Ecommerce de roupas no brasil
Por Isis Borges | 21/11/2011 | AdmEm diversos países como Inglaterra, Estados Unidos e Japão, a compra de roupas online não é novidade há muito tempo. Atualmente, o valor movimentado por este nicho de ecommerce ultrapassa a casa dos bilhões de dólares/ano, colaborando com a receita gerada pelas lojas físicas. Não há mais o temor de uma perda de consumidores em consequência da migração para o comércio pela internet e já não se concebe uma loja sem o auxílio da mídia virtual.
O público brasileiro, no entanto, demorou para aderir a este modelo, principalmente pela insegurança que sente ao disponibilizar dados de cartões de crédito e débito em um site. Há falta de informação não apenas de quem vende como também de quem compra pela rede.
Mesmo assim, nos últimos anos, houve um acréscimo considerável do consumo online de vestuário no Brasil. Acredita-se que um dos responsáveis sejam os grupos de desconto e compras coletivas, como Peixe Urbano e Groupon, nos quais o usuário se cadastra e recebe, via e-mail, novidades sobre produtos e serviços com preços especiais. Estes sites fomentam o ecommerce através de descontos condicionados à venda de uma quantidade pré-determinada no site. Todos ganham: a empresa, que consegue divulgação e venda; e o consumidor, que consegue melhores valores no mercado.
Alguns mitos sobre o ecommerce foram desfeitos com o passar do tempo. Como, por exemplo, a ilusão de que uma loja virtual não necessita dinheiro ou investimentos altos para ser iniciada. Já está comprovado que um site que não apresenta confiabilidade no acesso pode trazer tantos prejuízos quanto uma loja física que não vende. Além disso, se a operação logística apresenta problemas de entrega, demora na troca, pouca rotatividade ou falta de produtos, o cliente pode deixar de comprar na rede. Ou seja, uma loja virtual requer tantos cuidados quanto uma loja que tem endereço fixo em um shopping center.
Comprar uma peça de roupa online é diferente de experimentá-la em uma loja física. Para aproximar cada vez mais o consumidor final da experiência real de compra, o ecommerce passou a utilizar ferramentas mais elaboradas. Há desde manequins personalizados (pode-se optar por mais gordinhos ou mais magrinhos; com busto maior; ou, até mesmo, escolher entre mais realistas ou mais conceituais) até mostruários em que é “montado” um modelo o mais semelhante possível, respeitando medidas originais e tom de pele do consumidor. Nos sites da multinacional sueca de moda H&M, por exemplo, é possível adicionar ao modelo peso e altura, além de aumentar ou diminuir medidas de quadris e seios.
A venda de roupas pela internet só passou a ter espaço cativo na vida virtual do brasileiro quando as lojas se deram conta que, quanto mais detalhes o produto apresentar no site, mais fácil se torna a realização da compra. O trabalho de ter vendedores reais disponíveis 24 horas por dia também pode significar a diferença entre o consumidor escolher a loja virtual ao invés da loja física.
Alguns dos problemas enfrentados pelo cliente no ecommerce são a troca pouco facilitada, não conseguir saber como o produto fica no corpo antes da efetivação da compra e a falta de padronização dos tamanhos. Uma calça ou uma blusa, dependendo da modelagem, pode variar até dois números, dificultando a escolha do consumidor final.
Apesar de tantas nuances, algumas marcas já estabelecidas no mercado estão virando referência no assunto, apostando com força no ecommerce. Podemos citar empresas como Lojas Marisa e Renner, que já contam com um provador virtual que mostra os tamanhos disponíveis para a cliente, evitando insatisfações.
O conhecimento sobre as necessidades do público-alvo, aliado a um bom atendimento e à utilização de novas tecnologias, parece ser a chave para o crescimento do ecommerce. Vender produtos que necessitem de experimentação ainda é um desafio. Culturalmente, o consumidor exige muitos cuidados e a loja tem que investir em funcionalidade, segurança e demonstração do produto para tentar suprir a falta do provador.
Enquanto empresas já se mostram experientes no varejo de moda pela internet, outras se aventuram e começam a lançar suas lojas virtuais ou apostam numa reformulação de seu comércio eletrônico. Espelhando-se em diversos fatores culturais de sucesso, podemos citar o costume que os norte-americanos têm de comprar por catálogos. Isso acabou levando o consumidor estadunidense a aderir mais rapidamente à compra de roupas pela internet. Por aqui, o contexto é diferente. Um dos principais desafios para as marcas é convencer o cliente a abrir mão da experiência de compra no ponto-de-venda, tendo contato direto com os produtos e vendedores, em prol do conforto e da praticidade oferecidos pela internet. Atualmente, a tecnologia contribui para aprimorar os canais de compra, mas acredita-se que este filão, aqui no Brasil, ainda tem muito para se desenvolver. Mesmo com investimentos pesados, a desconfiança em relação à forma de pagamento e às políticas de entrega, devolução da mercadoria e troca ainda não são claras para o consumidor. Mas a evolução do ecommerce e o aumento de marcas especializadas em vestuário e acessórios que apostam neste nicho está mudando este cenário.