É Lula de novo, sob a força de um povo dividido
Por Victor Teixeira | 24/03/2016 | PolíticaJá tem 2016 o básico para ser um ano ímpar, servindo de simples complemento os fatos vindouros. Com relação ao impeachment de Dilma, seu avanço por enquanto não passa de anseio de quem o quer. Ralas semanas após Lula ser levado de casa para depor acerca de seu envolvimento no mau uso do dinheiro público, vêm nem tão licitamente à sociedade registros do ex-presidente como novo ministro da Casa Civil {1}, não importando o recente decreto de prisão contra ele. O caso corre enfatizando temas como privacidade no uso de meios de comunição e imparcialidade profissional.
"Vergonha" é a correta definição para o segundo fuzuê no mesmo mês envolvendo o mesmo personagem, cunhada pelo deputado federal Major Olímpio (Solidariedade-SP) com o posterior revide de militantes petistas que o aclamaram "fascista" e "golpista" {2}. Tão desvirtuado é da realidade por interesse de seus líderes que o mencionado exército apresenta o comportamento por eles visto em Olímpio ou qualquer que aponte os erros do PT, Lula e Dilma. A este pessoal e seus chefes fica reservado o que sobrar de possível colapso a cujo risco os desmandos submetem a nação.
É frequente se falar na infiltração, entre os que desejam remover a presidenta, o antecessor e o partido de cena em virtude de seu parcial empenho no rombo na Petrobras, de senhores do poder ressentidos com a reserva de bom espaço aos "pobres" em serviços antes sob maior controle e uso burgueses. Quem imaginaria ver Lula, Dilma e parceiros, impulsionadores dos progressos, corroendo-os mediante atos paralelos objetivando privilégios? É a realidade, para a qual os olhos dos militantes ficaram cegos ante o amor incondicional pela ideologia da organização, incompletamente capaz de atender às necessidades gerais instáveis conforme o tempo em que se situam e a heterogeneidade socioeconômica moldável ao tamanho desta Pátria.
A manifestação contestando a presença do partido líder do governo entre as cúpulas políticas aliadas e opositoras e grupos privados de cujo DNA a vigente trepidação econômica brasileira possui trechos não foi caso isolado mesmo em âmbito nacional. Também o montante dos brasileiros no qual é mais possível achar sensatez expressou não aceitar o manejo de Lula a uma instância com mais altura e muros passíveis de resguardá-lo da dívida a lhe ser cobrada por autoridades e o povo em paralelo à nomeação.
Recordando a passagem de Dilma pela Casa Civil anterior à presidência faz-se uma ligação de pontos com a surpreendente manobra do PT e aliados que busca, conforme seus idealizadores, dispor questões econômicas às mãos de alguém cujas habilidades do tempo em que ocupava a cadeira presidencial ajudariam a domar a instabilidade monetária {3}.
Qualquer sendo a legalidade dos grampos telefônicos e sua disseminação pública pelo juiz atuante ilustremente na Operação Lava Jato Sérgio Moro, nada será acrescentado ou subtraído na idoneidade de como o mar da Casa Civil fora ajustado às impurezas do Molusco por intermédio da hoje mais vergonhosa referência para as mulheres. Tendo Moro empurrado à beira do abismo a segurança nacional quando explicitou os áudios que ultrajaram a privacidade da presidenta – seu direito como chefe de Estado – por ter ela trocado informações com quem já teve a prerrogativa e agora é investigado sem impedimentos – Lula –, motivo da transferência do processo averiguatório envolvendo o ex-líder republicano para o STF {4}, não houve mudanças no lamentável caráter expresso por nosso antigo mandatário nos diálogos ao desqualificar órgãos a serviço da ordem política e solicitar intervenções no processo, vindo ao Supremo o proveito dos registros como novo teste de seu dever de resguardar o alinhamento de ações político-judiciárias à Constituição.
A gigante voz procedente das ruas atestando a falta de graça no retorno ativo de Lula à política, embora num cargo inferior, vibrou em intensidade que atingiu o Supremo Tribunal Federal e basou o bloqueio da conquista partido do ministro Gilmar Mendes {5}{6}. O tratado de trégua na indignação popular recebeu o complemento de uma sentença parcial a menos para recursos em favor da posse ministerial do antes comandante do navio verde-amarelo-azul-branco resultante de outro ministro do órgão, Edson Fachin, ter reconhecido que é "suspeito" para agir entre os que dariam o veredicto, entendendo no que sua presença no juízo iria dar em virtude de apadrinhar a filha de um dos propositores da demanda {7}.
Até a retirada por Teori Zavascki das investigações sobre Lula das mãos de Moro e seu repasse ao STF poderia constar entre as vitórias coletivas a negação pela ministra Rosa Weber de habeas corpus pedido pela defesa contra a decisão de Gilmar Mendes que também previa manter o juiz paranaense investigando o caso {8}. De um avaliador suspeito de ir longe demais no seu trabalho emitindo delicadas minúcias o caso vai para um ambiente com impasse pela divisão dos processos entre Mendes e Zavascki {8}, tendo por fator desafiante a influência do PPS e do PSDB na partilha e o consequente arranjo propício ao rumo do até seis anos atrás presidente da República segundo o teor de cada parte do material e de quem a julgará , embora seja das legendas a autoria dos apelos para travar sua nomeação.
Conhecendo a popularidade de Lula motivada pela extensão de direitos ao povo brasileiro, colaboradores tentam afixá-lo em um degrau onde haveria tarefas que o ajudariam na escalada ao velho cargo em 2018. Boa monta da população se volta contra os exercícios de forma tão intensiva esperada para o dito tempo eleitoral e as autoridades aptas a monitorar as práticas dos líderes seguem o coro. Se vê, contudo, nesse lado seres que escolheram nele ingressar por daí alcançarem melhor a massa e fazê-la de fantoche que atrai ganhos pessoais aos manipuladores enquadrando os praticantes de injustiças contra o país todo com abusos ou fraquezas, em proporções majoritariamente benéficas aos espertinhos. Distinga com virtude os gatos dos ratos e nos ensine quem puder!