Drogas - Uma guerra perdida

Por David Moreno | 18/03/2022 | Sociedade

Rodrigo Duterte – Talvez você nunca tenha ouvido falar neste nome.  É  o atual  presidente eleito  das Filipinas, um arquipélago de ilhas localizado na Ásia. Colonizada por espanhóis, invadido por japoneses na Segunda Guerra mundial e liberada pelo  norte-americanos.  Recentemente a diplomacia deste país está  se aproximando da China, como principal parceiro comercial e estratégico, distanciando dos Estados Unidos.

Duterte foi prefeito da cidade de   Davao,  na ilha de Mindanao. O sucesso de  sua administração, projetou-lhe  para  a  presidencia da Republica, recebendo votação majoritária. Ficou conhecido na mídia por xingar o papa, devido ao caos no transito que  sua visita causou; e o Presidente Obama, por criticar seu método drástico de tratar com o problema das drogas.   

A poucos dias no cargo,  Duterte ordenou medidas extremas.  A estratégia está dando resultados encorajadores e a população tem respaldado sua  decisão.  Duterte tem a aprovação de 91% da população.  Cada povo tem o governo que merece.   Parabéns filipinos. 

A Policia,  responsável por  prender traficantes de drogas, conta com  a ajuda da população que  informa onde estão.   Em número suficiente e bem armada,  vai  ao  aos endereços  indicados e dão apenas uma opção  -  se  render.  Se ocorrer  resistência,  não hesitam em revidar, obviamente causando mortes. 

Já foram registradas mais de 1.900  mortes de traficantes e suspeitos.  Usuários  voluntariamente foram  às delegacias registrarem-se.  Após serem fichados e feitos exames de urina,  foram  liberados com a condição de que abandonariam  os vícios.  Concordam em participar de programas de ressociabilização e tratamento  clinico, para eliminar a dependência.  Clinicas de recuperação estão recebendo um fluxo de 30 pacientes por dia.

Escolas primárias promovem visitas  rápidas de alunos  aos presídios locais. A mensagem  é clara:  Se não obedecerem a lei, quando tornaram jovens,  terão destino semelhante.   

A ONU, os países ocidentais, a mídia e  defensores dos direitos humanos se manifestaram contrários  aos métodos de Duterte.   Países vizinhos  como  Malásia e Indonésia,   também  adotaram politicas rígidas para  erradicar o  tráfico.  Estes    paises  têm total convicção de que  as drogas destroem os jovens e contribuem para o aumento da criminalidade.

Na Malásia a situação é mais fácil de controlar, pois a maioria da população é muçulmana. No Islamismo  as drogas não são toleradas.  Até mesmo bebidas alcoólicas são proibidas.  Drogas,  só no hospital e para curar doenças.

Enquanto isto  no Uruguai o consumo livre da  maconha foi oficializado pelo legislativo e, na época,  contou com o apoio do presidente.   Não é coincidencia que o número de ateus naquele país é um dos maiores do mundo.  Em alguns estados norte-americanos como Colorado, Washington e agora Califórnia, a população votou em favor da liberalização da maconha para fins recreativos.    Alguns estados liberaram apenas para fins medicinais.

  A Indonésia  decretou a execução de    dois  brasileiros por  fuzilamento  - Rodrigo  Goulart, paranaense, e Marco Archer, carioca.    Entraram no país com   cocaína escondida em pranchas de surfe. A ilha  de Bali é  um dos principais destinos turísticos na região. Atrai  principalmente  australianos, neozelandeses e europeus.   Devido à dificuldade e risco de introduzi-las, o preço das drogas é  extremamente  alto. 

A ex-presidente Dilma Roussef , através da chancelaria brasileira, pediu clemência ao presidente indonésio.  Pedido negado.  O jeitinho brasileiro não funcionou.   Os traficantes partiram desta vida para outra.  Os executados, criam que o crime compensava.  A Bíblia tem uma palavra que cai como uma luva – O salário do pecado é a morte (Rom. 6.23). 

Espero que tenham se arrependido e  sido perdoados por Deus,  por colaborarem na destruição de mentes alheias. Faziam   turismo com dinheiro ilegal, não respeitaram a lei de seu país, nem de outros.  Ambos sabiam da  pena de morte para traficantes na Indonésia

Não bastasse o vexame do pedido  rejeitado,    a diplomacia brasileira revidou criando  entraves  burocráticos para reconhecer o  novo embaixador  da Indonésia no Brasil.   Placar moral - Indonésia 7 x Brasil 1.

Lembro que na época, a maioria dos leitores do portal G1 (da Globo) manifestaram apoio  ao presidente indonésio. Sinal que os brasileiros estão cansados de ser vítimas e refens. 

Uma enquete online mostrou que a maioria  estava de acordo, pois os bad boys   infringiram a lei de outro país. Todavia a quantidade de pessoas  contrárias foi  consideravel.  Inúmeras pessoas confundem misericordia com impunidade.

  Países ocidentais  tratam o  problema das drogas de forma oposta.   Na  década de 90,  a Holanda  implantou um  programa assistencial,   que oferece  gratuitamente as seringas descartáveis e  droga ao viciado, com o objetivo de evitar que  venham   praticar o roubo para manter o vicio. Alem disto, liberou para que maconha fosse vendida nos bares  chamados de café.  (Ninguém toma café! Só chá.... de cogumelo)

As autoridades brasileiras tentam, mas por inúmeras razões não conseguem   declarar guerra ao tráfico. A maioria da população crê ser uma guerra perdida. De acordo com inúmeras reportagens na mídia, fatos concretos, a Policia Milatar não conseguem conter os problemas, há inclusive elementos infiltrados na própria policia.

Há um bom tempo, são os  traficantes   quem declaram  guerra contra as autoridades. No  Rio de Janeiro o Exército   foi deslocado para o morro,  na  Copa do Mundo e Olimpíadas para que o evento não fosse prejudicado, ou seja para não fazer feito perante as nações estrangeiras. Agora que o Estado está quebrado financeiramente, a coisa ficará pior. Há relatos que  falta  inclusive combustivel  para abastecer  as viaturas da Policia Civil. 

Há enorme dificuldades para combater o tráfico.  É impossível subir os morros sem ser notado. Existem  informantes 24 horas de plantão, ligados no movimento.  Quando a Policia chega ao topo, estão longe, ou bem escondidos.

Os moradores dos morros, para não sofrerem represálias com seus “vizinhos problemáticos”, quando inquiridos  a respeito dizem: – Não vi, não sei, não tenho nada a declarar.

E compartinhando o mesmo espaço, festas, carnavais, praias,  clássicos  no Maracanã e   tragédias,  o Rio de Janeiro continua lindo.

A Cracolândia, na cidade de São Paulo,    mostra o fracasso de nossas autoridades.  O que começou com um pequeno grupo de consumidores de crack , numa das áreas  centrais  degeneradas depois que a Estação Rodoviária mudou para a Zona Norte, aumentou  forma espantosa.

A Policia Militar e Civil constantemente  realiza     blitz  no local,  prende  os vendedores de drogas, em celas abarrotadas. Dias depois, tudo volta ao normal  (ou melhor, ao anormal).  Os mais prejudicados são os cidadãos   que trabalham nas redondezas ou residem, cercados por zumbis vivos pedindo dinheiro ou ameaçando.    

Os imóveis perderam o valor;  pontos comerciais  foram definitivamente fechados. Pichação, cheiro de urina e barracas improvisadas,  dominam a cena.   Dá a  impressão que chegamos a um  campo de refugiados.

Prefeitos entram e saem e nenhuma solução é encontrada.  O prefeito Hadad   criou um programa social, Braços Abertos,  mas os resultados são pequenos em relação ao problema.   Operações da Policia são  paliativos.  Reportagens  já não causam impacto.  Talvez  estacionar dez viaturas de Policias no local dia e noite?  A apenas quatro quadras,  há uma inspetoria da  Guarda Civil metropolitana enfeitando o  bairro.

Em 2014 a  Folha de São Paulo online publicou um anúncio na sua página principal -  A Folha é a favor da legalização das drogas. Mas esta não é a opinião da maioria dos brasileiros. Já temos problemas com alcoolismo.  Segundo dados da Revista Epoca, o poder público gasta 8 milhões de dolares anualmente,  para tratar males provocado pelo alcoolismo. 

Não estamos sozinhos nesta degradação social e autodestruição de nossa juventude.  O México  declarou guerra  contra o tráfico de drogas, mas não colheu resultados.

O México produz maconha, entretanto drogas mais lucrativas, vêm da Colômbia, Peru,  Bolívia e paises do Oriente como Afganistão.  São transportadas em  pequenos aviões e embarcações.  Do México   segue para o grande cliente, Estados Unidos,   escondidas em carros e  caminhões  disfarçadas de  mercadorias, inclusive passam pelos   mesmos caminhos  dos imigrantes ilegais.

Quando Donald Trump causou polêmica a respeito da construção do muro na fronteira com aquele pais, não estava enfocando apenas a questão da imigração, mas ao tráfico de drogas e a presença de criminosos nos Estados Unidos.  Depois de eleito  mudou o discurso e disse que vai deportar  todos que tenham registros  criminais. 

Como consequência do  tráfico,  centenas de pessoas são assassinadas nas cidades de Tijuana e Juarez.  Esta última, na fronteira com o Texas, é considerada a cidade mais violenta do mundo.

 Tive que rir  ao ler  que   Joaquin Gusman, mais conhecido como El Chapo,  fugiu  do presídio de seguranca máxima.   Parece piada, mas é verdade.   Nas montanhas do norte de   Sinaloa, estado onde nasceu El Chapo, fazem até música (narco corrido),uma espécie de rancheira,  em sua homenagem,.

Enquanto os norte americanos estão  desfrutando os prazeres temporários   que as drogas proporcionam, o povo  mexicano  paga a conta na forma de  assassinatos, sequestros e extorsões.   O narcotráfico está expandindo seus negócios.   Estão interceptando imigrantes de outras nações que passam pelo México.  Os levam  ao cativeiro e eles devem contactar familiares no país de origem e pagar certa quantia para continuar a viagem.  Caso contrário, são assassinados e enterrados numa vala comum.

Foi descoberto pela Policia na cidade de Tijuana,  fronteira com a  California,  um local onde corpos de pessoas  eram desintegradas em tonéis com soda caustica.  O que sobrava, quase em forma líquida, eram despejados numa vala   na  propriedade.  Nem DNA era possível coletar e  identificar.

O  homem  que executava o trabalho  confessou que trabalhava para o tráfico, como  eliminador de  corpos e era apelidado de  “cozinheiro”.   Pergunto - Ficou chocado?   Ainda não foi suficiente para convencê-lo o quanto as drogas  corroem  a sociedade  ocidental?

O  consumo de drogas  era comum só nas grandes capitais e maiores cidades brasileiras, mas hoje a epidemia  atinge até  as pequenas cidades.  Antigamente, se dormia com as janelas abertas.  Agora, fecham e instalam grades de proteção. (Bom para os serralheiros!)

Há no Brasil uma tendência  de considerarmos o uso de drogas um estilo de vida e não associá-las ao crime. Nossos adolescentes são introduzidos  por influência dos amigos (inimigos isto sim). Com o passar do tempo, torna-se vício e pode evoluir (se é que podemos usar tal expressão), a quase irreversível dependência química. 

Há uma estrutura social que dá cobertura.  Artistas das mais diversas áreas, especialmente  na música. Vivemos uma geração de  modernos malucos beleza.  Rock  e drogas são parceiros de longa data.

Recentemente o grupo de rock Gun’s N Rose realizou um show em São Paulo para uma audiência de quase 40 mil  cumplices do consumo de drogas. Foram ao show  não apenas porque gostam das músicas,   muitos nem entendem o que o sujeito está  berrando no microfone.    Pessoas viajaram de Santa Catarina  em ônibus fretado para ver a banda se apresentar, segundo reportagem da Gazeta.

  Segundo matéria publicada  no Daily Mail da Inglaterra  -  A banda tornaria mais tarde infame pelo  abuso de alcoól e drogas.  Steven sofreria 28 overdoses, dois ataques de coração e um derrame (avc), enquanto Slash gastaria as próximas três décadas  para tratar do vicio de cocaina  e  heroína.

Os brasileiros reagem    com indiferença  em relação a  tragédias  geradas  pelo tráfico de drogas.  No  dia seguinte   já esqueceram   os nomes das vitimas e vida retorna ao normal.  Vão  as compras, pulam carnaval, torcem no estádio, celebram Natal, dia de Finados, etc, como se nada tivesse acontecido.  

Recentemente uma jovem de 21 anos morreu depois de ser atingida por uma bala perdida no Engenho da Rainha, Zona Norte do Rio, na tarde desta quarta-feira (26). Este foi o segundo caso semelhante ocorrido em menos de 24 horas na Região Metropolitana.

Conforme mostrou o Bom Dia Rio, Bruna Lace de Freitas foi baleada dentro de casa quando pegava a filha de 2 anos no colo. Ela foi atingida no rosto, próximo aos olhos. A jovem chegou a ser socorrida, mas chegou morta à UPA do Itararé, no Conjunto de Favelas do Alemão.

Esta  jovem  evangélica  não merecia esta fatalidade.  Sua vida foi abreviada por  alguém, cuja insensibilidade na atitude,  não imagina o sofrimento provocado na familia da jovem.  A bala deste alguem mudou o destino  de uma mãe,  deixou  orfã uma filha de 2 anos.

E a morte do jornalista Tim Lopes da Globo?  Tudo começou quando ele produziu uma série chamada Feirão das Drogas, onde expunha a facilidade de adquirir o produto em plena luz do dia.  A reportagem  teve grande repercussão, muitas prisões de traficantes foram efetuadas.  Posteriormente o jornalista recebeu informações de moradores  que bailes Funk eram promovidos e garotas  da localidade eram obrigadas a participar,  muitas exploradas sexualmente.

Quando descobriram sua presença na área, foi levado ao alto do morro.  Ali,  num estilo de julgamento popular,  o jornalista teve seus olhos queimados com cigarro, suas mãos, braços e pernas cortados com uma espada, ainda vivo.   A seguir ele colocado numa pilha de pneus,  molhados com gasolina, atearam fogo no  corpo. Todo viciado de drogas, residente no  Rio de Janeiro   foi cúmplice indireto deste crime, seja da favela ou da Zona Sul. Quem sjstenta o tráfico é o consumidor, não há dúvida quanto a isto.

Em geral, só   sentimos  a gravidade do problema  quando a vitima é  de nossa família.  Ou quando é um  parente que visitamos no  hospital psiquiátrico, ou na cadeia, assim como  testemunhamos o sepultamento de  um  irmão, sobrinho, primo, tio, etc. Ou seja, estas coisas não acontecem só com o vizinho, com os outros de fora.

Até quando   conviveremos com esta situação?     Eu diria que é melhor investir na educação.   Melhores escolas ou universidades gratuitas  não  farão  com que os jovens rejeitem as  drogas. Nas noites de sextas feiras na saida de  muitas   Faculdades da cidade de  São Paulo, promovem festas improvisadas nas quais rolam música funk, bebidas e  drogas. Os moradores  destes locais são os principais incomodados, reclamam, mas as autoridades não conseguem resolver.

Alguns defendem  que se a droga for liberada,  acabarão os problemas.  Qual  candidato a presidente, governador ou prefeito que em campanha  se comprometeu combater o tráfico de drogas?  Temos a tendência de crer que   é problema exclusivo  da Policia Militar e Civil.  Quando há movimentação no Congresso para diminuir a maioridade penal ou implantar pena de morte, para crimes hediondos,  o projeto é abortado antes de nascer.

  Como evangélicos, estamos no meio do fogo cruzado.  Já que a lei não funciona e a sociedade não muda a direção, prosseguimos em  anunciar a estas pobres  e dependentes criaturas, que a palavra de Deus  tem  poder para libertar  viciados.

Há igrejas  evangélicas na area da Cracolandia, que estão desenvolvendo um excelente trabalho de recuperação, mas é uma gota no oceano. Estão  nadando contra a correnteza.  Enquanto dedicam tempo e recursos para recuperar  alguns, há  uma proporção maior de novos usuários iniciando a trajetória.

Como ex-usuário de drogas e ministro do Evangelho  tenho  visto os estragos que o vício traz as familias.    Além de orar por estas vitimas do vicio, temos ajudado na recuperação  com uma  condiçao:   o viciado tem  que aceitar ser ajudado.

 A parábola do filho pródigo (Lc 15.11-32) pode ser contextualizada perfeitamente nesta situação.   Em terras distantes, sem dinheiro, sem lenço nem documento, lembrou da fazenda, da abundancia de pão, da familia.   Não apenas lembrou, mas tomou uma decisão e retornou.

Neste exato momento,  estamos ajudando um  jovem  usuário de drogas  completar o processo de libertação.  Foi   preso por pequenos furtos e internado várias vezes. Mesmo sem usá-las,  continua  falando coisas desconexas e tendo atitudes anormais.  Sua família está financeiramente arrasada e não sabem o que fazer.

Droga é como demonstração de um novo yogurte  em  supermercado.  Colocam uma mesa  com o produto,  um promotor oferece a degustação. A tática é que o cliente  irá gostar  do sabor e  procura-lo na próxima compra.   Com as drogas  também é assim, as primeiras doses geralmente são grátis.  Se gostar,  o novo cliente deverá comprá-la.   É assim que o mundo gira, como diz um conhecido comentarista de televisão.