EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PRESERVAÇÃO DA FAUNA

Por Keli Souza da Silva | 15/06/2009 | Ambiental

A preservação da fauna é de grande importância, pois estamos indiretamente preservando a biodiversidade da flora, visto que grande parte das espécies vegetais é disseminada através da zoocoria. A perda da biodiversidade da fauna é atribuída à devastação dos habitats naturais e agravada por práticas como a caça e o tráfico de animais. Assim, este trabalho tem por objetivos ressaltar a importância da educação e conscientização ambiental para a preservação da fauna e sua contribuição para o meio ambiente como um todo.
Palavras-chave: fauna; educação ambiental; preservação; biodiversidade

1.INTRODUÇÃO

A perda da biodiversidade da fauna é atribuída, principalmente, a dois fatores: a devastação dos habitats e a caça ou apanha dos animais. A exploração desordenada do território brasileiro é uma das principais causas de extinção de espécies. O desmatamento e degradação dos ambientes naturais, o avanço das fronteiras agrícolas, a caça de subsistência e a caça predatória, a venda de produtos e animais procedentes da caça, a apanha ou captura ilegal (tráfico) na natureza e a introdução de espécies exóticas em território nacional são fatores que participam de forma efetiva do processo de extinção.

Além da importância imediata da preservação da fauna, podemos atribuir a ela muitas outras contribuições ao meio ambiente, como a disseminação de sementes, quebra de sua dormência, manutenção e estabilidade de populações de insetos, dentre outras. Assim, este trabalho tem por objetivo ressaltar a importância das práticas de educação ambiental na formação de agentes de atuação consciente e preservacionista, preocupados com as questões ambientais e atentos para a reprodutibilidade dos ecossistemas ao longo do tempo.

2.DISCUSSÃO

O hábito da caça e do aprisionamento de animais silvestres como animais de estimação é bastante antigo no Brasil, remonta da época do descobrimento, em que os europeus recolhiam em nossas matas araras, papagaios e macacos, pois a manutenção desses em cativeiro representava nobreza, riqueza e poder. Os indígenas aqui existentes também os mantinham como animais de companhia, porém eles estavam em seu habitat natural e usufruindo praticamente de sua alimentação de origem.

 Essas condicionantes históricas, aliadas ao hábito alimentar, tornaram a caça e o aprisionamento de animais um costume corriqueiro entre a população de nosso país, o que pode acarretar, além da extinção de espécies, a redução da biodiversidade de nossos ecossistemas, visto que cada espécie, seja ela vegetal ou animal, apresentam fundamental importância para a estabilidade do mesmo. Assim, preservando a fauna estaremos indiretamente garantindo também a sobrevivência das espécies da flora, pois de acordo com Galetti & Guimarães (2004) apud Veiga (2009), aproximadamente 80% das espécies vegetais de florestas tropicais e em torno de 50% das de florestas subtropicais são disseminadas pela fauna, fenômeno esse conhecido por zoocoria.

 Além da caça, o tráfico de animais é o grande responsável pelo extermínio de animais de nossa fauna. Anualmente, milhões de animais são retirados de seus habitats, e cruelmente "preparados" para o comércio ilegal, elegendo o tráfico de animais silvestre a terceira mais lucrativa atividade ilegal do planeta. Tamanha a crueldade, que de dez animais retirados da natureza, nove morrem antes de chegar aos compradores finais. Cabe aqui ressaltar que sem interesse por parte dos compradores, que nesse caso passam a condição de cúmplices, não existiria traficantes e, portanto, o tráfico.

 Ao tratarmos da importância da conservação da fauna, não devemos atentar apenas para a preservação de indivíduos isoladamente. Devemos nos conscientizar de que determinado representante de uma espécie poderá vir a reproduzir-se, ou pode ser responsável pela orientação de um bando durante a atividade migratória para a reprodução, dentre outros. Dessa forma, devemos estar cientes de que cada exemplar de nossa fauna tem seu papel na manutenção e reprodutibilidade de sua espécie e conseqüentemente, a estabilidade dos ecossistemas.

 Além da preocupação com sustentabilidade ambiental, a transmissão de doenças graves também é motivo para não aprisionarmos animais silvestres, visto que estes são portadores de aproximadamente 150 zoonoses que podem ser transmitidas para o homem, dentre elas a ornitose, leishmaniose, leptospirose e a raiva, que acarreta óbito em aproximadamente 100% dos casos.

 Logo, a educação ambiental é ferramenta de fundamental importância para o combate ao tráfico de animais silvestres e também à transmissão de zoonoses. É papel do educador ambiental, transmitir ao público a essencialidade da preservação das mais diversas formas de vida existentes na Terra. Porém, para tal função, os mesmos devem ser conhecedores das relações existentes entre meio ambiente e o homem, bem como os fatores sociais e econômicos que estão intrinsecamente relacionados aos processos de degradação ou preservação.

3.CONCLUSÃO

Assim, ao formarmos educadores ambientais, devemos antes de tudo, formar cidadãos conscientes, responsáveis e compromissados com a preservação do meio ambiente como um todo, sem esquecer em momento algum de que nós, seres humanos, fazemos parte dele e da sua estabilidade dependemos para absolutamente todas as nossas atividades econômicas. Esse deve ser o norte e o princípio básico da educação ambiental em nosso país, pois somente depois de despertarmos essa consciência ecológica, poderemos então difundir as práticas conservacionista.

 Cabe então ao educador ambiental, despertar a consciência ecológica e difundir as práticas conservacionistas de forma a adaptá-las a realidade do local de trabalho, escolhendo a tática de difusão do conhecimento que melhor se encaixe as condições socioeconômicas e culturais da comunidade em questão. Além do mais, para garantir a reprodutibilidade do seu trabalho, o educador ambiental deve constantemente formar novos educadores e divulgadores dessa consciência.

 BIBLIOGRAFIA

LOUREIRO, Frederico B., AZAZIEL, Marcus e FRANCA, Nahyda. Educação ambiental e gestão participativa em unidades de conservação. Rio de Janeiro. Ibase : IBAMA, 2003.

MOURA, Sandovaldo G. de, PESSOA, Fabiano B. Liberdade e Saúde: animais silvestres livres, pessoas saudáveis. Brasília: IBAMA, 2007. 18p

VEIGA, Nabor, et al. O papel dos centros de triagem de animais silvestres (CETAS) na conservação da biodiversidade. Resumo expandido disponível em http://www.amigosdanatureza.org.br/noticias/396/trabalhos/668.viviane_biodiversidade.doc, acessado em janeiro de 2009.