Ditadura no trabalho X Gestão Moderna

Por Kelly Reddig dos Santos | 29/10/2010 | Adm

1. INTRODUÇÃO
O trabalho está ligado tanto às pessoas que a definição de sua identidade quando são apresentadas as outras, a pergunta que surge não é de onde ela vem ou quem é sua família, mas sim o que ela faz, em que empresa trabalha.
Se o trabalho assumiu esta importância na vida das pessoas, é natural que não haja contentamento apenas com aquilo que o trabalho o traz. Hoje em dia, as pessoas se preocupam também com o que o trabalho faz destas, o impacto que causa em suas vidas.
Em uma visão prática, o trabalho só existe porque não há outra forma de se conseguir as coisas que as pessoas desejam (roupas, comidas, viagens). Se este se torna principalmente uma obrigação, as perguntas que surgem são: "A vida profissional pode ser separada da vida pessoal?" "O que significa ter uma vida pessoal separada da vida profissional?". Para a maioria das pessoas, o trabalho traz satisfação para si, porém, não é o único motivo para trabalhar, talvez até nem o principal. Entretanto é um motivo forte, que pode ser definido como um propósito de realização, um lugar onde permanece e ainda é recompensado pelo que faz.
O novo discurso de um ambiente mais saudável (qualidade de vida, funcionário motivado e satisfeito) ocorre de uma mudança institucional sobre a forma de o indivíduo produzir valor a si mesmo e ao mundo, desta forma, fortalecendo sua auto-realização.

2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Texto Acabou a Diversão
No texto apresentado como base, mostra que disciplina, desempenho e regras claras são de interesse tanto de empresas quanto de funcionários, deixando claro que a empresa não é um parque de diversões. Ainda a autora condena o espírito de equipe por levar funcionários a pensarem que outro colaborador fará seu trabalho. A confusão entre vida pessoal e profissional provocada pela mentalidade americana é a principal causa do número de casos de estresse pelo mundo. O que a autora realmente diz quando ordena que os celulares sejam desligados durante o expediente, organizem suas mesas ao final de cada dia de trabalho, proíbe conversas e trocas de e-mails sobre assuntos pessoais por mais de cinco minutos, que todos os funcionários deverão estar uniformizados, jornada de trabalho extremamente restrita das 9horas da manhã às 17horas e 30 minutos de segunda-feira à sexta-feira e não incentive a relação de amizade no ambiente de trabalho, nada mais é do que estas mesmas pessoas guardem essa alegria de viver para sua família, amigos e até mesmo para se dedicar a um trabalho comunitário. Com isso as pessoas acabariam sendo mais eficazes no trabalho.
A definição de um bom trabalho não está apenas em fazer aquilo que lhe proporciona prazer, mas sim que esta definição depende da perspectiva de cada um. A maioria espera que o trabalho seja satisfatório e procura um emprego próximo aos seus interesses e qualificações. Por outro lado, o mundo corporativo vive um estágio avançado de capitalismo, onde este sistema está apenas interessado em lucro, ao mesmo tempo em que se fala em "emprego dos sonhos", se produz mais e mais trabalhos mal pagos e altas taxas de desemprego.
Um bom trabalho não é o que o sistema capitalista oferece hoje em dia, pelo contrário, este espera que as pessoas aceitem os empregos que se encontram disponíveis e que façam os trabalhos que os gerentes esperam.
Segundo a autora seria melhor se as companhias no momento da contratação, dissessem a verdade quando oferecem uma oportunidade, não apenas elogiando a função a ser desempenhada, dizendo que é o emprego dos sonhos de qualquer pessoa. E ainda culpa os americanos por passarem este modelo de emprego prazeroso, que acabou tomando conta das demais companhias.
A maioria das pessoas que se encontram empregadas, estão contentes porque possuem um emprego, não se arriscariam trabalhando menos ou saindo mais cedo do escritório. Por isso a maioria fica até mais tarde e trabalha a mais sem reclamar (com o seu supervisor é claro). Com os níveis consideravelmente elevados de desemprego, quem possui um emprego não se queixa.
A maioria das empresas alega que a flexibilização de horários e a quebra de hierarquia motivam os funcionários, e esta motivação é importante, pois quando o funcionário está motivado, ele desenvolve seu trabalho mais fácil, porém em logo prazo o funcionário não deve estar apenas motivado, mas sim satisfeito.
Existe por parte da maioria das empresas certa pressão para que os empregados participem de eventos sociais fora do horário de trabalho. Deve haver um limite entre a vida privada e o trabalho, pois nos últimos anos a vida privada tem ocupado cada vez menos espaço, pois conectados sempre a e-mails e celulares, as pessoas estão sempre prontas para trabalhar.
Outro ponto levantado pela autora é "nada de trabalho em equipe", que as pessoas procuram sempre entrar em um consenso, que as pessoas perdem muito tempo em uma reunião tentando chegar num ponto comum. O trabalho em equipe há tempos é considerado uma forma produtiva de organização das tarefas, pois promove o enriquecimento das perspectivas. O trabalho em equipe vem sendo alvo de intensos investimentos em empresas de vários setores.
A última critica que a autora levanta, é sobre a liderança, onde os chefes mandam e ponto final, pois as equipes sem chefes têm contribuído para desnortear as pessoas para lhe dar mais autonomia. O autoritarismo no ambiente de trabalho é necessário para dar forma e medida, virtude que os modernos conceitos de liderança tais como gestão participativa e autonomia, e m casos extremos, estariam sendo eliminadas.
Em algumas empresas as hierarquias estão sendo derrubadas e ninguém mais da ordem clara e com detalhes, com isso, acaba deixando um vácuo onde se encontram empregados e chefes desorientados. Quando o líder delega uma tarefa, ele precisa não só definir a meta com clareza, mas também mostrar algumas alternativas para se chegar até ela.

2.2 Descrição do Programa de RH de uma Moderna Organização
O programa descrito será de uma empresa nacional de distribuição de GLP (gás de cozinha), com mais de 50 anos de atuação no mercado.
A valorização organizacional, equilíbrio entre a vida pessoal e profissional dos colaboradores. Alguns incentivos são oferecidos aos colaboradores como bolsa de estudos, concursos internos, confraternizações, programa de acidente zero, ginástica laboral e a avaliação e manutenção do clima organizacional.
A bolsa de estudos oferecida pela empresa, além de cumprir com seu papel social visa desenvolver constantemente os talentos internos, a empresa proporciona através da fundação ZAHRAN, bolsas de estudos de ate 70% do valor anual dos cursos, desde o ensino fundamental até a pós-graduação.
Outro incentivo é promoção de um concurso interno de cartões de natal, marcando o mês de aniversário da empresa. Todos os filhos dos colaboradores com idade de até 12 anos, são convidados a participar. É escolhido dentre os desenhos o qual representará o cartão de natal. O vencedor e todos os outros participantes, participam de uma recreação e recebem prêmios educativos.
O clima organizacional é acompanhado continuamente com várias atividades, desde churrascos e competições esportivas, até comemorações com a presença dos familiares.
O programa acidente zero é aplicado em todas as unidades produtivas, visando à valorização da vida. O prêmio é concedido à unidade que após um determinado número de dias que não tenham registrado acidentes (com afastamento), conforme descrição abaixo:
- 200 dias sem acidentes: confraternização com todos os colaboradores
- 300 dias sem acidentes: confraternização com todos os colaboradores e sorteio de brindes.
- Se após completar um ano não houver nenhum registro, a cada 100 dias há confraternização com todos os colaboradores.
A empresa também priva pelo bem estar e da saúde ocupacional diariamente, com a participação de especialistas em condicionamento físico que antes do inicio e no encerramento da jornada de trabalho, desenvolvem ginástica laboral.
Periodicamente é avaliado o clima organizacional, em todas as unidades, através de pesquisas internas e reuniões participativas. Com a presença constante de seus colaboradores, a empresa participa de conquistas como a premiação da "Revista Exame - Você S/A ? As melhores empresas para você trabalhar".

3. CONCLUSÕES
Contar com os melhores talentos para ajustar o presente e construir o futuro requer atitude e uma visão estratégica para suportar um mundo organizado em rede, exigindo espaço para que cada um possa exercer diferentes papéis tanto como consumidores quanto colaboradores que esperam ter prazer no trabalho, sem levar em conta a necessária qualidade de vida, que hoje é uma das preocupações da empresas que buscam resultados diferenciados e que contam com a eficiência dos recursos humanos.
Permanecer à frente de uma gestão de pessoas vem exigindo uma mescla de competências dos profissionais que desempenham esta função. Ao mesmo tempo em que há a necessidade de interagir com as demais áreas da organização de forma estratégica, é necessário cuidar também de uma série de processos operacionais que se não funcionam, pode repercutir de forma negativa no clima organizacional e conseqüentemente nos resultados.
O setor de recursos humanos precisa ser efetivo e competente em todas as suas atribuições, não podendo descuidar dos processos transacionais porque ao falhar neste aspecto, não construirá uma credibilidade necessária para atuar como parceiro de negócios na gestão estratégica. No entanto, se os acertos no campo estratégico funcionam como aceleradores de carreira, a falha operacional é um passaporte para a demissão.
Mensurar resultados a partir das iniciativas permanece como um grande desafio para o RH, pois ainda que possuam indicadores muito claros, poucas empresas possuem métodos adequados e de profissionais preparados para avaliar de forma objetiva o desempenho do setor. Em geral, as empresas se limitam apenas a índices básicos, cuja esta leitura pouco contribui para o direcionamento das ações corporativas.
Nestes tempos de concorrência, o termo "RH estratégico" tem sido utilizado mais frequentemente pelos gestores de RH. No entanto, poucos sabem o que significa ser um setor estratégico para as organizações, falta efetividade e competência, fruto da formação deficiente de muitos profissionais que atuam nesta área. Por outro lado, nas grandes organizações percebe-se uma melhoria nessa formação. Outro fator importante é o apoio que a psicologia e os estudos de comportamento organizacional têm dado para elevar o nível de conhecimento destes profissionais.
O setor de recursos humanos estratégico é aquele que é articulado e conhece a estratégia da empresa, possui foco nos resultados mensuráveis e consegue agregar valor tanto aos negócios quanto às pessoas. O caminho para isso é longo, porém há uma luz no fim do túnel e não uma locomotiva em sentido contrário.