DOR MUSCULOESQUELÉTICA EM CADEIRANTES QUE PRATICAM BASQUETEBOL

Por rodrigo campos miquelin | 26/08/2017 | Saúde

Goiânia

2009

DOR MUSCULOESQUELÉTICA EM CADEIRANTES QUE PRATICAM BASQUETEBOL

Fernanda Lelis Ferreira, Ricardo Elias de Almeida, Rodrigo Campos Miquelin, Rogério Silva Barros, Simone Coutinho Santos1.

Nara Lígia Leão Casa2.

1. Acadêmicos do oitavo período do curso de Fisioterapia da Faculdade Padrão.

2. Fisioterapeuta, Docente do Curso de Fisioterapia da Faculdade Padrão, Especialista em Fisioterapia em Traumato-Ortopedia pela Universidade Castelo Branco.

Departamento de Fisioterapia - Faculdade Padrão

Correspondências:

Rodrigo Campos Miquelin

Endereço: Rua Dr. Gil Lino nº.250, Residencial João Firmino – Qd.77 Lt.34 St. Coimbra

e-mail: rodrigo_miquelin@hotmail.com

Telefone:  (62) 9188-9600

RESUMO

Objetivos: avaliar a dor musculoesquelética em cadeirantes praticantes de basquetebol e correlacioná-la com variáveis como idade, tempo de lesão e horas de treino por dia. Métodos: trata-se de um estudo epidemiológico, transversal e descritivo, envolvendo 13 indivíduos cadeirantes que praticam basquetebol em cadeira de rodas, todos do sexo masculino. Para a coleta de dados, foi aplicado um questionário para avaliação da dor musculoesquelética, adaptado do questionário de dor de MCGILL-MELZACK. Resultados: a ocorrência de dor musculoesquelética nos últimos 30 dias foi relatada por 5 (38,5%) indivíduos, em contraposição a 8 (61,5%) voluntários que relataram não sentir dor. A média de idade foi maior entre os voluntários que apresentaram dor (39,4 anos) em comparação ao grupo que não relatou dor musculoesquelética (31,37 anos). Em relação ao tempo de lesão, verificou-se que os indivíduos com dor tinham maior tempo de lesão (25,6 anos) em relação aos que não tinham dor (13,12 anos). Quanto ao tempo de horas de treino por dia, os voluntários que referiram dor treinavam menos horas por dia (média de 2,20 horas/dia), em comparação aos que não relataram dor (média de 2,31 horas/dia). Conclusão: nos resultados encontrados houve pequena prevalência de dor musculoesquelética na população pesquisada. No entanto, dentre os indivíduos que tiveram queixas álgicas, verificou-se que a dor musculoesquelética pode ter correlação com algumas variáveis como idade e tempo de lesão. Quanto ao tempo de horas de treino por dia, não houve relação entre este e a dor musculoesquelética. Ressalta-se que a pequena amostragem pode ter influenciado nos resultados e orienta para a necessidade de pesquisas futuras, abrindo caminho para outras correlações e abordagens preventivas junto a essa população.

PALAVRAS-CHAVE: dor musculoesquelética, atletas, postura sentada.

I – Introdução

O termo esporte adaptado pressupõe experiências esportivas modificadas ou especialmente designadas para suprir as necessidades especiais de indivíduos. É uma importante ferramenta no processo de reabilitação de pessoas com algum tipo
de deficiência, não só pelos benefícios motores, que nem sempre ocorrem, mas também pelos benefícios psicológicos e sociais (ANTONIETTE et al., 2008).

A atividade esportiva para os portadores de deficiência física foi desenvolvida com o objetivo de ser recreativa e reabilitacional, entretanto, para alguns o esporte desperta uma vocação competitiva. Nesta situação, um número excessivo de treinamentos e competições pode levar ao aumento no risco de lesões esportivas, que segundo a literatura é semelhante para atletas com ou sem deficiência (ROCCO e SAITO, 2006).

No caso do basquetebol em cadeira de rodas (BCR) participam atletas com deficiência física de diferentes etiologias, entre elas lesão medular, amputação de membro(s) inferior(es) e seqüela de poliomielite. No intuito de garantir uma competição justa, em que atletas de diferentes graus de limitação física pudessem participar juntos na mesma competição, foi criada, em 1982 pelo Dr. Horst Strohkendl, a classificação funcional, que veio substituir a então classificação por quesitos médicos. Esse sistema se baseia na observação dos movimentos dos atletas e suas habilidades durante suas apresentações na prática do esporte adaptado. Foi primeiramente validado para o basquetebol em cadeira de rodas, tendo entre os quesitos avaliados a posição e impulsão da cadeira de rodas, drible, passe, arremesso e rebote. Cada jogador recebe uma pontuação que varia de 1,0 a 4,5 sendo que a soma total de pontos dos atletas em quadra não deve ultrapassar 14 pontos (ROCCO e SAITO, 2006).

As regras do basquetebol adaptado são muito semelhantes com as do basquetebol convencional. O jogo consiste de cinco jogadores em cada equipe, com duração de quatro quartos de dez minutos. No caso de empate serão jogadas tantas prorrogações de cinco minutos quantas forem necessárias até o desempate. A quadra possui as mesmas proporções do basquetebol de andante, inclusive a altura da cesta (3.05m), porém a cadeira de rodas deve ser dotada de alguns requisitos no intuito de garantir maior segurança e igualdade na competição (ROCCO e SAITO, 2006).

 Leoni e Zamai (2006) relatam que o basquete em cadeira de rodas é um esporte coletivo que facilita a integração dos portadores de deficiência física com outras pessoas em iguais condições. Este esporte ajuda-as a vencerem o preconceito e as dificuldades encontradas numa sociedade ainda despreparada para recebê-las, além de ser um meio de melhorar a adaptação à cadeira de rodas e otimizar o desenvolvimento da independência e autoconfiança.

Segundo Antoniette et al. (2008), qualquer portador de deficiência física está apto a praticar o basquete em cadeira de rodas, desde que as seqüelas permitam
um potencial funcional compatível com os critérios de elegibilidade deste esporte.
Todavia, estudos relatam que o estímulo à prática do esporte adaptado implica num aumento das oportunidades de ocorrência das lesões desportivas. A quantificação das lesões desportivas é necessária a fim de que se possa compreendê-las, associando-as às suas etiologias, peculiares a cada esporte. As lesões no BCR estão relacionadas ao uso excessivo dos membros superiores, seja para a condução da cadeira de rodas, seja para a execução dos fundamentos do BCR, como arremessos, bloqueios e marcações. Entretanto, deve-se levar em conta a posição do atleta no jogo e o nível técnico dos jogadores. É importante considerar também, que o BCR é um dos poucos esportes que propicia contato direto por choque entre seus participantes, mesmo que acidental, gerando assim, grande número de lesões por trauma direto.

Tendo em vista o crescimento da prática esportiva por indivíduos cadeirantes, incluindo o basquetebol em cadeira de rodas, bem como a importância que esta prática tem na vida dos mesmos, torna-se relevante estudar a dor musculoesquelética nesta população, contribuindo para a implantação de medidas preventivas e de intervenção que possam melhorar sua qualidade de vida. Este estudo teve como objetivo verificar a prevalência da dor musculoesquelética em cadeirantes que praticam basquetebol.

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