Don't Cry for Me , Argentina
Por CLAUDELINO BRITO | 08/01/2010 | CrônicasDon’t cry for me, Argentina!
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enho um pouco do sol, do solo, do ar, das águas da Argentina em mim. Tenho-os, igualmente, de outros tantos países: Itália, Grécia, França, Portugal, Turquia . . .
A cada vez que como ou bebo, seja o que for, que tenha origem em um desses países, incorporo deles não só a cultura, mas também os elementos químicos que vieram a ser sintetizados pelo fenômeno da fotossíntese.
Dado ter quatro dos cinco sentidos – visão, tato, olfato e paladar , sensibilizados ao ver uma maçã, ser atraído por sua forma, suas cores, seu brilho, tocá-la, sentir-lhe o aroma, degustá-la, admito em mim o ácido málico produzido pela síntese que se iniciou com a germinação, passou pelas diversas fases do crescimento até que a macieira tivesse atingido a fase adulta, de produção de frutos.
Esse ácido málico adentra meu corpo por meio de um outro fenômeno, o da alimentação e suas complexidades, conduzindo vitaminas e sais minerais, hidrogênio e oxigênio até o meu cérebro, e me permite estar a refletir acerca dessa rota que ultrapassa fronteiras, carregando consigo o suor do camponês, a teimosia de que é possuído ao lutar contra as intempéries, vencer as forças dos fenômenos atmosféricos, produzindo para sua subsistência e, mais do que isso, sentir-se útil ao mundo, provocando prazeres diversos.
A par desse trabalho que a Natureza opera, há o trabalho do Homem, da experiência, da cultura que atravessa os tempos e que, passando de geração em geração, chega à minha mesa.
Assim, também, ocorre com vinhos italianos ou portugueses, queijos franceses, azeites e azeitonas gregas, figos de Ankara, tâmaras do Líbano, . . .
Ó mãe Natureza, que dádiva ter nascido sob teu manto!
Dezembro de 2008
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