EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ESCOLA: Um estudo de caso no município de Serrinha - RN
Por Ivanildo Severino da Silva | 17/07/2010 | EducaçãoUNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA - GRADUAÇÃO PLENA
IVANILDO SEVERINO DA SILVA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ESCOLA: ESTUDO DE CASO NA ESCOLA ESTADUAL DOMITILA NORONHA ? SERRINHA/RN
SANTO ANTONIO ? RN
2008
IVANILDO SEVERINO DA SILVA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ESCOLA: ESTUDO DE CASO NA ESCOLA ESTADUAL DOMITILA NORONHA ? SERRINHA/RN
Monografia apresentada à Universidade Estadual Vale do Acaraú ? UVA, como requisito parcial para a obtenção do Título de Licenciado em Pedagogia.
ORIENTADOR: Professor Ms. Geraldo Barboza de Oliveira Junior.
SANTO ANTONIO ? RN
2008
IVANILDO SEVERINO DA SILVA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ESCOLA: ESTUDO DE CASO NA ESCOLA ESTADUAL DOMITILA NORONHA ? SERRINHA/RN
Monografia apresentada à Universidade Estadual Vale do Acaraú ? UVA, como requisito parcial para a obtenção do Título de Licenciado em Pedagogia.
Aprovada em fevereiro de 2008.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Ms. Geraldo Barboza de Oliveira Junior.
Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA ? Santo Antonio - RN
Ms. Josenildo Soares Bezerra
Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA ? Santo Antonio - RN
__________________________________________________________________
Prof. Esp. Sandra Maria Chagas
Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA ? Santo Antonio - RN
SANTO ANTONIO ? RN
2008
A meu filho, Emanuel, meu pai, Severino João Miguel, a minha saudosa mãe Maria Roberta Miguel (in memorian), a meus irmãos e a todos os que fazem da educação um instrumento de libertação.
AGRADECIMENTOS
Ao Deus de todas as tribos, povos, etnias e ritos, autor e princípio de toda dinâmica universal, pela concretização deste trabalho;
A minha amada esposa, Elenith Jussiêr de Lima Silva, pela "paciência", ajuda e compreensão durante todo esse percurso, principalmente, por minha ausência de sua prazerosa companhia;
Ao professor Geraldo Barboza de Oliveira Junior, que em momento algum mediu esforços para orientar-me nesta empreitada;
A professora Zoraya Marques, que mesmo a distância não deixou de contribuir de maneira significativa com esta tarefa;
A Universidade Estadual Vale do Acaraú ? UVA, de maneira especial, a professora Maria de Lourdes, coordenadora e a simpaticíssima Maria Izaura, Auxiliar de Serviços Gerais, ambas do Pólo de Santo Antonio;
A todos os professores que por mim passaram; aos colegas de turma e de modo geral, a todos os que me ajudaram direta ou indiretamente.
"Quando bem realizada, a educação ambiental leva a mudanças de comportamento pessoal e a atitudes e valores de cidadania que podem ter fortes conseqüências sociais". (PCN, v.9, p.27)
RESUMO
A escola é um espaço importante de formação de valores da sociedade atual e na mediação dos professores em relação à interação entre o aluno e os problemas ambientais. Uma das formas de se entender a atuação dos professores em suas práticas pedagógicas está em evidenciar suas representações sociais sobre o meio ambiente, Educação Ambiental e problemas ambientais. Este estudo teve como base teórica as contribuições oferecidas por Genebraldo Freire Dias, Marcos Reigota, Michele Sato, PCNs, dentre outros. E como base empírica os professores do município de Serrinha/RN, cujo universo pesquisado compunha-se de 20 educadores. Os resultados obtidos revelam que as atividades referentes à EA são incipientes e fragmentadas dificultando a prática pedagógica e o desenvolvimento de princípios que desenvolvam o espírito crítico e promovam mudanças de paradigmas. Diante do exposto, nota-se que tanto as escolas como os demais segmentos sociais precisam promover parcerias para garantir uma nova ética ambiental, cujo princípio fundamental requer não apenas a informação através do conhecimento, mas acima de tudo, a formação de uma nova consciência de mundo e de natureza.
Palavras chave: Prática pedagógica, representação social, educação ambiental.
ABSTRACT
The school is an important space for the formation of values in society today and in the mediation of teachers in relation to the interaction between the student and environmental problems. One way to understand the role of teachers in their teaching practice is evident in their social representations on the environment, environmental education and environmental problems. This study was based on the theoretical contributions of Genebraldo Freire Dias, Marcos Reigota, Michele Sato, PCNs, among others. And the empirical basis of the municipality of teachers Serrinha / RN, whose universe surveyed consisted of 20 educators. The results show that activities related to EA are fledgling and fragmented making it difficult to practice and development of pedagogical principles to develop and promote critical thinking paradigm shifts. Given the above, note that both the schools and other segments of society need to promote partnerships to ensure a new environmental ethic, whose fundamental principle requires not only the information by means of knowledge, but above all, the formation of a new awareness of world and nature.
Keywords: teaching practice, representing social, environmental education.
1 INTRODUÇÃO
Ao longo dos séculos, a humanidade desvendou, conheceu, dominou e modificou a natureza para ?melhor? aproveitá-la. A partir daí, o homem extrapolou limites e passou a dominar outros homens em nome do poder e da ganância. Estas inconformidades automaticamente foram induzindo as sociedades modernas a serem condescendentes com as incoerências praticadas na natureza.
Partindo desta ótica, constata-se a necessidade de que todos os envolvidos com o processo educacional do município de Serrinha renovem seus conceitos sobre as questões ambientais tão em voga atualmente. Criando propostas transformadoras para o surto catastrófico pelo qual o planeta está passando, a partir dos problemas locais.
Mas para que estas propostas sejam alcançadas, se faz necessário que a escola se transforme, partindo do pressuposto que transformar não significa mudar, mas chegar a situações novas, a novos valores, novos princípios, novas relações.
Por mais que a transformação das práticas educativas seja difícil. Ou seja, quando se tenta a modificação das práticas educativas, se esbarra no institucionalismo arraigado a teorias tradicionais, de caráter racionalista, preocupado mais com a transmissão dos conhecimentos, muitas vezes desconectados da realidade do educando, do que com construção deste pelo aluno, mediada pelo professor. Ou no próprio comodismo de muitos docentes.
Sente-se que o mundo vive em constantes transformações. E a educação do Brasil segue esse embalo, por mais que de modo confuso. O que gera muitas vezes, insegurança a comunidade escolar, principalmente nas regiões interioranas, devido a não preparação de forma eficiente, para tais mudanças.
Acredita-se que seja possível melhorar a percepção do nível das intervenções humanas, desde que se verifique que o ritmo natural dos fluxos no ambiente foi mudado, em função da mudança das necessidades do próprio homem.
A intensa utilização de matéria-prima, de fontes de energia e dos vários recursos naturais oferecidos pela natureza, principalmente a partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial . Está implicando em seu esgotamento, o que compromete toda a dinâmica natural, impedindo inclusive, a manutenção dos diversos ciclos que formam a Biosfera.
Por causa da conjuntura atual, é notório que a cada dia, o tema meio ambiente venha ganhando importância em todas as esferas educacionais, do ensino infantil ao superior. Tendo em vista a complexidade deste assunto para o desenvolvimento sadio ambientalmente falando, dos ecossistemas mundiais.
Falar de Educação Ambiental é tratar, portanto, de um tema Transversal, podendo ser trabalhado em qualquer disciplina. Tendo em vista que, todas elas, quando bem trabalhadas, a partir de suas abordagens específicas, podem contribuir para que os alunos apercebam-se como integrantes da natureza, não como meros modificadores ou dominadores.
Ressalta-se, no entanto, que a geografia, por suas próprias indagações, é uma das disciplinas que têm recebido mais destaque atualmente, quando se pensa na possibilidade de desenvolver algum trabalho desse aspecto. E se espera que seu desenvolvimento se dê de forma eficaz.
Porém, sempre caberá ao professor ? de qualquer disciplina ? a função de despertar em seus alunos a capacidade de perceber, julgar e refletir sobre os problemas ambientais presentes em seu cotidiano, motivando-os à prática da Educação Ambiental com o objetivo de estudar as questões relativas às agressões sofridas pela natureza a partir dos problemas existentes nas comunidades nas quais eles se inserem.
A preocupação em relacionar a Educação Ambiental com a vida do aluno ? seu meio, sua comunidade ? não tem nada de novo. Vem crescendo especialmente desde a década de 1960 no Brasil. Porém, a partir da década de 1970, com o crescimento dos movimentos ambientalistas, passou-se a adotar a expressão "Educação Ambiental" (EA), para dar qualidade às iniciativas de universidades, escolas, instituições governamentais e não-governamentais. Por meio das quais se busca conscientizar setores da sociedade para as questões de agressão ao meio ambiente.
Um importante passo para muitos especialistas, foi dado com a Constituição de 1988, que definiu a Educação Ambiental como exigência a ser garantida por todos os estamentos públicos do país, sejam federais, estaduais ou municipais. Garantindo a todos os brasileiros uma perspectiva de meio ambiente sadio e equilibrado.
Impondo de maneira taxativa sua efetivação, o legislador estava concordando por mais que de maneira implícita, que a contextualização dessas situações concretas, que envolvem diferentes fatores, como clima, solo, relevo e as próprias formas de alteração causadas pelo ser humano, em meio a conflitos de interesses, muitas vezes fomentados pelo consumismo desenfreado ao longo da história, é essencial para a formação da consciência crítica que permite aos alunos se posicionarem a favor da sustentabilidade ecológica.
Nesta perspectiva, pretende-se analisar a situação em que se encontra o meio ambiente global, partindo do local; através da relação educação/comunidade. Proporcionando uma visão crítica e reflexiva sobre os principais problemas que afetam este município, apontar alternativas que possam amenizar os problemas mais evidentes na comunidade, tais como: coleta seletiva, reciclagem, reflorestamento, dentre outras e, a partir da Educação Ambiental no ensino da Escola Estadual Domitila Noronha, o interesse pelas questões aqui discutidas. Tendo por principal conseqüência, o uso adequado dos recursos disponíveis, de forma equilibrada, ética e responsiva.
Para o desenvolvimento da parte experimental deste Trabalho de Conclusão de Curso, além de pesquisas sobre o problema estudado, se elaborou um questionário para os professores da referida escola (20 responderam) e se fez entrevistas (10 colaboraram), com o objetivo de constatar a viabilidade da abordagem sobre Educação Ambiental em suas práticas pedagógicas.
Ressalta-se que se investe na educação, porque se acredita que esse processo de sensibilização da comunidade educacional pode fomentar iniciativas que transcendam o ambiente escolar, atingindo tanto a cidade na qual a escola se insere quanto às comunidades rurais nas quais reside à maioria dos alunos, alguns professores e funcionários, potenciais multiplicadores de informações e atividades relacionadas à Educação Ambiental implementadas na Escola.
Este Trabalho de Conclusão de Curso que tem por título: Educação Ambiental e a Escola: estudo de caso na Escola Estadual Domitila Noronha ? Serrinha/RN divide-se em três capítulos, a saber.
No capítulo I, será explorado o problema estudado, a partir da opinião de alguns pensadores que têm dedicado boa parte de suas vidas na defesa de um ambiente saudável e equilibrado. Dentre os quais destaca-se: Genebraldo Freire Dias, Michele Satto, Marcos Reigota, dentre outros. Destacando (por mais que de maneira superficial), os diferentes eventos internacionais e explicitando os propósitos fundamentais dos principais documentos que subsidiam a Educação Ambiental.
Serão analisadas ainda, as contribuições trazidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, com destaque para os Parâmetros dedicados ao Terceiro e Quarto Ciclos (de 5ª a 8ª série), aos dedicados a Educação Ambiental e de um modo especial os PCN?s que tratam sobre os Temas Transversais para o 3º e 4º ciclos (de 5ª a 8ª séries). Com ênfase para a implementação da Educação Ambiental no Brasil, os principais fatos que marcaram nacionalmente as discussões sobre as questões ambientais e sua relevância no contexto escolar. Destacando-se, ainda, a necessidade da Educação Ambiental como resgate da cidadania e as discussões sobre a insipiência das práticas referentes à temática ambiental no contexto educacional.
Já no capítulo II, se abordará a efetividade das práticas da Educação Ambiental nas escolas da rede pública de ensino do estado do Rio Grande do Norte. Com o objetivo de constatar seu papel transformador nas diversas comunidades que formam tal rede. Analisando os procedimentos metodológicos adotados para a pesquisa de campo. Tais como: caracterização da amostra, delineamento da pesquisa, população e amostra, instrumentos de pesquisa e coleta de dados, interpretação e o tratamento dos mesmos.
Será caracterizado o município de Serrinha, destacando-se: sua localização geográfica, sua topografia, suas dimensões territoriais, seu índice populacional, seus aspectos sociais e econômicos.
Serão abordadas ainda, as principais características das escolas que formam a comunidade escolar deste município, com destaque para a Escola Estadual "Domitila Noronha", escolhida para a realização da parte prática deste trabalho, como já se disse acima. E, finalmente, no capítulo III, descrever-se-á a experiência obtida com a realização de tal trabalho, levando-se em consideração as possíveis atitudes a serem desenvolvidas a partir de então, para se realizar uma Educação Ambiental capaz de refletir em um meio ambiente saudável e sustentável. Modelo a ser defendido por todos os seguimentos mundiais para uma concretização de políticas eficientes no combate às agressões à natureza e alavanca para o progresso de maneira responsável.
Dada à necessidade de uma consciência que aponte para o surgimento de cidadãos do mundo, mas que atuem em suas comunidades. Proposta esta, defendida pelos grupos ambientalistas de plantão, externalizada pela frase: "pensamento global e ação local, ação global e pensamento local".
CAPÍTULO I
2 DEFININDO EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A história da civilização humana tem se caracterizado pela constante disputa do homem com o meio ambiente. A partir da segunda metade do século XX, o ser humano começou a perceber que a natureza constitui-se na base de sua própria sustentação e preservação do seu existir.
Essa percepção da dependência vital do homem em relação à natureza, segundo REIGOTA (2004), torna-se compreensível o entendimento de que a capacidade da natureza de sustentar a vida humana e fornecer os recursos e serviços solicitados pelo homem é finita.
Apesar do notável desenvolvimento científico e tecnológico alcançado pela Humanidade, o que se tem assistido é o acirramento do processo de degradação da natureza, acompanhado da queda da qualidade de vida e manutenção da maioria da população mundial à margem deste progresso, num crescente estado de pobreza.
No entanto, para estudar a prática de Educação Ambiental (a partir de agora descreveremos EA), é necessário primeiro definir o conceito de meio ambiente. Para George (1973, p. 11), por exemplo:
O meio ambiente constitui um sistema de relações extremamente complexas, muito sensíveis às variações de qualquer de seus fatores e, desencadeando reações em cadeia. [...]. Trata-se de uma imagem já excessivamente simplificada, pois os equilíbrios que se estabelecem na natureza mais ou menos obliterada pelas múltiplas intervenções dos homens, constituem equilíbrios muito frágeis e estáveis.
Para Reigota (2004, p. 21), o meio ambiente é "um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais e sociais".
Já, Neiman e Motta (1991, p. 8), definem meio ambiente como "o conjunto de influências externas que se relacionam, direta e indiretamente, com um determinado ser vivo". Essas influências, ou fatores, podem ser de natureza física, química ou biológica.
O que se observa, no entanto, é que tanto neste último conceito, quanto nas definições anteriormente apresentadas, o diferencial é feito pela intervenção humana. Que pode surtir efeito negativo ou positivo. Dependendo somente, das atitudes tomadas por cada indivíduo, ao relacionar-se com os elementos naturais que o cercam.
A preocupação aqui externada, parte do princípio de que, quando se trabalha em prol de uma efetiva EA, não estar presa à quantidade de pessoas que existe no planeta e que necessita consumir cada vez mais recursos naturais para se alimentar, vestir e morar. Como bem lembra Reigota (2004). Mas com a maneira como essas pessoas estão se relacionando com o meio no qual se inserem.
Não se trata também, de uma tentativa de garantir a preservação de determinada espécie animal ou vegetal, ou de algum elemento natural de maneira isolada. O que está sendo considerado como prioridade, são as relações econômicas e culturais existentes entre a humanidade e a natureza.
Uma vez que "a educação ambiental deve ser entendida como educação política, no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça social, cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza". Como sugere Reigota (2004, p. 10).
Espera-se, no entanto, que com o estudo da temática em questão a atenção dos envolvidos neste processo, seja direcionada para os problemas planetários que afetam a todos, pois a camada de ozônio, o desmatamento da Amazônia, as armas nucleares, o superaquecimento global, o derretimento das calotas polares, a extinção de espécies animais e vegetais, o desaparecimento de culturas milenares etc. são questões só aparentemente distantes da realidade dos alunos do município de Serrinha.
Então, não se pode furtar tal conhecimento a eles. De modo que se tornem apáticos aos problemas nos quais estão envolvidos como elementos integrantes da natureza. Já que o problema não é somente a "sobrevivência da espécie humana, porém, ainda mais, a sua possibilidade de sobreviver sem cair em um estado inútil de existência" Reigota (2004, p. 13 e 14).
Outra assertiva acerca do papel transformador da EA está bem definida nas palavras do insigne Genebraldo Freire Dias (2004, p. 119), quando declara: "a educação ambiental deverá fomentar a ação cooperativa entre os indivíduos, os grupos sociais e as instituições". Levando-os a perceberem-se como partes da natureza, não como donos conforme vem acontecendo ao longo dos séculos.
É necessário o exame dos assuntos ligados à natureza, sempre com a mente voltada para a consideração que Leonardo Boff (1996), apresenta a seguir, no sentido de que na visão ecológica, tudo o que existe coexiste, e tudo o que coexiste, preexiste; tudo o que coexiste e preexiste subsiste numa interminável teia de relações inclusivas, dinâmicas, interdependentes.
Assim, a EA tem como finalidade promover a compreensão da existência e da importância da interdependência, econômica, política, social e ecológica da sociedade; proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir conhecimentos, valores, o interesse ativo pelas questões ambientais, e atitudes necessárias para proteger e melhorar a qualidade dos ecossistemas; induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade, tornando o sujeito, apto a agir em busca de alternativas que solucionem os principais problemas, elevando assim, a qualidade de vida do planeta.
Ou como declara Dias (2004, p. 94):
A Educação Ambiental deverá ser capaz de catalisar o desencadeamento de ações que permitam preparar os indivíduos e a sociedade para o paradigma do desenvolvimento sustentável, modelo estrategicamente adequado para responder aos desafios dessa clivagem mundial.
Uma vez que o binômio produção-consumo tão difundido na atualidade, é o maior responsável pela pressão sofrida pelos recursos naturais (consumo de matéria-prima, água, energia elétrica, combustíveis fósseis, desflorestamentos, etc.), causando mais degradação ambiental.
Em nível internacional o desenvolvimento da consciência ambiental passou a ser tratado com base em uma série de eventos como a Conferência de Estocolmo em 1972, originando as primeiras manifestações dentro da EA. Segundo Reigota, (1994), a EA surgiu nessa conferência com o objetivo de educar o cidadão para a solução de problemas ambientais; esta idéia foi reafirmada na ECO-92. Já segundo Dias (2004, p. 100):
A Educação Ambiental é um processo por meio do qual as pessoas apreendem como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e como promovemos a sua sustentabilidade.
Percebe-se aqui, que a prática da EA deve ser a mola propulsora de novas mentalidades, em relação às questões que envolvam o meio ambiente. Vale salientar que a idéia básica de EA não é extinguir as atividades exploratórias, mas sim a tentativa de criar estratégias que dê ao homem condições de produção sem a destruição do meio no qual está inserido, desenvolvendo a sustentabilidade da sua espécie sem ter que destruir as demais que interagem cotidianamente com ele, promovendo uma nova ética capaz de conciliar a natureza e a sociedade.
Ainda é importante ressaltar que um dos principais objetivos da EA segundo a Carta de Belgrado (apud Reigota, 1994), é a conscientização, que deve levar os indivíduos a tomarem consciência do meio ambiente global a partir da realidade local, mostrando que a prática da EA deve chamar a atenção para os problemas planetários. Começando primeiramente, dentro de casa, no bairro e na escola, procurando detectar e resolver problemas ambientais cotidianos, como a questão do lixo, do desmatamento, da poluição do ar, poluição aqüífera dentre tantos problemas tão em voga atualmente.
É sabido que as definições para a EA são inúmeras, as descritas acima, representam apenas uma pequena parcela das tentativas de conceituar tal educação desde os primórdios da década de 1970. Porém, a mais aceita internacionalmente foi a da Conferência de Tibilisi (1977) que afirma:
A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio ambiente, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida. (apud Sato 2003, p. 23 e 24).
Assim, fica claro que a EA tem por objetivo fundamental mostrar com clareza, as interdependências econômicas, políticas e ecológicas do mundo contemporâneo, no qual as decisões e comportamentos de qualquer um dos diversos países podem ter conseqüências de alcance internacional.
Acredita-se ainda, que a EA deveria contribuir para o desenvolvimento de um espírito de responsabilidade e solidariedade entre os países e as regiões, como fundamento de uma nova ordem internacional que garanta a conservação e a recuperação do meio ambiente.
Então, chega-se a concluir que o desenvolvimento sustentável somente será alcançado se a humanidade aplicar corretamente os conceitos ora discutidos. Com o intuito de manter sempre o equilíbrio dinâmico dos ecossistemas.
2.1. REFERENCIAIS TEÓRICOS:
Devastamos mais da metade de nosso país pensando que era preciso deixar a natureza para entrar na história: mais eis quem esta última, com sua costumeira predileção pela ironia, exige-nos agora como passaporte justamente a natureza. (Eduardo Viveiro de Castro)
A integração entre os diferentes seres do universo faz com que nenhum elemento dele seja independente de todo o resto. "Pois uma borboleta que bate asas na China pode causar um furacão na América", prega o efeito borboleta .
Hoje se sabe que o aquecimento causado pela industrialização em uma área do planeta contribui para alterações climáticas até mesmo nas regiões mais distantes. Não há como esperar equilíbrio em um País sem considerar ocorrências no Universo, no Sistema Solar, na Atmosfera, no mundo e em cada região dele.
Com relação há isso Dias (2004, p. 19), alerta: "De nada adianta termos desenvolvimento econômico, sem termos desenvolvimento social. Também de nada adianta termos os dois, sem que tenhamos um ambiente saudável, ecologicamente equilibrado".
Convictos disso foi que os representantes dos 180 países, reunidos na Rio-92, concluíram que o modelo de desenvolvimento econômico vigente na época, era não-sustentável, ou seja, inviável econômica, social e ecologicamente, e ainda o é.
Em anos recentes, essa consciência avançou (uma prova é o Protocolo de Quioto, que busca submeter os países às estratégias comuns de proteção ao ambiente global), mas também recuou (a recusa dos Estados Unidos a acatar decisões de fóruns internacionais é um sinal disso). Tudo devido aos interesses econômicos que apontam para um tal progresso, que é visto por Dias (2004, p. 120), da seguinte maneira:
Em nome de um progresso que nunca vem, em nome da criação de empregos que nunca bastam, solapamos a qualidade ambiental em todo o planeta, poluímos a água que bebemos, o ar que respiramos, a nossa comida, nosso solo, devastamos florestas, aniquilamos povos indígenas, extinguimos espécies e hábitats, ameaçamos o futuro dos nossos descendentes...
Outro exemplo acerca do mau uso dos recursos disponíveis é oferecido por Neiman e Motta (1991), em relação às técnicas agrícolas muito atrasadas em especial, nos países subdesenvolvidos. Quando o agricultor, sem conhecimentos e sem recursos para o uso adequado da terra, ?limpa? o terreno a ser cultivado por meio de queimadas. Depois, lança a semente no local de uma única cultura.
Ao longo dos dois ou três anos obtém boas safras. Nos anos seguintes, os problemas começam a aparecer, pois a monocultura esgota os nutrientes da terra. Que desgastada pelo mau uso, necessita de tratamento. Como o produtor não dispõe dos recursos e equipamentos necessários para isso, abandona o terreno empobrecido e parte para o desmatamento de uma nova porção, configurando a prática conhecida como ?agricultura itinerante?.
Diante disso só resta uma saída. O empenho da humanidade por um novo modelo, pelo desenvolvimento sustentável. Que busque modelos de sociedades sustentáveis, ecologicamente equilibradas. Já que se acredita que o desenvolvimento sustentável seja a única maneira de relacionamento com a natureza que atenda as necessidades do presente, sem comprometer a vida das gerações futuras.
Para Reigota (2002), falar em EA é tratar de uma educação que visa não só a utilização racional dos recursos naturais, mais basicamente a participação dos cidadãos nas discussões e decisões sobre a questão ambiental. Onde exista uma procura pela criação de uma nova aliança entre a humanidade e a natureza, que não seja sinônimo de autodestruição, mas que estimule a ética nas relações tanto de nível local quanto global.
Uma vez que transformando o espaço, os meios natural e social, o homem também é transformado por eles. Desde que essa técnica educacional liberte-se da "ingenuidade e do conservadorismo (biológico e político) a que se viu confinada e proponha alternativas sociais, considerando a complexidade das relações humanas e ambientais" Reigota (2002, p. 28).
A questão ambiental é um conjunto de temáticas relativas não só a proteção da vida no planeta, mas também à melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida das comunidades. Passou a merecer maior importância a partir da década de 1960, onde se começou a perceber que a humanidade estava indo em direção a um esgotamento de seus recursos naturais.
Movimentos em defesa do meio ambiente começaram a surgir lutando contra a destruição acelerada desses recursos (água, ar e solo), buscando modos de conciliar à conservação da natureza com a qualidade de vida das populações.
Então, espera-se que a educação brasileira saia da neutralidade na qual está mergulhada e torne-se uma ação cultural. Que rompa com os grilhões que a mantém presa aos dominadores.
E se transforme na principal promotora do desenvolvimento sustentável proporcionando os meios através dos quais as pessoas possam reagir e tomar decisões acertadas para a melhoria e manutenção da qualidade ambiental, patrimônio particular, enquanto o ser humano individual e coletivo, sentida pelos homens e mulheres de todos os tempos e lugares. Como assegura Dias (2004).
Devido a essa falta de expectativa, é que o mundo está envolto dos mais diversos sintomas resultantes das práticas predatórias desenvolvidas pela própria humanidade de maneira desequilibrada e irresponsável.
Atenta-se aqui, para uma Educação que desenvolva o senso crítico, a participação. Contrariando as estruturas educacionais que mascaram a realidade. Onde os problemas experienciados pelos educandos são tratados com menos importância do que os conteúdos dos livros didáticos. Haja vista que tais problemas que estão impregnados no dia-a-dia dos alunos e não os conteúdos exportados de outros países ou das regiões mais ricas do País.
Infelizmente, o que se tem observado na prática, é um tipo de escola que ?prepara excluídos e dominados?. Prova disso é o sistema escolar vigente, rígido, pouco dado ao diálogo, com conteúdos que não lidam com a realidade dos estudantes, distanciando-os cada vez mais dos problemas que os cercam.
A escola moderna na verdade, representa o interesse das classes dominantes, ávidas de manter o que está aí; um mundo de assalariados, sem-tetos, imersos num quadro de mobilidade social inexistente.
Precisa-se de um sistema escolar que utilize todos os recursos pedagógicos disponíveis, para tratar do meio ambiente, mas que trabalhe a necessidade da prática, como prefere Dias (2004, p. 124), "a Educação Ambiental pressupõe ação". E deve fugir do estágio da contemplação para assumir uma postura de tomada de decisões, de fazer acontecer.
Para Reigota (2002), a EA preconiza a ação baseada na identificação de problemas ambientais concretos da comunidade, quer seja iniciando pela sala de aula, pátio, prédio escolar, bairro, comunidade, município. O que deve ser perseguido de fato pela EA, é o estabelecimento de um novo estilo de vida, "que reconheça os nossos limites como espécie eucultural", DIAS (2004, p.124).
Daí a necessidade de uma educação em qualquer nível ou modalidade que leve em consideração o disposto no art. 22 da LDB de 1996, que estabelece: "a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudo posteriores". De maneira igualitária e inclusiva.
Mas talvez, este fim, voltado para todo e qualquer estudante, seja uma maneira encontrada pelo legislador, para evitar discriminações, ou para atender de maneira ordenada o disposto no art. 61 da mesma LDB. Que exige;
A formação de profissionais da educação, de modo a tender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase de desenvolvimento do educando.
.
Assim, os objetivos da formação de professores em EA, devem visar o preparo de um docente voltado às exigências formativas para todo e qualquer professor, além daquelas relativas à complexidade diferencial da área do conhecimento. Isso quer dizer que o profissional do magistério que se espera para a prática da EA, tenha a qualificação pela qual seja capaz de interagir empaticamente com os estudantes estabelecendo o exercício do diálogo de forma crítica e reflexiva,
[...], jamais um professor aligeirado ou motivado apenas pela boa vontade ou por um voluntariado idealista, mas sim um docente que se nutra do geral e também das especificidades que a habilitação como formação sistemática requer Sato (2000, p. 5).
No entanto, se essas e outras iniciativas não se efetivarem, tendo de partida a realidade dos educandos, de nada adianta ficar falando de efeito estufa, camada de ozônio, extinção de espécies, destruição da Amazônia, dentre outros. Porque no local, "estar à chance imediata de fazer valer os direitos de cidadania, em busca da melhoria da qualidade de vida", Dias (2004, p. 118).
Ali, o indivíduo ou o grupo poderá avaliar a competência de quem é responsável pelo gerenciamento dos recursos financeiros e ambientais. Podendo perceber se as tomadas de decisões estão corretas, quem se omitiu e de que forma as coisas poderiam ou deveriam ter sido feitas, para a construção de um ambiente saudável às gerações atuais e futuras.
Então se espera que a Escola trate a EA como um enfoque interdisciplinar. Onde se preconize uma ação conjunta das diversas disciplinas em torno de suas especificidades. Tornando-se imperativa a cooperação/interação entre todas as disciplinas, realizada por intermédio da ação pedagógica de cada educador. Segundo Dias (2004 p. 116-117);
O papel da Educação Ambiental é justamente estimular, promover a percepção para que as pessoas acordem, ajam e com isso busquem melhorar (ou manter) a sua qualidade de vida e, em conseqüência, a qualidade da sua experiência humana, que justifica, em última instância, a sua vida na Terra.
É notório, que se não se atenta para uma nova visão de mundo, como se a Terra fosse um sistema vivo integrado, no qual os humanos são apenas uma pequena parte, não donos exclusivos, de nada adiantarão "remendos técnicos ou tratados, por bons ou necessários que sejam", Reigota (2002, p. 37).
Pois toda ou qualquer forma de desenvolvimento aplicado tanto no primeiro quanto no terceiro mundo são suicidas. E o pior é que as práticas mortíferas por eles desenvolvidas são em muitos dos casos, de destruição em massa, o que impede que alguns sobrevivam, ou o que obriga a participação de todos na luta por um mundo melhor.
O debate sobre consumo sustentável vem tomando cada vez mais espaço. O desafio, porém, é ampliar a abordagem para além da esfera individual, enfrentando as questões sobre o quê e quando consumir, além de afirmar a responsabilidade socioambiental não apenas dos consumidores, mas também dos governos e das empresas, sobre a criação e implementação de alternativas que garantam a produção e o consumo sustentáveis. Já que não se pode compreender uma questão ambiental sem as suas dimensões políticas, econômicas e sociais.
Analisar a questão ambiental apenas do ponto de vista ecológico seria "praticar um reducionismo tão perigoso, qual as nossas mazelas sociais (corrupção, concentração de renda, injustiça social, desemprego, fome e outras) não apareceriam", Dias (2004, p. 109).
As mazelas abordadas pelo autor, anteriormente citado, são criadas pelo modelo de desenvolvimento econômico adotado pelos países ricos e posto em prática também pelos pobres. Visa apenas, à exploração imediata, contínua e progressiva dos recursos naturais, cujo lucro do uso predatório vai para as mãos de uma pequena parcela da sociedade. Assim, privatizam-se os benefícios e socializam-se os custos.
É importante estabelecer relação entre o consumo de produtos e de serviços para atender aos anseios e às necessidades dos consumidores e o uso de recursos naturais envolvidos nesse consumo, ou seja, os materiais e a energia usados na produção, assim como a capacidade de assimilação ou suporte do meio ambiente para receber a poluição e o lixo resultante dos atuais padrões de produção e consumo.
É preciso tornar claro, que a maior necessidade é a mudança de estilos de vida, considerando não apenas o que se consome como também quanto se consome. O consumidor precisa estar convencido de que, quando faz compras, está, de fato, exercendo uma responsabilidade social, política e moral que vai além dos seus interesses particulares.
Daí a urgência de estilos de vida que privilegiem a qualidade de vida, baseada no atendimento das necessidades básicas e em aspectos culturais, mais do que em aspectos materiais. "Consumo sustentável implica em atender às necessidades das gerações presentes e futuras com bens e serviços, de forma econômica, social e ambientalmente sustentáveis", (Cláusula 42, Diretrizes de Proteção ao Consumidor das Nações Unidas, 1999).
A necessidade maior no caso do Brasil é adotar uma forte e dinâmica política que transforme a estrutura social desigual, desequilibrada e predatória que vem sendo estabelecida nos diversos pontos do território.
É preciso, em primeiro lugar, combater a insustentabilidade social. O que resultará na democratização da renda e no acesso a terra, aos recursos naturais, aos serviços básicos a sobrevivência, e aos de consumos úteis de forma igualitária.
2.2. TEMÁTICA NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
A proposta de trabalhar com questões de urgência social sob a perspectiva da transversalidade apontam para o compromisso a ser partilhado pelos professores de todas as áreas, uma vez que o tratamento dado aos conteúdos de cada área possibilita ao aluno a compreensão ampla de tais questões, que incluem a aprendizagem de procedimentos e desenvolvimentos de atitudes. (PCNs de Geografia-terceiro e quarto ciclo, p. 41).
Para estudar a EA a partir dos PCNs, se faz necessário, uma análise de como esses documentos trata tal questão, principalmente, os Parâmetros de geografia e os Parâmetros que tratam dos Temas Transversais. Ambos destinados ao Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental, objeto de estudo deste trabalho.
Os PCNs de geografia, acima citados, prescrevem:
Como o objeto de estudo da Geografia, no entanto, refere-se às interações entre a sociedade e a natureza, um grande leque de temáticas de ambiente está necessariamente dentro do seu estudo. Pode-se dizer que quase todos os conteúdos previstos no rol do documento de Meio Ambiente podem ser abordados pelo olhar da Geografia. (...). Ao cuidar dos temas desse eixo, o professor poderá dar um tratamento mais aprofundado, abordando o campo da ecologia política, discutindo temas tais como as mudanças ambientais, globais, a questão do desenvolvimento sustentável ou das formas de ocorrência e controle da poluição (p. 46).
Percebe-se aqui, por mais que de forma implícita, que a proposta da Geografia para a questão ambiental deve favorecer uma visão concreta dos problemas de ordem local, regional e global, compreendendo e explicando, fornecendo elementos para tomadas de decisões e permitindo intervenções necessárias para a melhoria e a manutenção do equilíbrio ambiental.
Desse modo, "parecem evidentes as possibilidades de a Geografia integrar-se ao tema meio ambiente", PCN (p. 46). Na perspectiva de a partir de suas abordagens peculiares, transmitir aos educandos elementos necessários para que os mesmos sintam-se responsáveis pelo meio ambiente, tanto quanto são por suas vidas. Já que são partes integrantes da natureza, se faz premente uma compreensão da realidade para depois atuarem criticamente na mesma.
A preocupação com o meio ambiente inserido nas disciplinas escolares ainda é tão supléfua que existem alunos que tiram sempre 10 nas avaliações, mais, ainda assim, jogam lixo na rua, pescam em período de reprodução, colocam fogo no mato indiscriminadamente, ou realizam outros tipos de ação danosa, seja por não perceberem a extensão dessas ações ou por não se sentirem responsáveis pelo mundo em que vivem.
Daí a necessidade de uma educação concreta que leve seus educandos a entenderem as conseqüências ambientais de seus atos, estejam no trabalho, jogando bola, na escola, enfim, onde quer que estejam.
De acordo com os PCN?s (Temas Transversais, 1998, p. 169):
A solução dos problemas ambientais tem sido considerada cada vez mais urgente para garantir o futuro da humanidade e depende da relação que se estabelece entre sociedade / natureza, tanto na dimensão coletiva quanto na individual.
Constata-se que essa concepção já alcançou a escola, por mais que de forma desconectada de sua realidade, e muitas iniciativas têm sido tomadas em torno dessa questão, por inúmeros educadores país a fora. Mais ainda se faz mister a adequação da EA como Tema Transversal nos currículos escolares, de modo que permei toda a prática educacional.
Na ótica dos PCN?s, a perspectiva ambiental baseia-se em um modo de ver o planeta no qual se evidenciam as inter-relações e se faz imperativo a interdependência dos diversos elementos na formação e manutenção da vida. Já que nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, alicerçado na industrialização desenfreada, com uma forma de produção e organização do trabalho que não permitia que o operariado pensasse nos prejuízos que seus atos podiam trazer para a natureza. Impedindo-o de se sentir parte do ambiente. Sobre isso os PCN?s, alertam:
Tornaram-se hegemônicas na civilização ocidental as interações sociedade / natureza adequadas às relações de mercado. A exploração dos recursos naturais se intensificou muito e adquiriu outras características, a partir das revoluções industriais e do desenvolvimento de novas tecnologias, associadas a um processo de formação de um mercado mundial que transforma desde a matéria-prima até os mais sofisticados produtos em demandas mundiais. Temas Transversais (1998, p. 173).
Quando se trata de discutir a questão ambiental, nem sempre os representantes do povo, ou representantes de grupos capitalistas, explicitam o peso que tal atividade de mercado, tem na determinação das condições de conservação e manutenção do meio ambiente, o que dá à interpretação dos principais danos causados a natureza "como fruto de uma ?maldade? intrínseca ao ser humano". PCN?s, Temas Transversais (1998, p. 173). Ou por que não utilizar as palavras do ilustre Reigota, (2004, p. 11), para confirmar o que se defendeu até agora? Eis como o homem do século XX comportou-se em face à natureza:
O homem contemporâneo vive profundas dicotomias. Dificilmente se considera um elemento da natureza, mas como um ser à parte, observador e/ou explorador da mesma. Esse distanciamento fundamenta as suas ações tidas como racionais, mas cujas conseqüências graves exigem dos homens, nesse final de século, respostas filosóficas e práticas para acabar com o antropocentrismo e o etnocentrismo.
Ainda nessa perspectiva, percebe-se que os rápidos avanços tecnológicos viabilizaram formas de produção de bens como conseqüências indesejáveis que se agravam com rapidez inigualável. A exploração dos recursos naturais passou a ser realizada de forma demasiadamente intensa, a ponto de se colocar em risco a sua renovabilidade. Muitas vezes pela falta de conhecimento sobre reorganização natural do meio ambiente.
Pois a necessidade de entender mais sobre os limites da renovabilidade dos recursos essenciais, como água, solo, dentre outros, é relativamente nova. Segundo os PCNs, Temas Transversais (1998).
Recursos não-renováveis, como o petróleo, ameaçam acabar. De onde se retirava uma árvore, agora se retiram centenas. Onde moravam algumas famílias, consumindo escassa quantidade de água e produzindo poucos detritos, agora moram milhões de famílias, exigindo a manutenção de imensos mananciais e gerando milhares de toneladas de lixo por dia. Santos (1997).
Além disso, a degradação dos ambientes intensamente urbanizados nos quais se insere a maior parte da população brasileira também é razão de ser deste tema. "A fome, a miséria, (...), de grande parte da população brasileira são fatores fortemente relacionados ao modelo de desenvolvimento e suas implicações". PCN?s, Temas Transversais (1998, p. 175).
Outro problema que dificulta muitas iniciativas de proteção ao meio ambiente, é a própria perspectiva das necessidades imposta pelo mercado. Um bom exemplo disso vem da II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio/92, que estabeleceu uma série de diretrizes para um mundo ambientalmente mais saudável, incluindo metas e ações consideradas, concretas.
Entre outros documentos, aprovou-se a ?Agenda 21?, que reúne propostas de ação para os países e os povos em geral, bem como estratégias para que tais ações sejam cumpridas. Os países da América Latina e do Caribe apresentaram a ?Nossa Agenda?, com suas prioridades. Ficando para os governos locais a responsabilidade de apresentar a ?Agenda Local?. Atendendo aos anseios e necessidades particulares de cada nação. Reigota (2004).
Nota-se, portanto, que todas estas recomendações e tratados internacionais, evidenciam a importância atribuída por lideranças de todo o mundo para a EA como meio indispensável à criação e aplicação de formas cada vez mais sustentáveis de relação homem/natureza.
Infelizmente, apesar da importância desses tratados, boa parte dessas diretrizes e metas, ainda não foi posta em prática, "... principalmente as de grande escala, pois a competição no mercado internacional não permite". PCN?s, Temas Transversais (1998, p. 177).
Existe atualmente uma indagação mundial acerca da ação humana sobre a face da Terra. Não se sabe se a humanidade está vivendo uma crise ambiental ou se uma crise civilizatória. Nesta perspectiva, tenta-se chamar a atenção dos envolvidos no processo educacional do município de Serrinha, para a criação de uma nova visão de mundo.
Para se perceber que o ser humano não é o centro da natureza, e por isso, deve se comportar não como seu dono, mas, como parte dela. Para assim, "resgatar a noção de sua sacralidade, respeitada e celebrada por diversas culturas tradicionais antigas e contemporâneas". PCN?s, Temas Transversais (1998, p. 179), como bem o faziam os povos indígenas antes de serem corrompidos pelos costumes do homem branco.
Evidentemente, a educação sozinha não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente é o começo necessário para a "construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado", PCN?s, Temas Transversais (1998, p. 181). O que requer responsabilidade individual, e coletiva em níveis local, nacional e planetário.
Segundo os PCN?s, Temas Transversais (1998), isso é competência da EA no Brasil, imposta tacitamente, pela CF/88, quando se torna exigência a serem garantidas pelos poderes federal, estaduais, e municipais (art. 225, parágrafo 1º, inciso VI). Que devem assumir o compromisso de: "promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente". BRASIL, CF/88 (2003, p. 130).
Observa-se que o objetivo do Legislador é garantir a formação de brasileiros conscientes da importância do meio ambiente e das formas de preservá-lo. Para isso, se faz necessário à obrigatoriedade da Educação Ambiental "nos currículos escolares, a elaboração de campanhas destinadas ao esclarecimento da população geral", Neiman e Mota (1991, p. 37), o apoio à ação das diversas instituições que desenvolvem trabalhos na área da preservação ambiental, dentre outros.
CAPITULO II
3 A EFETIVIDADE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS DO RIO GRANDE DO NORTE
Dentre os grandes problemas do mundo contemporâneo, estão os impactos ambientais provocados pela busca contínua e desenfreada do lucro a qualquer custo. O crescente desenvolvimento econômico vem gerando dificuldades para a natureza repor os recursos necessários à produção capitalista, criando um descompasso entre o tempo necessário para esta reconstruísse de maneira equilibrada, e o tempo do capitalismo, que está preso à intensificação da produção. Galvão (2002). O que gera os principais impasses entre as necessidades de sobrevivência do homem e a velocidade de recuperação do planeta.
Para início de conversar sobre a efetividade da EA nas escolas do estado do Rio Grande do Norte, parte-se da seguinte questão: o que se quer realmente atingir com essa modalidade de educação? Com o auxílio do senso comum, podería-se dizer que está se buscando a melhoria da qualidade de vida, tendo por base a interpretação da natureza pela ciência que aplica suas conquistas na sociedade via tecnologia.
No Brasil, o desenvolvimento industrial vem transformando e agredindo progressivamente a natureza, beneficiando os interesses econômicos imediatos da sociedade de consumo. E isso se vem dando, principalmente a partir do período pós-segunda guerra, "quando o país adotou um modelo padronizado, econômica e tecnologicamente, como única possibilidade de desenvolvimento". Galvão (2002, p. 57).
É notório, que desde a segunda metade do século XX, a EA vem sendo tematizada e apontada como solução para os problemas da Humanidade, por aqueles que se preocupam com os problemas ambientais causados pelos modelos de desenvolvimento dos diferentes países e regiões do globo.
Infelizmente, tais atitudes não chegaram às escolas de forma homogênea, o que dificulta a sua implantação de modo efetivo pelas diversas comunidades escolares espalhadas pelo país. O que emperra sua disseminação de maneira igualitária pelos setores que formam a educação brasileira.
Atrelado a isso, tem-se ainda a falta de investimentos por parte do poder público, que por representar muitas vezes, os interesses das classes dominantes, exime-se da responsabilidade de fornecer uma educação de qualidade, onde as práticas ambientais sejam uma constante no cotidiano dos educadores e educandos do Brasil.
O Tratado da Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, um dos principais documentos de referência para a EA, pactuado no Fórum das ONGs que aconteceu no Rio de Janeiro, paralelamente à Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a Eco-92, - principal documento de referencia para os educadores ambientais mais comprometidos com a dimensão sócio-ambiental da educação em vários países -, reconhece e assegura a educação de qualidade como um direito dos cidadãos e firma posição na educação transformadora.
O Tratado, ao chamar a atenção das populações mundiais a assumir suas responsabilidades, individual e coletivamente, para cuidar do ambiente, aponta diretrizes gerais para a educação ambiental do seguinte modo:
[...] A educação ambiental para a sustentabilidade eqüitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. [...]. Isto requer responsabilidades individual e coletiva no nível local, nacional e planetário. FÓRUM INTERNACIONAL DAS ONGs, (1995).
Embora seja reconhecida como uma necessidade da sociedade contemporânea, a EA não é uma modalidade de educação cujos princípios, objetivos e estratégias educativas são iguais para todos aqueles que a praticam. Ou seja, existem diferenças conceituais que resultam na construção de diferentes práticas educativas ambientais.
Há aqueles que pensam em uma EA como instrumento de controle disciplinatório e moralista, como se tentassem promover um adestramento ambiental; os que pensam numa EA como responsável pela transmissão de conhecimentos técnicos e científicos sobre os processos ambientais.
E por últimos estão os vêm a EA como um processo político de apropriação crítica e reflexiva de conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos que tem como objetivo a construção de uma sociedade sustentável do ponto de vista ambiental e social ? Educação Ambiental transformadora e emancipatória, Loureiro (2000).
Pois, se a EA exige definição conceitual, é importante que seja estudada, analisada e refletida para que, mais competente e conseqüente, conceitual e praticamente, cumpra seu papel respondendo as expectativas que se tem criado sobre a sua atuação efetiva.
Então, é desta perspectiva, da EA crítica, transformadora e emancipatória, que se pretende avaliar a aplicabilidade de tal modalidade de ensino nas escolas da rede estadual de ensino do RN.
Dentre os principais problemas que afetam o meio ambiente no RN, destacam-se a ameaça aos manguezais, à devastação das dunas, o aproveitamento predatório dos aqüíferos espalhados pelo Estado, o destino dos resíduos sólidos, além da intensa urbanização que vem sendo acelerada pelas mudanças tecnológicas, principalmente nas cidades que formam a Grande Natal. Galvão (2002).
Um outro grave problema diz respeito à evolução da desertificação nas áreas interioranas, "sem dúvida, o ecossistema mais comprometido". Galvão (2002, p. 58). O que prejudica cada vez mais o homem do campo, diretamente, devido a sua necessidade de sobrevivência a partir do cultivo de culturas de subsistência em terras que há muito perderam sua fertilidade, por causas das agressões resultantes das queimadas, do mau preparo do solo, pela falta de conhecimentos técnicos, dentre outros.
Daí a necessidade de um trabalho realizado de forma geral, partindo do poder público que representa as diversas comunidades municipais que formam este estado. Mas infelizmente, o que se percebe é o descaso dessa instância da sociedade, a não ser, alguns pequenos projetos desenvolvidos por poucos professores, de forma isolada em algumas escolas da capital ou de alguns municípios do interior.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA/MUNICÍPIO DE SERRINHA ? RN
Em meados do século XIX, surgiu uma pequena comunidade rural situada nas proximidades de um olho d água, encravado ao pé de uma serra, que ficou conhecida como Serrinha do Olho d Água.
Com o objetivo de melhorar o aproveitamento e evitar o desperdício da água, foram construídos vários cacimbões em torno do olho d água. Dos quais, dois existem atualmente e, no ano de 2004, foram restaurados pelo poder público municipal.
A comunidade de Serrinha do Olho d Água teve seu desenvolvimento lento e sempre voltado para as atividades agropecuárias. Principalmente, na criação bovina de gado leiteiro e gado de corte, como também na agricultura de subsistência, realizada basicamente pelas pessoas que não possuíam terras e se utilizavam de terrenos de terceiros para poder prover a sua sobrevivência e a de seus familiares.
Teve sua emancipação política, no dia 2 de outubro de 1963, pela Lei de nº. 2.942, desmembrando-se definitivamente, do município de Santo Antonio. Assim, o então povoado de Serrinha do Olho d Água, foi elevado à categoria de município com o nome de Serrinha, gozando eqüitativamente, de todas as prerrogativas conferidas por leis federais e estaduais a todos os municípios deste país.
O município de Serrinha localiza-se na Região Agreste do Estado do Rio Grande do Norte e dista 70 km da cidade de Natal, capital desta Unidade Federal, com uma área territorial de 193,4 km2, o que equivale a 0,37% da superfície estadual. (IDEMA, RN).
Estando sua sede a 90 m do nível do mar. Com predominância do clima Semi-árido. Seu período chuvoso concentra-se entre março e agosto, com uma precipitação pluviométrica média de 750 mm ao ano. (IBGE 2007). O que dificulta os meios de sobrevivência de inúmeras famílias que dependem de uma quantidade de chuvas considerável para poder desenvolver sem prejuízo suas atividades agrárias.
Na sua formação vegetal há a predominância da vegetação de Caatinga Hipoxerófila, - vegetação de aspecto menos agressivo do que a Caatinga Hiperxerófila. Entre outras espécies destacam-se a catingueira, angico, juazeiro, braúna, marmeleiro, mandacaru e umbuzeiro.
Geologicamente o município caracteriza-se por dois tipos de terreno: o Embasamento Cristalino e as Coberturas Colúvio-Eluviais. O Embasamento Cristalino aflora na porção Sul do mesmo nas partes mais baixas, nos vales dos principais rios, de Idade Pré-Cambriana Média. Enquanto as Coberturas Colúvio-Eluviais ocupam a porção Norte, nas partes topograficamente mais altas do município, são caracterizadas por espessos solos arenosos, lixiviados e inconsolidados, de Idade Quaternária. IDEMA RN.
O solo do município de Serrinha sofre a predominância do Planossol Solódico, caracterizado por alta fertilidade natural, textura argilosa e arenosa, relevo suave ondulado, imperfeitamente drenado e raso. IDEMA, RN.
O uso desse solo baseia-se principalmente, na pecuária e em pequenas áreas para a produção de milho, algodão e feijão consorciados, além de sisal e palma forrageira. Seu aproveitamento racional com a pecuária requer melhoramento das pastagens, devido sua indisponibilidade de reservas aqüíferas.
A irrigação nestes solos é problemática, devido à pequena profundidade, problemas de manejo e considerável teor de sódio, o que deixa a água extraída de alguns poços, impossibilitada para o consumo humano e para o manejo da mesma com a agricultura, (Escritório da Emater no Município de Serrinha).
Este município limita-se ao Norte com Lagoa de Pedras, Lagoa Salgada e Boa Saúde; ao Sul com Santo Antonio e Lagoa D anta; a Leste com Santo Antonio e Lagoa de Pedras e a Oeste com São José do Campestre.
Sua população apresentava-se em dezembro de 2007, em um total de 6.750, IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, 2007), com cerca de 70 %, vivendo na zona rural. Percebe-se que é um município de população predominantemente rural. Onde os meios de sobrevivência prendem-se ao funcionalismo público, a agricultura de subsistência e a pequenas criações bovinas e caprinas. Sendo que a maioria dos trabalhadores não tem terra para o cultivo. Portanto, vê-se obrigada a "submissão" em algumas fazendas da região para sobreviver, principalmente em épocas de estiagem.
Segundo a Secretaria Municipal de Agricultura (2007), a desertificação, conseqüente da falta de conhecimentos técnicos do homem do campo, é o principal problema ambiental da zona rural. Uma vez que para as práticas agrícolas, os agricultores serrinhenses, dependem do trabalho braçal e da tração animal com implementos agrícolas simples.
Como no restante do estado ou do país, neste município há um grande número de estudantes fora de faixa, uma grande parcela da juventude fora da escola, sem emprego. Muitos, com mais de 25 anos e ainda não concluíram o Ensino Médio, nem tampouco, viveram o sonho do primeiro emprego (Secretaria Municipal de Educação, 2007).
É para alunos oriundos desta realidade que o corpo docente da Escola Estadual "Domitila Noronha", deve voltar seu olhar no intuito de resgatá-los, de fazer com que eles sintam-se co-responsáveis pelo processo ensino/aprendizagem a ser desenvolvido nesta escola, para que no futuro se tenha neste município, alunos críticos e responsivos, verdadeiros agentes de transformação da social, como tão bem sonhou o insigne Paulo Freire, em sua obra Pedagogia da Autonomia.
O Sistema Educacional Municipal conta com um quadro efetivo de 97 professores que desenvolvem suas práticas pedagógicas nas 22 escolas espalhadas pelas diversas comunidades que o compõem. Além de contar com uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental nas séries iniciais da rede privada, e com a Escola Estadual "Domitila Noronha", (palco da parte experimental deste trabalho), que oferece do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. Somando uma média anual de 3000 alunos matriculados em nível de município. (Secretaria Municipal de Educação, 2007).
As principais ruas da sede do município de Serrinha estão em perfeitas condições de uso, no entanto, as ruas consideradas menos importantes, são permeadas de crateras, o que necessita urgentemente de reparos para o bem coletivo dos moradores desta cidade.
Pela falta de esgotamento sanitário e/ou saneamento básico, os dejetos oriundos das fossas e os esgotos normais, correm a céu aberto. Lixos são constatados sem dificuldade em lugares habitados.
O rio que banha a maior parte do município nas épocas de enchentes, já que é provisório, não pode ser utilizado devido os esgotos da cidade despejarem seu conteúdo nele sem nenhum tratamento.
Sem deixar de citar a destruição de grande parte da Serra , (A destruição da serra resultou em cerca de 20 %. Segundo a ASCOAM ? Associação de Conservação Ambiental ? Serrinha/RN), maior patrimônio paisagístico natural e de cunho simbólico do município.
3.2. A ESCOLA ESTADUAL DOMITILA NORONHA: PALCO DAS ATIVIDADES EMPÍRICAS DESTE TRABALHO
A Escola Estadual "Domitila Noronha", localizada na Rua José Correia de Andrade em uma área residencial, sob o nº. 36 na sede do município de Serrinha, foi criada pelo decreto 10.232 de 09 de dezembro de 1988. Oferta os seguintes níveis de ensino: do 1º ao 5º ano de Ensino Fundamental no turno Vespertino, do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental no turno Matutino e da 1ª a 3ª série do Ensino Médio no turno Noturno.
Esta Escola dispõe atualmente de um Conselho Escolar, do Conselho Fiscal e do Grupo "Amigos da Escola", no entanto, constata-se a existência de propostas para a criação de um Grêmio Estudantil, onde os alunos poderão participar de maneira mais efetiva de todas as atividades por ela desenvolvidas.
Fisicamente, a escola é formada por uma diretoria, uma secretaria, uma mini-biblioteca, uma sala de vídeo, sete salas de aulas, um auditório, que devido à demanda de alunos está sendo utilizado como sala de aula, uma cozinha, dois banheiros para os alunos sem nenhuma adaptação para portadores de necessidades especiais e dois para os funcionários, uma quadra de esportes deteriorada e um mini-campo.
Porém, é notória a necessidade de elementos que apontem para a inclusão de Portadores de Necessidades Especiais na estrutura das instalações físicas deste estabelecimento de ensino, não obstante a existência de alguns Portadores de Deficiências que se "misturam" aos considerados sadios na tentativa de sobreviver em meio aos diversos obstáculos que as estruturas arquitetônicas lhes oferecem.
3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A necessidade do desenvolvimento da temática ambiental nas unidades escolares surge como uma possibilidade para mudança de atitudes, valores e comportamentos, cuja implantação da EA nos diferentes níveis de escolares e a integração dos conteúdos nos programas de ensino pode ser uma das propostas para alterar o atual estado de agressão que se encontra o planeta. Faz-se necessário conhecer a realidade local para propor a intervenção a partir do diagnóstico.
Por meio deste trabalho de pesquisa procurou-se proporcionar um maior entendimento sobre o desenvolvimento do processo educativo referente às atividades em EA no Município de Serrinha, desenvolvido em especial, pela Escola Estadual Domitila Noronha.
3.4 RECORTE TEÓRICO-METODOLÓGICO
Do ponto de vista teórico metodológico, optou-se pela Teoria das Representações Sociais desenvolvida por Moscovici (1978). E defendida por Dias (2004), Galvão (2002), Reigota (2004) e entre outros.
Em se tratando da natureza e das relações dos homens com a mesma e dos homens com outros homens, faz-se necessário conhecer as representações que os mesmos fazem sobre o meio ambiente e entender as relações que se estabelecem entre o individual e o coletivo.
Reigota (2004) destaca que um dos desafios da EA é sair da ingenuidade e do conservadorismo (biológico e político) que se viu confinada e propor alternativas sociais, considerando a complexidade das relações humanas e ambientais.
O mesmo autor relata ainda que a prática da EA depende da concepção que se tem de meio ambiente. Como ponto de partida de toda prática, é necessário conhecer as representações de meio ambiente, das pessoas envolvidas no processo pedagógico. Segundo os PCNs (1997. p. 31):
[...] o meio ambiente não representa um conceito pronto e definitivo. É mais relevante estabelecê-lo como uma "representação social", cuja visão evolui no tempo e depende do grupo social em que é utilizada. São essas representações e suas modificações ao longo do tempo, que importam. [...].
Mas afinal, o que é meio ambiente? O que significa representação social? Esses termos têm estado presentes nas escolas? Os profissionais que nela atuam conseguem estabelecer uma relação com esses termos? É possível que os professores trabalhem essa temática sem ter conhecimento prévio dessas definições? Será que não está faltando ideologia educacional nas práticas pedagógicas dos educadores brasileiros?
Reigota (2002) salienta que o primeiro passo para a realização da EA deve ser a identificação das representações das pessoas envolvidas no processo educativo. As representações sociais brotam da relação que os indivíduos estabelecem entre si e da relação que estabelecem com a realidade que os circunda. Por isso, as representações sociais são ideológicas.
Nas palavras de Malrieu, citadas por França (2006, p. 56):
A representação social é a objetivação de uma situação vivida que pode ser recordada e reconstruída a partir do momento em que o sujeito estabelece relação entre os elementos que constituem a situação. Tal representação ocorre em função das atividades sociais que o indivíduo estabelece, através da comunicação com os demais elementos do grupo ao qual ele pertence.
Moscovici (1997, apud França 2006), postula dois processos importantes na formação das representações sociais. São eles; a ancoragem e a objetivação. A ancoragem seria a integração cognitiva que se faz do sujeito ou da situação representada. É criada a partir de uma rede de significações em torno do objeto. Já através da objetivação é dada uma concretude às imagens, às noções.
Ainda segundo o autor, o conteúdo das representações sociais pode ser estruturado a partir de três dimensões: a informação, a imagem e as atitudes ou valoração. A informação seria o conhecimento obtido por fontes diversas (meios de comunicação, literatura, diálogo, entre outros) que determinado grupo ou indivíduo detém frente a determinado objeto social; é o dado não conhecido.
A imagem ou o campo de representação seria o conteúdo concreto do objeto representado, colocado em uma hierarquia de elementos; é a imagem formada do objeto representado.
Por fim a atitude seria a orientação global em relação ao objeto representado; seria o sentimento, o julgamento de valor do indivíduo frente ao objeto representado. Esta tomada de posição pode assumir uma valoração positiva, negativa ou neutra.
Este conceito reportado para a realidade educacional, torna-se importante, tendo em vista que as representações sociais determinam à formação e a orientação de condutas, modelando o comportamento e justificando a sua expressão. Campos e Loureiro (2003, apud França 2006) destacam que tal perspectiva permite a percepção de como os sujeitos que fazem parte da realidade escolar, interagindo assimilam, veiculam e constroem determinados conceitos que acabam por refletir e orientar pensamentos, opiniões e ações destes sujeitos.
O ser humano possui as mais diversas formas de expressão sejam elas discursivas, verbais, escritas, visuais ou corporais. Todas essas formas expressam suas representações ou o entendimento da realidade circundante. Essas características quando inseridas no âmbito escolar são relevantes para que se compreendam as representações sociais do grupo envolvido, do meio em que está inserido e a relação com os mesmos.
Tomando como referência a escola e levando em consideração como ela trabalha, pode-se verificar que ela contribui para a formação das representações sociais. No entanto, ela não é a única e pode não ser considerada a principal difusora para consolidar as representações sociais, mas tem uma grande relevância neste sentido.
As representações sociais dos entrevistados são analisadas através das perguntas do questionário e das entrevistas, indicando qual a interpretação que os entrevistados dão ao tema meio ambiente e a EA, tendo em vista que as mesmas são produzidas pelas relações sociais existentes e ao mesmo tempo essas relações são reproduzidas.
Ao analisar as representações sociais dos professores sobre EA, será possível entender os possíveis caminhos de sua prática social e conhecer as concepções que possuem e como agem em relação aos problemas ambientais.
3.5 INSTRUMENTOS DE PESQUISA
Este trabalho procura compreender como os docentes do Ensino Básico do Município de Serrinha se colocam perante as possibilidades de um trabalho educativo que incorpore as questões ambientais.
Foram utilizados dois instrumentos de pesquisa: O primeiro instrumento foi um questionário estruturado com questões semi-fechadas (Anexo 1), aplicado a todos os professores que atuam na escola selecionada, (Escola Estadual Domitila Noronha).
No questionário, buscou-se aferir informações como: representação social de meio ambiente e EA, nível de conhecimento, grau de interesse, envolvimento e grau de motivação. Visando entender como o pesquisado vê o tema e em que contexto ele se situa para reagir e esse mesmo.
O segundo instrumento de pesquisa foi uma entrevista especialmente estruturada para esse fim, com questões abertas (Anexo 2). Para a escolha das(os) entrevistadas(os) o pesquisador procedeu a uma consulta aos que se disponibilizariam dar entrevista gravada.
Foram entrevistados 10 professores com o propósito de diagnosticar as representações sociais dos mesmos sobre a problemática ambiental e a EA. A opção pela entrevista justifica-se pelo fato de colocar pesquisador/pesquisado frente à realidade, podendo oferecer mais liberdade ao informante para expressar e justificar suas concepções.
3.6 ANÁLISE DOS DADOS
Tanto a coleta de dados como as análises das respostas dos professores tiveram como recomendação os pressupostos que estão presentes e que fundamentaram as chamadas abordagens quanti-qualitativas, Freitas e Janissek, (2000, apud França, 2006).
A partir das respostas dos informantes referentes à entrevista, foi aplicada a análise de conteúdo, de forma a sistematizar a busca de dados e informações, no intuito de possibilitar o entendimento e codificar as respostas dadas.
No desenvolvimento da pesquisa foram citados trechos das respostas dos professores com a finalidade de obter uma idéia sobre o todo, apresentando dados qualitativos, por ser de natureza aberta. Quanto às respostas do questionário definiu-se por indicadores de quantidade, por se tratar de respostas fechadas.
Os dados foram agrupados em categorias , recebendo um tratamento quanti/qualitativo, a fim de evidenciar os resultados relativos aos objetivos da pesquisa. Os resultados das questões quantitativas foram agrupados de acordo com a natureza das perguntas e a seqüência lógica dos assuntos (diferentemente do posicionamento das questões no questionário) a fim de facilitar a compreensão do leitor.
CAPÍTULO III
4 OS PROFESSORES DE SERRINHA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: DIAGNOSTICANDO AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Ao longo deste capítulo, analisar-se-ão os resultados obtidos por meio de uma pesquisa de campo, realizada com os professores da Escola Estadual Domitila Noronha, Serrinha ? RN, entre os meses de abril a outubro de 2007. Foram distribuídos 20 questionários atingindo assim todos os professores contendo perguntas fechadas e abertas.
Na seqüência, foram realizadas dez entrevistas com informantes que se dispuseram com o propósito de verificar como os professores concebem o meio ambiente, a problemática ambiental que os envolve e o que os mesmos estão fazendo em suas atividades pedagógicas em termos de EA. Abaixo segue a descrição e análise dos dados.
4.1 MEIO AMBIENTE
Como o termo meio ambiente é bastante amplo e permite associá-lo a diferentes aspectos, foi inserido nos instrumentos de pesquisa duas perguntas com o propósito de compreender como os próprios educadores concebem o meio ambiente. Na questão de 63 número 24 da entrevista, realizada com dez informantes , perguntou-se: "o que você entende por meio ambiente"? Apesar das diferenças entre as respostas, há um aspecto em comum entre os depoimentos que cabe uma observação. A maioria dos entrevistados afirma que o meio ambiente envolve tudo o que "nos rodeia, nos cerca e nos envolve". As respostas demonstram fortes resquícios de uma concepção que Reigota (2004, p. 74) chama de "visão naturalista". Meio ambiente é concebido como sinônimo de natureza.
[...] É tudo aquilo que está ao nosso redor, que nós devemos, [...], e conservá-lo e isso depende da cada um de nós, [...]. (informante 01).
[...] Todos os componentes físicos que compreendem o ambiente em que vivemos. (Informante 02).
[...] Acredito e sempre acreditei que meio ambiente é tudo aquilo que nos rodeia, [...], enquanto habitantes do planeta terra. (Informante 04).
[...] Para mim significa vida, tudo o que nos cerca. (Informante 06).
[...] Meio ambiente é tudo que envolve a vida do homem (Informante 07).
A tomar pelos depoimentos, meio ambiente envolve, sobretudo, os elementos abióticos (ar, solo, água, entre outros). O ser humano e tudo o que ele produz (a chamada segunda natureza) praticamente não são considerados partes integrantes do meio ambiente. Os resultados demonstram que os informantes relacionam o meio ambiente com os conteúdos programáticos dos livros didáticos.
No intuito de aprofundar um pouco mais a concepção que os professores têm do meio ambiente, propõe-se no questionário uma série de itens, solicitando que assinalassem aqueles que fazem parte do meio ambiente. Observem-se as respostas:
Gráfico 1: Elementos que fazem parte do meio ambiente
Fonte: o autor.
Os dados deste gráfico reforçam as análises comentadas anteriormente. Os itens bióticos (animais, plantas) e abióticos (rios, lagos, mares, chuvas, e morros) ligados diretamente à natureza, Berna (2001), tiveram maior indicação. Os itens que se referem ao ambiente construído (sítios, prédios, estradas, casas, praças, parques, etc.) receberam menor indicação. Em decorrência do que os dados revelam, é possível afirmar que os informantes têm dificuldades em reconhecer o ambiente construído como parte do meio ambiente.
4.2 A PERCEPÇÃO DA PROBLEMÁTICA ECOLÓGICA LOCAL/GLOBAL
Dando seqüência ao tema anterior, propôs-se uma série de questões com o propósito de levar os informantes a avaliarem os problemas ambientais mais prementes, tanto locais quanto globais. Na pergunta de número 16 da entrevista, indaga-se os professores sobre o que eles entendiam por problemas ambientais. Algumas das respostas foram dadas:
[...] É o esgoto a céu aberto, a poluição sonora, a poluição do ar, os rios desassoriados né, [...], o desmatamento e tudo isso é uma questão de problemas ambientais do nosso município e no mundo né. (Informante 01).
[...] Poluição, desmatamento, toda agressão que o ser humano comete ao meio ambiente em que está inserido (Informante 02).
[...] São disfunções ou desajustes causadas pela má administração humana em relação aos recursos naturais. (Informante 05).
[...] São as mudanças que estão ocorrendo com o clima, [...], lixo por toda a parte. (Informante 06).
Dois aspectos fundamentais aparecem nos depoimentos que merecem um comentário. Em primeiro lugar, as respostas deixam clara a associação que os informantes fazem entre meio ambiente e natureza. Perguntados sobre os problemas ambientais, a quase totalidade respondeu que eles estão na natureza física. Os problemas ambientais mais citados são: esgoto, desmatamento e queimadas.
Em segundo lugar, percebe-se que em praticamente todas as respostas o homem aparece como o grande responsável pelos problemas ambientais. Aqui também aparece claramente a separação entre homem e natureza. Além do ser humano não ser indicado como componente essencial do meio ambiente, ele é apontado como o principal causador dos problemas ambientais. Como se este fosse apenas um manipulador intocável.
Em síntese, as concepções dos informantes com relação ao termo meio ambiente, influenciam no modo de agir e pensar, cuja ação reflete claramente na prática educativa. Na questão de número 5 do questionário, solicitou-se aos informantes que entre os itens sugeridos, assinalassem quais eram efetivamente problemas ambientais:
Tabela 1: Problemas ambientais.
Problemas Ambientais Quantidade Citada Freqüência
Pobreza 08 40 %
Assoreamento dos rios 19 95 %
Desmatamento e queimada 20 100%
Dejetos animais 12 60 %
Aquecimento Global 10 50%
Barulho de buzina 08 40 %
Poluição visual e sonora 14 70 %
Desertificação 14 70 %
Muros pichados (faixas cartazes) 08 40 %
Fumaças diversas (indústrias, veículos etc.) 19 95 %
Extinção das espécies animais e vegetais 17 85 %
Riqueza concentrada 05 25 %
Crescimento populacional 12 60 %
Falta de água tratada 17 85 %
Poeira 14 70 %
Trânsito 11 55 %
Lixo a céu aberto 20 100 %
Esgoto a céu aberto 20 100 %
Poluição das águas 19 95 %
Enchentes e enxurradas 12 60 %
Destruição da camada de ozônio 14 70 %
Fonte: O autor.
Os dados dessa tabela reforçam a tese de que entre os professores ainda prevalece uma concepção naturalista de meio ambiente. Os itens que receberam maior indicação foram: o lixo e o esgoto a céu aberto, desmatamento, queimadas, poluição das águas, contaminação do solo por agrotóxicos, assoreamento dor rios, fumaça, entre outros.
Os itens menos indicados foram justamente àqueles ligados à sociedade e ao meio ambiente construído: pobreza, riqueza concentrada, trânsito, crescimento populacional. Os itens que se referem aos muros pichados e ruídos sonoros (buzina) não tiveram indicações expressivas talvez por serem praticados eventualmente. Aparecem despercebidos e é considerado relativamente menos agressivo ao meio ambiente por não serem associados como sinônimos de problemas ambientais.
Visando aprofundar ainda mais a percepção ambiental dos professores, na questão 8 do questionário, sugeriu-se treze alternativas para que avaliassem os problemas ambientais indicados a partir de seu grau de gravidade: grave, pouco grave e nada grave.
Para avaliar cada um dos itens foi solicitado que tomassem como referência o seu município de origem, Serrinha.
Tabela 2: Gravidade dos problemas ambientais
Problemas Ambientais Grave Pouco grave Nada grave Não resposta
Lixo 81,7 % 10,0 % 1,7 % 6,7 %
Esgoto a céu aberto 65,0 % 26,7 % 1,7 % 6,7 %
Desmatamento e queimada 43,3 % 46,7 % 0,0 % 10,7 %
Poeira 50,0 % 36,7 % 1,7 % 11,7 %
Dejetos animais 23, 3 % 45,0 % 18,3 % 13,3 %
Uso indiscriminado de agrotóxicos 81,7 % 10,0 % 1,7 % 6,7 %
Enxurradas 41,7 % 53,3 % 0,0 % 5,0 %
Falta de saneamento básico 65,0 % 26,7 % 3,3 % 5,0 %
Doenças causadas por agrotóxicos 55,5 % 36,7 % 1,7 % 6,7 %
Ocupação em área de preservação 33,3 % 35,0 % 25,0 % 6,7 %
Esgoto doméstico 89,3 % 28,3 % 0,0 % 3,3 %
Problemas sócio-econômicos 60,0 % 28,3 % 3,3 % 8,3 %
Poluição em geral 68,3 % 26,7 % 0,0 % 5,0 %
Fonte: O autor.
Se o critério "grave", for tomado como referência, observa-se que os problemas ambientais mais citados são: lixo (81,7%), uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras (81,7%), esgoto doméstico (68,3%) e poluição geral (68,3%). O primeiro mais citado é o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras. Este expressivo indicativo justifica-se pelo fato de Serrinha ser um município predominantemente rural e que a maioria dos professores entrevistados é oriunda e/ou tem familiares que trabalham na zona rural, onde os agrotóxicos (herbicidas, fungicidas e inseticidas) são amplamente utilizados a fim de elevar a produtividade.
Outro problema considerado bastante grave mencionado por 81,7% das indicações, é o lixo urbano. Em seguida vem o esgoto doméstico e a poluição em geral, com 68,3% respectivamente. O esgoto a céu aberto e a falta de saneamento básico apresentam indicativos de 65,0%. Na seqüência vêm os problemas sócio-econômicos, com 60,0%; doenças causadas pelo uso de agrotóxicos com 55,5%; poeira com 50,0% e desmatamentos, queimadas 43,3%. Os dois itens que se receberam a maior indicação na categoria "nada grave" foram dejetos de suínos e ocupação em áreas de preservação, ambas nas proximidades do bairro, Nova Serrinha.
Considerando que os dados tiveram uma percentagem bastante próxima, é importante ressaltar que a problemática ambiental local é bastante evidente e é influenciada por fatores de ordem política, econômica, social e cultural.
Na entrevista, procurou-se aprofundar a percepção que os professores têm da problemática ambiental que os envolve. Através da pergunta de número18, solicitou-se que os informantes indicassem os problemas mais preocupantes no município onde vivem. Seguem alguns trechos da entrevista:
[...] Poluição do rio Jacu mirim, falta de reciclagem do lixo e o desmatamento. (Informante 02).
[...] Os maiores problemas são o lixo enquanto depósitos inadequados, bem como esgotos que são despejados em lugares indevidos (Informante 04).
[...] Poluição das águas, lixo por toda parte, desmatamentos e destruição de parte da serra que deu origem ao nome do município. (Informante 06).
[...] Eu diria que é a poluição da água, acúmulo de lixo, criação de animais soltos, [...], caça e o pesca em época imprópria (Informante 08).
[...] A poluição do rio, do ar, esgotos a céu aberto etc. (Informante 10).
Os problemas ambientais do município mais citados pelos professores são o lixo, os esgotos que correm a céu aberto e a poluição das águas do rio. Tais problemas geram impactos diretos à saúde pública.
Os informantes destacam a falta de saneamento básico e a agricultura de subsistência, a criação de animais de pequeno e médio porte soltos, como grandes poluidores do município, tanto na zona urbana quanto rural do município. Esses dados mais uma vez vêm confirmar os números da tabela anterior.
Na questão de número 19 da entrevista, procurou-se saber dos professores quem são segundo eles, os principais responsáveis pelos problemas ambientais do município. Quem são os atores que mais geram problemas ambientais? Como se trata de uma questão aberta transcreve-se a seguir alguns depoimentos:
[...] Eu acho que todos nós somos responsáveis, [...]. (Informante 01).
[...] Todas as pessoas que de alguma forma tenham atitudes que agridem a natureza (Informante 02).
[...] Todos nós somos responsáveis, pois em função do capitalismo cometemos atrocidades na busca desenfreada do consumismo (Informante 05).
[...] Somos todos nós, mas nem todos sabem disso (Informante 06).
[...] Os maiores responsáveis são a população, as autoridades e principalmente a falta de conscientização (Informante 08).
Ao citar a alternativa "todos nós", os informantes deixam de olhar para os processos reais da comunidade e do entorno sócio-ambiental. Essa indicação é citada por meio de uma expressão ampla, indica um sujeito anônimo, o qual não especifica quem são segundo os informantes, os atores sociais que mais geram problemas ambientais.
Outras respostas que ocuparam destaque foram: a falta de recursos, as autoridades. Estas justificativas deixam evidente que todos indiretamente são responsáveis pelo surgimento dos problemas ambientais independente de sua atuação na natureza.
A partir das informações fornecidas pelos informantes, é possível afirmar que a responsabilidade atribuída aos itens acima pode ser explicada em parte pelo fato dos meios de comunicação mencionar esses atores sociais como principais agentes causadores.
Após análise dos maiores problemas ambientais, a pergunta de número 9 do questionário visou diagnosticar a concepção dos informantes ante os problemas citados. Inseriu-se a seguinte questão: Você se sente incomodado com esses problemas?
Gráfico 2: Incômodo que os problemas ambientais geram.
Fonte: O autor.
As respostas mais presentes no depoimento dos professores estão ligadas às alterações ambientais provocadas pelo homem; as diferentes modalidades de degradação ambiental (poluição do ar, das águas, dos rios, desmatamentos) e as causas que poderão ocasionar estão bastantes presentes nas respostas (contaminação, degradação, destruição, mau cheiro).
4.3 INTERESSE PELA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Através da pergunta 10 do questionário, solicitou-se que os informantes manifestassem seu grau de consciência sobre a problemática ambiental. Assim, foi proposta a seguinte pergunta: Em relação à problemática ambiental, você se considera bastante consciente, mais ou menos consciente e nada consciente.
Gráfico 3: Nível de consciência ecológica
Fonte: O autor.
A alternativa Bastante consciente teve a maior indicação. Os que se julgam bastante conscientes somam 71,7%. Os que se consideram mais ou menos conscientes somam16,7%, enquanto 11,7% consideram-se pouco conscientes. Somados os itens Bastante conscientes e mais ou menos conscientes, o resultado é bastante significativo, evidenciando que o nível de consciência ecológica dos informantes aparenta ser bem elevado.
Na seqüência, perguntou-se sobre o grau de interesse que os professores têm em relação ao tema meio ambiente, a pergunta foi a seguinte: Em relação ao seu grau de interesse, você afirma estar?
Ao se verificar o grau de interesse que os pesquisados julgam ter com relação ao tema "Meio Ambiente", sugeriram-se quatro alternativas: "Muito Interessado", "Interessado", "Mais ou Menos Interessado" e "Indiferente", assim formulada: Em relação ao seu grau de interesse, você afirma estar?
Tabela 3: Grau de interesse sobre o meio ambiente
Grau de interesse Quantidade Citada Freqüência
Muito interessado 09 45 %
Interessado 09 45 %
Mais ou menos interessado 02 10 %
Indiferente 0 0 %
Total 20 100 %
Fonte: O autor.
Somadas as percentagens dos muito interessados e interessados, chega-se a 90 %. Os professores mostram-se majoritariamente interessados sobre o tema meio ambiente. Essas expectativas evidenciam dados importantes na contribuição do processo educativo. Quanto maior for o número de interessados, maiores serão as possibilidades para incorporar na escola trabalhos que envolvem a questão ambiental.
Constatando o nível de interesse que os professores individualmente têm ao tema meio ambiente, sugeriu-se um outra pergunta com o propósito de saber como os professores avaliam o envolvimento dos colegas e o da escola em atividades de EA. Na pergunta 4 da entrevista, indagou-se: E os seus colegas professores? Eles se interessam pelo meio ambiente e se envolvem em atividades de Educação Ambiental?
[...] Não são percebidos pelos projetos desenvolvidos, talvez em sala de aula em conversas eles demonstrem interesse junto aos alunos (Informante 02).
[...] Todos os colegas estão interessados, pois é o único projeto em que há participação coletiva conjunta e ativa dos educadores (Informante 05).
[...] Não há muito interesse, eles vêem apenas como um conteúdo a mais, a ser repassado para o aluno (Informante 06).
[...] A maioria demonstra interesse, mas trabalha somente o que está no livro didático sem aprofundar o tema (Informante 08).
[...] Depende da conscientização de cada profissional, mas pelo que eu vejo uns se envolvem mais, outros menos (Informante 10).
Considerando os depoimentos dos informantes 2, 6, 8 e 10 conclui-se que não há uma participação efetiva dos professores em atividades de EA, nem um planejamento escolar anual integrado para o tema.
Com relação ao envolvimento dos colegas em atividades de EA, os depoimentos dizem respeito às vivências, ao comportamento no dia a dia do aluno e a preservação do ambiente escolar.
É importante ressaltar que nas primeiras séries do Ensino Fundamental, os professores costumam trabalhar esses aspectos, dando um tratamento bastante individualizado e muitas vezes com conotação moralista. Pecisa-se estar atento para essa interpretação de proposta veiculada sob a denominação de EA.
A seguir, apresentar-se-á a pergunta 2 da entrevista, cujo propósito foi averiguar como os professores avaliam o envolvimento dos alunos em atividades de EA. Perguntou-se: Você acha que os alunos de hoje estão preocupados com a problemática ambiental? Eles estão conscientes?
[...] Conscientes dos problemas até estão, mas eles não estão muito preocupados não, [...]. (Informante 01).
[...] Alguns sim, porque a família também faz a conscientização (Informante 02).
[...] Alguns alunos sim, mas somente aqueles que a escola e a família vinculam. Aqueles cuidados essenciais, do seu corpo, do seu material. (Informante 04).
[...] A meu ver são poucos os alunos que têm consciência da importância do meio ambiente, de cuidar das suas coisas e da limpeza da escola (Informante 06).
[...] Acreditamos que não seja a meta esperada, mas que na medida do possível percebe-se o envolvimento de determinados alunos com o assunto (Informante 10).
Segundo o depoimento dos informantes, alguns alunos têm consciência da problemática ambiental, porém em termos práticos poucos fazem. Mas a consciência ambiental que eles se referem está mais centrada no cotidiano e nas atitudes dos alunos, tendo como ponto de partida o ambiente do educando. Não se considerou as relações de interdependência, travadas por todos os componentes, bióticos e abióticos, do Planeta.
Essa abordagem limitada traz à tona a forma de interpretação do tema meio ambiente na escola. Isso não quer dizer que esses aspectos não devam ser discutidos em sala de aula. No entanto é fundamental a mudança na perspectiva da formação dos alunos. Os professores precisam adotar uma postura crítica diante dos problemas ambientais, propiciando aos alunos maior compreensão das razões da degradação da escola e do ambiente em geral.
Ainda com o propósito de aprofundar mais a discussão e esclarecer importantes dados de inflexão entre a teoria e a prática, perguntou-se: Qual a importância que você confere ao tema?
[...] Confiro muita importância, pois a educação ambiental é o tema do futuro da Terra. (Informante 04).
[...] Importantíssimo, visto que, o meio é o nosso habitat e a forma com que este vem sendo tratado é muito preocupante (Informante 05).
[...] Para o mim o tema é muito importante, afinal, disso depende toda nossa vida, o futuro da natureza, das modificações, alterações (Informante 07).
[...] Há, muito importante, pois é nossa vida que está em jogo, pois quanto mais destruirmos, menos perspectiva de vida teremos. (Informante 09).
[...] Acredito ser muito importante, pois é algo que põe em risco a nossa própria vida e poucas pessoas sabem disso (Informante 10).
As respostas deram ênfase aos aspectos de conservação, preservação do meio ambiente e da vida, cuidado e respeito à natureza ou algum elemento específico do mesmo.
Os aspectos levantados enfatizam através de suas falas a representação do meio ambiente como a preservação de cunho preservacionista e conservacionista. Essa mesma tendência foi observada, em quase todos os depoimentos dos informantes quando se indagou a respeito da questão ambiental.
A representação social dos informantes a respeito desse tema pode ser interpretada de duas formas: preservar como uma atitude isolada do contexto sociocultural; conscientizar para preservação, dentro de uma perspectiva da consciência preservacionista.
Na seqüência, a pergunta número 11 do questionário, teve como objetivo checar o nível de motivação dos informantes para desenvolvimento de atividades de EA. Indagou-se: Você se sente motivado (a) para desenvolver projetos de Educação Ambiental na sua escola?
Gráfico 4: Nível de motivação para desenvolver projetos de educação ambiental.
Fonte: O autor.
De acordo com os dados observados, os percentuais "bastante motivados" e "mais ou menos motivados" perfazem um significativo índice de motivação. Juntos somam 73,4%. É preciso também considerar nessa análise que 20,0% dos informantes afirmam estar "pouco motivados" e 3,3% "nada motivados". São dados relevantes e que precisam ser repensados, pois podem influenciar negativamente, no desenvolvimento de propostas que incorporem a questão ambiental.
4.4 NÍVEL DE INFORMAÇÃO/CONHECIMENTO DO TEMA
Como as atividades de EA, assim como qualquer outra atividade pedagógica exige certo nível de conhecimento acumulado sobre o tema, procurou-se saber dos professores pesquisados qual o nível de informação que dispõem sobre a temática ambiental.
Na questão de número 2 do questionário, sugeriu-se quatro alternativas: "Bem Informado", "Mais ou menos Informado", "Pouco Informado" e "Nada Informado":
Gráfico 5: Nível de informação sobre o Meio Ambiente
Fonte: O autor.
Conforme o gráfico anterior, a alternativa "mais ou menos informado" foi a que obteve a maior indicação, (68,3%). Na seqüência vem os "bem informados", com 20,0%. Os que se consideram "pouco informados" somam 11,7%. Relativamente baixo é o índice dos que se consideram pouco informados. O item "nada informado", não obteve indicações.
Mesmo considerando o alto índice (68,3%) dos que afirmaram estar "mais ou menos informados", conclui-se que os informantes se consideram pouco preparados para desenvolver atividades em EA.
Na seqüência, através da questão 15 do questionário, apresentou-se um quadro com alguns dos documentos mais importantes, cujo referencial é de grande relevância para subsidiar as ações em EA. Solicitou-se aos informantes que expressassem o grau de conhecimento dos documentos abaixo listados, com as seguintes alternativas: "Não conheço," "Conheço" e "Conheço e uso com freqüência".
Tabela 4: Grau de conhecimento dos documentos referentes à Educação Ambiental.
Itens Não conheço
Conheço Conheço e uso
com freqüência
Proposta Curricular do Rio Grande do Norte 28,3 % 53,3 % 18,3 %
Agenda 21 78,3 % 18,3 % 3,3 %
PCNs, Meio Ambiente na Escola 35,o % 51,7 % 13,3 %
Lei Federal 9.795/99 81,7 % 16,7 % 1,7 %
Carta da Terra 66,7 % 31,7 % 1,7 %
Documentos oficiais de Educação Ambiental (Estocolmo, Belgrado, Tibilisi, etc.) 93,3 % 5,0 % 1,7 %
Fonte: O autor.
Os dados são surpreendentes, pois os documentos básicos que devem nortear a Proposta Curricular de cada escola não atingiram números expressivos. A Proposta Curricular do Rio Grande do Norte, 53,3% afirmam conhecer, e apenas 13,3% disseram conhecer e utilizar com freqüência. Quanto aos PCNs, Meio Ambiente na Escola, 51,7%, disseram que conhecem, e 13,3% conhecem e usam com freqüência. 78,3% afirmam não conhecer a Agenda 21 e apenas 3,3% conhecem e usam com freqüência. 81,7% são os que afirmam não conhecer a Lei 9.795/99. Apenas 1,7% conhecem e utilizam freqüentemente.
A Carta da Terra somou 66,7% os que não conhecem e 1,7% os que conhecem e o utilizam com freqüência. Em relação aos documentos oficiais de educação ambiental (Estocolmo, Belgrado, Tibilisi) há um percentual muito grande dos que não conhecem (93,3%) e apenas 1,7% dizem conhecer e utilizar os mesmos. Para os que afirmam apenas conhecer, os índices foram 5,0%. É preciso ressaltar que os referidos documentos são suportes de grande valia para quem quer entender a EA.
Concluindo, o quadro exposto revela que os documentos oficiais que norteiam a EA estão distantes da realidade escolar, bem como a sua utilização apresenta-se deficitária. Vale ressaltar que a diferenciação de um bom trabalho para o desenvolvimento de novas ações implica numa série de fatores e um fator primordial é o conhecimento do tema que se pretende trabalhar.
Com o propósito de aprofundar um pouco mais, perguntou-se: Qual o grau de conhecimento que você dispõe sobre o tema meio ambiente?
[...] Olha, aquilo que é divulgado na escola, algumas leituras. (Informante 01).
[...] Mínimo, o senso comum que a maioria dos leigos possui (Informante 02).
[...] Penso que o conhecimento que tenho é razoável, embora necessite de mais para poder trabalhar em sala de aula (Informante 04).
[...] Penso que seja razoável (Informante 05).
[...] Um conhecimento básico buscado em livros, revistas. (Informante 07).
[...] O conhecimento que tenho é o mero senso comum (Informante 10).
Ao analisar os depoimentos dos informantes, constata-se que os mesmos possuem um conhecimento de forma generalizada. As dimensões da problemática ambiental parecem não estar bem claras, evidenciando a necessidade de um maior aprofundamento, pois o professor enquanto educador precisa estar teoricamente informado e capacitado para questionar e formar suas conclusões sobre os assuntos que veiculam nos meios de comunicação e que estão vigentes na sociedade em geral. Os dados coletados deixam claros os limites da ação educativa.
Ao se questionar sobre os cursos de aperfeiçoamento ou de capacitação referente aos assuntos dessa natureza, perguntou-se: Você já participou de cursos de aperfeiçoamento ou de capacitação na área de Educação Ambiental?
Gráfico 6: Participação em cursos de formação na área de Educação Ambiental.
Fonte: O autor.
Esses dados, sem dúvida, indicam que a formação dos professores tem sido insuficiente ou deficitária. 70,0% dos informantes afirmam não terem participado de cursos de aperfeiçoamento ou de capacitação na área ambiental. Apenas 30,0% afirmaram ter participado de cursos referentes a essa área. Na tentativa de explicitar melhor a afirmação anterior, perguntou-se quais são os cursos que os professores haviam participado:
[...] Reciclagem de lixo e consumo da água (Informante 02).
[...] Saneamento e Educação Ambiental (Informante 07).
[...] Saneamento e Educação Ambiental (Informante15).
[...] Educação Ambiental (Informante 18).
[...] Educação Ambiental. (Informante 12).
[...] Saneamento e Educação Ambiental (Informante 13).
[...] Cursos oferecidos pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serrinha, na área de agricultura (Informante 11).
[...]Seminário sobre Meio Ambiente, oferecido pela Igreja Católica em 2004 (Informante 19).
Quanto às citações referentes aos cursos que os informantes afirmam ter participado, é possível perceber que os cursos dessa natureza são realizados esporadicamente e ofertados para uma minoria. Dos 30,0% que realizaram cursos, apenas 20,0% mencionaram os cursos realizados. Esses dados evidenciam que os cursos de formação de professores na área ambiental ainda não são suficientes para atender esse contexto emergente.
4.5 ENVOLVIMENTO DOS PROFESSORES E DA ESCOLA EM PROJETOS DE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A escola enquanto mediadora do conhecimento, através de seus professores tem o compromisso de participar e envolver-se nos processos de mudanças, para tanto, faz-se necessário um trabalho coletivo. Para se obter dados mais precisos a respeito do envolvimento dos professores em atividades de Educação Ambiental, indagou-se: Você conhece projetos de educação ambiental que a escola desenvolve?
[...] Não lembro de nenhum projeto que a escola tenha desenvolvido (Informante 02).
[...] Não, pois a escola não tem desenvolvido projeto neste sentido. (Informante 04).
[...] Não, só sei que todos abordam a problemática do lixo (Informante 05).
[...] Projetos grandes, a escola ainda não fez, o que acontece em nossa escola é a conscientização diária por parte do professores (Informante 06).
[...] Claro, projetos de reciclagem e separação do lixo. (Informante 08).
[...] Conheço o projeto de reciclagem realizado em 2004 e que perdura até hoje. (Informante 09).
Fica característico que não existe um sincronismo entre os professores e que os poucos trabalhos realizados são feitos de forma individualizada. Os informantes 8, 9 e 10 mencionam que conhecem projetos relacionados à reciclagem do lixo. Os depoimentos revelam que a maioria dos informantes não conhece os trabalhos ou atividades de Educação Ambiental que seus colegas de escola realizam.
Nos depoimentos, observa-se que os professores associam Educação Ambiental à reciclagem de lixo. Esse fato pode ser justificado por duas razões, sendo a primeira delas, relacionada à influência dos meios de comunicação social que tem ultimamente divulgado esse tema. A segunda, a visão limitada a uma abordagem limitada dos informantes com relação ao tratamento das questões ambientais.
Concluindo, a interação, a troca de experiências e o planejamento coletivo são fatores fundamentais para que os objetivos propostos sejam alcançados. Fica difícil falar em Educação Ambiental sem o comprometimento de toda a comunidade escolar.
Objetivando detalhar as afirmações contidas anteriormente, a pergunta 7 da entrevista buscou averiguar a participação dos informantes enquanto professores (as) em atividades de Educação Ambiental. Propôs-se a seguinte pergunta: Você já desenvolveu algum projeto de educação ambiental? Se não desenvolveu, por quê?
[...] Não, eu não desenvolvi nenhum projeto na área de Educação Ambiental por ser mais na área de ciências né, então como eu trabalho na área de português a gente trabalha mais a produção de texto, mais a escrita das atividades (Informante 01).
[...] Não, por falta de interesse e informação (Informante 02).
[...] Eu procurei desenvolver em outra gestão administrativa, [...], acabei não sendo feliz, porque fui podado na época. (Informante 03).
[...] Não por falta de conhecimento e de interesse e também por falta de iniciativa da direção (Informante 04).
[...] Sim, mas desenvolvi mais por ser um conteúdo a ser trabalhado em sala de aula, não como uma necessidade, pois preciso buscar mais conhecimento nesta área (Informante 06).
Considerando as respostas dos informantes, percebe-se que a escola trabalha as questões relacionadas à temática ambiental de forma secundária, onde atividades são normalmente desenvolvidas isoladamente a partir das áreas de ensino tradicionalmente presente no contexto escolar.
Os depoimentos acima permitem afirmar que, a escola não possui propostas definidas para o desenvolvimento da temática ambiental a ser concretizada e institucionalizada pela comunidade escolar.
Ainda, com o intuito de aprofundar mais sobre o grau de conhecimento que os informantes possuem a respeito de atividades e/ou projetos de EA que outras escolas desenvolvem, perguntou-se: Outras escolas de sua cidade desenvolvem projetos na área de Educação Ambiental? Você conhece? Seguem alguns os depoimentos:
[...] Olha as outras escolas têm projetos só não tenho conhecimento deles (Informante 01).
[...] Não, que eu conheça não, entretanto podem existir alguns que não sejam do meu conhecimento (Informante 02).
[...] Sei que outra escola tem projetos na área ambiental, como água, seres vivos, mas não tenho muito conhecimento sobre eles (Informante 03).
[...] Acredito que a maioria das escolas o faça, mas não tenho conhecimento de como eles estão sendo desenvolvidos (Informante 05).
[...] Já ouvi falar de um projeto ligado ao lixo, mas não tenho conhecimento bem sobre onde acontece (Informante 07).
Do conjunto das respostas analisadas constata-se que a maioria dos informantes afirma não ter conhecimento de atividades realizadas por outras escolas. Uma minoria declara saber da existência de tais projetos, porém suas respostas são muito vagas e imprecisas.
Os possíveis projetos na área ambiental a serem desenvolvidos por outras escolas, estão relacionados à reciclagem do lixo, água e seres vivos. Tais respostas vêm confirmar que as instituições neste sentido não fazem à divulgação necessária para outros estabelecimentos.
Concluindo, os dados revelam a necessidade de um maior envolvimento de toda comunidade escolar, na concepção, no planejamento, na coordenação e na execução dos projetos. Isso exige dos mesmos, definir responsabilidades tanto das iniciativas públicas como do colegiado, na tentativa de criar relações dentro e fora da escola.
4.6 DIFICULDADES ENCONTRADAS ENQUANTO EDUCADOR AMBIENTAL
A questão seguinte buscou diagnosticar quais as maiores dificuldades que os professores encontram para desenvolver atividades relacionadas à temática ambiental. Perguntou-se: Que dificuldades você encontra para trabalhar essa temática?
Gráfico 7: Nível de dificuldades para trabalhar a temática ambiental.
Fonte: O autor.
O gráfico acima demonstra que as dificuldades estão associadas tanto ao aspecto institucional quanto ao aspecto pedagógico. O que chama a atenção é o percentual de 55,2% que afirmam que as maiores dificuldades estão ligadas à falta de infra-estrutura, especialmente o material didático.
Vale ressaltar que o MEC oferece materiais que estão disponíveis a todos os que se interessam pela EA. No entanto, a falta dos mesmos pode ser um argumento que dificulta o desenvolvimento dessa temática, mas isso não justifica a não realização das referidas atividades. Pode-se afirmar que esses materiais servem para complementar o trabalho dos professores, todavia não são os únicos recursos que permeiam o desenvolvimento das atividades.
As pesquisas extra-escolares, os processos metodológicos e as trocas de experiência entre os professores das diversas disciplinas e mesmo entre outras instituições independem dessa condição. 22,4% disseram não ter dificuldades para trabalhar essa temática. Esses dados não são proporcionais às afirmações da pergunta 7 da entrevista, que se referem ao desenvolvimento projetos nessa área. Os 10,4% se referem ao desinteresse dos alunos, 3,0% a falta de apoio da direção e 9,0% se referem aos não respondentes.
4.7 SOLUÇÕES APONTADAS E O PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Dada à complexidade da temática ambiental e as diferentes concepções que os professores têm sobre o meio ambiente, questionou-se: Qual o maior desafio do educador enquanto agente de conscientização ambiental?
[...] Estar bem informado e desenvolver projetos interessantes, que realmente conscientizem e que sejam constantes (Informante 02).
[...] Realizar na prática é o grande desafio, falar é muito fácil, o problema é praticar (Informante 03).
[...] Exatamente esse, o de conscientizar formalmente não somente informar ou esclarecer (Informante 04).
[...] O maior desafio é conscientizar de forma que a criança passe a mudar suas atitudes negativas em relação ao meio ambiente. (Informante 07).
[...] Conseguir atingir igualmente a todos e a resistência por parte de alguns devido a conceitos que já vem da educação. (Informante 08).
As respostas apresentadas pelos informantes demonstram que os maiores desafios do educador para inserir a EA em suas respectivas práticas, são: a conscientização, a motivação, a participação, a informação e a mudança de conceitos, que, por sua vez, são ferramentas imprescindíveis que podem vir a contribuir para a mudança do paradigma escolar.
Conforme Segura (2001), os desafios são muitos, pois a escola reflete os conflitos existentes no plano das relações sociais. Faz parte também de um ponto de convergência de problemas a serem enfrentados: desigualdade econômica, exclusão social, preconceito, discriminação, degradação, violência, as pieguices e comodismos do corpo docente, maiores empecilhos para o desenvolvimento de trabalhos em parceria.
Com a intenção de estabelecer uma conexão entre problemática ambiental e o universo de trabalho na escola, perguntou-se aos professores quais seriam os problemas mais emergentes que a Educação Ambiental deve tratar. Obtiveram-se as seguintes respostas:
[...] A reciclagem do lixo e a economia da água (Informante 02).
[...] Existem vários, mas o mais emergente que eu acho é a reciclagem do lixo (informante 04).
[...] Para mim é a questão da água, penso que seja imprescindível (Informante 05).
[...] É a preservação de espécies de animais e plantas, da água potável e despoluição do ambiente como um todo (Informante 08).
[...] São vários os temas mais emergentes, como é o caso da poluição, do lixo, reciclagem (Informante 09).
Os problemas ambientais que tem sido considerados pelos professores como mais emergentes são: destino dos resíduos sólidos (reciclagem), a poluição do ar, poluição dos rios e dos mananciais provocadas pelos resíduos sólidos, como o agrotóxicos, desmatamento, queimada em geral e constante destruição de fauna e flora.
Na seqüência, procurou-se saber dos professores quais são segundo eles, os principais responsáveis pela solução dos problemas ambientais. Entre todos os atores sociais, políticos, econômicos, etc., a quem mais compete à tarefa de construir as soluções. Indagou-se: Quem são os responsáveis pela solução dos problemas ambientais?
[...] Os indivíduos como as pessoas físicas, as empresas e o governo, as ONGs (Informante 02).
[...] Todos nós, se cada um fizer um pouco,ajuda muito (Informante 06).
[...] Todos nós somos responsáveis pela solução desses problemas (Informante 07).
[...] São a população, as autoridades do município, da região, e do estado (Informante 08).
[...] Os responsáveis somos todos nós, alunos, pais, autoridades, enfim a população em geral (Informante 10).
A maioria das respostas converge no sentido de atribuir a responsabilidade à comunidade em geral. As categorias citadas foram: "todos nós, pais, alunos as autoridades, as empresas e as fábricas". É interessante observar que apenas um informante inseriu os alunos neste contexto.
No intuito de levar os informantes a aprofundarem ainda mais o seu diagnóstico sobre a problemática ambiental em Serrinha, sugeriram-se algumas possíveis alternativas, para que eles avaliassem, segundo as que consideram mais eficazes para enfrentar os problemas ambientais locais. Como se trata de uma pergunta fechada foram apresentadas cinco alternativas com três critérios de julgamento cada. . "Acredito Muito, Acredito Pouco e Não Acredito".
Tabela 5: Possíveis alternativas para solucionar os problemas ambientais.
Possíveis alternativas Acredito
muito Acredito
pouco Não
acredito Não
resposta
Promover programas de EA, envolvendo os meios de comunicação, empresas, instituições de ensino, poder público, associação de moradores e entidades não-governamentais, para que os mesmos sejam um veiculo transformador e propagador de consciência ambiental.
65,0 %
25,0 %
1,7 %
8,3 %
Fiscalizar e multar os infratores das leis ambientais, sendo o valor revertido em programas de EA. 45,0 % 28,3 % 16,7 % 10,0 %
Aprovar uma lei municipal para promover políticas ambientais que venham promover ações de prevenção e recuperação do meio ambiente.
58,3 %
25,0 %
6,7 %
10,0 %
Mobilizar a sociedade juntamente com os órgãos competentes e discutir as questões mais sensíveis que afligem a comunidade, como serviços de saneamento básico, coleta e tratamento de lixo e limpeza das ruas.
55,0 %
33,3 %
3,3 %
8,3 %
Aprovar um imposto municipal com o intuito de captar recursos destinados aos programas ambientais. 20,0 % 25,0 % 43,3 % 11,& %
Fonte: O autor.
Com referência às possíveis alternativas que os informantes consideram mais eficazes para enfrentar os problemas ambientais locais, obtiveram os seguintes dados: A Educação Ambiental foi a que recebeu o maior número de apostas, com 65, 0%. Em seguida com 58,3% vem os que disseram acreditar mais nas políticas públicas de meio ambiente.
O item que propõe mobilização da sociedade local obteve 55%. Na seqüência, vem o item que sugere a fiscalização e cobrança de multas, com 45%. Apenas 20% disseram acreditar muito na cobrança de um imposto municipal destinado a financiar programas ambientais.
Os informantes acreditam ser a educação, o meio mais eficaz para a solução dos problemas ambientais. É preciso estar atento, pois a educação apresenta possibilidades, porém tem seus limites. Ela deve estar conectada com outros segmentos para que possa prevalecer. O que se pode concluir diante dos dados é que os informantes confiam nos procedimentos que se referem aos programas dessa natureza.
Ainda no conjunto de perguntas realizadas, com o objetivo de aprofundar a discussão e propiciar maiores esclarecimentos sobre a necessidade de um compromisso mais profundo com a preservação ambiental, foi feita a seguinte pergunta: Como os educadores e a escola podem contribuir na solução desses problemas? A educação tem um papel nesse sentido?
[...] A educação tem um papel primordial que juntamente com as outras instituições da cidade poderiam realizar projetos eficientes (Informante 02).
[...] Sim, é lógico através da conscientização e isso a escola pode fazer (Informante 06).
[...] A educação tem um papel importantíssimo, pois trabalha com conscientização da criança que deve prosseguir no futuro (Informante 07).
[...] Com certeza, tudo parte da educação e os educandos são os principais agentes para a solução desses problemas (Informante 10).
As respostas dadas pelos professores deixam claro que a comunidade escolar pode contribuir para que os alunos construam novos valores e atitudes, através de informação e conscientização sobre a necessidade do tema em questão. Uma das alternativas para contribuir para a solução dos problemas ambientais diz respeito ao desenvolvimento de um espírito cooperativo entre os demais segmentos da sociedade.
Com referência a solicitação feita aos informantes para que indicassem o que poderia ser feito para que a EA seja inserida na escola, obtiveram-se as seguintes respostas:
[...] Vontade política, do fazer, por todos da escola, da direção, professores e aprendentes (Informante 02).
[...] Talvez um curso, ou alguém de fora que viesse conscientizar esses professores a nível geral, por que não né, chamar todos para dar informações sobre a realidade, esse tipo de situação (Informante 03).
[...] A Educação Ambiental deve ser trabalhada em todas as áreas, ela deve ser estudada, através da comparação ao longo do tempo, onde se comprova as conseqüências do desrespeito à natureza (Informante 07).
[...] Responsabilizar mais os educandos, criando campanhas em que eles tenham que se organizar e trabalhar de forma mais independente (Informante 08).
[...] Elaborar projetos e palestras para mostrar a importância da Educação Ambiental na escola e na comunidade, mas é preciso que todos se unam para atingir os objetivos, sendo a escola, a comunidade e as autoridades (Informante 09).
Na tentativa de indicarem procedimentos para a inserção da EA na escola, os informantes fizeram menção dos seguintes recursos: vontade política, capacitação, trabalho interdisciplinar, conscientização, execução de projetos e cobrança das autoridades.
As respostas indicam procedimentos centrados principalmente no professor, e apresentam indicações que possibilitam visualizar algumas idéias em termos de pressupostos metodológicos que poderiam nortear uma introdução eficaz da EA nas atividades da escola.
4.8 SOBRE O FUTURO DO PLANETA
Considerando que a questão ambiental está se tornando cada vez mais urgente e importante para a humanidade, foi solicitado aos professores para que expressassem seu posicionamento quanto ao futuro do planeta: Como você vê o futuro do Planeta?
Gráfico 8: Expectativa quanto ao futuro do planeta.
Fonte: O autor.
[...] Muito discurso e pouca prática (Informante 04).
[...] Pois se continuar esse descaso do homem com o meio ambiente, que futuro pode esperar a não ser ficar cada vez pior? (Informante 08).
[...] Pois se continuar nesse ritmo de destruição, o planeta não existirá por muito mais tempo (Informante 09).
[...] Da maneira como estamos agindo e destruindo, o nosso planeta ficará muito doente (Informante 20).
A justificativa apresentada pelos professores quanto ao futuro do planeta, evidenciam a falta de consciência ecológica coletiva, aos aspectos sócio-econômicos, a destruição da dos recursos naturais, aos sistemas financeiros, a falta de atuação das pessoas que possuem conhecimento e não compartilham as informações.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando inicialmente a representação social dos educadores com relação ao termo meio ambiente, constatou-se, que os entrevistados ainda conservam fortes traços e resquícios de uma concepção ?naturalista? de meio ambiente. Prevalece uma concepção em que o meio ambiente é uma totalidade externa e independente do homem e da sociedade.
Trata-se de uma visão dicotomizada, alicerçada na clássica separação entre homem e natureza. O homem é posto fora da natureza quase sempre entendido como agressor externo. Nunca como integrante da mesma. Os sujeitos da pesquisa, em sua maioria, julgam-se estar mais ou menos informados sobre o tema meio ambiente e afirmam estar bastante conscientes da problemática ambiental.
Os dados evidenciam, ainda, que o elevado grau de consciência que os informantes dizem ter sobre o meio ambiente não é proporcional ao que os mesmos dizem quanto ao seu nível de conhecimento e preparação. Há um distanciamento entre a consciência que afirmam ter e o domínio do conhecimento sobre o problema.
Constatou-se através dos dados da pesquisa que os professores do referido município em especial da Escola Estadual Domitila Noronha, revelam um conhecimento fragmentado sobre o tema, o que leva a considerar a ausência de projetos específicos na área. Tanto no município, como nas Unidades Escolares, municipais e estaduais, inexistem políticas públicas que auxiliem no desenvolvimento da EA. Pelo menos é o que ficou entendido.
Considerando a problemática local/global os dados levantados indicam fortes indícios de uma concepção naturalista, sendo destacados os problemas quem fazem parte do seu entorno. No entanto, os problemas sócio-culturais são preocupantes, mas a comunidade escolar não consegue estabelecer relação entre os fatos, revelando um limitado entendimento a respeito da dimensão da problemática ambiental, expressando uma relação pouco expressiva quanto à percepção e o interesse para com o meio no qual estão inseridos.
Quanto às atividades de EA desenvolvidas na escola observa-se que elas ocorrem esporadicamente, de forma fragmentada e por meio da iniciativa de alguns poucos professores. Embora, haja um grande progresso no enraizamento da EA na escola, observa-se que ela ainda ocorre de forma pontual realizada em datas comemorativas, como é o caso do dia do meio ambiente, da árvore, da água e outras datas.
Não que seja errado trabalhar estas datas e estes temas, mas a forma fragmentada como se utiliza as mesmas, torna os pressupostos que contemplam os PCNs aquém das necessidades que priorizam o indivíduo a repensar a sua relação com o meio, a fim de propiciar mudanças de atitudes e comportamentos, visando a melhoria da qualidade de vida.
Atentando para a falta de parcerias entre os diversos órgãos, ficou patente a falta de intercâmbio entre as escolas. Uma das barreiras a ser vencida está na mudança de atitudes entre os profissionais e as pessoas que os cercam. As atitudes individualistas devem ser trocadas pela cooperação. Outra barreira a ser vencida está em trabalhar essa temática junto aos conteúdos das diferentes disciplinas que compõem o currículo. O trabalho interdisciplinar pode ser uma possibilidade para uma mudança no processo educativo.
A despeito de apostarem tanto na EA, os dados revelam uma descontinuidade entre os propósitos e as práticas. O nível de envolvimento dos professores em atividades de EA é bastante baixo, inclusive no espaço escolar. Os professores admitem, ainda, estar pouco preparados para desenvolverem EA.
Quando se menciona a respeito da função da EA na escola, inicialmente parece óbvio sobre o que se fala. No entanto, é comum perceber no discurso dos professores, a visão distorcida que os mesmos fazem com relação às questões ambientais e ao meio ambiente.
Esta divergência dos fatores apresentados pelos educadores tem forte relação com a falta de uma formação adequada quanto à complexidade do ato educativo. A preocupação com as questões ambientais tem adquirido nos últimos anos um tratamento satisfatório. Essa preocupação não era tão latente há alguns anos atrás. Isto significa que os professores formados nessa época provavelmente não tenham tido contato com o tema meio ambiente e certamente os assuntos dessa natureza não eram considerados de grande relevância.
No que diz respeito as possíveis dificuldades, os dados indicam que o maior entrave está na indisponibilidade de recursos didáticos, que por sua vez é considerado como limitante para que os educadores desempenhem a contento sua tarefa. No entanto, essa justificativa não deve ser um amuleto para que a temática ambiental não se faça presente em sala de aula.
Destaca-se ainda que uma grande parcela afirma não ter dificuldades para trabalhar o referido tema. Mas não o fizeram com qualidade. Segundos eles próprios. Tal problema pode ser justificado por dois motivos: O primeiro está relacionado ao fato dos educadores não identificarem os entraves que a atual estrutura escolar lhes impõe, e o segundo, a incorporação da temática ambiental tem ocorrido sem colocar em momento algum, em questão a própria estrutura escolar, que é por sua vez, permeada de atitudes políticas, econômicas e sociais.
Ainda com relação aos materiais disponíveis, uma parcela dos profissionais desconhece a vasta bibliografia disponível no mercado editorial. O que não se pode aceitar é a desculpa da ausência dos mesmos, alegando a falta de subsídios para trabalhar essa temática. O MEC, diversas ONGs e vários sites educativos tem à disposição materiais e informações disponíveis para viabilizar o desenvolvimento da temática ambiental nos diversos níveis de ensino.
Diagnosticou-se também que uma das características que inibe o envolvimento dos profissionais para o andamento do processo educativo é a ausência de uma formação criteriosa dos mesmos, pois é uma das mais importantes políticas no que diz respeito à capacitação dos mesmos. Sem a sensibilização e consciência da necessidade e importância do tratamento com as questões dessa natureza, os esforços serão em vão. Não basta apenas estar sensível às questões ambientais, é preciso estar acima de tudo preparado e instrumentalizado para enfrentar esse desafio.
Uma questão que deve ser dada com ênfase é a demanda hoje existente de cursos que priorizem uma abordagem do referido tema, para que os educadores possam tratá-la de forma mais sistemática. Ficou evidenciado que os cursos de formação ou capacitação são restritos e de difícil acesso aos profissionais.
É comum colocar a culpa nas escolas ou mesmo isentar o professor da sua falta de atuação, justificando suas potencialidades e limites, cuja especificidade dos conflitos existentes nas relações sociais também reflete na organização do trabalho da escola. Vale ressaltar que muitas vezes os profissionais têm sua parcela de culpa sendo omissos, deixando-se influenciar pelo comodismo.
Mas o fato é que o compromisso com a preservação ambiental está muito distante dos órgãos oficiais. A ausência de medidas complementares em suas diferentes esferas (política, economia, relações sociais) e outros que possam sobremaneira ser gestores do processo educativo são fatores que inibem a articulação entre o espaço institucional e toda a sociedade.
Entende-se que sem uma interação profunda dos diversos órgãos institucionais envolvidos neste processo para traçar medidas, diretrizes, propostas, enfim alternativas que possam referenciar o exercício da EA no país, dificilmente as propostas educativas ambientais terão êxit.
Notadamente, esses reflexos recaem sobre a escola, que por sua vez, já convive com as questões sociais que estão presentes no cotidiano, como a desigualdade econômica, violência, preconceito, degradação da natureza e tantos outros fatores convergentes da estrutura socioeconômica. O que não se pode é cair na concepção ingênua de que a escola tudo pode resolver, pois quando se trata de unir forças para lutar em benefício de ideais comuns, sabemos que as barreiras e os desafios que os limitam são diversos.
Neste sentido, dentre as várias questões levantadas, uma delas diz respeito à falta de dimensionamento dos educadores, principalmente por parte dos gestores (Diretores, coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais) que são os mediadores do processo educativo. Através dos mesmos poderão ser direcionadas iniciativas que contemplem propostas e projetos, que comprovem a necessidade do desenvolvimento das questões relacionadas com o cotidiano.
O que a comunidade escolar precisa realmente é fazer a sua parte, acreditando na capacidade de ação e transformação humana, mas é preciso estar ciente de que qualquer proposta de EA, para que obtenha êxito é preciso levar em consideração como o professor se tem colocado diante de tais propostas.
Ao lado dessas questões está a perspectiva dos profissionais, para uma postura radical que venha transformar o processo educativo. Isto implica em superar as barreiras do comodismo e buscar diferentes alternativas metodológicas para atender suas necessidades.
Partindo dessa premissa, é importante considerar que os próprios documentos pertinentes aos programas de EA não contemplam uma política mais ampla que priorize os propósitos educativos. Os investimentos públicos destinados à educação, como a disponibilidade de equipamentos e materiais pedagógicos, para que toda a comunidade escolar tenha acesso estão aquém do necessário. A qualidade de formação inicial e continuada dos professores também se apresenta incipiente.
Os materiais apresentados pelos meios de comunicação são de grande relevância, todavia as condições pelos quais eles chegam até a escola são inadequadas, e quando chegam ás escolas e não são divulgados, ficando nas estantes das bibliotecas. Enquanto os referidos programas e documentos não se fizerem presentes de forma concreta nas escolas, será uma utopia pensar que haverá ações, pois seria o mesmo que lutar contra a maré.
Através dos resultados obtidos, é possível tecer algumas considerações sobre as representações sociais dos professores entrevistados viabilizadas através do questionário e das entrevistas. Tais representações constituem a reconstrução de uma visão de mundo apreendida através das suas experiências decorrentes das relações sociais que eles estabelecem entre si, originando um esboço da consciência coletiva dos entrevistados determinada historicamente pelo seu grupo social.
Considera se que a relevância deste estudo está no fato de que as considerações que advém das representações sociais permitiram conhecer os elementos conceituais das representações sociais dos professores com relação a seu entendimento sobre os termos meio ambiente/problemática ambiental.
Partindo desta análise, sugere-se que as escolas do referido município, busquem melhores adequações de suas proposições pedagógicas e possam contribuir para a compreensão e possíveis encaminhamentos dessa problemática.
A é escola vista hoje como mediadora de possibilidades para o enfrentamento das atuais situações que permeiam as questões ambientais, cuja função primordial é formar cidadãos comprometidos com a construção de uma sociedade sustentável, precisa ter o senso de responsabilidade e contribuir para o entendimento e a transformação do atual quadro de degradação que se encontra o planeta.
Neste sentido, faz-se necessário que os profissionais da educação estabeleçam relações de reciprocidade entre a comunidade e demais órgãos responsáveis pela sustentabilidade sócio-ambiental e os façam interagir com os problemas existentes, para que numa participação conjunta busquem alternativas para a superação dos problemas atuais, com vistas à transformação na busca de um modelo socialmente justo, economicamente viável, e ambientalmente sustentável.
Entende-se que o grande desafio para a inserção da EA no ensino formal, está em oferecer subsídios para a formulação de projetos e propostas pedagógicas adequadas às diferentes realidades sociais, ambientais, políticas, econômicas e culturais, onde as comunidades escolares estiverem inseridas.
Considera-se importante destacar que apesar das limitações, um dos princípios básicos para que a EA se concretize no ensino formal, é a necessidade de uma reflexão profunda de cada educador, para que a partir de uma atividade individual haja uma mediação de interação social com o outro.
Um aspecto a ser refletido é o fato das decisões educacionais ainda estarem sob a responsabilidade de políticos leigos, que não fazem mais do que gerar benefícios em detrimentos dos interesses imediatos do capitalismo.
As grandes decisões não só no setor educacional, às vezes são tomadas por amadores que por sua vez estão ligados á economia, á política e outra esferas que possuem objetivos dissociados da educação. E mais uma vez o setor educacional se vê submisso ás ideologias dos interesses financeiros.
Um dos grandes desafios, na sociedade vigente, é que o educador precisa entender que a EA, como concepção e prática não é um tipo especial de educação, mas uma das dimensões da educação geral. Nas palavras de Jacques Dellors (2001, p. 15 e 16):
[...] Cabe a educação a nobre tarefa de despertar em todos, segundo as tradições e convicções de cada um, respeitando inteiramente o pluralismo, esta elevação do pensamento e do espírito para o universal e para uma espécie de superação de si mesmo. Está em jogo [...] a sobrevivência da humanidade.
Outro aspecto a ser destacado, hoje, em relação, principalmente, à EA, é no sentido de que ela não seja inserida nas escolas exclusivamente como um modismo, o que infelizmente vem acontecendo, mas, sobretudo que venha atender às necessidades criadas em função das mudanças originadas pelo desenvolvimento hodiernos, na busca de novos atores sociais comprometidos com novas posturas e práticas sociais visando a qualidade da vida planetária.
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APÊNDICE I
INSTRUMENTO DE PESQUISA I ? QUESTIONÁRIO
Nome: (opcional) .........................................................................................................................
Disciplina que leciona: ............................................................. Série/Ano: ................................
1. Em relação ao tema Meio Ambiente/Educação Ambiental, você se julga estar:
( ) Bem informado (a)
( ) Mais ou menos informado (a)
( ) Pouco informado (a)
( ) Nada informado (a)
2. Em relação ao seu grau de interesse por essa temática, você sente-se:
( ) Muito interessado (a)
( ) Interessado (a)
( ) Mais ou menos interessado (a)
( ) Indiferente
3. Acha possível o desenvolvimento sem a degradação ambiental?
( ) Sim
( ) Não
( ) Indiferente
4. Assinale abaixo os itens que no seu entendimento fazem parte do meio ambiente.
( ) Rios, lagos, mares, oceanos
( ) Ar, solo, céu
( ) O ser humano
( ) Plantas, terra, morros
( ) Chuvas, ventos, água
( ) Os animais
( ) Fazendas, sítios, hortas, jardins
( ) Fábricas, indústrias, construções, prédios, casas
( ) Ruas, estradas
5. Em relação aos problemas ambientais listados abaixo assinale aqueles que você identifica como problemas ambientais: (assinale quantos itens quiser).
( ) Pobreza
( ) Assoreamento dos rios
( ) Desmatamento, queimadas
( ) Contaminação do solo (por agrotóxicos, resíduos sólidos)
( ) Dejetos animais
( ) Aquecimento global
( ) Buzina
( ) Poluição visual e sonora
( ) Desertificação
( ) Muros pichados (faixas, cartazes)
( ) Fumaças diversas (veículos, chaminés, indústrias ...)
( ) Extinção de espécies animais e vegetais
( ) Riqueza concentrada
( ) Crescimento populacional
( ) Falta de água tratada
( ) Trânsito
( ) Lixo a céu aberto
( ) Poluição das águas
( ) Enchentes, enxurradas
( ) Destruição da camada de Ozônio
6. Você consegue identificar problemas ambientais na sua comunidade e/ou região onde mora?
( ) Não consigo
( ) Sim, consigo
( ) Não sei
7. Você se sente incomodado (a) com esses problemas?
( ) Sim. Por quê?
.......................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
( ) Não. Por quê?
.......................................................................................................................................................
8. Em se tratando da problemática ambiental, como está o seu nível de consciência ecológica?
( ) Bastante consciente
( ) Pouco consciente
( ) Mais ou menos consciente
( ) Nada consciente
9. Você se sente motivado (a) para desenvolver projetos de educação ambiental na sua escola?
( ) bastante motivado (a).
( ) pouco motivado (a).
( ) mais ou menos motivado (a).
( ) nada motivado (a).
10. Você já participou de cursos de aperfeiçoamento ou de capacitação na área de educação ambiental?
( ) Sim
( ) Não
Se sim, quais?................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
11. Nos últimos doze meses você desenvolveu algum projeto de Educação Ambiental na sua escola?
( ) não
( ) sim
Se sim, quais?................................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
Se não, pretende desenvolver? Qual? ...........................................................................................
.......................................................................................................................................................
12. Que dificuldades você encontra para trabalhar essa temática?
( ) Não tem dificuldades.
( ) Dificuldade de acesso às informações ( Materiais didáticos).
( ) Desinteresse por parte dos alunos.
( ) Falta de apoio por parte da direção.
( ) Outros:...........................................
13. Em relação aos documentos de Educação Ambiental relacionado abaixo, expresse o seu grau de conhecimento:
Nomes Não conheço conheço Conheço e uso com freqüência
Proposta Curricular do Rio Grande do Norte
Agenda 21 (Eco 92)
PCNs: Meio Ambiente na escola
Lei federal 9.795/99
Carta da Terra
Documentos oficiais de EA (Estocolmo,
Belgrado,Tbilisi)
14. Como você vê o futuro do Planeta?
( ) com otimismo
( ) com pessimismo
( ) indiferente
Porquê?..........................................................................................................................................
15. Como se posiciona em relação as possíveis alternativas para enfrentar os problemas ambientais:
POSSÍVEIS ALTERNATIVAS ACREDITO
MUITO
ACREDITO
POUCO NÃO
ACREDITO
Promover programas de educação ambiental, envolvendo os meios de comunicação, empresas, universidade, secretaria municipal de educação, associação de moradores e entidades não governamentais para que os mesmos sejam um veículo transformador e propagador de consciência ambiental.
Fiscalizar e multar os infratores das leis ambientais, sendo o valor revertido em programas de educação ambiental.
Aprovar uma lei municipal para promover políticas públicas ambientais que venham promover ações de prevenção e recuperação do meio ambiente.
Mobilizar a sociedade local juntamente com os órgãos competentes ( poderes públicos) e discutir as questões mais sensíveis que afligem comunidade, como os serviços de saneamento básico, coleta e tratamento de lixos e limpeza nas ruas.
Aprovar um imposto municipal com o intuito de captar recursos destinados aos programas ambientais.
16. Quais as sugestões que você daria aos órgãos governamentais de para as soluções dos problemas ambientais? .................................................................................................................
.......................................................................................................................................................
Obrigado por sua colaboração!!!
APÊNDICE II
INSTRUMENTO DE PESQUISA II ? ROTEIRO DAS ENTREVISTAS
Nome: (opcional) .........................................................................................................................
Disciplina que leciona: ............................................................. Série/Ano: ................................
1) Como anda e Educação Ambiental na sua escola?
2) Você acha que os alunos de hoje estão preocupados com problemática ambiental? Eles estão conscientes?
3) Mas esse interesse ou desinteresse não tem uma relação estreita (direta) com a própria escola?
4) E os seus colegas professores? Estão interessados e se empenham com o tema?
5) Você lembra de alguma atividade ou projeto que aconteceu em sua escola nos últimos doze meses? Ou que a escola fez nos últimos anos que você lembra?
6) Você conhece projetos de educação ambiental que a escola desenvolve?
7) Você já desenvolveu algum projeto de educação ambiental? Por que desenvolveu? Por que não desenvolveu?
8) Qual o grau de conhecimento que dispõe sobre o tema?
9) Outras escolas de sua cidade desenvolvem projetos? Você conhece projetos de outras escolas?
10) Qual a importância que você confere ao tema?
11) Quais são as maiores dificuldades que atravancaram a educação ambiental na sua escola?
12) Qual é o maior desafio do educador enquanto agente de conscientização ambiental?
13) Que pressupostos devem ter o educador para trabalhar o tema em seu meio social?
14) Em sua opinião quais os temas mais emergentes que a Educação Ambiental deve tratar?
15) Como esses temas podem ser trabalhados?
16) O que você entende por problemas ambientais?
17) Você identifica problemas ambientais na sua cidade ou região?
18) Quais são os maiores problemas?
19) Quem são os responsáveis pelo surgimento dos problemas ambientais?
20) Quem são os responsáveis pela solução desses problemas?
21) Como os educadores e a escola poderão contribuir na solução desses problemas? A educação tem um papel nesse sentido?
22) Como você acha que as pessoas podem colaborar para melhorar e/ou conservar o ambiente em que vivem?
23) O que poderia ser feito para que a educação ambiental seja inserida na escola?
24) Depois disso tudo, o que você entende por meio ambiente?
Obrigado por sua colaboração!!!