pdf-280824.pdf>. Acessado em Março de 2016.
SANTOS, Edna Maria dos; FARIA, Lia Ciomar Macedo de. O educador e o olhar antropológico. Fórum Crítico da Educação: Revista do ISEP/Programa de Mestrado em Ciências Pedagógicas. v. 3, n. 1, out. 2004. Disponível em: <http://www.isep.com.br/FORUM5.pdf>. Acessado em Março de 2016.
SANTOS, Elaine Teresinha Azevedo dos. Educação ambiental na escola: conscientização da necessidade de proteção da camada de ozônio. 2007. Monografia (Pós-Graduação em Educação Ambiental) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS, 2007.
SORRENTINO et all, Educação ambiental como política pública, 2005.
THOMAZ, Clélio Estevão. Educação Ambiental na Formação Inicial de Professores. Dissertação de Mestrado em Educação. 2006. Campinas. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=102>. Acessado em Março de 2016.
VCB – Vamos Cuidar do Brasil. Conceito e Práticas em Educação Ambiental na Escola. Revista: Vamos Cuidar do Brasil. 2007. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) – Ministério da Educação. Brasília. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf>. Acessado em Março de 2016.