Ecossistemas comunicativos
Por Altina Costa Magalhães | 11/12/2011 | TecnologiaECOSSISTEMAS COMUNICATIVOS: Diagnósticos da Comunicação
Altina Costa Magalhães
Em: 10/12/2011
A necessidade de comunicação é fator fundamental na relação humana desde os tempos mais primórdios, com o passar do tempo, essa comunicação foi ficando cada vez mais envolvida com a tecnologia. O século XX trouxe significativas mudanças em todos os campos sociais e em ritmo bastante acelerado principalmente no tocante a utilização das tecnologias da informação e da comunicação. Assim todos os segmentos sociais que se modificaram sofreram alterações nas formas de comunicação, de organização, de gestão de seus espaços. Hoje, a mídia, através dos meios de comunicação, é a principal forma de acesso às informações acerca do mundo e indispensável ferramenta de interação entre os indivíduos. Tudo isto provocou e provoca profundas conseqüências na vida individual e coletiva neste século XXI inclusive na educação e seus ecossistemas.
Se observarmos bem, o espaço escolar é constituído de vários ecossistemas. Para a biologia, a noção de ecossistemas inclui os fatores bióticos e os abióticos, é o conjunto de relacionamentos mútuos entre os seres vivos e o meio natural, dinâmico, mas não determinado pelo seu tamanho, e sim por sua estrutura e seus padrões de organização.
Na educação, ecossistemas é um processo de troca simbólica que gera os laços sociais e culturais deixados por sucessivas gerações e constituem as manifestações de processos comunicacionais na medida em que formam o tecido das relações educativas ou escolares. A Educação transforma-se em um tecido comunicativo por ser um espaço de diálogo e cidadania, assim por este fato deve-se colocar a comunicação no cerne do fazer pedagógico, ou para questioná-lo ou para agir sobre ele promovendo ecossistemas comunicativos que resolva os problemas pelos quais a educação esta passando.
A escola deve encontrar modos de interligar o local com o mundial, o pessoal com o coletivo, o individual com o social. O difícil é fazer esta interligação, é promover na escola um ecossistema comunicativo que contemple experiências culturais, o uso das mídias da informação e da comunicação e ainda fazer do espaço escolar um local de aprendizagem significativa no sentido de encantar os seus partícipes.
É fundamental que o homem e a natureza mantenham uma relação saudável, equilibrada, bem como é necessário uma relação sadia entre os ecossistemas comunicativos na escola e que o fluxo das relações entre os indivíduos e os grupos que ele participa alie o acesso de todos ao uso adequado das tecnologias da informação e da comunicação. “... A comunicação expressa a dinâmica do cotidiano, a existência social do indivíduo e a do indivíduo na sociedade” (MORAN, 1993, p.11).
Os atores que atuam nos ecossistemas que perpassam o espaço escolar são todos membros da comunidade escolar: educadores, gestores, alunos, pais, funcionários em geral, membros da comunidade local. A energia trocada entre estes atores é a comunicação, é ela que promove a interação uns com os outros e com o meio, com a realidade coletiva produzindo nela modificações, que também modificam os atores, por assim ser, entende-se que é também um meio dinâmico.
Para que o ecossistema comunicativo escolar ou educativo esteja em constante equilíbrio é preciso que cada um dos seus membros partícipes sinta-se responsável pelo fluxo de energia, partilhando, comunicando, abrindo canais de interação e integração, ou seja, de trocas entre outros ecossistemas comunicativos. A inter-relação entre a comunicação e a educação trabalha,... a partir de um substrato comum que é a ação comunicativa no espaço educativo, ou seja, a comunicação interpessoal, grupal, organizacional e massiva promovida com o objetivo de desenvolver ecossistemas comunicativos através da atividade educativa e formativa.
Pensando nos fluxos comunicativos que acontecem nas escolas, na qualidade e na eficiência da comunicação que caracteriza o ecossistema escolar, percebe-se que as tecnologias da informação e da comunicação têm aos poucos mudado a realidade de muitas escolas tanto na forma de desenvolver suas atividades pedagógicas como no tocante a relação desta com a sociedade. Entretanto esta é uma realidade ainda pouco aparente uma vez que na maioria das escolas o que acontece geralmente é que a eficiência dos fluxos comunicativos é algo ainda muito distante do ideal, é algo que precisa e muito ser transformado, porque não acompanhou a evolução social promovida pela inserção das tecnologias da informação e da comunicação, ficando aquém, da evolução comunicacional que os outros tecidos sociais acompanharam.
A escola que temos hoje ainda apresenta muitas características da escola do século XIX e isto fica muito evidente na forma como a comunicação acontece. As informações são restritivas a certos ecossistemas, o que acarreta inúmeros problemas inclusive e principalmente no fazer pedagógico, e no administrativo que funcionam como se um não tivesse relação com o outro, e quando se trata do fazer pedagógico em relação à comunidade externa a escola o problema da comunicação é ainda mais explícito, parece que a escola não existe para além de seus muros, é como se ela fosse uma ilha sem pontes, sem possibilidades de acesso para a sociedade que vive em seu entorno.
Para que os fluxos comunicacionais possam fluir de forma que a escola saia desta situação embaraçosa em que se encontra é preciso que haja um repensar, uma mudança nas atitudes das pessoas que compõem os ecossistemas existentes nesse espaço de forma que tudo funcione como se fosse apenas um, e para que esta realidade se faça presente neste contexto, só por força da comunicação, da informação, das mídias que estão aí disponíveis para transformar a realidade. Mas tecnologias por si só nada fazem, é preciso que os envolvidos se comprometam a mudar de postura e transformar-se no sentido de proporcionar equilíbrio entre os indivíduos e a comunicação.
A falta de diálogo entre os membros do ecossistema de algumas escolas implica em atraso no processo de evolução da educação, das escolas dos indivíduos e, por conseguinte da sociedade, no entanto este é um problema que existe por força de vários fatores e para resolver este problema é preciso que a educação repense seus objetivos com a finalidade de construir uma teia de relações democráticas em que os indivíduos possam ouvir e ser ouvidos, pois assim todos reconhecerão as funcionalidades, competências e habilidades que cada um carrega consigo.
Isto é possível através de projetos facilitadores da educomunicação. Na prática, isto se dá pelo uso adequado eficiente das tecnologias, de forma colaborativa para fomentar processos e procedimentos que redimensionem as relações entre a escola e a sociedade em todos os projetos que a escola protagonizar seja a criação de um programa de rádio ou de uma rádio-escola, seja o uso da internet, da televisão, do celular, dos livros, revistas, jornais, dos rótulos, das músicas, da literatura, das entrevistas, dos programas esportivos, noticiários das artes em geral de qualquer elemento que facilite a expressividade dos educandos e demais membros do ecossistema escolar.
REFERÊNCIAS
MORAN, J.M. Leituras dos meios de comunicação. São Paulo: Pancast, 1993.
SOARES, Ismar de O. (2022b) Gestão comunicativa e educação: Caminhos da educomunicação. In: BACEGA, M, A. ( org) Comunicação & Educação. São Paulo ECA/USP/ Salesiana, n.23, p.16-25, jan./abr.2002