DIVERSIDADE DE PEIXES NA REGIÃO NEOTROPICAL

Por Diego Batista Fonseca | 25/01/2017 | Ambiental

A região Neotropical quando comparada a outras regiões, apresenta alta diversidade, sendo aproximadamente 4.475 espécies descritas. No entanto, esses dados podem ser maiores visto o número de espécies não descritas, porém reconhecidas (MARCENIUK et al., 2011). Nos rios e lagos de toda a América do Sul habitam cerca de 3.000 espécies de peixes de água doce, e dentre essas espécies, duas ordens são consideradas abundantes: Characiformes e Siluriformes (MARTINS, 2004). O Brasil é caracterizado pela grande diversidade de peixes e pelo endemismo acentuado em diversas áreas, porém grande parte destas áreas possui pouco conhecimento, e isso cabe uma preocupação maior em relação à conservação destas espécies, tendo em vista que aproximadamente 40% da diversidade das espécies de peixes de água doce conhecidas habitam estas áreas (ALVES et al., 2008), e essa falta de conhecimento deixa evidente a grande necessidade de itensificar esforços e com isso desenvolver pesquisas a fim de suprir essa insuficiência (GODOI et al., 2010). O Brasil comporta a maior diversidade de peixes de água doce quando se comparado ao mundo, e essa diversidade está relacionada com as enormes bacias hidrográficas e com o posicionamento geográfico que o país está instalado (VIEIRA & RODRIGUES, 2010). Os peixes que habitam a bacia alto rio Paraná são classificados pelo o seu tamanho padrão de pequeno a médio porte, pela sua ampla distribuição geográfica e importância comercial em relação à pesca, visto que algumas espécies apresentam elevado grau de endemismo (PAZETE DE OLIVEIRA & TEJERINA-GARRO, 2010). Nos últimos anos, pesquisas com a ictiofauna vêm crescendo em diversas regiões das sub-bacias que formam a bacia do alto Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Minas Gerais e principalmente São Paulo são os estados que se destacam nestas pesquisas (LANGEANI et al., 2007). A região Sudeste da bacia do alto rio Paraná é caracterizada pela sua rica diversidade, levando assim a ser uma das regiões dentro da bacia com maiores relatos de descobertas de novas espécies de peixes (AQUINO et al., 2009). No período entre 2001 e 2005, o Brasil, através de estudos, apresentou um crescimento superior a 20% sobre o conhecimento da ictiofauna, correspondendo um total aproximado de 411 novas espécies, visto que este período também foi o mais produtivo para a última década, chegando assim a serem descritas mais 267 novas espécies (ARAÚJO, 2010). Estudos na bacia do alto rio Paraná apenas confirmam a necessidade de pesquisas nesta região, tendo em vista que estes estudos mesmo que crescentes, ainda mostram ser incompletos (GALVES et al., 2009). Por outro lado há também relatos que afirmam a existência de uma queda mundial sobre a diversidade de peixes, e isso é consequência das grandes atividades antrópicas que vem crescendo ao longo do tempo, dessa forma a manutenção da ictiofauna se tornou um campo de interesse crescente para a sociedade (VIEIRA, 2010). Estudos em ambientes de menor volume de água vêm crescendo ao longo do tempo, e este crescimento é muito importante tendo em vista que a ictiofauna de riachos é composta, em sua maioria, por indivíduos de pequeno e médio porte, e na medida em que esses ambientes são estudados, mais espécies são descritas (GALVES et al., 2009). Entender a relação peixe-habitat permite a elaboração de plano de manejo os quais possam minimizar destruições e/ou alterações em determinados ambientes (AQUINO et al., 2009). Estudos com comunidades ictiofaunísticas são extremamente importantes para o monitoramento dos ambientes aquáticos, tendo em vista que os peixes são ótimos indicadores ambientais, e desta forma, conhecer estes ambientes, nos permite realizar monitoramentos a fim de identificar futuros impactos que possivelmente ameaçariam essas comunidades ictiofaunísticas e até mesmo todo ecossistema (CANÔNICO, 2011). Dentre as principais atividades antrópicas que ameaçam a diversidade ictiofaunística estão: construções de baragens, destruição das vegetações ripárias, assoreamento dos rios e até mesmo a introdução de espécies exóticas de outras bacias hidrográficas (MARCENIUK et al., 2011). Nos grandes rios a ictiofauna possui uma característica específica, pois as espécies que ali habitam necessitam de grandes cursos d’água para poder conseguir completar o seu ciclo biológico (SARMENTO-SOARES & MARTINS-PINHEIRO, 2009). Locais onde ocorrem modificações no ambiente natural são extremamente prejudiciais para a composição da ictiofauna, pois as fontes de alimento são consequentemente alteradas e isso compromete a diversidade destas espécies, e, no entanto isso corrobora na importância da preservação das matas ripárias e dos sistemas hidrográficos (SANTOS et al., 2015). Cabe ressaltar também que as construções de reservatórios alteram por completo a estrutura de diversas comunidades ictiofaunísticas, pois favorece o aumento de espécies sedentárias, uma vez que as mesmas não terão um percurso maior para se locomoverem e o decréscimo das espécies migradoras, pois de certa forma as mesmas estarão confinadas a espaços significamente menores se comparado ao seu ambiente natural (BARRETO, 2011).

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