Diversidade Sexual e Educação: Representações, significados e saberes dos professores sobre homossexualidade no âmbito escolar.

Por Jaqueline Andrade | 08/08/2011 | Educação

Diversidade Sexual e Educação: Representações, significados e saberes dos professores sobre homossexualidade no âmbito escolar.

Jaqueline de Andrade (Graduanda em Pedagogia na FCT/UNESP Presidente Prudente-SP.)

Profª. Drª. Arilda Inês Miranda Ribeiro (Professora Titular em História da Educação na FCT/UNESP Presidente Prudente-SP.)

RESUMO

 

Este texto tem por objetivo fornecer reflexões acerca de outras sexualidades que não a heterossexual, no sentido de observar porque esse tema tem causado incômodo nos sujeitos que convivem no espaço educativo. Principalmente para professores que têm a função de orientar seus alunos a conviverem com as diferenças. A metodologia utilizada baseia-se na aplicabilidade de material audiovisual governamental: “Para que time ele joga?” e na primeira parte do filme comercial: “Desejos Proibidos”, durante o ano de 2010 nas reuniões de HTPC ocorridas no ambiente de formação de uma escola do município de Mirante do Paranapanema - SP. Os resultados nos indicam que os professores divergem em suas representações sobre ser ou não homossexuais, tanto como docentes como parentes desse sujeito. Indicam, também, que não possuem conhecimento suficiente para tratarem da questão quando a mesma surge em sala de aula. O preconceito é velado e se fundamenta em questões religiosas e de formação conservadora e patriarcal.

 

Palavras - chave: material audiovisual; diversidade sexual; preconceito; educação sexual e escolar.

 

  1. INTRODUÇÃO

A adolescência é a fase de mudanças que passamos durante a puberdade. É nesta fase que surge o interesse pela sexualidade, um período confuso, de grandes mudanças tanto corporais quanto psicológicas. É também, o momento de descoberta do nosso corpo. Alguns adolescentes descobrem nessa época que possuem desejos por indivíduos do mesmo sexo, o que lhes causa grandes danos, das mais diversas ordens.

Tanto os pais quanto à escola devem estar atentos às mudanças que ocorrem com os filhos e alunos durante a adolescência a fim de apoiá-los. Isso faz com que se sintam seguros em assumir sua homossexualidade sem causar polêmica ou constrangimento para ambos.

Infelizmente, a heterossexualidade é representada em muitos discursos culturais como a expressão da verdadeira sexualidade. Dessa maneira, a demonstração de sentimentos e afetividades entre pessoas do mesmo sexo, ou práticas sexuais que fogem a esse modelo, recebe diversos rótulos para demarcá-las como “antinaturais”. A construção de representações negativas sobre as identidades de gêneros e sexuais que fogem ao modelo heterocêntrico se baseia, fundamentalmente, na composição biológica do corpo. (FURLANI. 2008; LOURO, 2008b; WEEKS, 2001).

O tema homossexualidade causa polêmicas, pois na Idade Média a Igreja Católica surge exercendo todo o seu poder sobre os homens, passando, assim, a considerar a homossexualidade como uma ofensa à criação divina. O homossexual era considerado uma figura diabólica que poderia desviar os demais para o pecado, a homossexualidade sempre esteve ligada à ideia de desprezo, talvez seja por isso, que não conseguimos aceitar, mas sim tolerar essa diversidade sexual. (FOUCAULT, 1985)

Sabe-se que a homossexualidade ocorre em ambos os gêneros. Porém, a lesbianidade ainda tem menos notoriedade devido a fatores culturais. A sociedade não estigmatiza tanto a intimidade sexual entre mulheres, como o faz em relação aos homens.

Existe um preconceito amplamente difundido de que qualquer tipo de atividade sexual precisa da participação de um pênis, e num envolvimento entre mulheres isto nem sequer é considerado como possível. As mulheres podem usar roupas masculinizadas, mas, se suas atitudes e maneiras não forem muito exageradas, ninguém presta muita atenção a elas; homens que se vestem com roupas mais femininas, ou se comportam de maneira afeminada, entretanto, tornam-se imediatamente suspeitos. A garota masculinizada não é tão marginalizada, enquanto o menino com personalidade menos viril é, com freqüência, rejeitado. (CONSELHO NACIONAL DE DISCRIMINAÇÃO).

É difícil compreender a causa do preconceito contra os homossexuais, porque da mesma forma que não sabemos por que nascemos com desejos por sujeitos heterossexuais, o mesmo ocorre com a homossexualidade. O desejo é social. É construído nas sociedades.

Não é “natural” como se afirmam vários discursos. Age-se dessa maneira porque culturalmente nos ensinaram que o homem só pode casar com mulher e vice-versa, mas não nos ensinaram que ambos podem sentir atração e desejo por pessoas do mesmo gênero.

Homossexualidade pode decorrer da articulação dos mencionados fatores histórico-sociais e culturais e fatores psicológicos, com destaque para o processo de identificação (MORGADO, 2002), resultado no desejo de se vincular emocionalmente a alguém do mesmo sexo. A sexualidade é assim, essencial para a nossa existência. No entanto, é um assunto incômodo. Conversar com os filhos, por exemplo, é constrangedor para alguns pais, pois estes ainda não se acostumaram com as mudanças ocasionadas pela modernidade. Modernidade essa, que faz com que a vida sexual dos jovens inicie-se cada vez mais cedo.

A falta de diálogo entre pais e filhos é preocupante, porque os adolescentes precisam de preparação psicológica para ultrapassar as mudanças ocorridas durante a adolescência e isso é algo que ocorre por meio de conversas entre pais e filhos. É através de conversas que os pais conquistam a confiança dos filhos, porque os pais que dão liberdade aos filhos de discutir sobre diversos assuntos estão preparando-os para a vida e isto é fundamental para que os adolescentes se sintam seguros com o apoio familiar.

Para muitos adolescentes a falta de liberdade de falar sobre sexualidade com os pais faz com que eles troquem informações, muitas vezes equivocadas com outros jovens que não tem preparação adequada para esclarecer suas dúvidas sobre o assunto. Esta temática deve ser esclarecida pelos pais, mas se os pais não se sentem bem em tratar o tema e desconhecessem outros desejos que não os heterossexuais, cabem aos educadores orientá-los sobre a questão.

Os pais não devem agir como se a escola fosse a única responsável para tratar de sexualidade com os adolescentes, devendo eles também participar das mudanças ocorridas durante adolescência de seus filhos. (FURLANI, 2005)

 

  1. JUSTIFICATIVA

 

Este trabalho é relevante porque procura compreender que a escola é um espaço em que deve ser construído o respeito e não o preconceito e a violência contra as diversidades sexuais. Há muitas dificuldades encontradas para se estabelecer um diálogo sobre as diferenças sexuais e a homofobia no contexto escolar, pois alguns educadores preferem ignorar a homossexualidade com a explicação de que a escola não é lugar para gays, lésbicas e travestis. Dessa forma, pode-se destacar que na escola a homofobia não é apenas consentida, mas também ensinada.

No âmbito escolar a homofobia afeta a relação entre professor (a) e aluno(a), promove estigmatização, insegurança, diminui a autoconfiança, intimidação e dificulta o aprendizado do aluno, além disso, a homofobia também promove a violência contra homossexuais. A literatura lida sobre o tema indica que há um grande preconceito por parte da nossa sociedade em relação à homossexualidade. As pessoas preferem ignorar os homossexuais excluindo-os da sociedade como cidadãos comuns, algo estigmatizante e preconceituoso.

A "naturalidade" do instinto sexual eram as relações entre homens e mulheres, com vistas na reprodução biológica e a manutenção da família nuclear burguesa. (NUNAN 2003, p.3)

 

As novas tecnologias reprodutivas possibilitam a reprodução da espécie sem haver necessidade do contato sexual entre dois sexos distintos, porém, assim como a homossexualidade, as novas tecnologias também são consideradas "antinaturais” ou contrárias à vontade divina.

Entendemos por família tradicional o casamento entre um homem e uma mulher e os filhos gerados através da reprodução. No entanto, este conceito de família foi sendo modificado ao longo dos séculos.

De acordo com Áries (1981) no século XVIII a função do pai era ser o provedor material da casa e a autoridade dominante, enquanto que a função da mãe era cuidar dos filhos e obedecer ao marido. A família tradicional constitui-se em torno de uma necessidade material: a reprodução.

Atualmente com a valorização da mulher no mercado de trabalho os filhos ficam na responsabilidade de avós ou babás, o sustento da casa é compartilhado, surgem também os novos modelos familiares que são constituídos por pais ou mães solteiros ou separados; avós ou avôs; irmãos ou irmãs; e também por casais LGBTTT.

No Brasil a união civil de casais LGBTTT ainda não é legalizada, no entanto alguns casos de jurisprudência reconhecem no plano jurídico, a existência de famílias homoparentais, porém percebe-se que alguns educadores e educadoras apresentam sérias dificuldades em reconhecer esse novo modelo de família como membros participantes da comunidade escolar. Louro afirma que:

 

A escola delimita espaços. Servindo-se de símbolos e códigos, ela afirma o que cada um pode (ou não pode) fazer, ela separa e institui. Informa o lugar dos pequenos e dos grandes, dos meninos e das meninas. (LOURO, 1997, p. 58)



Percebe-se através dos questionários aplicados, que os professores não estão preparados e não se sentem à vontade para discutir sobre homossexualidade na escola, eles até discutem sobre sexualidade, desejo, amor, gravidez, casamento, etc.; mas poderiam também trabalhar a orientação sexual.

 

A homossexualidade é entendida como uma transgressão à “normalidade”, e os sujeitos transgressores passam a ser marcados como “diferentes e desviantes” (LOURO 2004 p. 87).

 

Mitos baseados na sexualidade associam a ignorância como forma de proteção, ou seja, a ideia de que quanto menos os jovens souberem sobre o assunto, mais protegidos ficarão. Há uma ausência de conhecimento sobre diversidade sexual, de práticas escolares que incentivem o debate e os esclarecimentos de dúvidas que possam minimizar a homofobia, que se constitui em um alto grau de violação dos direitos humanos.

De acordo com LOURO (2001, p.27) no âmbito escolar a "produção da heterossexualidade é acompanhada pela rejeição da homossexualidade” que em muitos casos expressa homofobia.

As maiores dificuldades encontradas para se debater sobre a homossexualidade na escola são as resistências escolares em estabelecer um diálogo sobre as diferenças sexuais, isso ocorre tanto por parte dos educadores, quanto por parte dos alunos, os educadores são resistentes a esse tema, porque eles se sentem constrangidos em comentar sobre a homossexualidade ou não estão preparados para discutir sobre o tema, no caso dos alunos que se reconhecem como homossexuais encontram dificuldades para expressarem seus sentimentos e assumirem suas identidades nesses ambientes, é por isso que muitos estudantes escondem dos professores, dos funcionários, dos colegas de sala, dos familiares, da sua religião e dos amigos a sua orientação sexual pelo medo de sofrer discriminação.

A educação sexual não pode estar dissociada da família, da escola, e da sociedade. Todos têm responsabilidade quanto a ela. E a escola não pode fugir desta responsabilidade, mesmo que a família se ausente nesse sentido, é responsabilidade e dever dela discutir o assunto com seus alunos.

A família é o primeiro lugar social em que o sujeito encontra dificuldades em conversar sobre sexualidade e homossexualidade, na escola não é diferente. No espaço escolar existem entraves de relações quanto à homossexualidade, os professores enfrentam dificuldades no manejo escolar quando estudantes abertamente homossexuais são discriminados por colegas, este fato acarreta prejuízos à aprendizagem desses jovens discriminados e na interação deles com colegas e professores.

Pode-se ressaltar, ainda, que os professores não devam transmitir seus próprios valores e opiniões como verdade absoluta. Sabe-se que é impossível ficar totalmente isento de opinar, mas é importante que as questões sejam lançadas, refletidas e discutidas.

Outro ponto relevante no papel do professor se encontra no esclarecimento dos limites, mencionando algumas questões relevantes como o que se pode fazer em locais públicos e privados para que nestas condições a intimidade seja preservada.

É importante o educador compreender que o adolescente tem o direito de preservar sua intimidade e que para discutir questões relativas à homossexualidade, não é preciso revelar ao todo fatos que só a ele dizem respeito, entendendo que esta postura não representa um fechamento, mas revela o direito de construir para si mesmo uma vida privada.

A questão da sexualidade é um processo social, ninguém nasce gay ou lésbica, nascemos como um gênero masculino e feminino, à medida que vamos crescendo aprendemos a ser meninos e meninas, homens e mulheres da mesma forma que o indivíduo se transforma em gay ou lésbica.

Este projeto tem por objetivo compreender a relação entre gênero e binarismo, além disso, busca-se também analisar a posição de alguns professores de uma Escola Estadual do município de Mirante do Paranapanema - SP sobre o tema da homossexualidade através da aplicação de filmes e questionários sobre os mesmos.

Para tanto, foi analisada a reação dos professores em relação à temática dos filmes “Para que time ele joga ?” e “Desejos Proibidos - Parte I”, tanto no que toca ao fato de serem docentes como pais, através de um questionário.




 

Desejos Proibidos” (Fonte: Google, Domínio Público) Criança adotada por lésbicas(Fonte: Google, Domínio Público).







Pra que time ele joga? (Fonte: Google, Domínio Público) Homofobia (Fonte: Google, Domínio Público)



Nesse sentido buscou-se refletir nesse trabalho o papel da escola como um espaço de socialização para jovens homossexuais e se ela esta preparada para discutir e desenvolver meios para promover a aprendizagem e a convivência de jovens homossexuais em seu espaço.

Na página que se segue consta à aplicabilidade do questionário bem como os resultados aferidos.

 

 

  1. RESULTADOS OBTIDOS

 

Os questionários foram elaborados pela bolsista que foi aluna da escola Estadual Rural do município de Mirante do Paranapanema onde foram apresentados os filmes "Pra que time ele joga? ”e ‘‘Desejos Proibidos - Parte I”, os questionários foram apresentados em reuniões de HTPCs com a autorização da direção escolar e com a presença dos professores participantes das reuniões.

Foram necessárias três visitas a escola para realizar essa atividade. A primeira, para pedir autorização da direção escolar para a exibição dos filmes e aplicação dos questionários e as outras duas para a realização das atividades.

O primeiro filme apresentado foi "Pra que time ele joga?" e treze professores que participaram da HTPC responderam o questionário referente ao filme. O segundo filme, apresentado foi “Desejos Proibidos - Parte I” com a mesma metodologia do primeiro, mas participaram da atividade dezessete professores.

A análise dos resultados obtidos por meio dessa atividade nos mostra que alguns educadores não sabem como lidar com a homossexualidade no âmbito escolar, vemos isso nitidamente com as interpretações das questões seguintes elaboradas para os questionários.

 

    1. Questionário sobre o filme: "Pra que time ele joga?" com treze professores participantes.

 

1) Como você avalia a temática do filme, usaria o mesmo para a divulgação e na problematização do preconceito contra homossexuais?

a) Sim (13)
b) Não (0)
c) Prefiro não responder (0)


2) O que você faria se um de seus alunos lhe procurasse para lhe dizer que é homossexual e pedisse ajuda?

a) Chamaria o pai ou responsável para conversar sobre o assunto, mas tentando evitar que este use a violência para que o aluno não se sinta constrangido diante dos colegas e até mesmo de você. (1)

b) Levaria o aluno num psicólogo com a permissão do ou responsável. (0)

c) Organizaria uma palestra com psicólogos, psiquiatras, pais e alunos sobre homossexualidade. (6)

d) Não sei o que faria. (4)

e) Prefiro não responder. (2)


3) Como pais e mães o que você faria se seu filho ou sua filha lhe dissesse que é
homossexual?

a) Acharia estranho no primeiro momento, mas apoiaria ele ou ela, pois apesar de tudo você o ama e quer apenas o seu bem, não importa o que os outros irão dizer. (11)

b) Expulsaria de casa, pois não iria suportar os vizinhos, parentes, amigos e colegas de
trabalho fazendo piadinhas de mau gosto ou comentando sobre o assunto. (0)

c) Não sei o que faria. (2)

d) Prefiro não responder. (0)

 

4) Como educador qual é a sua opinião em relação a homossexualidade na escola?

a) Homossexualidade é algo desprezível e homossexuais não devem ter direito a educação. (0)
b) Homossexualidade não é a opção sexual "tradicional", mas como educador prefiro respeitar as diferenças e pretendo passar isso para os meus alunos. (13)

c) Não tenho uma opinião formada sobre o assunto. (0)

d) Prefiro não responder. (0)

 

Na primeira questão todos os professores usariam o filme para divulgação e problematização do preconceito contra homossexuais, isso mostra que no primeiro momento a temática do filme não causa constrangimentos para eles.

Na questão seguinte alguns participantes mostram como a opção assinalada por eles que há pouco conhecimento no campo pedagógico acerca das diversidades sexuais, que faz com que os educadores procurem auxilio de outros profissionais como psicólogos e psiquiatras para se estabelecer um debate sobre o tema com pais e alunos, pois eles não se sentem aptos psicologicamente para discutir sobre o tema.

Observa-se na terceira questão que a maioria dos educadores como pais aceitariam o filho homossexual, na questão anterior em que seis dos treze educadores participantes assinalaram a opção de que organizaria uma palestra com psicólogos, psiquiatras, pais e alunos sobre homossexualidade. De acordo com Toni Reis - presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), muitos profissionais de educação ainda acham que a homossexualidade é uma doença que precisa ser tratada e encaminham o aluno para um psicólogo.

Alguns professores escolheram a opção prefiro não responder, dessa maneira, percebe-se que estes educadores enfrentam dificuldades para debater sobre homossexualidade tanto no espaço escolar quanto no âmbito familiar.

Na última questão todos os participantes da atividade reconhecem que a sua função é respeitar e fazer com que seus alunos também respeitem as diferenças, apesar de não considerar a homossexualidade como sendo “natural”.

 

    1. Questionário sobre o filme: "Desejo Proibido - Parte I” com dezessete professores participantes.

 

1)Você aceitaria um aluno que cujos pais são homossexuais?

a) Sim, se os pais dele lhe dão todo amor, carinho e proteção que uma criança precisa não há nada anormal, a opção sexual dos pais desse aluno não influência na minha aceitação para com ele, pois eu respeito às diversidades, e busco fazer com que meus alunos também aprendam a respeitar, porque em minha opinião este é o papel de um educador ensinar e respeitar as diferenças. (15)

b) Não, considero uma falta de respeito casais homossexuais adotarem crianças, porque elas não merecem serem alvos de piadas em relação à opção sexual dos pais, além disso, essa criança pode ficar doente psicologicamente. (0)

c) Não, porque eu acho errada a adoção de crianças por casais gays. (0)

d) Sim, pois tem muitas crianças abandonadas em abrigos e considero um gesto muito bonito casais gays enfrentarem os preconceitos e adotarem uma criança que precisa de amor e proteção. (0)

e) Não sei. (0)

f) Prefiro não responder. (2)

 

2)Para você crianças adotadas por homossexuais podem também se tornarem homossexuais na adolescência?

a) Sim, porque homossexualidade é uma doença contagiosa, é algo contrário a vontade divina e os homossexuais não deveriam ter o direito de adotar crianças. (0)

b) Sim, porque crianças adotadas por casais LGBTT são frágeis psicologicamente e acham que é normal ser gay. (0)

c) Não, porque homossexualidade não é doença, por isso não pode ser contagiosa e da mesma maneira que os pais heteros têm filhos homossexuais, os pais homossexuais também podem ter filho filhos heteros, no meu entendimento a criança só se tornará homossexual se tiver tendência, a questão dos pais adotivos serem homossexuais não interfere e nem influência na opção sexual do adolescente. (10)

d) Não, pois é preconceito pensar assim, se uma criança adotada por homossexuais, se tornar homossexual na adolescência isso não significa que foi influência dos pais, foi uma opção dela própria. (5)

e) Não sei. (0)

f) Prefiro não responder. (2)

 

3)Como você avalia a temática do filme “Desejos Proibidos” parte I?

a) Interessante com o tema importante para a reflexão a lesbianidade, pois ele me fez refletir que é muito triste você construir uma vida junto com um companheiro ou companheira e quando este falece seus parentes consanguíneos que nunca se importaram com ele ou com ela aparecem lhe levado todos os bens materiais adquiridos por você e seu companheiro ou sua companheira, sem se importar com os seus sentimentos. (13)

b) Gostei do filme e achei o tema muito interessante. (2)

c) O filme é interessante, mas me senti incomodado (a) com o tema. (0)

d) Não gostei do filme. (0)

e) Prefiro não responder. (2)

 

4)Você considera importante tratar do tema homossexualidade e lesbianidade com os alunos?

a) sim, pois devemos ensinar os alunos a respeitarem as diferenças e também porque o papel da escola é promover o respeito e a igualdade entre todos. (8)

b) não, porque a escola é o local apropriado para se discutir sobre esses assuntos, o professor é profissional da educação, esses assuntos devem ser discutidos com psicólogos, psiquiatras e terapeutas. (2)

c) Sim, porque a escola é o local que se discuti sobre educação e esses assuntos também podem ser discutidos na escola, porque faz parte da educação e é muito importante a escola promover o respeito entre as diversidades. (3)

d) Não sei. (0)

e) Prefiro não responder. (2)

f) Não é problema de a escola discutir sobre esses assuntos, ser gay ou não é escolha de cada um. (0)

g) Sim, pois é um dever da escola esclarecer esses temas com os alunos e é um direito dos alunos terem conhecimentos sobre esses assuntos que possam auxiliá-los a respeitarem as diferenças. (2)

 

Em algumas questões os entrevistados concordam que a escola tem a função de promover o respeito entre as diversidades. Os alunos trazem de casa diferentes valores, conceitos e preconceitos que devem ser trabalhados pelo professor com respeito e seriedade. A escola deve ser um espaço onde todos os indivíduos indiscriminadamente possam ter um desenvolvimento social.

Discutir sobre homossexualidade no espaço escolar é complicado, pois os educadores têm sérias dificuldades em se posicionarem sobre o tema, pois, para alguns professores os alunos homossexuais são geralmente caracterizados pelo lado negativo, alguns desses professores já trazem consigo algumas definições de como os jovens deveriam ser e agir.

É importante que o educador tome consciência de que a escola tem o compromisso de esclarecer assuntos importantes com os alunos como a homossexualidade e ensiná-los a respeitarem a opção sexual de outras pessoas e a conviverem com as diferenças.

Com a escolha da segunda opção da quarta questão, perceber-se que esses educadores expressam um grande preconceito, pois a escola não é o único, mas é um dos espaços fundamentais que tem o dever de promover o respeito entre todas as diversidades, inclusive as sexuais.

No processo educacional o educador permite que os alunos busquem e entreguem seus conhecimentos, dessa maneira educador e educando constroem a aprendizagem, mas para isso o educador deve ter algumas características como: transmitir confiança, ser bem informado, respeitar o educando, ser aberto ao dialogo, etc.

Na infância, por inocência e com base na educação familiar, a grande maioria costuma apontar e excluir colegas homossexuais ou que tenham um comportamento diferente do que foi educado como “normal”. Na adolescência, a exclusão continua forte, podendo resultar de agressões físicas e verbais.

Com a análise dos questionários percebe-se que há necessidade de se discutir a sexualidade como um elemento próprio no currículo escolar e não apenas como um tema transversal. A função da escola é promover um ensino seguro e receptivo à diversidade sexual.

Preparar professores orientados para lidar sobre a diversidade é uma ótima opção, pois homofobia também é uma exclusão social, não se deve negar que ela está presente em todos os lugares inclusive em âmbito escolar.

Os educadores, assim como toda a sociedade, devem construir um espaço onde os indivíduos LGBTTT possam viver “normalmente” a sua opção sexual da mesma maneira em que os heterossexuais vivem. A educação deve promover o respeito entre as diferenças, sejam elas quais forem.

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Do que foi lido para esse trabalho, pode-se inferir que palestras ministradas por profissionais da área da saúde e alguns materiais audiovisuais com os temas relacionados à sexualidade e homossexualidade podem auxiliar os educadores na educação sexual dos adolescentes.

A educação sexual tem como objetivo orientar os jovens e adolescentes que estão iniciando a vida sexual sobre os riscos que podem ocorrer durante uma relação sexual sem prevenção, como por exemplo, uma DSTs/AIDS ou uma gravidez precoce, e também sobre o uso de métodos contraceptivos, como por exemplo, a camisinha, que apesar de ser um dos métodos contraceptivos, é o método de contracepção mais utilizado para evitar uma gravidez indesejada ou uma DSTs/AIDS.

Há um grande equivoco por parte de muitas pessoas ao pensarem que apenas os homossexuais são vulneráveis a contrair o vírus HIV, além de ser um grande erro, este é um pensamento muito preconceituoso e faz com que os heterossexuais sintam-se imunes ao vírus da AIDS, e com isso não se preocupam com prevenção. (FOUCAULT, 1985)

Este trabalho é importante para refletir sobre a homossexualidade no espaço escolar, pois o acesso à orientação sexual e a discussão da sexualidade devem ser um direito assegurado a todas as pessoas, que deveria ser incluído nas propostas educativas em diferentes instituições educadoras.

O material audiovisual e a atividade proposta pela orientadora e realizada pela bolsista foi importante para se analisar a opinião dos professores de uma Escola Estadual localizada na Zona Rural do Município de Mirante do Paranapanema - SP sobre homossexualidade.

A aplicação dos filmes e dos questionários foi realizada com o objetivo de analisar a postura dos professores em relação à homossexualidade na escola. Em ambos os questionários percebe-se que há um preconceito por parte dos educadores em se tratando de homossexualidade no ambiente escolar, alguns professores em certas questões não souberam ou não quiseram argumentar seu ponto de vista em relação ao tema.

Apesar dos questionários aplicados serem fechados, os professores tinham total liberdade para argumentar em folha à parte ou no verso do questionário a sua opinião sobre o tema, nenhum deles fizerem isso, alguns até demonstraram que em sua opinião a escola não é o local apropriado e/ou adequado para se discutir sobre homossexualidade.

A temática dessa pesquisa incentivou a bolsista na compreensão nas relações entre escola, sociedade e família sobre o tema. Assim pode-se inferir que, por mais que se discuta sobre inclusão social no currículo pedagógico, como por exemplo: o respeito, a aceitação, a diferença, formas de lidar com o preconceito, etc.

No entanto, na questão da homossexualidade, pouco se avançou, observa-se que é importante a inclusão dos homossexuais na sociedade, pois eles não são anormais, apenas não se relacionam sexualmente com alguém do gênero oposto, não há nada de errado com isso eles merecem respeito assim como todos nós.

Da mesma forma que há aulas de biologia e história, deveriam também reservar aulas para tratar de cidadania, direitos e deveres, promover um debate entre os alunos, levar palestrantes, mostrar que os homossexuais não têm nada de diferente.

Como professores (as), devemos nos valer de pedagogias que problematizem o sofrimento e a exclusão das pessoas que estão às margens, de modo que elas possam falar não apenas na sala de aula, mas também interferir no currículo para diminuir as relações de poder que legitimam a sua constante subalternização. (LOURO,2007).

Os sujeitos tendem a ter preconceito daquilo que nunca tiveram contato e esse debate ajudaria bastante no combate à discriminação contra os homossexuais e contra todos os outros tipos de minorias.

O objetivo de toda educação deve ser a formação do individuo, devendo sempre gerar conscientização, liberdade e equilíbrio pessoal propiciando qualidade de vida.

 

  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2 ed., Rio de Janeiro: LTC, 1981.

 

 

Alem: Homossexuais enfrentam preconceito diário nas escolas Disponível em: <http://www.alem.org.br/modules/news/article.php?storyid=98 >.Acesso em: 25 de outubro de 2010.

 

 

CONSELHO NACIONAL DE COMBATE À DISCRIMINAÇÃO. Brasil sem Homofobia: programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania homossexual. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

 

 

FOUCAULT, M. A mulher/ os rapazes da história da sexualidade. In: História da Sexualidade v. 3. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

 

 

______. Da amizade como modo de vida. Entrevista de Michel Foucault a R. Ceccaty.J. Danet e J. Le Bitoux, publicada no jornal Gai Pied. Tradução de Wanderson flor do Nascimento. Gai Pied, n. 25, 1981, p. 38-39.

 

 

______. Historia da sexualidade: a vontade de saber. 7a ed. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

 

 

______. O Verdadeiro Sexo. Prefácio do livro Herculine Barbin: o diário de um hermafrodita. In: PANIZZA, O. Herculine Barbin: o diário de um hermafrodita. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983, p. 1-9.

 

 

FURLANI, J. Educação Sexual: do estereótipo à representação argumentando a favor da multiplicidade sexual, de gênero e étnico-racial. In: RIBEIRO, P. R. C.; SILVA, M.R. S.;

 

 

SOUZA, N. G. S.; GOELLNER, S. V.; SOUZA, J. F. (Org.). Corpo, gênero e sexualidade: discutindo práticas educativas. Rio Grande: FURG, 2007a, p. 46-58.

 

 

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______ . Mitos e tabus da sexualidade humana. 3a ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007b.

 

 

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LOURO, G.L. Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.

 

 

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MORGADO. M. A. Da sedução na relação pedagógica: professor-aluno no embate com afetos inconscientes. Porto Alegre. Artes Médicas, 1991.

 

 

NUNAN, A. Homossexualidade do preconceito aos padroẽs de consumo. Rio de Janeiro: Caravansaraí, 2003.

 

 

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