DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR...
Por angelo de castro pereira | 28/10/2016 | EducaçãoDOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: UMA REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
RESUMO
O objetivo deste artigo é propor uma reflexão acerca do papel do professor universitário, para sua elaboração a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, fundamentada em estudiosos renomados como: DAVIS, FERREIRA, FREIRE, GIL, LIBÂNEO, LUCKESI, MASETTO, entre outros, a escolha do tema justifica-se pela necessidade de mostrar o perfil do professor universitário, partindo de uma análise da histórica da docência, dentro do contexto da educação brasileira, observando as práticas deste professor, e qual o seu papel, suas práticas e metodologias aplicadas dentro do contexto universitário, buscando despertar este profissional a superar seus próprios desafios, deixando assim de ser apenas um professor aulista, e passando a ter uma nova prática capaz de promover uma nova educação, com uma postura critica, não só para ele, mas também para o aluno, de forma a promover uma formação voltada não apenas para o ensino, mas capaz de mostrar ao professor que ministrar aulas de forma ética, é ensinar ao aluno através de experiências de interação, com avaliações serias e construtivas, nesta pesquisa constatou-se que apesar dos avanços ocorridos, das tecnologias e ferramentas disponíveis para auxiliar a docência, ainda temos em pleno século XXI profissionais com metodologias e concepções extremamente tradicionais.
INTRODUÇÃO
O presente artigo, através da pesquisa bibliográfica, faz uma reflexão acerca do papel do professor universitário, com o objetivo de fazer uma reflexão sobre o perfil atual do professor universitário e a necessidade de repensar o papel do professor dentro da “era do conhecimento”, buscando descobrir o porquê de não haver uma avanço no ensino compatível com todo avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos, busca-se através deste artigo contribuir para o debate em torno de qual profissional temos, entendendo assim o cenário atual e propondo uma reflexão sobre qual a formação adequada para que o professor universitário tenha de fato uma postura voltada para preparação de profissionais capazes de proporcionar um ensino crítico reflexivo, já que se percebe que é importante realizar uma análise das práticas tradicionais de educar através de concepções equivocadas e inadequadas que vão de encontro as necessidade e a realidade da sociedade atual. Este artigo foi elaborado através de pesquisa bibliográfica, buscando obter dados referentes a formação do professor universitário, qual o perfil deste profissional? qual o seu papel?, qual o professor de nível superior que a sociedade necessita e porque o ensino tradicional ainda esta muito presente dentro do processo de ensino-aprendizagem? Através da pesquisa busca-se as respostas para esclarecer o que é necessário para que tenhamos um professor que realmente seja o mediador do processo e não um simples transmissor de conhecimento. Neste primeiro momento será observado o conceito de docência, partindo da ideia que educar não é apenas transmitir, instruir, educar é preparar o homem para os desafios do cotidiano, ter uma visão critica dos fatos e acontecimentos que envolvem a sociedade e sua própria vida, buscando conhecer o perfil do professor universitário e compreender a função social do ensino superior, também desvendar o porquê de estarmos ainda atrelados a um modelo de ensino superior que do período colonial. Em seguida será enfatizando a importância de que o ensino e a ética caminhem juntos, uma vez que todo individuo deveria ser educado dentro de uma visão de professor-ético para assim contribuir com o desenvolvimento cientifico e cultural da sociedade onde esta inserido e por fim pensar na ética profissional do professor e na aplicação de uma avaliação ética, uma ação que possibilite realmente avaliar o processo e não apenas o aluno.
DEFINIÇÃO DE DOCÊNCIA
Estamos vivendo um século onde a tecnologia está presente em cada esquina, em todos os cantos das cidades, no campo, nas escolas e presente a toda hora na palma da mão das pessoas, vivemos hoje a chamada “ERA DO CONHECIMENTO”, e dentro deste contexto não podemos fugir da realidade, sendo assim necessário repensar e refletir sobre a prática docente, sobre o processo de construção do conhecimento dentro do ensino superior, já que o principal objeto de qualquer nível da educação é a aprendizagem, que se dará se o processo de ensino for realmente eficaz. Dentro desta reflexão se faz necessário conhecer o que é docência. Gómez Pérez (1997, p. 112), define docência como prática baseada na reflexão sobre a ação propondo uma reflexão sobre um conjunto de questões educativas. Um processo de investigação na ação, mediante o qual o professor submerge no mundo complexo da aula para compreendê-la de forma crítica e vital, implicando-se afetiva e cognitivamente nas interações da situação real, questionando as suas próprias crenças e explicações, propondo e experimentando alternativas, participando na reconstrução permanente da realidade escolar. Desta forma o papel do professor não se limita a dar aula, a transmitir saberes, mas ser um mediador do processo de construção do conhecimento, propondo uma troca de experiências entre educador e educando, instigando desta forma o professor a ser também um investigador, capaz de fazer do ato de ensinar algo significativo. Para Freire (1996, p. 22-23) “Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar de diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Diante das afirmações podemos dizer que a docência é constituída no processo de ensino-aprendizagem, na gestão dos conteúdos e dos contextos, na pesquisa, na efetivação da gestão democrática do ensino, assim podemos caracterizar o exercício docente como um processo de construção de saberes e não de transmissão de conteúdos, na produção e incentivo a cultura, tornando o formando ser capaz de se apropriar do conhecimento. Nesta visão o docente é um ser em constante interação com o seu discente, tornando o saber cientifico parte da realidade e do contexto daqueles que fazem parte do processo de ensino-aprendizagem. 6 Assim, os conceitos de docência hora apresentados, vão de encontro à prática “aulista” de alguns professores, o que mostra que foi necessário analisar a pratica docente de hoje e a praticada no passado, buscando então outros horizontes para o exercício da docência.
O ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO
Até o início do século XIX, os brasileiros que buscavam cursar o ensino superior tinham que se deslocar até a Europa, onde havia a possibilidade de estudar, com a chegada da família real, em 1808, foram oferecidos os cursos superiores, no entanto em estabelecimentos isolados com a finalidade de atender aos interesses políticos e econômicos, voltados para a formação profissional, e não a teórica, não estavam preocupadas em formar de forma teóloga. [...] O fato dos cursos que surgiram terem se voltado ao ensino prático [...] e serem ministrados em faculdades isoladas, marcou de forma contundente o ensino superior no Brasil e explica muitas distorções que até hoje são marcadas em nosso sistema. (RAUBER, 2009, p. 57). Havia, portanto o interesse claro, da coroa, de formar profissionais que servissem diretamente aos interesses da coroa, sem a idéia de universidade e sim escolas profissionalizantes superiores, sem nenhum fim de atender a população, mas sim atender as classes dominantes e o seu consumo, para isso os cursos superiores criados pelo imperador atendiam as necessidades profissionais da colônia. Precisavam de pessoas educadas, mas também precisavam garantir a subserviência a Portugal, manter o Brasil sempre colônia, impedindo assim a possibilidade de independência. Na segunda década do século XIX, por volta de 1820, foram então criadas as primeiras escolas Régias Superiores, em Pernambuco, na cidade de Olinda com o curso de Direito, na Baia, oferecendo o curso de Medicina, na cidade de Salvador e na cidade do Rio de Janeiro, o curso de Engenharia, depois de alguns anos outros cursos foram criados como: Agronomia, Química, Desenho Técnico, Economia Política e Arquitetura Segundo Masetto (2008) o ensino superior brasileiro teve como fundamento o modelo da educação europeia. A educação superior foi fundamentada no modelo francês, sendo uma escola autárquica, dando grande ênfase às ciências tecnológicas e exatas, deixando de lado as ciências humanas, a teologia e a filosofia, afinal os cursos superiores não precisavam de uma formação humanística, mas sim uma formação especifica de acordo com a 7 área escolhida, tendo um conteúdo seriado, com disciplinas que estivessem diretamente ligadas ao exercício da profissão.
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