Dr. Euclides Gonçalves de Mendonça

Por Eunice Loth Marton Castilho | 11/10/2016 | História

 Dr. Euclides Gonçalves de Mendonça  (Dr. Duque) 

Dr. Euclides Gonçalves de Mendonça, também conhecido como Dr. Duque, nasceu em São Francisco, Minas Gerais a 10 de novembro de 1888. Era filho de Ezequiel Gonçalves de Mendonça (Coronel Bichinho) e de Guilhermina Alves de Mendonça. Casou-se com Josefina de Abreu Mendonça e, desta união, nasceram os filhos Hamilton, Haydée, Hayte,  Hadilson, Haroldo, Harrison e Arlete.

Bacharelou-se em Direito e exerceu com insuperável maestria a Advocacia em toda a região centro/norte do Estado de Minas Gerais.

Antonio Gabriel Diniz, em ‘’Dados para a História de Curvelo’’ (Pag.247), assinala a seu respeito:

‘’Era possuidor de grande inteligência e raro talento. Advogado brilhante e culto. Tribuno admirável, quer pela eloquência, quer pela riqueza de linguagem.’’

Brasiliano Braz em ‘’ São Francisco nos Caminhos da História’’ (pag.520) confirma:

‘’Era assombroso na tribuna do júri, o pavor dos promotores de justiça. Mas foi como orador que mais se notabilizou. Os seus discursos eram verdadeiras jóias de literatura, que os seus admiradores ouviam, decoravam e declamavam como fazemos com os versos dos grandes poetas.

Foi em Curvelo, (MG)  que o Dr. Duque iniciou suas atividades públicas. Ali exerceu a Advocacia, foi Delegado de Polícia, Juiz Municipal, Vereador e Vice Presidente da Câmara Municipal. Preocupado com o ensino, foi um dos fundadores e primeiros mestres da Escola Normal Livre. Colaborou com a imprensa local, tendo sido redator do jornal ‘’Centro de Minas’’.

Foi ainda, Presidente Da Sociedade do Tiro de Guerra daquela cidade.

Foi ele o primeiro Juiz Municipal de Pirapora, cidade para onde se transferiu em 1918, quando da instalação do termo de Pirapora, pertencente à Comarca de Curvelo. Com equilíbrio e serenidade, respondeu pelas funções de Juiz até 1920, ocasião em que espontaneamente se afastou do cargo.

Velho amigo do Coronel José Joaquim Fernandes Ramos, então o maior líder de Pirapora, não teve Dr. Duque dificuldades em integrar-se plenamente à vida da cidade. Participava de todos os seus eventos sociais, políticos e culturais. Já no ano de sua chegada, fez parte da comissão organizadora do carnaval. Em 1922, coube-lhe a incumbência de saudar a comitiva presidencial que visitava Pirapora para inaugurar a ponte Marechal Hermes e o Hospital Carlos Chagas, de Buritizeiro. Falando em nome da municipalidade, Dr. Duque deixou impressionados os ilustres visitantes: Epitácio Pessoa (Presidente da República), Arthur Bernardes (eleito Presidente da República e ainda não empossado) e Raul Soares (Presidente do Estado de MG), além das demais autoridades, que os acompanhavam. Também em Pirapora foi Vereador de 1923 a 1925. Grande entusiasta da causa da Aliança Liberal em 1930. Com seus recursos, construiu em 1931 a primeira estrada de rodagem a ligar Pirapora ao vilarejo de Aarão Reis, onde possuía uma propriedade, estrada que foi depois aproveitada na ligação com Várzea da Palma.

Em 1932, quando da eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932, Dr. Duque posicionou-se contra o Governo de Minas. Ao lado de outros 25 líderes piraporenses, rebelou-se pegou em armas e foi, por esse motivo, preso.  Levado inicialmente para o vapor Engenheiro Halfed, ancorado em frente ao porto, foi depois transferido para Belo Horizonte (Casa de Detenção) e finalmente para o Rio de Janeiro (Casa de Correção). Foi a ele que o ex Presidente Arthur Bernardes se dirigiu, ao partir para o exílio, conforme se vê num cartão existente nos arquivos de José Álvares da Silva:

‘’Prezado Am. Dr. Euclides de Mendonça. Mandando-lhe minhas despedidas, peço que, na minha ausência, se entenda com o Dr. Ovídio Andrade, Presidente do Directório Central do P.R.M. em Belo Horizonte, que tem instruções minhas a respeito. Elle, e não outro. Afectuoso abraço de Arthur Bernardes.

Rio, 22-XI-32’’.

Da prisão, Dr. Duque retornou à sua cadeira de Advogado e às suas lides comunitárias: participou da criação da Comarca de Pirapora, colocou-se ao lado de Arnaldo Gonzaga e de Júlio Mourão Guimarães na política local e ajudou a fundar o Independentes Club.

Em 1940, transferiu-se para a cidade de Corinto (MG), onde veio a falecer a 12 de março de 1948.

No início da década de 70, com a edificação do novo Fórum da Comarca de Pirapora, foi o Dr. Duque escolhido, com justiça, seu patrono. Fórum Dr. Euclides Gonçalves de Mendonça. É patrono também do Fórum de São Francisco (MG), sua terra natal. Com seu honroso nome, há ainda uma rua em Pirapora, outra em São Francisco , uma praça em Corinto e foi escolhido como patrono da Academia de Letras, Ciências e Artes do São Francisco (ACLECIA).(Cad.36).

Por ser considerado o maior orador da região, ganhou o apelido de ‘’Patativa do Norte’’, em alusão ao pássaro existente no cerrado mineiro, conhecido pela beleza e vigor do seu canto.

Dr. Duque, ao lado de outras figuras ilustres, foi um marco na história de Pirapora e cidades vizinhas.

Referências:

   * Biografia apresentada por Brenno Álvares da Silva, em 17 de Maio de 1996, quando foi descerrado no saguão do Fórum de Pirapora, o retrato de Dr. Euclides Gonçalves de Mendonça.