É injusto pressionar uma pessoa sob peso de um rótulo!

Por Felora Daliri Sherafat | 15/05/2018 | Sociedade

Uma senhora disse para sua amiga, que fulana é “exibida”; no mesmo tempo, um jovem disse para seu pai, que seu chefe é “dominador”; e ainda, em outro lugar um senhor estava falando para sua esposa que seu colega do trabalho é muito “metido”; e esta onda de carimbar as pessoas com rótulos, continua contaminado os fatos e as relações, e os rotulados são tratados como portadores de doenças incuráveis.   

Mas, numa visão espiritual não podemos rotular as pessoas, em nenhum sentido e com nenhum pretexto: postura, manias, pontos fracos, falhas repetitivas, erros, hábitos estranhos, os aspectos da personalidade, nacionalidade, ou outros motivos. Todos estes são detalhes irrelevantes em relação à grandiosidade da essência da alma. 

Infelizmente, a sociedade, dentro de um olhar limitado aplica certos rótulos às pessoas, na tentativa de desqualificá-las, na hora que não vê uma explicação mais sustentável e por falta de argumento real. Isto é um tratamento injusto, de pressionar uma pessoa sob peso de um rótulo.

“Sinceramente não creio que deve-se rotular pessoas, a questão é, que rótulos são para embalagens plásticas, não para pessoas de carne e osso.” De fato, rótulos são utilizados para produtos, que não reagem, são estáticos, imóveis, estagnados, e não para classificar as pessoas, que ao contrário são dinâmicas, em progresso, e não representam a mesma realidade de comportamento de um dia para outro.

Não compete a ninguém julgar a personalidade ou o caráter do outro, e atribuir um rotulo. Porque não o conhece, nem as circunstâncias que definem seus atos e pensamentos, e isso é lamentável, por que, atrás dos rótulos negamos a existência de uma alma transcendente, portadora de sentimentos, qualidades e virtudes ocultos, longes da percepção humana.

O ser humano, devido à sua natureza espiritual está em constante mudança, por isso, não lhe cabe um rótulo. E em maioria dos casos a pessoa rotulada fica na posição desfavorável de não poder se defender. A sociedade atual com este hábito desperdiça muitas pessoas qualificadas. “O fato do ser humano rotular as pessoas, às vezes o impede de conhecer pessoas incríveis.” 

Os rótulos causam muitos males de forma traiçoeira. Isso acontece, por exemplo nas empresas, quando um chefe quer demitir um subordinado e lhe atribui adjetivos como autoritário, só por que sente que ele é uma ameaça para o próprio cargo. Ou talvez o funcionário é muito popular e todos gostam dele e isso incomoda o seu superior! E assim um colaborador competente pode ser excluído do grupo. 

A experiência e história mostram que em uma sala de aula, quando uns rotulam outros, zombam com alguns colegas, e até rotulam os professores, o grupo começa a se desintegrar, uns ficam excluídos, e no final os resultados são péssimos para o grupo: baixa aprendizagem, alta reprovação, e sem nenhum mérito para a turma. 

Ao contrário, sempre que uma turma alcançou êxito e deixou sua marca, fosse no colégio ou na faculdade, e conseguiu uma posição notável, foi por que o grupo era conectado, os mais inteligentes cuidavam dos mais fracos, e os mais fracos se orgulhavam dos colegas mais inteligentes e mais estudiosos. Ninguém rotulava outro, ninguém usava frases para diminuir ou desqualificar outros. Tal turma ficou famosa e por décadas lembrada com destaque. 

Na verdade, todos estamos trabalhando para a mesma missão: a evolução espiritual individual e coletiva, e se rotularmos algumas pessoas afetaremos a evolução e desenvolvimento espiritual, tanto individual como coletivo.

Felora Daliri Sherafat  

Aracaju, 09 de Maio de 2018