Educação Ambiental: A Busca De Ações Transformadoras

Por José Robério de Sousa Almeida | 17/10/2008 | Arte

Leidiane de Oliveira Guerreiro1

1Aluna do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos. Universidade Estadual do Ceará. E-mail: leidianeoliveira19@yahoo.com.br. Endereço: Av. Dom Aureliano Matos, 2058, Limoeiro do Norte/Ceará, CEP 62930-000.

INTRODUÇÃO

Estudos mostram que desde o surgimento do homem ele vem continuamente explorando os recursos dos sistemas naturais e quando estes ficavam escassos eles se mudavam de um local para outro, praticando a mesma ação: retiravam os recursos do meio ambiente para sua sobrevivência. Esta ação se manteve por bastante tempo, sendo que todos esses impactos gerados pelo ser humano se agravou ainda mais depois da II Guerra Mundial, quando a sociedade industrial, ultrapassou exageradamente a capacidade regenerativa da natureza, sem nenhuma medida de controle e reposição. Ainda é importante ressaltar que o capitalismo também teve forte influencia (e ainda tem) na forma  de como tomamos nossas atitudes, tornando-nos escravos do consumismo. No entanto chegou o momento no qual o homem "percebeu" que os recursos naturais são limitados e, portanto era necessário traçar objetivos, e diante desta exigência criar meios para que houvesse um maior controle da utilização adequada destes  (PEDRINI et. al, 1997)

Ao passo que se obteve tal concepção, vários estudos foram feitos resultando em um conjunto de leis que tinham várias penalidades, como multas e privar a liberdade dos infratores. Atualmente estas leis estão cada vez mais rigorosas, no que diz respeito às multas elas podem chegar até cinqüenta milhões de reais (CARDOSO, 2008). No entanto percebeu-se na pratica que somente estas medidas insuficientemente amenizariam e tampouco resolveria esta temática. Então se procurou chegar à raiz do problema e a partir dali encontrar a solução. Foi nesse momento que a Educação Ambiental passou a ser mais discutida, implementada sob várias visões e diversos atores, mais ou menos, por volta dos anos 80  (PEDRINI et. al, 1997). Tinha como objetivo construir cabeças conscientes para usufruir dos bens naturais adequadamente, agindo com responsabilidade social, ou seja, convivendo harmoniosamente, respeitando, mantendo e edificando o Planeta Terra para que o mesmo possa continuar produzindo para as gerações futuras e, portanto existindo a sustentabilidade.

Atualmente a Educação Ambiental passou a assumir uma grande responsabilidade diante desta crise ambiental nunca vista na história, tentando interferir nas decisões dos habitantes deste planeta, buscando mudanças de valores, comportamentos e atitudes. Já podemos perceber que este assunto ganhou dimensões espetaculares. Portanto esse artigo pretende focalizar algumas ações relacionadas com esses aspectos,  que estão recebendo destaque na sociedade.

A AÇÃO DA MÍDIA NO DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

A mídia aborda este tema diariamente, às vezes até como jogada publicitária, no entanto ajuda a fixar toda esta discussão. A divulgação pela Imprensa dos acidentes e agressões ambientais contribui para sensibilizar a opinião pública, que se organiza e pressiona políticos, empresas e organizações. Uma política de comunicação é também uma forma de educação ambiental já que contribui para motivar a sociedade, companhias e governos a também investirem mais em meio ambiente, no entanto essa divulgação deve proceder-se de maneira correta. Visto que nossas escolhas são influenciadas pelas informações que obtemos, e se estas são repassadas de forma incorreta, incompleta ou manipuladas em interesse próprio, estas refletirão nas nossas atitudes.

São diversos os meios que encontramos para nos capacitarmos com relação ao tema meio ambiente. Várias instituições distribuem gratuitamente em todo o país panfletos, há revistas, portais na internet, livros dentre outros. Todos com o intuito de formarmos e multiplicarmos a opinião ambiental.

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO ESCOLAR

Na escola esta temática está incentivada pelo Ministério da Educação juntamente com o Ministério do Meio Ambiente, através de projetos que são executados pela comunidade escolar conscientizando os alunos e os tornando multiplicadores. Apesar de ainda serem recentes, esses projetos já implantaram transformações na atitude do alunado. Como exemplos deste trabalho podemos citar a I Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente – I CNIJMA (em 2003), onde 16 mil escolas de ensino fundamental criaram suas propostas sobre como Vamos Cuidar do Brasil. Com esta conferência veio a primeira proposta de se criar a COM – VIDA – Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola, quando os estudantes envolvidos na questão propuseram criar os "Conselhos Jovens de Meio Ambiente". Portanto a COM – VIDA é articulada pelos estudantes podendo ter também parcerias com empresas, organizações de comunidades, associações, Organizações Não Governamentais (ONGs), igrejas dentre outras, criando assim um Círculo de Aprendizagem e Cultura. E todo esse processo de extensão é possibilitado pela Agenda 21 – agenda de compromissos e ações sustentáveis para o Século XXI, assinada na Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2007).

Na Agenda 21 estão definidos os compromissos que 179 países assumiram, de construir uma nova forma de conviver com o Planeta Terra, resultando assim em uma melhor qualidade de vida para a humanidade. E para facilitar ainda mais a construção do próprio caminho a ser percorrido em direção à sustentabilidade pela comunidade, esse projeto incentiva a elaboração da Agenda 21 local, possibilitando ainda mais o dialogo com as pessoas da rua, da comunidade, do bairro e do município (CZAPSKI, 2008).

A II Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente – II CNIJMA (2006) que abordou o tema Mudanças Climáticas, Segurança Alimentar e Nutricional, Diversidade Étnico-racial e Biodiversidade, instigou as escolas a definirem responsabilidades e ações sobre os documentos internacionais dos quais o Brasil faz parte (CZAPSKI, 2008).

E neste ano acontecerá a III Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente – III CNIJMA, que fomentará o estudo e discussão sobre as mudanças ambientais globais relacionando o tema aos quatro elementos da natureza – água, ar, terra e fogo – em sua abordagem ambiental. Sendo mais uma forma de ação indispensável para atualizarmos e aprofundarmos debates ambientais imprescindíveis (CZAPSKI, 2008).

Estes são apenas alguns dos projetos que são trabalhados na ação pedagógica da escola, pois ainda existem aqueles de âmbito estadual, municipal e do próprio Projeto Político Pedagógico do colégio. Já que o Meio Ambiente deve ser trabalhado de forma interdisciplinar, adequando-se à realidade local.

Assim, fica evidente que a escola muito influencia na construção de uma nova atitude da sociedade, de como as pessoas devem agir, já que as ações de todos transformam diretamente o meio em que vivem.

 A PARTICIPAÇÃO DO SETOR EMPRESARIAL

As empresas também desempenham um papel de grande importância nesta busca de mudanças em defesa do Meio Ambiente, visto que elas causam grande impacto no meio em que vivemos.

Segundo a Universidade Aberta do Nordeste (2008), no artigo Empresa cidadã e responsabilidade social:

 Três aspectos fazem parte da responsabilidade social das empresas: a preservação dos recursos naturais não renováveis, a promoção de direitos fundamentais do trabalhador e a proteção dos interesses do consumidor... Ser uma empresa socialmente responsável não significa apenas respeitar e cumprir devidamente às obrigações legais, mas sim o fato de as empresas, através dos trabalhadores e de todos seus interlocutores, irem além de suas obrigações em relação ao capital humano, ao meio ambiente e a comunidade por perceberem que o bem-estar destes reflete sobre os negócios em si" (UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE, 2008, p. 108)

Os objetivos das empresas atuais  não devem se resumir apenas no lucro, mas sim em ter uma preocupação com os padrões éticos comportamentais, relacionados a própria empresa, seus funcionários, clientes, parceiros e a preservação ambiental. E são atitudes como estas que muitas empresas estão tendo o seu trabalho reconhecido e passando a ser vistas como empresa-modelo. E como diz o jornalista MANO (2007, p.14), "a prestação de contas das metas sociais e ambientais – assim como das financeiras – das empresas é uma tendência irreversível". Desta forma elas ficam expostas, sendo acessíveis ao conhecimento da população, e, portanto sendo memorada ou rejeitada.

MEIO AMBIENTE NA VISÃO DA SOCIEDADE

Meio Ambiente como é um tema que envolve todas as classes da sociedade, torna-se um assunto polêmico, já que desenrola uma série de opiniões. Há quem afirme que toda essa preocupação é desnecessária. Acreditando que essa ação da natureza não passa de mais um dos seus processos naturais da evolução, dos seus ciclos de adaptação, permanecerá aquele no qual se adaptar, e aquele que não acompanhar a evolução desaparecerá, assim como os dinossauros. É importante observar que a humanidade está provocando transformações tão inesperadas, que a escala de tempo mudou bruscamente, e as mudanças que antes ocorriam num intervalo de milênios, hoje acontecem em décadas, desta forma não há condições para a adaptação das espécies e várias delas tendem a desaparecer, inclusive o homem (FERNANDES e FERNANDES, 2008)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi exposto neste artigo, conclui-se que toda essa degradação ambiental se reverterá mediante a participação da sociedade como um todo, não somente nas suas ações diárias, mas também na tentativa da conscientização, sendo todos multiplicadores desse novo estilo de vida que devemos adotar.

      A sociedade já tomou conhecimento de tamanho impacto na vida planetária por ações que não foram premeditadas, resta agora mudarmos os rumos, adotarmos valores e atitudes que não foram seguidas pelas ultimas gerações, começando a mudar a partir das pequenas ações como economizar água nos momentos de higiene pessoal, administrar corretamente energia da sua residência, dá o destino adequado ao lixo, optar por produtos  ambientalmente corretos, dentre muitas atitudes que temos o conhecimento de ser a correta. Executando tais ações fica mais fácil de ensinarmos e de exigirmos do restante da sociedade. Como tem afirmado a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva apud CZAPSKI (2008), começou a "era dos limites, onde a competição tem de ser substituída por uma atitude solidária e cooperativa".

REFERÊNCIAS

  • BRASIL, Ministério da Educação, Ministério do Meio Ambiente. Formando Com-vida. Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de vida na escola. Construindo a Agenda 21 na escola.  MEC.  2. ed., ver. E ampl. Brasília,, 2007.
  • CARDOSO, F. H.; KRAUSE, G. Lei nº 9.605 – Lei de Crimes Ambientais. Ibama, 1998. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/leiambiental/home.htm#crimesamb. Acesso em 01/10/2008.
  • CZAPSKI, S. Reflexões, desafios e atividades. Ministério da Educação, Ministério do Meio Ambiente, 2008.
  • FERNANDES, A. H. B. M; FERNANDES, F. A. A Embrapa e as mudanças climáticas. 2008. Artigo em Hipertexto. Disponível em: http://www.infobibos.com/Artigos/2008_1/Mudanças/index.htm. Acesso em: 02/10/2008.
  • MANO, C. A escolha das melhores. Revista Guia Exame, São Paulo, ano41, no 23, Dez 2007, pág. 14 - 19.
  • MENEZES, D. Em defesa do Planeta. Revista Nova Escola, São Paulo, ano XXII, no 202, Mai 2007.
  • PEDRINI, A. G.; SILVEIRA, D. L.; DE-PAULA, J. C.; VASCONCELLOS, H. S. R.; CASTRO, R. S. Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
  • UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE. Fundação Demócrito Rocha. Responsabilidade Social: respeito ao meio ambiente. Curso Responsabilidade Social e Sustentabilidade para um mundo melhor, Fortaleza, Ce, fasc. 6, Out 2008.