Do mito ao logos
Por camila sampaio moreira | 07/04/2013 | FilosofiaDO MITO AO LOGOS
Camila Sampaio Moreira.
RESUMO: Identificado como sendo o principio da existência, o mito dava sentido aos gregos sobre o desconhecido, e nasceu a partir da necessidade de explicar tudo o que estava ao seu redor. A palavra Mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para os outros), e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear). É uma narrativa sobre a origem (gonos) de alguma coisa: origem dos astros, da terra, dos homens, das plantas e dos animais. A filosofia nasce na Grécia Antiga como forma de substituir a visão mística, que é quando o mito já não servia mais para dar sentido à realidade das coisas sendo que esta se fundamentava prioritariamente na fantasia dos seres humanos. Com o surgimento do logos aparecem, no mundo grego, algumas escolas que procuravam encontrar na natureza um elemento que justificasse a realidade com base em algum princípio. Logos passa a ser um conceito filosófico traduzido como razão, tanto como a capacidade de racionalização individual ou como um principiocósmico da Ordem e da Beleza. Este artigo é de caráter qualitativo buscando mostrar que mesmo com o surgimento do logos ainda prevalecem algumas mitologias. E a partir dele demonstrar o valor do mito fazendo com que todos reflitam a respeito da origem da filosofia grega.
PALAVRAS-CHAVE: Existência, Deuses, Logos, Mitos, Mitologia.
Abstract- Identified as the principle of existence, the myth gave meaning to the Greeks about the unknown, and was born from the need to explain everything that was around him. The word myth comes from the Greek mythos, and derives from two verbs: the verb mytheyo (tell, tell, and say something to others), and the verb mytheo (talk, tell, announce, name). It is a narrative about the origin (gonos) of something: the origin of stars, the earth, men, plants and animals. The philosophy was born in Ancient Greece as a way to replace the mystical vision, which is when the myth no longer served more to make sense of the reality of things and this was based primarily in the imagination of humans. With the emergence of logos appear in the Greek world, some schools that tried to find an element in nature to justify the reality based on some principle. Logos becomes a philosophical concept translated as reason, as much as the ability to rationalize individual or as a principio cosmic of Order and Beauty. This article is a qualitative in order to show that even with the emergence of logos still prevail some mythologies. And from it demonstrate the value of myth making all reflect on the origin of Greek philosophy
Keywords: Exist science , God, Logos, Myths, Mythology.
INTRODUÇÃO
Na passagem do mito ao logos, há continuidade do uso comum de certas estruturas de explicação, pois a filosofia é um fato histórico enraizado no passado. Tudo se originou com nossos antepassados, e tais hábitos ultrapassam toda uma civilização sócia cultural. A filosofia nasce a partir do momento em que o homem deixa de explicar as coisas por meio de mitos, ou seja, dos deuses e passa a contemplar por meio da razão o mundo que o cerca surgindo assim uma ruptura entre mitos e logos. O mito para os antigos gregos tinha por função esclarecer os fenômenos naturais que surgiam na Grécia.
O estudo sobre o mito nos mostra que mesmo com o passar do tempo e com explicação filosófica da nossa existência, ainda prevalecem às crenças mitológicas e que nos mostra que elas ainda estão presentes em diversas manifestações culturais.
Pretendemos neste trabalho comentar sobre a passagem do mito à filosofia e a participação dos filósofos como principais fundantes deste processo de evolução do homem e assim, explanar a questão do aparecimento da mitologia grega como tentativa de explicação da realidade, mostrando que da sua insuficiência se gestou a passagem a um discurso mais elaborado (logos). Mas, contudo mostrar o valor do mito como tentativa de explicação do mundo, dando uma explicação clara da passagem do mito ao logos para que se possa refletir a respeito da origem da filosofia grega.
A PASSAGEM DO MITO AO LOGOS
Podemos afirmar que nós enquanto seres pensantes, temos por habito refletir sobre tudo o que nos cerca. Na passagem do mito ao logos, há continuidade no uso comum de certas estruturas de explicação, pois a filosofia e um fato histórico enraizado no passado. Tudo se originou com nossos antepassados, e tais hábitos ultrapassam toda uma civilização sociocultural.
A Filosofia nasce a partir do momento em que o homem deixa de explicar as coisas por meio dos deuses e busca desvendar com a razão o mundo que o cerca, surgindo assim uma ruptura entre mythos e logos. Para conseguir tal avanço, o homem grego teve que se desprender de concepções que redundavam na visão de que os deuses eram os responsáveis por castigos aos que os desafiassem, indo de encontro a lei do cosmos, passando a se perceberem e enxergar a natureza como algo dotado de sentido, com base em que poderiam explicar a totalidade pelo uso de sua capacidade reflexiva.
Para que possamos entender melhor a passagem do mito ao logos cabe perguntar: qual o significado de mythos? E de logos?
A palavra Mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para os outros), e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear). É uma narrativa sobre a origem (gonos) de alguma coisa: origem dos astros, da terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da agua, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, das raças, das guerras, do poder. (Convite à filosofia; Marilena Chauí).
A este respeito, Abbagnano diz:
“A função do mito era em suma reforçar a tradição e dar-lhe maior valor e prestigio, vinculando-a a mais elevada, melhor e mais sobre natural realidade dos acontecimentos iniciais.” (Dicionário de Filosofia: Nicola Abbgnano; Pág.: 786/ Edição revista e ampliada).
Os mitos serviam para dar sentido a realidade das coisas, predominando assim na cultura grega as cosmogonias e Teogonia.
Cosmogonia: É a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo, a partir de forcas geradoras (pai e mãe) divinas.
Teogonia: É uma palavra composta de gonos, que significa origem, e theós, que, em grego, significa coisas divinas, seres divinos, deuses.
A Teogonia e, portanto, é a narrativa da origem dos deuses, a partir de seus pais e antepassados.
A palavra Logos (em grego λόγος) significava inicialmente a palavra escrita ou falada. Mas a partir de filósofos gregos como Heráclito passou a ter um significado mais amplo. Logos passa a ser um conceito filosófico traduzido como razão, tanto como a capacidade de racionalização individual ou como um principio cósmico da Ordem e da Beleza. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).
De fato os mitos nascem pelo medo ao desconhecido. O ser humano, não sabendo explicar a origem da vida e do mundo, cria o mito como forma de refugio, dando tranquilidade as suas angustias, por isso se diz que o mito foi à primeira forma de acesso ao conhecimento.
Ha, então, diferenças importantes entre o mito e o logos. Vejamos as principais características de cada um para notar bem estas distinções, apoiando-nos em Marilena Chaui:
CARACTERÍSTICAS DO MITO/ CARACTERÍSTICAS DO LOGOS.
1. O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando-se para o que era antes de tudo existisse tal como existe.
1. A Filosofia, ao contrario, se preocupa em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto e, na totalidade do tempo), as coisas são como são.
2. O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forcas divinas sobrenaturais e personalizadas, O mito falava em Urano, Ponto e Gaia; O mito narra à origem dos seres celestes (os astros), terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos casamentos de Gaia com Urano e Ponto.
2. Enquanto a Filosofia, ao contrario, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais. A Filosofia fala em céu, mar e terra. A Filosofia explica o surgimento desses seres por composição, combinação e separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou agua, terra, fogo e ar.
3. O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença no mito vinham da autoridade religiosa do narrador.
3. A Filosofia, ao contrario, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, logica e racional; além disso, a autoridade da explicação não vem da pessoa do filosofo, mas da razão, que e a mesma em todos os seres como forma de substituir a visão mítica, posto que esta se fundamentasse prioritariamente na fantasia dos seres humanos.
Com o surgimento do logos aparecem, no mundo grego, algumas escolas que procuravam encontrar na natureza um elemento que justificasse a realidade com base em um princípio, entre elas, a Escola Jônica, com a presença de Tales, Anaxímenes e Anaximandro. Estes, sentindo a necessidade de explicar alguns fenômenos ao fazer uso do pensamento, criaram algumas teorias que ate hoje servem de esboço para as explicações cientificas.
Tales, considerado o pai da filosofia grega, apresentou como elemento primordial (arqué) a agua (principio de todas as coisas), de onde veio tudo que ha. Anaxímenes pensava que era o ar o principal elemento de tudo que há. E Anaximandro acreditava que fosse alguma substancia indeterminada e ilimitada.
No alicerce de todas as explicações, estava a noção de que nada existe que não seja natureza (Physis).
Outro grupo de homens jônicos continuavam as especulações sobre a natureza da própria vida, visando um principio único que explicasse o porquê das coisas, e porque as mesmas são o que são. Um destes homens era Heráclito, que acreditava que o fluxo (devir) era a condição essencial da própria vida, afirmando que nada era absoluto e tudo mudava. Pitágoras acreditava que o universo era ordenado por um sistema harmonioso de números, e Xenofanes, que fundou uma escola filosófica, ensinava que o universo era ordenado por um ser único, supremo e divino, que agia por meio do pensamento.
Tal evolução do pensamento marcava, assim, o declínio do pensamento mítico: era o começo de um saber de tipo sistemático. Deste modo, os gregos acrescentaram uma nova maneira de explicar o mundo, fazendo uso da razão, próprio para aqueles que são “amigos da sabedoria” (philos – amizade; sophia sabedoria), partindo de suas inquietações em busca da arqué. A verdade, porem, e que ha uma relação entre mito e logos. Somos seres humanos mistos de fé e razão, de imaginário e de racional. Portanto, não poderíamos, mesmo que quiséssemos distanciar-nos por completo dos mitos; somos seres místicos e a própria filosofia parte do mito para explicar e dar continuidade as especulações que nos cercam no cotidiano.
CURIOSIDADES!
Principais deuses gregos.
Zeus- Deus de todos os deuses, senhor do céu.
Afrodite- Deusa do amor, sexo e beleza.
Poseidon- Deus dos mares.
Hades- Deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo.
Hera- Deusa dos casamentos e da maternidade.
Apolo- Deus da luz e das obras de artes.
Ártemis- Deusa da caca e da vida selvagem.
Ares-Divindade da guerra.
Atena-Deusa da sabedoria e d serenidade. Protetora da cidade de Atenas.
Cronos- Deus da agricultura que também simbolizava o tempo.
Hermes- Mensageiro dos deuses representava o comercio e as comunicações.
Hefesto- Divindade do fogo e do trabalho.
De acordo com os gregos, os deuses habitavam o topo do Monte Olimpo, principal montanha da Grécia Antiga. Deste local, comandavam o trabalho e as relações sociais e politicas dos seres humanos. Os deuses gregos eram imortais, porem possuíam características de seres humanos. O ciúme, traição e violência também são características encontradas no Olimpo. Os deuses gregos às vezes se apaixonavam pelos mortais e tinham filhos com eles; estes se tornavam os heróis.
Os principais seres mitológicos da Grécia Antiga eram:
Heróis: seres mortais, filhos de deuses com seres humanos. Exemplos:
Héracles ou Hercules e Aquiles.
Ninfas: seres femininos que habitavam os campos e bosques, levando alegria e felicidade.
Sátiros: figura com corpo de homem, chifres e patas de bode.
Centauros: corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo. Sereias: mulheres com metade do corpo de peixe atraiam os marinheiros com seus cantos atraentes.
Górgonas: mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes.
Exemplo: Medusa.
Quimera: mistura de leão e cabra, soltavam fogo pelas ventas.
Fonte: http:// Conheça alguns mitos:
Conhecendo alguns mitos.
Mito de Pandora
Parte de um castigo a Prometeu (titã amigo dos homens) por este ter revelado o segredo do fogo para a humanidade. Prometeu roubou as sementes do deus Hélio (deus do fogo) e repassou aos homens para que estes pudessem cozinhar e fazer tarefa domestica. Enfurecido, Zeus resolveu criar uma mulher que tivesse varias qualidades de diversos deuses. Pandora tinha, por exemplo, o poder de sedução da deusa Atena, o que fez com que Prometeu se cassasse com ela. De acordo com o mito, a humanidade tinha vivido com harmonia ate o momento em que Pandora resolveu abrir sua ânfora (a expressão “caixa de Pandora” foi criada no Renascimento) que continham todos os malem da humanidade e liberou todas as desgraças (vícios, doenças, loucura, pobreza, pragas, violência, crimes, etc.)
O Minotauro.
É um dos mais conhecidos e já foi tema de filme, desenhos, pecas de teatro, jogos, etc. Esse monstro tinha corpo de homem e cabeça de touro. Forte e feroz, habitava um labirinto na ilha de Creta. Alimentava-se de sete rapazes e sete mocas gregas, que deveriam ser enviadas pelo rei Egeu ao Rei Minos, que os enviavam ao labirinto. Muitos gregos tentaram matar o Minotauro, porem acabavam se perdendo no labirinto ou mortos pelos monstros. Certo dia, o rei Egeu resolveu enviar para a ilha de Creta seu filho, Teseu, que deveria matar o Minotauro. Teseu recebeu da filha do rei de Creta, Ariadne, um novelo de lã e uma espada. O herói entrou no labirinto, matou o Minotauro com um golpe de espada e saiu usando o fio de lã que havia marcado todo o caminho percorrido.
O mito de Prometeu
Ele era filho de Jápeto e de Ásia, irmão de Altas, Epimeteu e Menoécio, e se tornou o progenitor de Deucalião. Outra vertente menos significativa aponta como, pois de Prometeu a deusa Hera e o gigante Eurimedon. Este deus foi o cocredor ao lado de Epimeteu, da raça humana, e a ela também se atribui o furto do fogo divino, com o qual representeou a humanidade. Muito amigo de Zeus, o ardiloso Prometeu ajudou o deus supremo a driblar a fúria de seu pai Cronos, o qual foi destronado pelo filho. O dom da imortalidade não o impediu de se aproximar demais do homem, sua criação de acordo com algumas historias, ele o teria a dispunha com a geração dos outros animais, e lhe pediu auxilio para elaborar a raça humana.
Ele concedeu ao ser humano o poder de pensar e raciocinar, bem como lhes transmitiu as mais descobriu que seu pretenso amigo o estava traindo. O titã matou um boi e o fracionou em dois pedaços, ambos ocultos em tiras de couro; destas frações uma detinha somente gordura e ossos, enquanto a carne estava reservada para o pedaço menor. Prometeu, tentou oferecer a Assim sendo o filho de Japeto lhe concedeu este capricho, mas ao se dar conta deque havia sido lubrificada, Zeus se enfureceu subtrai da raça humana o domínio do fogo. E quando Prometeu, mais uma vez desejando favorecer a humanidade, rouba o fogo do Olimpo, pregando uma peça nos poderosos deuses. Já outra versão justificada essa peripécia de Prometeu como uma forma de deter para a raça humana um elementar que lhe garantiria a necessária supremacia sobre os demais seres vivos. O fato e que Zeus decidiu punir Prometeu, decretando ao ferreiro Hefesto que o prendesse em correntes ao alto do monte Cáucaso, durante 30 mil anos, os quais ele seria diariamente bicado por uma águia, a qual lhe destruiria o fígado. Como Prometeu era imortal, seu órgão se regenerava constantemente, e o ciclo destrutivo se reiniciava a cada dia. Isto durou ate que Herói Hercules o libertou, substituindo no cativeiro pelo centauro o uiron, igualmente imortal.
Font: http:\\ shoong.com/humanities/philosophy/ Google.
SUGESTÃO DE FILME: Fúria de Titãs.
REFERÊNCIAS:
VERNANT, J. -P. A Origem do Pensamento Grego. São Paulo: DIFEL, 1972.
CHAUI, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2000.
RODRIGO, L. M. Filosofia em sala de aula: teoria e. Para o ensino médio.
Campinas: Autores Associados, 2009.
BROWN, D. M. (ed.). Grécia: templos, túmulos e tesouros. Rio de Janeiro: Time-
Life / Abril, 1998.
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Sites:
http://www.suapesquisa.com/mitologiagrega/
http:\\ shoong.com/humanities/philosophy/ Google