E agora meu rei?

E agora meu rei?

Silêncio, por favor

Não falem.

Deixem minh’alma aportar,

Não digam nada.

Não posso nem quero ouvir nada agora.

Quero apenas poder sentir meu corpo

Encontrar a essência perdida há tanto tempo.

Quero poder sentir-me de volta

À razão e sensatez, à realidade enfim.

Onde estive durante todo esse tempo?

Por onde andou meu ser errante,

Que caminhos percorreu?

Nem sei bem por onde passei

Com que forças atravessei os caminhos,

Enfrentei o cansaço e sustentei o frio.

Como pude adormecer sem o calor do corpo

E atravessar o tempo sem sequer senti-lo?

Caí. Senti meu corpo encontrar o chão

E nele percebi o vazio do seu olhar,

Da sua presença, do seu querer.

Senti-me só, como só estive por tanto tempo,

Por todos os momentos em que não quis ver,

Nem quis olhar de frente a realidade

Que se fazia presente, explícita:

da sua constante ausência, do seu desamor

Mascarados pelos sentimentos meus

Que julgava serem  bastante para nós dois.

Rosa,05/07/2005