DR no trabalho. Discutindo a relação profissional
Por Fagner Gouveia | 11/05/2016 | PsicologiaUm terço de nossas vidas passamos trabalhando e convivendo com pessoas completamente diferentes de nós nas empresas e com graus de relacionamentos mais complexos do que em nossa família. Se na vida pessoal, muitas vezes, driblar as brigas e discussões já é difícil, imagina dentro do ambiente corporativo.
Tem equipe de trabalho seja horizontal ou vertical que mais parece relacionamento pessoal na casa de amigos. Alias a maioria das DRs surgem por problemas de comunicação que afastam a sinergia que as pessoas poderiam provocar. Um dos principais motivos de DR está no descontrole das emoções sobre as comunicações que são proferidas. Elas estão repletas de sentimentos que se desdobram a medida que os resultados aparecem ou não. Muitas vezes uma simples falta de técnica de feedback na hora de evidenciar a devolutiva pode desencadear em uma DR, daquelas com TPM ainda por cima! Temperamentos instáveis, complexo de superioridade, ausência de enxergar as pessoas como pessoas, falta de exemplos, entre outras apimentam as Drs. Alias, cabe o prefixo que antecede a ideia central do tema. Liberdade de expressão.
Tão importante ser ouvido e poucas pessoas dão voz ao que de fato é importante enaltecendo o subjetivo e dispensável que torna a liberdade de expressão no trabalho mais que o ato de se comunicar. Isso significa dizer qu ser ouvido é o primeiro passo para que aconteça a DR, mas muitas vezes se quer é possível discutir a relação profissional. Conheci profissionais de boa bagagem e experiência em várias cadeiras que foram se limitando com o tempo até que se tornaram verdadeiras ostras no mar de possibilidades de seu universo. A falta da permissão de se autoconhecer e valorizar contribui para esse processo de mecanismo de defesa. Quase unanime o desejo das pessoas terem liberdade para se expressar sem cometer excessos e libertinagens. O que acontece muitas vezes é que certos profissionais tem medo de pessoas inteligentes e gostam apenas de conversar sobre vida e assuntos humorísticos deixando de lado o trabalho, ideia central do desenvolvimento.
Além da liberdade de expressão para fomentar preceitos de conteúdo das conversas, as próprias relações hierárquicas e os graus de amizade podem atrapalhar esse feedback mais apimentado, a que chamo de DR profissional.
O quão complexo você julga dar um feedback a um superior de forma pura e genuína? Quantas vezes você é capaz de esforçar dizendo a mesma coisa até conseguir a mudança? É por essas e outras que as relações hierárquicas acabam naturalmente trazendo consigo certas minucias na hora de conversar.
Os graus de amizade comprometem o poder da discussão seja aos mais queridos aos mais distantes. Tudo parece que é levado em consideração na hora de emitir ou julgar uma comunicação diferente do seu pensamento na hora de conversar. Isso é um processo inflamatório de julgamento opinativo que desdobra a reflexão: O que é pior. Concordar por comodidade ou discordar por complexo de superioridade quando houver relação hierárquica?
Inflamar o outro com a sua opinião, mesmo que a pessoa queira apenas um balançar de cabeça dizendo sim, exige cautela e delicadeza para falar sobre pessoas. Como as pessoas não tem as mesmas percepções talvez o simples balançar de cabeça represente o aval para uma péssima decisão e signifique prejudicar o outro. Para se posicionar frente as dúvidas das relações, lembre do processo empático sempre sendo você a referencia. E como se você tivesse vendo alguém sofrendo uma injustiça e por não gostar da pessoa você comemore ou se por tratar de alguém que você goste você toma a dor. Como você lida com isso? Se não te incomodar, se não mexer com você, está tudo bem? Por não sermos seres neutros, aquilo que é neutro não envia mensagem, e uma DR pressupõe influência sobre o outro, diferente de poder sobre o outro.
Eu comigo mesmo, eu com o outro, e eu com os detalhes são tão importantes para compor a ceia de fatos na mesa de experiências que ao proferir ou receber qualquer DR, evidencia-las se torna a melhor opção, uma vez que É possível observar que muitas pessoas mudam o comportamento quando entram nas empresas, talvez, por sobrevivência ou por dissimulação, mesmo. Mas o que fazer quando se chega o momento grave de uma DR na empresa? Certas situações como; briga por status, defesa de equipe, realocação de budget e aprovação de projetos são motivos suficientes para despertar as diferenças dentre colegas de trabalho, ainda mais se as pessoas não souberem ter inteligência emocional para separar o pessoal do profissional. Aliás, em primeira mão caberia a exposição de pelo menos mais oito ou nove motivos primários de desestabilidade emocional.
DR deve sempre perfazer uma conciliação, um caminho de chegar junto. Separar os fatos das pessoas funciona bem teoricamente, mas na prática nem sempre é assim que acontece. Autocontrole ajuda muito e só funciona para alguém com disposição para ser um bom observador de si mesmo. Envolve o reconhecimento e gerenciamento das emoções e não sua negação.
É fundamental encarar os fatos geradores da crise destacando – objetivo e subjetivo -do presente, “é necessário manter a serenidade e sem “desenterrar esqueletos”, pois aí conversa pode virar um terror”, enfatiza a especialista. Além disso, é imprescindível saber tratar de assuntos delicados e que envolvem nosso relacionamento com os outros.
Procurar culpados não resolve o problema, pelo contrário, agrava-o e aí caímos na cilada de uma conversa que chamo de defesa/ataque onde os dois lados trocam “farpas” em uma discussão de surdos.
Como e vitar desgaste de energia durante a DR? Devemos simplificar a vida e a convivência destacando em uma conversa somente o necessário, ganhando tempo para pautas relevantes que, com certeza, contribuirão para os objetivos da empresa. Prestar atenção nas conseqüências de nossas atitudes ajuda a minimizar conflitos com os outros, além de tentar entendê-los sobre novos prismas. Para uma DR positiva na empresa destaco pontos como a escolha o melhor momento para a DR, seu e do outro. Sinta o clima, o local e sua real predisposição. Separar as pessoas do problema. Antes e individualmente faça uma análise retroativa e veja o que deu errado; muitas vezes percebemos preconceitos, rótulos, diferenças pessoais. Ser franco e objetivo, sem perder “a ternura”. Firmeza é diferente de autoritarismo, cuide das palavras: “eu quero” é diferente de “eu sugiro”. Procurar ter uma postura corporal receptiva é fundamental. Braços cruzados e cara fechada serão reconhecidos como ameaça, muitos vezes, de modo inconsciente. E por fim, ser coerente, isso é indispensável. O cérebro capta quando não estamos sendo sinceros através de um grupo de neurônios chamado de neurônios-espelho. Recentes descobertas da neurociência atestam que copiamos os estados emocionais do outro, onde reina o que for mais genuíno.