Dificuldade de Aprendizagem ou Dificuldade de Ensinagem ou Ambas?
Por Sílvia Aparecida de Souza Nascimento | 21/05/2011 | EducaçãoDificuldade de Aprendizagem ou Dificuldade de Ensinagem ou Ambas?
Paulo tem oito anos, frequenta o 3º ano do Ensino Fundamental, na rede regular de ensino. Segundo relato da mãe, Paulo vem apresentando problemas na escola, pois não consegue realizar as atividades escolares (não acompanha a turma). A mãe também relata que Paulo não sabe ler nem escrever e isso a preocupa muito. Segundo ela, o menino tem apresentado resistência em frequentar a escola.
A professora de Paulo, frente às dificuldades do aluno, encaminhou o mesmo para uma avaliação em uma Escola Especial (APAE). A Psicóloga da Instituição realizou anamnese com a mãe de Paulo e, no primeiro contato com ele, percebeu sua capacidade de concentração em realizar as atividades propostas, sendo estas do centro de interesse do menino. Durante o atendimento Psicológico, também foi possível perceber que Paulo apresenta dificuldade na fala. Frente a esta situação, foi solicitada avaliação fonoaudiológica e psicopedagógica ao menino, antes da aplicação da testagem Psicológica, pois as alterações na fala de Paulo poderiam prejudicar suas respostas à testagem e, a responsabilidade de prescrever um parecer, indicando um CID que afirme Deficiência Cognitiva a uma criança é imensa.
Paulo está sendo avaliado pela Fonoaudióloga e esta já constata que sua dificuldade na fala prejudica seu aprendizado da leitura e escrita. A Psicopedagoga sinaliza a facilidade com que Paulo realiza as atividades propostas no computador e nos jogos educativos.
O caso abordado retrata uma dificuldade de aprendizagem, uma dificuldade de ensinagem ou ambas?
Todos os alunos deveriam frequentar a rede regular de ensino. Podemos perceber claramente que algo de errado está acontecendo no processo de ensino-aprendizagem do aluno. O que mostra isso é a resistência do mesmo em frequentar a escola. É provável que o aluno sinta-se desmotivado ou excluído e por esses motivos não quer mais frequentar a escola. Se o aluno está apresentando dificuldade para aprender, talvez a professora também esteja apresentando dificuldades para ensinar o conteúdo a ele. O fato de a professora ter encaminhado o aluno para a avaliação em uma escola especial (APAE) indica seu despreparo diante de alunos com dificuldade de aprendizagem. Ao invés de se informar e buscar ajuda com outros profissionais, a professora preferiu passar o problema adiante, para outra pessoa. O aluno é capaz de se concentrar e realizar com êxito tarefas que despertem seu interesse. Isso indica que o aluno tem capacidade para aprender. O método de ensino usado pela professora é inadequado porque não está conseguindo despertar o interesse e prender a atenção do aluno. É provável que a professora em questão esteja usando métodos tradicionais de ensino. A dificuldade na fala prejudica o processo de ensino-aprendizagem do aluno. Essa dificuldade precisa ser tratada por um profissional, mas isso não quer dizer que o aluno precise frequentar uma escola especial. Muito pelo contrário. O aluno deve frequentar uma escola regular. Nenhum aluno deve ser excluído. Aliás, nenhuma pessoa deve ser excluída. Após analisar o caso, podemos concluir que o aluno deve permanecer na escola regular e precisa de um acompanhamento para corrigir seu problema de fala e assim poder melhorar a escrita e a leitura e que a professora precisa mudar seus métodos de ensino, propondo atividades que possam ser executadas com o uso do computador e também propor jogos educativos, complementando as atividades tradicionais. Pelo relato, podemos perceber que há um aluno com dificuldade de aprendizagem e uma professora com dificuldade de ensinagem. Uma situação que pode ser facilmente corrigida, como foi explicado acima.