Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.
Por Quezia Oliveira Ribeiro | 26/08/2011 | SaúdeCENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA ? UNIARA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE FONOAUDIOLOGIA
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM CRIANÇAS PORTADORAS DE FISSURAS LABIOPALATINAS
QUEZIA OLIVEIRA RIBEIRO
BACHARELADO EM FONOAUDIOLOGIA
ARARAQUARA-SP
2009
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA ? UNIARA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE FONOAUDIOLOGIA
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM CRIANÇAS PORTADORAS DE FISSURAS LABIOPALATINAS
QUEZIA OLIVEIRA RIBEIRO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ? TCC APRESENTADO
COMO EXIGÊNCIA PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
BACHARELADO EM FONOAUDIOLOGIA, SOB ORIENTAÇÃO DA
PROFª. ESP. MARIA LUISA MICELI SILVEIRA LEITE
E AVALIAÇÃO FINAL DA DISCIPLINA TCCII
SOB A RESPONSABILIDADE DA PROFª. Ms. FRANCINE T. O. BROGGIO
ARARAQUARA-SP
2009
FOLHA DE APROVAÇÃO
O presente trabalho foi examinado, nesta data, pela Banca Examinadora composta dos seguintes membros:
------------------------------------------------------
Maria Luisa Miceli Silveira Leite
Orientador (a)
------------------------------------------------------
Luciana Rueda Sborowski
Professor (a) Convidado (a)
------------------------------------------------------
Joselena Fachinetti
Professor (a) Convidado (a)
Análise do Texto Escrito:....................
Análise da Apresentação:....................
Análise da Defesa: ..............................
Média Aritmética: .............................
MÉDIA FINAL: ............................... DATA:...../...../2009
TREM DA VIDA
"A vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros.
Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que, julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco: nossos pais.
Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível....mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser super especiais para nós, embarquem. Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos.
Muitas pessoas tomam esse trem, apenas a passeio, outros encontrarão essa viagem somente tristezas, ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa.
Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que, quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.
Curioso é constatar que alguns passageiros, que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante a viagem, atravessemos, com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles....só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar. Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas...porém, jamais, retornos.
Façamos essa viagem, então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor, lembrando, sempre, que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender isso, porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, com certeza, haverá alguém que nos entenderá.
O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada
desceremos, muito menos nossos companheiros, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado.
Eu fico pensando, se, quando descer desse trem, sentirei saudades....
acredito que sim, me separar de alguns amigos que fiz nele será, no mínimo dolorido mas me agarro na esperança que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram.....
Amigos, façamos com que a nossa estada, nesse trem, seja tranquila, que tenha valido à pena e que, quando chegar a hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem."
Silvana Duboc
Dedicatória
A minha mãe , Izabel Anacleto de Oliveira Ribeiro,
exemplo de garra e otimismo, que acreditou em mim e
me assegurou que estaria comigo em todos os momentos,
ajudando-me a enfrentar todos os obstáculos.
Você é o meu espelho...
Te amo!!!
Agradecimentos
A Deus, que me fortalece a cada passo de minha vida, e esteve comigo durante toda minha caminhada me concedendo a graça de atingir o meu objetivo.
Aos meus pais e a minha tia, por terem me acompanhado lado a lado em todas as batalhas. Pela extrema dedicação e colaboração que dispuseram em meu favor e, principalmente, por acreditarem em minha vitória.
A minha amiga-irmã, que presenciou momentos tristes e alegres da minha caminhada muitas vezes deixando de lado os seus problemas para ajudar-me a resolver os meus.
Ao meu irmão que esteve com meus pais em minha ausência e aguardou com paciência o término dos meus estudos para iniciar os seus.
Aos meus amigos e futuros colegas de profissão Érika (pipoca) e Helbert, que devido às circunstâncias nos separamos no segundo ano de faculdade mas mesmo assim mativeram a promessa de não desfazer o trio.
As minhas eternas amigas Guidão, Berton e Nadião, que tornaram fácil a minha adaptação à nova turma, me aproximando do grupo talvez por pena ou curiosidade, mas que se tornaram pessoas indispensáveis no meu trajeto, e claro a Cida ? desesperada, que chegou tão perdida quanto eu, e que inicialmente se mostrou tão diferente de mim em personalidade e no final me fez descobrir que temos muito em comum. Assim, agradeço ao quinteto fantástico, que tornará a minha partida mais dolorosa em função do quão significante foi na minha estadia.
Agradeço a todas as minhas colegas de república que tornou a nossa casa um lar, proporcionando uma convivência de irmãs, com muito amor, carinho, e bagunça.
Aos meus amigos de longe que sempre estiveram perto em pensamento, mensagens e conversas.
A todos os professores por terem contribuído com sua sabedoria ajudando-me a concretizar mais esta etapa da minha vida; especialmente a professora Joselena Fachinetti, que além dos seus ensinamentos pude compartilhar da sua amizade e companheirismo.
A todos os colegas de turma, dos quais sentirei saudades, pela amizade, troca de conhecimentos, lealdade e cumplicidade ao longo do curso .
A Luísa, por seu exemplo como pessoa e orientadora, que me ajudou no direcionamento deste trabalho, com carinho, incentivo e prontidão a me orientar, confiando em minha capacidade.
Aos pais que aceitaram participar desta pesquisa, mostrando prontidão e prazer em ajudar.
As gerentes do NADEF e ADAF por tornarem possível a realização deste trabalho, agradeço pela receptividade e apoio.
A todos que, direta ou indiretamente ajudaram na realização deste trabalho, compartilhando das alegrias e tristezas ocorridas neste período, e que foram constantes incentivadores para sua concretização.
Meus eternos agradecimentos!!!
Resumo
As fissuras labiopalatinas são as mais comuns deformidades congênitas crânio-faciais, caracterizadas pela interrupção da fusão dos tecidos dos lábios, rebordo alveolar superior e palato duro e palato mole durante o período embrionário.Ao entrar na escola a criança adquire muitos tipos de aprendizagem, mas a expectativa maior está relacionada ao aprendizado da leitura e da escrita, crianças que apresentam fissura labiopalatina podem sofrer discriminação pela deformidade facial e pelas alterações de fala e voz gerando limites e dificuldades no desenvolvimento da comunicação oral e escrita. O objetivo deste estudo foi identificar através do relato dos pais a presença de dificuldades de aprendizagem em indivíduos com fissura labiopalatina em fase de alfabetização e estabelecer uma possível relação entre a deformidade e as dificuldades encontradas. A metodologia utilizada foi a elaboração de um questionário composto por 13 questões, aplicado a pais de 11 crianças com fissura labiopalatina que estão cursando as séries iniciais do ensino fundamental. Os resultados demonstraram que os pais de 5 (45,4%) crianças com fissura relataram existir queixas dos professores quanto a dificuldade no desempenho escolar de seus filhos, sendo que 36,3% dessas são referentes às dificuldades em leitura e cálculos matemáticos, e 27,2% referente à escrita. Relacionando o tipo de fissura com a presença de dificuldade observamos que dos 3 indivíduos com fissura pré-forame apenas 1 (33%) teve relato dos pais de dificuldade no desempenho escolar. A maioria dos pais não acredita que a fissura interfira nem na frequência (72,7%) nem no desempenho escolar (81,8%) dos filhos. Concluiu-se que 45,4% das crianças com fissura labiopalatina apresentam dificuldades no desempenho escolar, sendo a maioria dos relatos referente às dificuldades em leitura e cálculos matemáticos e desatenção. Em virtude do pequeno número da amostra e dos vários fatores como os ambientais, psicológicos e metodológicos, que podem influenciar na aprendizagem da criança, não foi possível estabelecer uma relação direta entre a dificuldade de aprendizagem e a fissura labiopalatina. Sugerimos um acompanhamento fonoaudiológico e psicopedagógico, para garantir uma adequada estimulação e um bom rendimento escolar de alunos com fissura labiopalatina.
Palavras chaves: Fissura labiopalatina, dificuldades de aprendizagem, desempenho escolar.
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO _____________________________________________________01
1.1.Objetivo ________________________________________________________05
1.2.Hipóteses _______________________________________________________05
1.3.Justificativa______________________________________________________05
II. LITERATURA______________________________________________________06
2.1.Dificuldade de Aprendizagem _______________________________________07
2.1.1. Conceito __________________________________________________07
2.1.2. Fatores que influenciam na aprendizagem escolar__________________08
2.1.2.1. Âmbito institucional_____________________________________10
2.1.2.2. O professor____________________________________________11
2.1.2.3. Âmbito familiar ________________________________________12
2.1.2.4. O aluno_______________________________________________13
2.2.Fissura Labiopalatina______________________________________________15
2.2.1. Embriologia _______________________________________________15
2.2.2. Etiologia__________________________________________________16
2.2.3. Incidência_________________________________________________16
2.2.4. Classificação_______________________________________________17
2.2.5. Tratamento das fissuras labiopalatinas___________________________23
2.2.6. Distúrbios da comunicação decorrentes da fissura labiopalatina_______24
2.2.7. Desempenho escolar de crianças com fissuras labiopalatinas _________26
2.2.8. Intervenção Fonoaudiológica__________________________________30
2.2.8.1. Linguagem e fala _______________________________________30
2.2.8.2. Audição ______________________________________________31
III. METODOLOGIA ___________________________________________________33
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO________________________________________35
V. CONCLUSÃO ______________________________________________________43
VI. REFERÊNCIAS_____________________________________________________45
VII. ANEXOS__________________________________________________________53
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Quantificação e porcentagem quanto gênero e tipo de fissura que os filhos dos sujeitos apresentam.
Tabela 2: Quantificação e porcentagem quanto à queixa do professor sobre a dificuldade no desempenho escolar, que os filhos dos sujeitos apresentam.
Tabela 3: Quantificação e porcentagem da amostra quanto ao tipo de fissura e relato de dificuldade no desempenho escolar.
Tabela 4: Quantificação e porcentagem da amostra quanto aos tipos de dificuldades no desempenho escolar referidas pelo professor.
Tabela 5: Quantificação e porcentagem da amostra quanto a outros tipos de dificuldades referidas pelo professor.
Tabela 6: Quantificação e porcentagem quanto à idade de ingresso escolar e a presença de dificuldade no desempenho escolar.
Tabela 7: Quantificação e porcentagem quanto à relação entre a série escolar e a presença de dificuldade no desempenho escolar.
Tabela 8: Quantificação e porcentagem quanto à relação entre o tipo de escola frequentada e a presença de dificuldade no desempenho escolar.
Tabela 9: Quantificação e porcentagem quanto interferência da fissura na frequência e no desempenho escolar segundo a concepção dos pais.
Tabela 10: Quantificação e porcentagem segundo os comportamentos/atitudes apresentados pelas crianças com fissuras frente às dificuldades encontradas.
Tabela 11: Quantificação e porcentagem de ocorrência de apelido atribuído à criança com fissura.
Tabela 12: Quantificação e porcentagem da amostra segundo a participação dos pais na vida escolar do filho.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fissura pré-forame incisivo unilateral incompleta (A) e unilateral completa (B).
Figura 2: Fissura pré-forame incisivo bilateral incompleta (A) e bilateral completa (B).
Figura 3: Fissura pré-forame incisivo mediana incompleta (A) e mediana completa (B).
Figura 4: Fissura transforame unilateral (A), bilateral (B) e mediana (C).
Figura 5: Fissura pós-forame incisivo completo (A) e incompleta (B).
Figura 6: Fissuras raras de face ? buco ocular (A), macrostomia (B) e oblíqua (C).
Figura 7: Fissura submucosa.
1
Introdução
2
As fissuras labiopalatinas são deformidades congênitas caracterizadas pela interrupção da fusão dos tecidos dos lábios, rebordo alveolar superior e palato duro e palato mole durante o período embrionário. Elas representam as mais comuns das malformações congênitas crânio-faciais, presente na população humana. A classificação das fissuras é dividida em quatro categorias, tomando como ponto o forame incisivo, que é o limite entre o palato primário e secundário, são elas: fissura pré-forame incisivo, são as fissuras exclusivamente labiais e podem ser unilateral esquerda ou direita, bilateral e mediana; fissura pós-forame incisivo, são as fissuras palatinas em geral medianas, que podem situar-se apenas na úvula, palato mole ou palato duro; fissura transforame incisivo, são as fissuras de maior gravidade, podem ser unilaterais direita ou esquerda ou bilaterais e atinge o lábio, a arcada alveolar e todo o palato e fissuras raras da face, que envolvem o lábio, nariz e o olho.
A etiologia é controversa, ainda não se conseguiu isolar um fator causal específico, mas sim apontar alguns possíveis fatores, como o fator genético e fator ambiental. Quanto ao fator genético, destaca-se a hereditariedade e alterações cromossômicas e quanto ao fator ambiental, todo e qualquer fator adverso ao meio uterino interferindo no período embrionário.
Atualmente, com o avanço da medicina e com o advento da avaliação por imagens e da avaliação instrumental, o diagnóstico das fissuras da face ainda durante o período pré-natal pode ser feito. Este fato exigiu a formação de equipes interdisciplinares, preparadas para uma atuação junto à família do paciente fissurado, que envolve esclarecimentos quanto aos recursos disponíveis para o tratamento em relação as atuais técnicas cirúrgicas, aos aspectos nutricional, auditivo, da linguagem, psicológico e educacional. Neste processo, nas equipes interdisciplinares a presença do fonoaudiólogo é fundamental para estabelecer a conduta terapêutica mais adequada a cada caso, pois as alterações estéticas e funcionais presentes no fissurado, normalmente, acarretam prejuízos na alimentação (dificuldade para sugar, deglutir, mastigar), e no desenvolvimento da fala e linguagem, além da alteração de voz.
Tabith (1986) descreveu que, as fissuras de lábio e de palato são geralmente acompanhadas de distúrbios da comunicação, como os distúrbios do desenvolvimento da linguagem, o qual atribui aos aspectos ambientais e emocionais; distúrbio de fala e distúrbio da voz, e podem variar muito quanto ao tipo e severidade do comprometimento.
O aspecto psicossocial dos indivíduos portadores de fissuras labiopalatinas é duramente afetado devido à baixa auto-estima e ao auto-reconhecimento provocando um
3
impacto negativo em relação às reações e expectativas dos outros. Embora o ambiente escolar seja de fundamental importância para a integração e relação interpessoal de qualquer criança, aquelas que apresentam uma fissura labiopalatina podem sofrer discriminação pela deformidade facial e pelas alterações de fala e voz gerando limites e dificuldades no desenvolvimento da comunicação oral e escrita.
A participação da família e principalmente dos pais tem um papel fundamental no desempenho social e escolar destes indivíduos, a relação entre a família e a escola colabora para um equilíbrio no desempenho escolar.
A aprendizagem refere-se a aspectos funcionais e resulta de toda estimulação ambiental recebida pelo indivíduo no decorrer da vida. O processo de aprendizagem sofre interferência de vários fatores ? intelectual, psicomotor, físico, social e emocional.
O ser humano aprende e incorpora conhecimentos, sendo a linguagem o aspecto distintivo do homem em relação aos demais animais, pois só ele é capaz de se comunicar através da linguagem falada e da linguagem escrita, sendo que para que esta aprendizagem se processe, se faz necessário uma série de aquisições prévias para que a criança seja capaz de realizar esses conhecimentos, portanto para que seja possível a aquisição de qualquer tipo de aprendizagem, é necessário um desenvolvimento neurológico harmônico em interação com as influências ambientais.
Ao entrar na escola a criança adquire muitos tipos de aprendizagem, mas a expectativa maior está relacionada ao aprendizado da leitura e da escrita. A leitura e a escrita são descritas como parte integrante do desenvolvimento da linguagem, não é uma aprendizagem isolada, ela faz parte de um processo linguístico complexo e adquirido através de etapas, as quais são obedecidas hierarquicamente. Todo este processo pode ser adquirido normalmente por muitas crianças enquanto que outras demonstram uma grande dificuldade nesta aquisição.
A dificuldade de aprendizagem é um termo usado de maneira geral e manifesta-se como dificuldade para integrar os elementos simbólicos percebidos na unidade de uma palavra ou uma frase e atinge em diversos graus a leitura, a escrita, a ortografia e o raciocínio matemático.
Segundo Souza (2000), as crianças que apresentam dificuldades em lidar com os sons da fala possivelmente terão dificuldades em relacionar estes sons com as letras das palavras escritas.
4
Stefanini e Cruz (2006), pesquisaram sobre a concepção dos professores sobre a dificuldade de aprendizagem, e encontraram três concepções distintas: dificuldade de assimilar o conteúdo, dificuldade na leitura e escrita, e dificuldade em relação ao raciocínio, que podem aparecer conjuntamente, apenas duas delas ou somente uma. Mas são dificuldades consideradas reversíveis, segundo os professores.
Existem poucos estudos que relacionam as deformidades faciais ? fissuras labiopalatinas ? às dificuldades de aprendizagem.
Broder; Richman e Matheson (1998) investigaram a frequência de dificuldade de aprendizagem, o nível de realização escolar e a frequência de retenção da classe em crianças com fissuras. Os resultados evidenciaram que essas crianças têm uma taxa desproporcionalmente elevada de dificuldade de aprendizagem, retenção e uma baixa taxa de rendimento escolar.
O desempenho acadêmico e a influência das expectativas do professor são questões primordiais na relação entre a fissura e a escola. Dados atuais parecem indicar um déficit em geral, associado aos problemas verbais ligados quase sempre a essas deformidades, entretanto parece não haver relação entre deformidade facial e déficit intelectual (AMARAL,1997).
Por apresentar um variado número de alterações, o portador de fissura labiopalatina deverá sempre ser assistido por uma equipe multidisciplinar, que irá proporcionar o adequado aproveitamento de todas as suas potencialidades possibilitando um desenvolvimento psicossocial integral e um bom desempenho escolar . Em relação ao trabalho do fonoaudiólogo, ele deve ser iniciado o mais precocemente possível e tem como objetivo primeiramente desenvolver a comunicação oral e escrita, pois dela dependerá a sociabilização do indivíduo, para depois serem abordadas as alterações vocais e miofuncionais.
5
1.1.OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é identificar através do relato dos pais a presença de dificuldade de aprendizagem apresentadas em crianças com fissuras labiopalatinas em fase de alfabetização, a fim de estabelecer uma possível relação entre a deformidade e as dificuldades encontradas.
1.2.HIPÓTESES
Acredita-se que, os indivíduos portadores de fissura labiopalatina apresentam um desempenho escolar relativamente baixo, o que sugere uma relação entre essa deformidade crânio-facial e a dificuldade de aprendizagem.
Acredita-se que, os indivíduos portadores de fissura labiopalatina apresentam um rendimento escolar satisfatório, o que sugere que não há interferência da fissura no desempenho acadêmico do portador.
1.3.JUSTIFICATIVA
Através desta pesquisa pretende-se evidenciar as principais dificuldades escolares apresentadas por crianças com fissuras palatinas, pois observa-se uma ocorrência significativa na clínica fonoaudiológica, de dificuldades de aprendizagem nesse grupo de indivíduos e o número de pesquisas que evidenciam uma provável relação entre fissuras labiopalatinas e dificuldade de aprendizagem é escasso.
6
Literatura
7
2.1.Dificuldade de Aprendizagem
2.1.1.Conceito
Na literatura não há uma definição comum sobre o que é dificuldade de aprendizagem, como e por que ela se manifesta, mas diversos autores relatam que o baixo rendimento escolar não indica necessariamente que a criança tenha dificuldade de aprendizagem.
Para Boone e Plante (1994), a criança ao entrar na escola enfrenta um novo mundo, e suas capacidades de linguagem desempenham um papel crítico em seu sucesso ou fracasso.
Garcia (1998) destacou que, apesar das várias definições existentes, muitas têm apenas valor histórico. Em seu livro apresenta uma definição bastante consensual proposta pelo National Joint Committe on Learning Disabilities (NJCLD):
Dificuldade de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação e percepção e interação social (NJCLD, 1988).
Segundo Smith e Strick (2001), as dificuldades não referem a um único distúrbio, mas uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho escolar. Sendo o baixo rendimento em atividades de leitura, escrita ou cálculo apresentado por escolares em relação ao que se poderia esperar de acordo com sua inteligência e oportunidades, a característica principal de uma dificuldade de aprendizagem. Podem ocorrer a qualquer momento no processo de ensino-aprendizagem e correspondem a déficits funcionais
8
superiores, tais como, cognição, linguagem, raciocínio lógico, percepção, atenção e afetividade.
Para Guerra (2002), crianças com dificuldade de aprendizagem não são deficientes, não são incapazes e ao mesmo tempo, demonstram dificuldades para aprender. Incapacidades de aprendizagem não devem ser confundidas com dificuldades de aprendizagem.
Em estudos Osti (2004) concluiu que, o professor concebe a dificuldade de aprendizagem como um aspecto relacionado ao desempenho escolar do aluno, ou seja, ser um aluno com dificuldade de aprendizagem implica em não atingir o mínimo esperado, na incapacidade para assimilar informações e em não avançar na aprendizagem.
2.1.2.Fatores que influenciam na aprendizagem escolar
Drouet (1990) ressaltou que, para que ocorra o processo de ensino-aprendizagem é necessário o respeito ao professor, aos alunos, aos conteúdos e ao meio social. A falha em algum desses elementos causa sérios problemas em relação à aprendizagem.
Fonseca (1995), considerou como fator das dificuldades de aprendizagem a integração entre uma etiologia hereditária e neurobiológica e uma etiologia sócio-cultural e classifica-os em fatores biológicos, sociais, fatores de envolvimento e de privação cultural e fatores sócio-econômicos.
Souza (1996), relacionou diretamente os fatores ambientais, psicológicos e metodológicos ao sucesso e ao fracasso acadêmico.
Os problemas emocionais e os métodos de ensino inadequados, são apontados por Moraes (1997), como as principais causas de dificuldades de aprendizagem.
9
O desempenho escolar depende de diferentes fatores: características da escola (físicas, pedagógicas, qualificação do professor), da família (nível de escolaridade dos pais, presença dos pais e interação dos pais com escola e deveres) e do próprio indivíduo (ARAÚJO, 2002).
Segundo Stevanato (2003), as dificuldades de aprendizagem quase sempre se apresentam associadas a problemas de outra natureza, principalmente comportamentais e emocionais, e as crianças que a apresentam são descritas como menos envolvidas com as tarefas escolares que os seus colegas sem dificuldades.
Conforme Ciasca (2003), ensinar e aprender são processos lentos, individuais e estruturados, quando não se completam por falha interna ou externa surgem os distúrbios e as dificuldades de aprendizagem. A dificuldade de aprendizagem leva a criança não só a desmotivação, mas também ao desgaste e reprovação, transformando-a num rótulo dentro da escola.
De acordo com Pacheco (2005), existem fatores inter-relacionados que interferem no processamento de informações e no uso social da linguagem. Dentre eles, cita o estresse familiar, o grau de estimulação no lar, a eficácia das mães no ensino de seus filhos, as limitações econômicas, a saúde, o grau de satisfação com a vida, as oportunidades disponíveis para os pais, o apoio social dos familiares entre outros.
São várias as causas que influenciam na aprendizagem escolar, os professores atribuem ao insucesso escolar da criança fatores como: os problemas familiares, os problemas da própria criança e os problemas relativos à escola (STEFANINI e CRUZ, 2006).
Atribui-se a dificuldade de aprendizagem a diversos fatores, necessitando assim abordar a relação entre o processo de aprendizagem e a construção da história escolar do aluno, considerando o âmbito: institucional, do professor, familiar e do aluno.
10
2.1.2.1. Âmbito institucional
De acordo com Kiguel (1976), a escola pode contribuir para o fracasso escolar vivenciado por algumas crianças, em função de classes muito numerosas, salas de aula planejadas inadequadamente, mudança contínua de professores, professores inexperientes ou insuficientemente treinados, e utilização de metodologia inadequada.
Schliemann; Carraher e Carraher (1995), atribuíram o fracasso escolar da criança à instituição escolar, relatando que a escola não aproveita os conhecimentos informais aplicados pelas crianças em situações cotidianas.
Segundo Ribeiro (2004), a escola herda todo o "histórico emocional" do aluno, o que vai conferir uma adaptação ao contexto escolar específico em cada caso. Tanto a boa provisão ambiental inicial como as inevitáveis falhas serão sentidas no decorrer das vivências escolares.
A escola é um dos agentes responsáveis pela integração da criança na sociedade. Tem uma tarefa relevante no resgate da auto-imagem distorcida da criança, e responsabilidade e competência em desvendar para a criança o significado e o sentido do aprender. Ela deve buscar formas de prevenção nas propostas de trabalho, preparar os professores para entenderem seus alunos, respeitando o ritmo de cada um, e mobilizar-se frente ao surgimento de algum problema com algum aluno, a fim de que solucionem a possível dificuldade (BELLEBONI, 2004).
Na percepção de Osti (2004), a escola precisa reconhecer seu papel e contribuir para um melhor desempenho do aluno com dificuldade de aprendizagem, seja revendo sua metodologia e dando respaldo para o trabalho do professor, quando a origem da dificuldade for decorrente de problemas da própria instituição, bem como orientar os pais possibilitando desta forma, uma educação justa que visa propiciar o desenvolvimento pleno do aluno.
De acordo com Ribeiro e Gusmão (2005), prestação de serviços de qualidade e boas condições de trabalho no ambiente físico escolar dependem de espaços educativos
11
organizados, limpos, arejados, cuidados, com móveis, equipamentos e materiais didáticos adequados à realidade da escola. Sendo necessário dispor-se de recursos suficientes e de qualidade, para uma relação adequada entre o ambiente físico escolar, as necessidades do processo educativo e o envolvimento da comunidade.
O apoio da escola é fundamental para a prática pedagógica, em se tratando de crianças com dificuldades de aprendizagem. A escola deve dispor de meios de auxiliar o educador a trabalhar com esses alunos. Ressaltando que, em nenhum momento, a criança com dificuldades de aprendizagem deve passar por algum tipo de constrangimento no ambiente escolar (FEITOZA e LUZ, 2006).
Lima e Ribeiro (2007) afirmaram que, um ambiente escolar facilitador para o crescimento pessoal do aluno no início de sua vida escolar é um dos fatores determinantes na prevenção dos problemas educacionais, dificuldades no aprendizado e outras problemáticas. Entendem que o processo de escolarização pode contribuir tanto favorecendo o desenvolvimento humano como estabelecendo ou acirrando dificuldades já trazidas pela criança.
2.1.2.2. O professor
De acordo com Gontijo (2001), é necessário que o professor avalie a importância de sua atuação na sala de aula; esteja atento aos esforços demonstrados pela criança; e às relações construídas em sala de aula, que são essenciais para que ocorra aprendizagem. O professor deve ter uma exata noção de seus objetivos ao ensinar, levando em conta as características do aluno e da classe, seu domínio e suas habilidades.
Cool (2001) relatou que, a representação que o professor tem de seu aluno, as intenções e capacidades que lhe atribui, podem modificar o comportamento real dos alunos na direção das expectativas associadas a tal representação.
É de extrema importância que o professor conheça seu aluno, saiba dados sobre sua realidade, sua família, saiba identificar e respeitar as diferenças entre esses alunos em sala,
12
tendo a sensibilidade para observar as dificuldades de alguns alunos e conseguir trabalhar essas dificuldades sem que o aluno se sinta diferente ou menos capaz que os demais. Devem estar aptos a detectar os sintomas das dificuldades de aprendizagem e saber como trabalhá-las em classe, bem como solicitar o encaminhamento para providenciar o diagnóstico e meios para um atendimento adequado (OSTI, 2004).
Para Guimarães (2004), a motivação intrínseca do aluno não resulta de treino ou de instrução, mas pode ser influenciada principalmente pelas ações do professor. A motivação do professor é vulnerável a fatores sócio-contextuais como, por exemplo, o número de alunos em sala de aula, o tempo de experiência no magistério, o gênero, a idade, as interações com a direção da escola, as concepções ideológicas, entre outros. E configura-se em uma importante fonte de influência para o desempenho, emoções e motivação dos alunos em relação à escola.
Segundo Pietromillo (2005), as atitudes do professor dentro da sala de aula interferem positiva ou negativamente no desempenho dos alunos, sendo que suas atitudes podem gerar desde desconforto e desestruturação no desempenho dos alunos, até uma maior motivação para aprenderem com os erros de maneira construtiva.
Costa (2007), citou aspectos importantes envolvidos no desempenho escolar do aluno, como a interação professor-aluno, os programas de ensino, os métodos, a capacidade didática, e o conhecimento das técnicas de avaliação utilizadas pelo professor. E sugere que os profissionais da educação adotem uma postura ética em relação ao aluno, tornando a transição do ambiente familiar para o escolar menos aflitiva, permitindo a criança reconhecer-se como pertencente ao grupo e revelar todas suas potencialidades sem medo de rótulos e exclusão.
2.1.2.3.Âmbito familiar
Para Sousa (1996), o ambiente de origem da criança é altamente responsável pelo seu desempenho em atividades e na aquisição de novas experiências. Um ambiente com preocupações constantes e predominância de autoritarismo torna a criança tensa e submissa,
13
enquanto um lar acolhedor permite a livre expressão emocional da criança, levando-a a reagir com seus sentimentos, positivos ou negativos, livremente.
Smith e Strick (2001) relataram que, as crianças que recebem um incentivo carinhoso durante toda a vida tendem a ter atitudes positivas, tanto sobre a aprendizagem quanto sobre si mesmas, buscando formas de contornar qualquer dificuldade apresentada.
Segundo Chechia e Andrade (2002), a participação dos pais na vida escolar do filho desempenha um papel importante no seu desempenho. As autoras consideram que a criança e os pais trazem consigo uma ligação íntima com o desempenho e o diálogo entre a família e a escola, tende a colaborar para um equilíbrio no desempenho escolar. Afirmam que os filhos vivem reflexos negativos e positivos do contexto familiar, internaliza-os conforme o modelo recebido, e esses modelos parecem possuir um peso considerável no contexto escolar, e que a presença dos pais na vida escolar dos filhos constitui um fator indispensável para desempenho escolar e enfatizando a importância da presença dos pais principalmente nas reuniões realizadas nas escolas.
Na relação família e escola, a família legitima o discurso escolar, buscando adequar as práticas culturais familiares às praticas escolares, e atua de forma conjunta com a escola, intervindo na aprendizagem de seus filhos, de modo a garantir que as crianças possam receber um suporte preventivo, em idade de aquisição da leitura e da escrita (MAIMONI e RIBEIRO, 2006).
2.1.2.4. O aluno
Fonseca (1995) considerou que, as crianças com dificuldade de aprendizagem desenvolvem uma diversidade de comportamentos que geram vários problemas, que se vinculam e comprometem a aprendizagem; esses podem ser cognitivos, perceptivos, emocionais, psicolinguísticos, psicomotores, de atenção e de memória.
14
Considerando o aspecto cognitivo e social, e também a idade em que começam a freqüentar a escola, pode imaginar a importância que essa terá no desenvolvimento das crianças. Para estas, a escola representa uma grande mudança no nível de expectativa e exigências dos pais. Com o início da escolarização formal, começam a surgir papéis específicos que fazem parte de cada cultura e o aprendizado de determinadas competências passa a ser fundamental para o desenvolvimento de qualquer ser humano. A vida diária de uma criança em idade escolar é modelada pelas horas passadas na escola, pela companhia dos amigos e pela sociedade e cultura que a envolvem. (MIRANDA e GOMES, 2002).
Zucoloto e Sisto (2002), investigaram a compreensão da leitura de 194 alunos de 2ª e 3ª séries com dificuldade de aprendizagem escrita, em relação ao gênero e idade. Relataram que o desempenho geral da segunda série foi inferior ao desempenho geral da terceira série, considerando que quanto mais inicial a série maiores as dificuldades encontradas, mas ressaltando que a dificuldade de aprendizagem está relacionada a níveis de compreensão e à idade, independendo da série escolar.
Martini e Del Prette (2002), ao investigar atribuições de causalidade de professores do Ensino Fundamental para situações de sucesso ou fracasso escolar dos seus alunos, observaram que, o sucesso e fracasso no processo ensino-aprendizagem foram compreendidos pelos professores como sendo primordialmente de responsabilidade dos alunos. Nas situações de sucesso escolar, as professoras atribuíram o bom desempenho dos alunos principalmente à capacidade e esforço dos próprios alunos, e relacionaram o fato de os alunos não fazerem bem uma lição e também de os alunos de baixo desempenho escolar não tirarem boas notas à falta de capacidade. Sendo esta geralmente reconhecida como uma causa interna e incontrolável ao sujeito e considerada como uma causa predominantemente estável, que contribui para problemas comportamentais, de aprendizagem e de motivação.
As crianças com dificuldade de aprendizagem possuem bom potencial intelectual apesar de manifestarem problemas em algumas aquisições cognitivas, o que diferencia são seus estilos e ritmos de aprendizagem. Em função disso acabam se convencendo que não aprenderão, apesar de seus esforços, e que tenderão ao fracasso escolar. Implicações no seu
15
autoconceito e em todo o arsenal de expectativas de desenvolvimento do "eu" podem gerar desequilíbrios emocionais que afetam não só processos psicológicos básicos da aprendizagem como a personalidade global da criança (NEVES e MARINHO-ARAÚJO, 2006).
Para Mól (2007), é importante conhecer as habilidades cognitivas que estão envolvidas no desempenho acadêmico de cada aluno, para que se saiba intervir no processo de aprendizagem, respeitando as variações de desempenho que poderão ocorrer ao longo da sua trajetória escolar, sendo que o aluno não pode simplesmente ser responsabilizado pelo seu fracasso na escola.
2.2.Fissura Labiopalatina
2.2.1.Embriologia
Tabith (1986) relatou que, as fissuras de lábio são resultantes da falha de fusão entre os processos frontonasal e maxilar, por volta da sexta semana do desenvolvimento embriológico, e as fissuras de palato resultam da falta de fusão das placas palatinas do processo maxilar, que ocorrem por volta da nona semana de desenvolvimento.
De acordo com Capelozza et al (1988), a extensão da fissura varia conforme a intensidade e a época de atuação do agente teratogênico.
Para Cardim (1992), a ocorrência do erro de fusão dos processos embrionários, atribui-se a uma alteração da velocidade migratória das células da crista neural, encarregada de comandar o fenômeno de fusão das proeminências.
Roxo; Lacerda e Bacigalupo (1997), definiram as fissuras labiopalatinas como deformidades congênitas caracterizadas pela interrupção na continuidade dos tecidos de lábio superior, rebordo alveolar superior e palato.
16
2.2.2.Etiologia
Segundo Capelozza Filho et al (1988), as fissuras labiopalatinas não possuem um fator causal específico, resultam de causas multifatoriais, incluindo fatores genéticos e ambientais.
Lofiego (1992), destacou a influência dos fatores nutricionais, infecciosos, psíquicos, materno-fetais, tabagismo, alcoolismo, agrotóxicos, idade dos pais e fatores sócio-econômicos em geral.
Capelozza Filho e Silva Filho (1994) relataram que, a genética responde apenas por 30% dos casos, enquanto o restante atribui-se a todo e qualquer fator adverso ao meio uterino durante o período embrionário.
Entre os fatores ambientais, Modolin e Cerqueira (1997) mencionaram os relacionados com a mãe, ao estresse, as infecções e medicamentos, às carências alimentares e às irradiações.
2.2.3. Incidência
Capelozza Filho e Silva Filho (1994) afirmaram que, as fissuras labiopalatais acometem todos os grupos raciais e étnicos, independente de sexo e classe socioeconômica, apresentando diversificação quanto à raça. A maior incidência ocorre na raça amarela e a menor na raça negra, enquanto a raça branca apresenta uma incidência intermediária.
Em estudo, Loffredo et al. (1994), analisaram 450 crianças cadastradas no Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais de Bauru, SP. Dos 450 casos estudados, 354 (78,6%) apresentavam fissura labial ou lábio-palatina e 96 (21,3%) fissura palatina. Quanto à distribuição por sexo, verificaram o predomínio do sexo masculino entre os portadores de fissura labial ou lábio-palatina, sendo que a fissura palatina foi mais prevalente no sexo feminino.
17
De acordo com Neto (1996), aproximadamente 90% dos portadores de fissuras labiopalatinas apresentam esta malformação isolada. O restante vem associado a outras malformações congênitas; são cerca de 280 síndromes associadas
França (2002), estudou a incidência das fissuras lábio-palatinas de crianças nascidas na cidade de Joinville/SC no período de 1994 a 2000. Dos 58.054 nascidos, 72 eram portadores de fissura lábio-palatina. A incidência média de fissura lábiopalatina encontrada foi de 1,24 por 1.000 nascidos vivos. A fissura pós-forame incisivo foi a mais prevalente (40,28%), seguida pela fissura transforame incisivo (30,56%), fissura pré-forame incisivo (22,22%), fissura pré e pós-forame incisivo (4,17%) e a fissura mediana foi a menos encontrada (2,78%). As fissuras unilaterais foram mais encontradas que as bilaterais sendo o lado esquerdo o mais afetado, não encontrando diferença estatística entre os sexos.
Furlaneto e Pretto (2000), analisaram 750 prontuários de pacientes com fissura labiopalatina do Serviço de Defeitos de Face da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e evidenciaram uma maior ocorrência de fissuras labiopalatais na raça branca e no gênero masculino, sendo que as fissuras labiais com ou sem envolvimento do palato têm maior predominância no gênero masculino e os casos de fissura palatina isolada no gênero feminino.
Coutinho et al (2009), realizaram um estudo com 1.216 com fissura labial e/ou palatina, atendidas no Centro de Defeitos da Face do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira de 2002 a 2005. Observou-se discreto predomínio no sexo masculino (57,4%) e maior ocorrência no lado esquerdo, sendo a labial e lábio-palatina mais frequente no sexo masculino e a palatina no feminino.
2.2.4.Classificação
A classificação da fissura deve encerrar simplicidade, objetividade e clareza ao descrever as formas de fissuras lábio-palatais. Entre as classificações propostas para os tipos de fissuras labiopalatinas mais usadas no Brasil, é a de Spina et. al (1972), que leva em consideração o
18
forame incisivo. Na descrição de Capelozza e Silva (1994), esta nomenclatura está dividida
em:
Fissura pré-forame incisivo
Incluem-se as fissuras localizadas à frente do forame incisivo podendo abranger o lábio e o
rebordo alveolar. As manifestações clínicas podem variar desde pequenos entalhes na mucosa
do vermelhidão e/ou pele do lábio, até o rompimento total do lábio e rebordo alveolar,
passando pelo assoalho primário e atingindo o forame incisivo. A partir do momento em que a
fissura atinge o forame incisivo, ela é denominada completa. Subclassificam-se em unilateral
completa ou incompleta (figura 1), bilateral completa ou incompleta (figura 2) e mediana -
fissuras raras que acometem o filtro do lábio superior (figura 3).
Figura 1:Fissura pré-forame incisivo unilateral incompleta (A) e unilateral completa (B).
A B
19
Figura 2: Fissura pré-forame incisivo bilateral incompleta (A) e bilateral completa (B).
A B
Figura 3: Fissura pré-forame incisivo mediana incompleta (A) e mediana completa (B).
A B
Fonte:AIELLO, C.A.; SILVA FILHO, O.G.; FREITAS, J.A.S. Fissuras labiopalatais: uma visão contemporânea
do processo reabilitador . In: MUGAYAR, L.R.F. Pacientes portadores de necessidades especiais: manual de
odontologia e saúde oral. São Paulo: Pancast; 2000.
Fissura transforame incisivo
Fissuras totais, que rompem a maxila em toda a sua extensão, desde o lábio até a úvula.
Este constitui o grupo mais grave, acarretando problemas estéticos e funcionais relevantes.
Subdividem-se em unilateral - direita ou esquerda, bilateral e mediana - parcial ou total (figura
4).
20
Figura 4: Fissura transforame unilateral (A), bilateral (B) e mediana (C).
A B
C
Fonte:AIELLO, C.A.; SILVA FILHO, O.G.; FREITAS, J.A.S. Fissuras labiopalatais: uma visão contemporânea
do processo reabilitador . In: MUGAYAR, L.R.F. Pacientes portadores de necessidades especiais: manual de
odontologia e saúde oral. São Paulo: Pancast; 2000.
Fissura pós-forame incisivo
Fissuras isoladas de palato que se localizam posteriormente ao forame incisivo.
Representam uma entidade clínica totalmente distinta dos grupos pré e transforame por não
apresentar os problemas estéticos ao rompimento da estrutura peribucal. Dividem-se em
completas e incompletas (figura 5).
21
Figura 5: Fissura pós-forame incisivo completa (A) e incompleta (B).
A B
Fonte:AIELLO, C.A.; SILVA FILHO, O.G.; FREITAS, J.A.S. Fissuras labiopalatais: uma visão contemporânea
do processo reabilitador . In: MUGAYAR, L.R.F. Pacientes portadores de necessidades especiais: manual de
odontologia e saúde oral. São Paulo: Pancast; 2000.
Fissuras raras de face
Envolvem estruturas faciais além do lábio e/ou palato (figura 6). O próprio nome sugere a
raridade do seu aparecimento, podendo manifestar-se como: fissura naso-ocular; fissura
oblíqua (buco-ocular); fissura horizontal (macrostomia); fissura transversa (buco-auricular) e
fissuras da mandíbula, lábio inferior e nariz.
Figura 6: Fissuras raras de face ? buco ocular (A), macrostomia (B) e oblíqua (C).
A B C
Fonte:AIELLO, C.A.; SILVA FILHO, O.G.; FREITAS, J.A.S. Fissuras labiopalatais: uma visão contemporânea
do processo reabilitador . In: MUGAYAR, L.R.F. Pacientes portadores de necessidades especiais: manual de
odontologia e saúde oral. São Paulo: Pancast; 2000.
22
Altmann; Khoury e Ramos (1997), acrescentaram dois tipos de fissuras:
Submucosa: caracterizada pela tríade (úvula bífida; diástase da musculatura velar; e chinfradura na borda alveolar do palato duro), além da orientação das fibras musculares do véu.
Submucosa oculta: apresenta uma concavidade na linha mediana da superfície nasal do véu palatino.
De acordo com Martins (2000) a fissura submucosa não apresenta deformidades anatômicas visíveis, entretanto apresenta comprometimento funcional considerável como a hipernasalidade.
Figura 7: Fissura submucosa
Fonte: OLIVEIRA, R.P. Relação entre os sinais clínicos da fissura de palato submucosa e a sintomatologia específica: uma abordagem preventiva.[dissertação] Hospital de reabilitação de anomalias craniofaciais da Universidade de São Paulo. Bauru, 2002.
2.2.5. Tratamento das fissuras labiopalatinas
Embora a fissura lábio-palatal não possa ser prevenida, todas suas inerências podem ser minoradas senão evitadas, tendo um acompanhamento interdisciplinar. O tratamento requer
23
paciência e tempo tanto dos pais como dos profissionais, para uma eficaz reabilitação morfológica, funcional e psico-social do paciente (CAPELOZZA E SILVA, 1994).
Roxo; Lacerda e Bacigalupo (1997) afirmaram que, o tratamento cirúrgico deve ser realizado o mais precocemente visando o restabelecimento anatômico e funcional, propiciando um equilíbrio muscular e um adequado crescimento facial. O tratamento precoce conduz o paciente fissurado a uma auto-imagem positiva e conseqüente melhor integração social.
Segundo D?Agostino; Machado e Lima (1997), a cronologia e técnica cirúrgica varia de acordo com cada cirurgião, geralmente a queiloplastia (correção de lábio) é realizada por volta dos 3 meses e a palatoplastia (correção do palato) anterior aos 12 ou 15 meses e a posterior até 18 meses.
Guedes (1998) relatou que, o fonoaudiólogo é responsável pela orientação a mãe quanto à alimentação, estimulação da sensibilidade proprioceptiva oral e musculatura perioral da criança, levando a um bom padrão de fala e linguagem e reduzindo o aparecimento de mecanismos compensatórios.
Entre as especialidades de destaque no tratamento da fissura está a cirurgia plástica, a ortodontia e a fonoaudiologia, pois juntas planejam as etapas terapêuticas que serão aplicadas nestes pacientes. A fonoaudiologia realiza prevenção, avaliação e reabilitação dos distúrbios da comunicação presente nestes pacientes, bem como das funções orais (GENARO; YAMASHITA e TRINDADE, 2004).
De acordo com Ribeiro e Moreira (2005), o tratamento das fissuras labiopalatinas é importante devido ao seu impacto na fala, audição, aparência e cognição, tem uma influência prolongada e adversa na saúde e integração social. O custo causado pelas fissuras labiais e palatinas em termos de morbidade, cuidados de saúde, distúrbios emocionais, sociais e exclusão do trabalho é considerável para o indivíduo afetado, sua família e a sociedade.
24
2.2.6.Distúrbios da comunicação decorrentes da fissura labiopalatina
Segundo Tabith (1995), as áreas da comunicação oral que podem estar afetadas são: linguagem, articulação e voz. Os aspectos ambientais (atuação dos pais), aspectos emocionais e intercorrência de outras patologias que afetam o desenvolvimento da linguagem, são fatores que podem contribuir para alterações de linguagem.
Crianças portadoras de fissuras labiopalatinas apresentam uma grande ocorrência de otites de repetição, originando dificuldades de compreensão auditiva. Como relatou Azevedo et al (1995), tais dificuldades podem acarretar futuras alterações de linguagem e do aprendizado agravadas quando associadas ao baixo nível sociocultural e a reduzida experenciação auditiva e de linguagem.
Segundo Altmann et al (1997), as crianças fissuradas são consideradas de risco para o desenvolvimento de um quadro de atraso de aquisição de fala e linguagem. O desenvolvimento de fala e linguagem em crianças com fissura labiopalatina é similar ao de crianças normais, entretanto, fatores ambientais, culturais e emocionais podem influir positiva ou negativamente neste desenvolvimento. Sendo a quantidade e a qualidade dos padrões linguísticos recebidos pela criança muito importante para o desenvolvimento da comunicação e da linguagem.
As alterações no desenvolvimento da linguagem e da fala enquadram-se nos distúrbios da aquisição, pois as etapas de aquisição da linguagem ocorrem dentro da normalidade, estando apenas comprometido seu desempenho de fala. Caso ocorra atraso na aquisição da linguagem e fala, deve-se procurar uma etiologia auditiva, neurológica, cognitiva ou afetivo-emocial (D?AGOSTINO; MACHADO e LIMA, 1997).
De acordo com Bishop (2002), as anomalias velofaríngeas da fenda palatina comprometem a função normal da tuba auditiva acarretando incessante perda auditiva de condução, essa perda afeta o desenvolvimento fonológico das crianças. A autora afirmou que, os problemas
25
com a produção da fala comprometem a comunicação e a capacidade da criança compreender a linguagem, somente quando estão afetadas a audição e a inteligência.
Conforme relatou Coelho e Castanheira (2004), a criança portadora de fissuras, em geral, apresenta características psicológicas peculiares, relacionadas à anomalia presente, por exemplo, a reação inicial dos pais, de aceitação ou rejeição; o desenvolvimento da criança, em especial relacionado à fala, linguagem e ao desenvolvimento intelectual; e a resposta emocional do paciente, da família e da comunidade diante de possíveis deformações faciais.
Silva e Santos (2004) afirmaram que, para produção adequada da fala é necessário boa integridade anatomofuncional dos órgãos fonoarticulatórios, articulação adequada, equilíbrio entre as cavidades de ressonância e funcionamento propício da válvula velofaringeana; a função inadequada deste esfíncter constitui-se em aspecto determinante da maioria dos distúrbios da comunicação oral. Em seu estudo as autoras analisaram 44 prontuários do Núcleo de Atenção Médica Integrada / NAMI da UNIFOR, com a finalidade de investigar quais alterações de fala e motricidade oral frequentemente ocorrem em pacientes portadores de fissuras labiopalatinas, e observou que todos demonstraram alguma alteração relacionada à hipernasalidade, golpe de glote e/ou ronco nasal; emissão de fricativa faríngea; distorções, omissões e substituição por traço de sonoridade e ainda, a ocorrência de escape de ar nasal, alteração de mobilidade e/ou tonicidade de lábios, língua e/ou bochechas, bem como alterações de postura de língua e compensações.
Para Manoel (2006), as crianças com fissura labiopalatina podem estar expostas desde muito cedo a problemas ambientais, emocionais, culturais e problemas de orelha média, que podem interferir no desenvolvimento da fala, linguagem e habilidades do processamento auditivo.
Segundo Lima et al (2007), a fissura palatina acarreta uma diversidade de transtornos orgânicos, funcionais e estéticos que interferem intensamente na vida dos indivíduos, principalmente no que se refere ao convívio social. Alterações articulatórias e de ressonância acarretam em dificuldades comunicativas porque afetam a inteligibilidade da fala, o que
26
chama a atenção do interlocutor para a sua particularidade e dificulta a aceitação do indivíduo nos ambientes familiar, escolar, profissional e social.
Lemos (2007) relatou que, a fissura labioplatina é um indicador de risco para alterações de orelha média e estas podem prejudicar o desenvolvimento de habilidades auditivas como, por exemplo, a atenção que é essencial para o aprendizado de novas habilidades, inclusive da comunicação oral e escrita.
A principal razão para a ocorrência da otite média com efusão nas crianças com fissura palatina é a disfunção tubária, a presença de altas prevalências de otite média nesta população faz dela um grupo bastante vulnerável em relação à saúde auditiva. Este grupo deve ser tratado precocemente, tendo-se sempre a lembrança de que uma via auditiva perfeita é fundamental para a aquisição da linguagem falada: é justamente no período em que a criança adquire esta linguagem que mais se observa a otite média com efusão e sua consequente perda auditiva (SILVA et al, 2008).
Boscariol; André e Feniman (2009), ao verificar o desempenho de 20 crianças com fissura isolada de palato em testes do processamento auditivo, observaram que essas demonstraram apresentar importantes alterações nas habilidades auditivas avaliadas, verificadas por meio de seu desempenho ruim nos testes especiais comportamentais do processamento auditivo.
2.2.7.Desempenho escolar de crianças com fissuras labiopalatinas
Amaral (1986) relatou não existir indícios que mostrem haver relação entre deformidade facial e déficit intelectual; para ela as crianças com fissura labiopalatina apresentam condições intelectuais idênticas às crianças normais para se saírem bem na escola, o rendimento escolar não é uma função unicamente associada a fatores intelectuais. A autora refere-se à interferência da aparência no cotidiano do aluno e afirma que é pela face que o indivíduo se apresenta e ao ingressar na escola a criança que apresenta qualquer deformidade facial se torna objeto de discriminação e preconceito, sendo olhada, julgada e avaliada. Mas ressalta que
27
embora possam apresentar problemas psicossociais verifica-se bons ajustamentos e funcionamento psicossocial em sujeitos com fissura labiopalatina.
Para a criança com fissura labiopalatina o ingresso na escola é um período crítico. Inicia-se uma luta íntima da criança, porque sente a necessidade de aprender e tem que vencer o constrangimento de se apresentar entre as outras pessoas. Porém, nesta idade não é só a curiosidade das outras crianças que cria um ambiente desagradável; além disso, há o espírito de crítica, que já começa a desabrochar em sua forma mais contundente, que é o apelido. Nesse momento, desencadeia-se um sentimento de revolta ou alheamento e indiferença pelos atrativos do meio. Além disso, as crianças com malformações ou cicatrizes são frequentemente encaradas com preconceito, sendo consideradas como intelectualmente inferiores por seus colegas e até pelos seus professores. Problemas dessa natureza podem gerar na criança um sentimento de insegurança e hostilidade para com o meio que a cerca. Consequentemente, ela será tímida, retraída, inibida, insegura, dependente, apresentando dificuldades em participar de atividades sociais e de se relacionar com pessoas estranhas ao seu ambiente, principalmente na escola, onde a competição está sempre presente (MESQUITA, 1991).
Para a criança portadora de deformidade facial, a escola será a primeira e a mais importante experiência sistemática fora do ambiente familiar, será o palco onde terá de enfrentar novos relacionamentos, será olhada, julgada, avaliada e sua aparência física será uma variável importante nestes julgamentos (AMARAL, 1992).
De acordo com Tavano (1994), o ingresso da criança com fissura na escola merece atenção especial, pois se percebe grande ansiedade de seus pais em torno de suas capacidades intelectuais. Para o autor, o ambiente escolar pode ocasionar na criança com fissura labiopalatina, situações de timidez, recolhimento ou agressividade, percebendo a hostilidade e discriminação dos demais, interferindo no seu desenvolvimento acadêmico e emocional. Afirmou ainda que a existência do baixo desempenho acadêmico do aluno com fissura está geralmente relacionada aos problemas verbais ou ao comportamento adotado pelo aluno. Porém não é possível afirmar que exista uma relação entre a fissura e o fracasso escolar.
28
Richman (apud Amaral, 1997), ao avaliar 44 crianças, de 4ª a 8ª série, portadoras de fissura labiopalatina, observaram que crianças com fissura apresentam maior isolamento em sala de aula e realização acadêmica mais baixa. Sugere que o isolamento e consequente, baixo rendimento escolar, pode estar relacionado a um modo adaptativo de comportamento aprendido. Para o autor os fissurados aprenderam a evitar comportamentos que geram atenção em direção a si e se esquivar de possíveis respostas negativas dos outros em relação a sua fala e aparência.
Altmann; Khoury e Ramos (1997) relataram que, além de afecções na linguagem oral, os indivíduos portadores de fissura labiopaltina, quando não tratados precocemente, podem apresentar alterações na linguagem escrita devido às assimilações dos problemas existentes na fala.
Segundo Minervino-Pereira (2005), na fase de escolarização a criança enfrenta a necessidade de conseguir a aprovação social através da produtividade; quando não é capaz de desenvolver a capacidade esperada, corre o risco de comprometer-se com sentimento de inferioridade. Sua ida à escola significa sua primeira separação da família e envolve sua adaptação a um novo conjunto de regras. Entretanto, é nesta fase que as crianças têm a oportunidade de se revelarem em muitas habilidades que surpreendem aqueles que só a reconheciam como portadora de um comprometimento.
Para Ribeiro e Moreira (2005), quando a criança entra em contato com outras crianças pode ocorrer o preconceito e a supervalorização dos estigmas da doença, tornando-as introvertidas, com comportamento imaturo ou agressivo. Na escola a criança se sente excluída das atividades que exigem uma fala bem articulada e não podendo corresponder a esses anseios sociais, se sente limitada e excluída, recebe apelidos, e se sente inferior e solitária, podendo inclusive abandonar a escola.
Duarte (2005), relatou que a inserção precoce da criança na escola nos remete a inferir a estimulação precoce dessa, favorecendo no seu desempenho escolar, relacionamento com os
29
colegas, entre outros aspectos. Em estudo sobre o desempenho escolar de crianças com fissura labioplatina na visão dos pais, verificou que a maioria deles relatou que não tem queixas dos professores quanto à dificuldade de aprender de seus filhos, e observou relatos de melhor desempenho nos indivíduos com fissura pré-forame; a autora associa o fato ao não comprometimento de fala nesse tipo de fissura.
Domingues (2007), ao investigar o desempenho escolar de 61 indivíduos com fissuras labiopalatinas por meio da opinião dos professores, concluiu que a frequência da maioria dos alunos pesquisados foi considerada assídua e com desempenho escolar dentro da média da classe, dentre os que apresentaram desempenho insatisfatório verificou-se predominância do sexo feminino e os fatores interferentes mais significativos foram os aspectos da fala e o tipo da fissura. E ressaltou que, nenhum fator associado pode ser correlacionado de forma direta ao baixo desempenho escolar, uma vez que são inúmeros os aspectos que gerenciam a aprendizagem da criança na escola.
Marcelino et al (2008), ao avaliar as habilidades de linguagem em nove crianças com fissuras labiopalatinas, observaram que o grupo avaliado apresentou habilidades de linguagem oral e desempenho acadêmico dentro do padrão de normalidade e habilidades fonológicas, semânticas e de sintaxe alteradas.
Tonocchi; Berberian e Mosi (2008), em estudo de três casos de crianças com fissura, analisaram aspectos envolvidos na aquisição da linguagem escrita por parte desses sujeitos, evidenciando que embora eles tenham alterações fonético-fonológicas, essas não interferem em seus processos de apropriação da escrita. Observaram que a idéia de que as alterações articulatórias da criança com fissura provocam os distúrbios apresentados de leitura e escrita, é adotada como senso-comum e que a associação entre os problemas de articulação e os distúrbios de leitura e escrita é fruto de uma visão restrita e equivocada quanto à participação da oralidade no processo de apropriação da escrita. Ainda segundo os autores, no caso dos sujeitos portadores de fissura lábio-palatina, definitivamente, as ocorrências na escrita não estão associadas aos problemas de fala, mas são operações que iluminam a constituição do objeto escrito.
30
2.2.8.Intervenção Fonaoudológica
2.2.8.1. Linguagem e fala
Para Tabith (1995), a avaliação de fissurados deve ser a mais minuciosa possível, dirigindo-se a todos os níveis de comunicação e a todos os sistemas funcionais importantes para o desenvolvimento da comunicação. Deve se realizar uma avaliação ampla da linguagem envolvendo tanto emissão quanto recepção, e também examinar as condições morfológicas e funcionais dos órgãos da fala. O desenvolvimento da linguagem deve ser cuidado desde o início do desenvolvimento da criança, posteriormente se persistirem dificuldades neste nível, deve-se utilizar associada à orientação familiar, técnicas de estimulação de linguagem em atividade terapêutica clínica.
Segundo Altmann et al (1997), desde o nascimento, a família do bebê portador de fissura labioplatina é orientada no sentido de estimular sua linguagem ao máximo, e concomitantemente procura se estimular a emissão de fonemas de acordo com a idade cronológica da criança. A avaliação e o diagnóstico precoce de possível inadequação velofaríngea é extremamente importante para que o tratamento fonoaudiológico seja iniciado o quanto antes para eliminar os movimentos compensatórios presentes e impedir a instalação de novos padrões errôneos. Os autores mencionaram que, o tratamento fonoaudiológico nos portadores de fissura labiopalatinas visa à adequação da comunicação oral, permitindo ao indivíduo o estabelecimento de um bom convívio social, para isso é necessário que o terapeuta visualize o paciente como um todo, realize um adequado e completo diagnóstico e estabeleça prioridades para o seu tratamento.
A família é orientada a estimular a linguagem oral fazendo uso de jogos vocálicos, proporcionando modelos positivos de fala e realizando contato visual antes de iniciar sua emissão, a fim de desenvolver a atenção auditiva para sons verbais. Valorizando os atos de comunicação e o esforço da criança em se comunicar, apesar das limitações impostas pela
31
fissura, a mãe estará reforçando seu desempenho de fala (D?AGOSTINO; MACHADO e LIMA, 1997).
De acordo com Guedes (1998), o fonoaudiólogo encarrega-se de orientar os pais sobre os procedimentos de como estimular a criança para que mais tarde essa tenha um bom padrão de linguagem e fala, sendo que a aquisição e o desenvolvimento de linguagem das crianças portadoras de malformações merecem uma visão cuidadosa. Para o autor, a adaptação desta criança na escola junto às outras crianças e o esforço para superar as alterações anatômicas e funcionais são acometimentos que exigirão da família e equipe multidisciplinar uma total solidariedade e presteza, para que tanto os pais como seus filhos recebam, de forma adequada, toda ajuda que vierem a precisar.
Genaro; Yamashita e Trindade (2004), ressaltaram a importância do fonoaudiólogo adquirir conhecimento dessa malformação, dos distúrbios inerentes a ela, conhecer os diferentes momentos da atuação, e as possibilidades e as limitações do tratamento para uma conduta eficaz.
Conforme relatou Pegoraro-Krook (2004), a intervenção fonoaudiológica nos distúrbios de comunicação oral do indivíduo com fenda, é necessária em vista do prejuízo no mecanismo velofaríngeo, e consequente alteração na produção adequada dos sons da fala. Mesmo após as cirurgias corretivas, as alterações de fala podem persistir, assim, é justificável a atuação fonoaudiológica pré e pós-cirúrgica a fim de prevenir e tratar estes distúrbios da articulação.
2.2.8.2.Audição
Segundo Tabith (1995), a grande incidência de distúrbios auditivos em fissurados impõe como rotina a avaliação audiológica destes pacientes, sendo a prevenção e tratamento dos distúrbios da audição competência da área médica. A prevenção se faz através de cuidados gerais, atendendo com especial interesse a ocorrência de afecções das vias aéreas superiores, algumas medidas importantes de prevenção estão relacionadas à adequada alimentação, posição ao alimentar e exames pediátricos de rotina. Os processos de afecção do ouvido médio
32
já instalados merecem atenção, e medidas terapêuticas mais diretas podendo o tratamento ser medicamentoso ou até mesmo cirúrgico.
D?Agostino; Machado e Lima (1997) relataram que, o fonoaudiólogo e a família devem estar atentos para detectar possíveis sinais de alterações auditivas, e sugeriram avaliação audiológica periódica a cada 6 meses através da realização de audiometria e imitanciometria.
De acordo com Tunçbilek et al (apud Mendes, 2005), deve se considerar a atuação fonoaudiológica nas alterações do funcionamento da orelha média, visto que atingem com frequência crianças com fissura labiopalatina e podem conduzir a perda auditiva condutiva, com consequente privação sensorial, acarretando em alterações da fala, da aprendizagem e do processamento auditivo central. Sendo assim o fonoaudiólogo deve ter como meta o conhecimento das causas determinantes das complicações otológicas presentes, além de ser capaz de avaliar todo o sistema vestibulococlear, contribuindo para a prevenção, terapia e condutas adequadas.
Souza et al (2006) ressaltaram a necessidade do acompanhamento otorrinolaringológico, sobretudo audiológico, em indivíduos portadores de fissura, em função da alta prevalência de alterações audiológicas encontradas nesses indivíduos.
33
Metodologia
34
O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Araraquara ? UNIARA no dia 16/04/2009, sob parecer de número 905/09 (Anexo 1).
A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a utilização de um questionário (Anexo 2), composto por 12 questões fechadas e 1 questão aberta, elaborado e aplicado pela pesquisadora, sob consentimento pré-informado (Anexo 3) firmado junto ao questionário. O questionário foi respondido na residência do sujeito, em horário pré estabelecido de acordo com a sua disponibilidade.
Para seleção dos sujeitos foram analisados os prontuários de indivíduos diagnosticados como portadores de fissura labiopalatina cadastrados na Associação de Deficiente Auditivos e Fissurados de Ribeirão Preto - (ADAF-RP), após autorização formal do responsável pela instituição (Anexo 4).
Os sujeitos selecionados para esta pesquisa, foram os pais de 11 crianças de ambos os gêneros, pertencentes a faixa etária de 6 a 9 anos, que estavam cursando as séries iniciais do ensino fundamental, portadores de algum tipo de fissura labiopalatina e não apresentam nenhum outro comprometimento físico ou mental.
Após a aplicação do questionário os dados coletados foram analisados quantitativa e qualitativamente e relacionados em tabelas para a obtenção do objetivo proposto.
35
Resultados e Discussão
36
A pesquisa de campo foi realizada através da aplicação de um questionário a pais de 11
crianças com fissura labiopalatina em fase de alfabetização, com o objetivo de identificar as
principais dificuldades de aprendizagem apresentadas por estes indivíduos. Foi realizada uma
análise quantitativa dos dados, obtendo-se os resultados descritos abaixo:
Tabela 1. Quantificação e porcentagem quanto ao gênero
e tipo de fissura labiopalatina que os filhos dos sujeitos apresentam.
Gênero
Tipo de fissu r a Masculin o Feminino Total
N % N % N %
Pré-forame 1 33,3 2 66,6 3 100
Pós-forame 0 0 2 100 2 100
Transforame 5 83,3 1 16,6 6 100
Total 6 54,5 5 45,4 11 100
Na tabela 1 verificamos que das 11 crianças com fissura labiopalatina 6 (54,5%) são do
gênero masculino e 5 (45,4%) do gênero feminino. O predomínio de fissura labiopalatina no
gênero masculino é concordante com os dados encontrados na literatura estudada que
demonstram maior incidência da fissura labioplatina neste grupo de indivíduos (COUTINHO
et al, 2009). Ao relacionar o gênero com o tipo de fissura, observou-se que as fissuras préforame
(66,6%) e pós-forame (100%) acometeram em sua maioria o sexo feminino e a fissura
transforame teve maior ocorrência no sexo masculino (83,3%). Segundo dados da literatura, as
fissuras labiais com ou sem comprometimento de palato têm maior incidência no gênero
masculino, e as isoladas de palato maior predominância no gênero feminino (FURLANETO e
PRETTO, 2000; LOFRREDO, 2001; COUTINHO et al, 2009).
Tabela 2. Quantificação e porcentagem quanto à queixa do professor sobre a
dificuldade no desempenho escolar, que os filhos dos sujeitos apresentam
Dificuldade no
desempenho N %
Sim 5 45,4
Não 6 54,5
Total 11 100
37
Na tabela 2, observamos que os pais de 6 (54,5%) crianças com fissura relataram não
existir queixas dos professores quanto à dificuldade no desempenho escolar dos seus filhos,
enquanto que 5 (45,4%) relataram queixas dos professores. É difícil estabelecer uma relação
entre a deformidade facial e o fracasso escolar (AMARAL, 1986; TAVANO,1994;
DOMINGUES, 2007). De acordo com a literatura as dificuldades de aprendizagem nem
sempre estão relacionadas com o fator intelectual; são vários os fatores que influenciam na
aprendizagem escolar, como fatores ambientais, psicológicos e metodológicos (SOUZA, 1996;
MORAES, 1997; NEVES e MARINHO-ARAÚJO, 2006).
Tabela 3. Quantificação e porcentagem da amostra quanto ao tipo de fissura
e relato de dificuldade no desempenho escolar.
Dificuldade
Tipo de fissura Sim Não Total
N % N % N %
Pré-forame 1 33,3 2 66,6 3 100
Pós-forame 1 50 1 50 2 100
Transforame 3 50 3 50 6 100
Total 5 45,4 6 54,5 11 100
Na tabela 3, verificamos que dos 3 indivíduos com fissura pré-forame apenas 1 (33%)
apresentou dificuldade no desempenho escolar, e os sujeitos com fissura pós-forame e
transforame apresentaram resultados igualitários em relação à presença ou não de dificuldade.
Os achados corroboram com os estudos de Duarte (2005) que demonstram melhor
desempenho escolar nos sujeitos com fissuras pré-forame. Tavano (1994) e Mesquita (1991),
apontam a interferência dos fatores como estética, comunicação e outros, no aprendizado de
sujeitos com fissura.
dificuldades no desempenho escolar referidas pelo professor.
Queixas N %
Leitura 4 36,3
Escrita 3 27,2
Cálculos matemáticos 4 36,3
Total 11 100
Tabela 4. Quantificação e porcentagem da amostra quanto ao tipo de
38
Quanto ao relato dos pais sobre as dificuldades no desempenho escolar referidas pelo
professor, verificamos na tabela 4, uma maior ocorrência das dificuldades em leitura e
cálculos matemáticos (36,3%), seguida da dificuldade de escrita (27,2%). Os resultados estão
de acordo com os estudos de Lemos (2007) e Marcelino et al (2008) que evidenciam que a
fissura é um indicador de risco para alterações da comunicação oral e escrita, podendo
apresentar alterações nas habilidades de fonologia, semântica.
outros tipos de dificuldades referidas pelo professor.
Queixas N %
Disciplina 3 27,5
Desatenção 4 50
Relacionamentos 1 12,5
Total 8 100
Tabela 5. Quantificação e porcentagem da amostra quanto a
A tabela 5, refere-se a outras dificuldades referidas pelo professor e evidencia que a
queixa de desatenção é a de maior ocorrência (50%), corroborando com o estudo de Lemos
(2007) que revela que a fissura pode prejudicar as habilidades auditivas tais como a atenção. O
ambiente escolar pode ocasionar problemas sociais e de relacionamento na criança
interferindo no seu desempenho acadêmico (MESQUITA,1991 e TAVANO, 1994).
Tabela 6.Quantificação e porcentagem quanto a idade de ingresso escolar e
a presença de dificuldade no desempenho escolar.
Dificuldade
Ingresso escolar Sim Não Total
N % N % N %
até 3 anos 4 57,1 3 42,8 7 100
6 anos 1 50 1 50 2 100
7 anos 0 0 2 100 2 100
Total 5 45,6 6 54,5 11 100
Quanto à idade de ingresso escolar da criança com fissura e a presença de dificuldade
no desempenho escolar, os dados da tabela 6 revelaram que a maior ocorrência de dificuldade
está no grupo que ingressaram com até 3 anos (57,1%). Os dados obtidos não estão de acordo
39
com os encontrados na literatura que referem que a inserção precoce na escola nos remete a
inferir a estimulação precoce destas crianças, o que estaria tendo impacto favorável no seu
desempenho escolar, relacionamento com os colegas, entre outros aspectos (DUARTE, 2005).
Tabela 7.Quantificação e porcentagem quanto a relação entre a série escolar
e a presença de dificuldade no desempenho escolar.
Dificuldade
Série Sim Não Total
N % N % N %
1º série 1 50 1 50 2 100
2º série 2 66,6 1 33,3 3 100
3º série 2 33,3 4 66,6 6 100
Total 5 45,4 6 54,5 11 100
Na tabela 7, ao relacionar a série escolar com a presença de dificuldade de
aprendizagem, observamos uma maior relato de ocorrência de dificuldade nas crianças que
estão cursando a 2º série (66,6%) em relação as da 3º série (33,3%). Na literatura pesquisada
encontramos um trabalho realizado por Zucoloto e Sisto (2002), no qual destacam que o
desempenho geral da segunda série foi inferior ao desempenho geral da terceira série,
considerando que quanto mais inicial a série, maiores as dificuldades encontradas, mas
ressaltando que a dificuldade de aprendizagem está relacionada a níveis de compreensão e à
idade, independendo da série escolar.
Tabela 8. Quantificação e porcentagem quanto a relação entre o tipo de escola
frequentada e a presença de dificuldade no desempenho escolar.
Dificuldade
Série Sim Não Total
N % N % N %
Particular 0 0 1 100 1 100
Municipal 0 0 3 100 3 100
Estadual 4 66,6 2 33,3 6 100
Industrial 1 10 0 0 1 100
Total 5 45,6 6 54,5 11 100
40
Conforme os dados dispostos na tabela 8, observamos que há uma maior ocorrência de
dificuldade no desempenho escolar naqueles que frequentam escola estadual (66,6%) em
relação aos demais tipos de escola. A escola tem influência direta no desempenho do aluno
tanto em relação à estrutura quanto metodologia (KIGUEL, 1973; SHIELMAN;CARRAHER
e CARRAHER, 1995; FEITOZA e LUZ, 2006).
Tabela 9. Quantificação e porcentagem quanto a interferência da fissura na
frequência e no desempenho escolar segundo a concepção dos pais.
Interfere
Área escolar Sim Não Total
N % N % N %
Frequência 3 27,2 8 72,7 11 100
Desempenho 2 18,1 9 81,8 11 100
Total 5 22,7 17 77,2 22 100
A frequência é um aspecto determinante para um bom desenvolvimento e um bom
aproveitamento da criança na escola. De acordo com a tabela 9, os resultados denotam que a
maioria dos pais não acredita que a fissura interfira nem na frequência (72,7%) nem no
desempenho escolar (81,8%) dos seus filhos. Os achados do presente estudo coincidem com
os encontrados na literatura, a qual não aponta problemas com assiduidade em sujeitos com
fissura, nem percepção dos pais sobre a relação entre a fissura e o desempenho acadêmico do
filho (DUARTE, 2005 ; DOMINGUES, 2007).
Tabela 10. Quantificação e porcentagem segundo os comportamentos/atitudes
apresentados pelas crianças com fissuras frente às dificuldades encontradas.
Solicita ajuda N %
Em casa 9 75
Aos professores 1 8,3
aos colegas de classe 1 8,3
Não solicita 1 8,3
Total 12 100
Quanto ao comportamento/atitudes frente às dificuldades apresentadas pelas crianças
com fissura, apresentados na tabela 10, os pais relatam que a maioria solicita ajuda em casa
(75%). Este comportamento pode estar relacionado ao fato de o ambiente familiar ter relação
41
direta com o desempenho; um lar acolhedor e com incentivo auxiliará o aluno a contornar as
dificuldades encontradas (SOUZA,1996; .STRICK e SMITH, 2001; CHECIA e ANDRADE,
2002).
Tabela 11. Quantificação e porcentagem de ocorrência
de apelido atribuído à criança com fissura.
Apelido N %
Sim 1 9
Não 10 90,9
Total 11 100
Na tabela 11 é possível verificar que a maioria dos pais (90,9%) não relatou que algum
apelido tenha sido atribuído ao filho com fissura. Dados da literatura relatam que é pela face
que um indivíduo se apresenta, as crianças com malformação ou cicatrizes geram nas demais
um espírito de crítica, recebendo apelido e tornando-se objeto de discriminação e preconceito
em nossa sociedade. Embora sujeitos com fissura possam apresentar problemas psicossociais
verifica-se bons ajustamentos e funcionamento psicossocial (AMARAL, 1986; MESQUITA,
1991; RIBEIRO e MOREIRA, 2005).
Quanto à participação dos pais na vida escolar do filho descrita na tabela 12, observase
uma participação ativa por parte dos pais, no qual 34,6 % participam de todas as reuniões;
30,7% ao participar falam sobre seu filho especificamente e 23% conversam sempre com o
Tabela 12. Quantificação e porcentagem da amostra segundo a participação dos
pais na vida escolar do filho.
Participação N %
Participa de todas as reuniões 9 34,6
Participa de algumas reuniões 2 7,6
Ao participar não fala sobre seu filho especificamente 1 3,8
Ao participar fala sobre seu filho especificamente 8 30,7
Conversa sempre com os professores sobre o desempenho do filho 6 23
Total 26 100
42
professor sobre o desempenho do filho. A família atua de forma conjunta com a escola, a presença dos pais na vida escolar dos filhos é indispensável, sobretudo nas reuniões realizadas na escola (CHECHIA e ANDRADE, 2002; MIAMOMI e RIBEIRO, 2006).
43
Conclusão
44
Os dados obtidos nesse estudo demonstraram que:
1. Das 11 crianças com fissura labioplatina que compunham a amostra, 5 (45,4%) tinham relato dos pais de queixas dos professores quanto à dificuldade no desempenho escolar;
2. A maioria dos relatos foi referente às dificuldades em leitura e cálculos matemáticos (36,3%), e no que concerne a outros tipos de dificuldades, a desatenção (50%) foi que apresentou mais relatos de queixas;
3. Dos 3 indivíduos com fissura pré-forame apenas 1 (33%) teve relato dos pais de dificuldade no desempenho escolar;
4. A maioria dos pais não relatou que algum apelido tenha sido atribuído ao filho com fissura;
5. A maioria dos pais não acredita que a fissura interfira nem na frequência (72,7%) nem no desempenho escolar (81,8%) dos filhos;
6. Verificou-se participação ativa dos pais na vida escolar dos filhos;
Em virtude do pequeno número da amostra e dos vários fatores como os ambientais, psicológicos e metodológicos, que podem influenciar na aprendizagem da criança, não foi possível estabelecer uma relação direta entre a dificuldade de aprendizagem e a fissura labiopalatina. Entretanto o fato de haver pouco relato de atribuição de apelido as crianças da amostra e as com fissura pré-forame apresentarem relatos de melhor desempenho, demonstram a não influência do fator estética no desempenho acadêmico do portador de fissura labiopalatina.
Com base nos resultados podemos concluir que se faz necessário uma avaliação mais profunda de aspectos psicológicos, genético, neurológico e até mesmo metodológico para que se possa evidenciar qualquer influência da fissura no desempenho escolar do seu portador, bem como um acompanhamento fonoaudiológico e psicopedagógico, para garantir uma adequada estimulação e um bom rendimento escolar de alunos com fissura labiopalatina.
45
Referências
46
ALTMANN, E.B.C.; KHOURY, R.B.F.; RAMOS, A.L.N.F. Avaliação Fonoaudiológica. In:________.(coord.). Fissuras Labiopatinas. 4 ed. São Paulo, Pró-fono, 1997.
ALTMANN, E.B.C.; VAZ, A.C.N.; PAULA, M.B.S.F.; KHOURY, R.B.F. Tratamento precoce. In:________.(coord.). Fissuras Labiopatinas. 4 ed. São Paulo, Pró-fono, 1997.
AMARAL,V.L.A.R. Vivendo uma face atípica: influência da deformidade facial no auto e hetero conceito e na realização acadêmica de crianças de 6 a 12 anos [tese] São Paulo: Universidade de São Paulo, 1986
AMARAL,V.L.A.R; Aspectos Psicossociais. In: Altmann, E. B. C. Fissuras Labiopalatinas. 4. ed. São Paulo: Pró-Fono; 1992.
AMARAL,V.L.A.R. Aspectos Psicossociais. In: Altmann, E. B. C. Fissuras Labiopalatinas. 4. ed. São Paulo: Pró-Fono; 1997.
ARAÚJO, A.P.Q.C. Avaliação e manejo da criança com dificuldade escolar e distúrbio de atenção. Jornal de Pediatria - Vol. 78, Supl.1 , 2002.
AZEVEDO, M.F.; PEREIRA, L.D.; VILANOVA, L.C.; GOULART, A.L. Avaliação do processamento auditivo central:identificação de crianças de risco para alteração de linguagem e de aprendizado durante o primeiro ano de vida. In: MARCHESAN, I.Q et al.Tópicos de Fonoaudiologia. São Paulo. Lovise, 1995.
BELLEBONI, A. B. S. Qual o Papel da Escola Frente às Dificuldades de Aprendizagem de Seus Alunos? 2004. Disponível em: http://www.profala.com/arteducesp72.htm. Acessado em: 12 jul. 2009.
BISHOP, D. Desenvolvimento da linguagem em crianças com estrutura ou funções anormais do aparelho fonador. In: ____________: Desenvolvimento da linguagem em circunstâncias excepcionais. Rio de Janeiro: Revinter, 2002. p.307-334.
BOONE, D.R; PLANTE,E. Comunicação Humana e seus Distúrbios. Tradução de Sandra Costa, 2 ed. Porto Alegre : Artes Médicas; 1994. p.211-212.
BOSCARIOL, M; ANDRE, K.D; FENIMAN, M. R. Crianças com fissura isolada de palato: desempenho nos testes de processamento auditivo. Rev. Bras. Otorrinolaringol.2009,vol.75,n.2,p.213-220.
BRODER, H. L.; RICHMAN, L. C.; MATHESON, P.B. Learning Disability, School Achievement, and Grade Retention among Children with Cleft: A Two-Center Study Cleft Palate. Craniofacial Journal. 1998, vol.35, n.2.
CAPELOZZA FILHO, L.;ALVARES; A.L.G.; ROSSATO, C.; VALE, D.M.V.; JANSON, G.R.P.; BELTRAMI, L.E.R. Conceitos vigentes na etiologia das fissuras labiopalatinas. Rev. Bras. Cir. 78: 223-40, 1988.
47
CAPELOZZA FILHO, L & SILVA FILHO, O.G. - Fissuras lábio-palatais. In: Petrelli,E. coord. Ortodontia para fonoaudiologia. Curitiba, Lovise. 1994. p. 195-239.
CARDIM, V.L.N. Crescimento Craniofacial. In: ALTMANN, E.B.C. coord. Fissuras lapiolapatinas. São Paulo, Pró-fono, 1992. p. 31-38.
CHECHIA, V. A; ANDRADE, A. S."Representação dos pais sobre o desempenho escolar dos filhos". IN: SEMINÁRIO DE PESQUISA, V, Ribeirão Preto, SP, TOMO II, LIVRO DE ARTIGOS, 2002. p. 207-219.
CIASCA, S.M. (org) Distúrbios de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
COELHO, C.F.C; CASTANHEIRA, C.R. Estudo de casos dos portadores de malformações congênitas lábio-palatinas na vila Planalto-DF. 2004. 52f. [monografia] Associação Brasileira de Odontologia-DF, 2004.
COSTA, E.A.B. Visão de pais e professores sobre a criança com dificuldades de aprendizagem. 2007. 38f. Monografia (pós- graduação em Psicopedagogia)- UNIARA. Araraquara, 2007.
COLL, C. e MIRAS, M. A representação mútua professor / aluno e suas repercussões sobre o ensino e a aprendizagem. In: COLL, C.; PALACIOS, J; MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicológico e Educação. Artmed .Porto Alegre, 2001.
COUTINHO, A.L.F.;LIMA. M.C.; KITAMURA, M.A.P.; NETO, J.F.; PEREIRA, R.M. Perfil epidemiológico dos portadores de fissuras orofaciais atendidos em um Centro de Referencia do Nordeste do Brasil. Rev. Brás. Saúde Matern. Infant. Recife, 9 (2): 149-156, abr. /jun., 2009.
D'AGOSTINO, L.; MACHADO, L.P.; LIMA, R.A. Fissuras labiopalatinas e insuficiência velofaríngea. In: LOPES FILHO, O. de C. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 1997.
DOMINGUES , A.B.C. Desempenho escolar de crianças com fissura labiopalatina na visão dos professores. [dissertação] Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofacias, Universidade de São Paulo; 2007.
DROUET, R.C.R. Distúbios de aprendizagem. São Paulo. Àtica, 1990.
DUARTE, L.M.S. Desempenho escolar de crianças com fissura labiopalatina na visão dos pais. [dissertação] Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofacias, Universidade de São Paulo; 2005.
FEITOZA, A.S; da LUZ, S.F. A influência das dificuldades de aprendizagem na processo de alfabetização: um estudo sobre leitura e escrita. 2006. Trabalho de
48
conclusão de curso apresentado ao Curso de graduação em Normal Superior nas Faculdades Integradas IESGO. Formosa-GO, 2006.
FONSECA, V. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
FRANÇA, C.M.C. Incidência das fissuras lábio-palatinas de crianças nascidas na cidade de Joinville/SC no período de 1994 a 2000. 2002. 66f. Dissertação (Mestrado em Odontologia ? área de concentração Odontopediatria) ? Programa de Pós-graduação em Odontologia, Mestrado Acadêmico Fora da Sede ? UNIVILLE, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
FURLANETO, E. C.; PRETTO, S. M. Estudo epidemiológico dos pacientes atendidos no serviço de defeitos de face da PUCRS. Revista Odonto Ciência, vol 15, n 29, p 39-56, jun. 2000.
GARCIA, J.N. Manual de Difuculdades de Aprendizagem: linguagem, leitura, escrita e matemática. Porto Alegre. Artes médicas, 1998. 274 p.
GENARO, K.F, YAMASHITA, R.P, TRINDADE, I.K.K. Avaliação clínica e Instrumental na fissura labiopalatina. In: FERREIRA, LP, org. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004. p.456-477.
GONTIJO, C. M. M. (2001). A apropriação da linguagem escrita. In: LEITE, S. Alfabetização e Letramento. Komed. Campinas, 2001.
GUEDES, Z.C.F. Fissuras: Avaliação e Terapia. In.: MARCHESAN, I.Q. Fundamentos em Fonoaudiologia: Aspectos Clínicos da Motricidade Oral. Rio de Janeiro. Guanabara Koogam, 1998. p.75-84.
GUERRA, L.B. A criança com dificuldades de aprendizagem. Rio de Janeiro: Enelivros, 2002.
GUIMARÃES, S.E.R.; BORUCHOVITCH, E. O Estilo Motivacional do Professor e a Motivação Intrínseca dos Estudantes: Uma Perspectiva da Teoria da Autodeterminação. Psicologia: Reflexão e Crítica, vol 17, n 2, p.143-150. 2004.
KIGUEL, S. M. M. Avaliação de sintomas das dificuldades de aprendizagem em crianças de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª série do 1º grau de quatro classes sócio-econômicas. 1976. 247 f Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1976.
LEMOS, I.C.C. Habilidade de atenção seletiva em crianças de sete anos com fissura labiopalatina: estudo comparativo.2007. 144f. Dissertação de mestrado em Fonoaudiologia (faculdade de Odontologia de Bauru- USP). Bauru, 2007.
49
LIMA, C. P.; RIBEIRO, M. J. . Avaliação psicopedagógica qualitativa na educação infantil: Contribuições para a investigação das queixas escolares considerando a teoria do amadurecimento emocional de D.W.Winnicott. Horizonte Científico, v. 1, p. 1-21,2007.
LIMA,M.R.F.; LEAL, F.B.; ARAÚJO, S.V.S.; DI NINNO, C.Q.M.S.;BRITTO, A.T.B.O. Atendimento fonoaudiológico intensivo em pacientes operados de fissura labiopalatina: relato de casos. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12(3):240-6.
LOFFREDO, L. C.M.; SOUZA, J.M.P.;YUNES, J.; FREITAS, J.A.S.;SPIRI, W.C. Fissuras Lábio-palatais: Estudo caso-controle. Rev. Saúde Pública, 28 (3): 213-7, 1994.
LOFIEGO, J. L. Fissura lábio-palatina: avaliação, diagnóstico e tratamento fonoaudiológico. Rio de Janeiro: Rev, 1992.
MAIMONI, E.H.; RIBEIRO. O.M. Família e escola: uma parceria necessária para o processo de letramento. R. bras. Est. pedag..Brasília, v. 87, n. 217, p. 291-301, set./dez. 2006.
MANOEL, R.P. O comportamento auditivo do aluno do aluno com fissura labiopalatina: julgamento do professor. 2006. 144f. Tese (Hospital de Reabilitação de anomalias craniofaciais- USP). Bauru, 2006.
MARCELINO, F, FENIMAN, M.R, ABRAMIDES, D.V.M, MONTEIRO, C.Z, DUKTA-SOUZA, J.C.R, RICHIERE-COSTA, A, DE-VITTO, L.M. Habilidades neuropsicolingüísticas em crianças com fissuras labipalatinas: achados preliminares. Pró-Fono revista de atualização científica. 2008,20(Supl).
MARTINI, M.L; DEL PRETTE, Z.A.P. Atribuições de causualidade para o sucesso e o fracasso escolar dos seus alunos por professoras do ensino fundamental. Interação em Psicologia, jul./dez. 2002, (6)2, p. 149-156.
MARTINS, P.N. Inadequação velofaríngea e fissura submucosa - contribuição à prática fonoaudiológica. J. Brás. Fonoaudiol. 2000; 1(2):41-6 .
MENDES, L.G.A. Fenda de lábio e (ou) palato e fonoaudiologia: aspectos de saúde sob a visão da família. 2005. 139f. [Dissertação de Mestrado] Universidade Estadual de Campinas- Faculdade de Ciências Médicas.
MESQUITA, S.T. As repercussões sociais das malformações congênitas labiopalatais no cotidiano de seus portadores. Hospital de pesquisa e reabilitação de lesões lábio-palatais ? Universidade de São Paulo. Bauru, 1991,
MINERVINO-PEREIRA, A.C.M. O processo de enfrentamento vivido por pais de indivíduos com fissura labiopalatina, nas diferentes fases do desenvolvimento. 2005.
50
114f. Tese de doutorado em Ciências (Hospital de reabilitação de anomalias Craniofaciais). Bauru, 2005.
MIRANDA, E.C.F; GOMES, L. Ambiente escolar e aprendizagem na visão de pais e alunos do ensino fundamental. Boletim de Iniciação Científica em Psicologia. 2002, 3(1): 53-73.
MODOLIN, M. L.A. & CERQUEIRA, E.M.M. Etiopatogenia. In: ALTMANN, E.B.C. coord. Fissuras labiopatinas.4 ed. São Paulo, Pró-fono, 1997. p. 25-30.
MÓL, D.A.R. Avaliação das habilidades cognitivas em crianças com e sem indicação de dificuldade de aprendizagem pela bateria Woodcock-Johnson III. 2007. 136f. Tese de doutorado em Psicologia (Pontifícia Universidade Católica de Campinas). São Paulo, 2007.
MORAES, M. A. A. As crianças com dificuldades escolares na concepção família do professor e dos especialistas da saúde. Revista Interações: estudos e pesquisas em psicologia. São Paulo, v.2, nº3,p.77-86.jan/jun 1997.
NETO, J. G. B. Genética das fissuras labiopalatinas. In: CARREIRÃO, S., ZANINI, S.A. Tratamento das fissuras labiopalatinas.2 ed. Rio de Janeiro: Rev, 1996. p. 31-34.
NEVES, M.M.B.J; MARINHO-ARAUJO, C.M. A questão das dificuldades de aprendizagem e o atendimento psicológico às queixas escolares. Aletheia, dez. 2006, no.24, p.161-170. ISSN 1413-0394.
OSTI, A. As Dificuldades de Aprendizagem na Concepção do Professor. 2004. 157f. Dissertação (mestrado) ? Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação. Campinas, SP.
PACHECO, M.L.B. Diagnóstico de Dificuldade de Aprendizagem?! Temas em Psicologia da SBP - 2005, Vol. 13, no 1, 45? 51.
PEGORARO-KROOK, M. I; DUTKA-SOUZA, J. C. R; MAGALHÃES, L. D. T, FENIMAN, M. R. Intervenção fonoaudiológica na fissura palatina. In: FERREIRA, L. P; BEFI-LOPES, D; LIMONGI, S. C. O. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2004, cap 35, p. 439-55.
PIETROMILLO, G. Dificuldades de aprendizagem: interferência do meio familiar e social. 2005. 29f. Monografia (pós- graduação em Psicopedagogia)- UNIARA. Araraquara, 2005.
RIBEIRO, M. J. O ensinar e o aprender em Winnicott: a teoria do amadurecimento emocional e suas contribuições à psicologia escolar. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica). PUCSP, São Paulo, 2004.
51
RIBEIRO, V.M; RIBEIRO, V.M; GUSMÃO, J.B. Indicadores de qualidade para a mobilização da escola.Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 124, p. 227-251, jan./abr. 2005.
RIBEIRO, E.M, MOREIRA, E.S.C.G. Atualização sobre o tratamento multidisciplinar das fissuras labiais e palatinas. RBPS .2005; 18 (1) : 31-40.
ROXO, C.E.M.B; LACERDA,D.J.C, BACIGALUPO,M.L.J. Cronologia Precoce do Tratamento. In: Altmann, E. B. C. Fissuras Labiopalatinas. 4. ed. São Paulo: Pró-Fono; 1997. p. 73-85.
SCHLIEMANN, A. D.; CARRAHER, D. W.; CARRAHER, T. N. Na vida dez, na escola zero. São Paulo: Cortez, 1995.
SILVA, R.N. SANTOS, E.M.N.G. Ocorrência de alterações da motricidade oral e fala em indivíduos portadores de fissuras labiopalatinas. RBPS, vol 17, n 1, p 27-30. 2004.
SILVA, D.P.; DORNELLES, S.; PANIAGUA, L.M.; COSTA, S.S.; COLLARES, M.V.M. Aspectos Patofisiológicos do Esfíncter Velofaríngeo nas Fissuras Palatinas. Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo, v.12, n.3, p. 426-435, 2008.
SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z ? um guia completo para pais e educadores. Tradução: Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed, 2001. 332p.
SOUZA, D.; DI NINNO, C.Q.M.S.; BORGES, G.P.; SILVA, T.M.; SILVA, C.S.; MIRANDA, E.S.; MATOS, E.S.; SILVA, M.F. Perfil Audiológico de Indivíduos Operados de Fissura de Palato no Hospital da Baleia de Belo Horizonte. ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia - Vol. 24 (3: 170-173, 2006)
SOUZA, E. M. Problemas de aprendizagem ? Crianças de 8 a 11 anos. Bauru: EDUSC, 1996.
SOUZA, L.B.R.D. Fonoaudiologia Fundamental. Rio de Janeiro. Revinter. 2000.cap-5.
STEFANINI, M.C; CRUZ,S.A.B. Dificuldades de aprendizagem e suas causas: O olhar do professor de 1º a 4° série do ensino fundamental. Educação, Porto Alegre- ano XXIX, n. 1(58), p. 85-105, jan/abr.2006.
STEVANATO, I.S; LOUREIRO, S.R; LINHARES, M.B.M; MARTURANO, E.M. Autoconceito de crianças com dificuldades de aprendizagem e problemas de comportamento. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. 1, p. 67-76, jan./jun. 2003.
TABITH, A. Foniatria, disfonias, fissuras labiopalatais, paralisia cerebral. São Paulo, Cortez, 1986. 207 p.
TABITH, A. Foniatria, disfonias, fissuras labiopalatais, paralisia cerebral. 7ed. SãoPaulo, Cortez, 1995. 207 p.
52
TAVANO, L.D. Análise da integração escolar de uma criança portadora de lesão lábio-palatal [dissertação]. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 1994.
TONOCCHI, R.C.; BERBERIAN, A.P.;MASSI,G. A escrita de sujeitos portadores de fissura lábio-palatina. Tuiuti: Ciência e Cultura, n. 39, p. 41-62, Curitiba, 2008.
ZUCOLOTO, K.A.; SISTO, F.F. Dificuldades de aprendizagem em escrita e compreensão em leitura. Interação em Psicologia, jul./dez. 2002, (6)2, p. 157-166.
53
Anexos
54
ANEXO 1
55
ANEXO 2
QUESTIONÁRIO
Nome da criança:___________________________________________________________
Série escolar:______________________________________________________________
Classificação da fissura:_____________________________________________________
Nome da mãe:_____________________________________________________________
Nome do pai:______________________________________________________________
1- Com que idade o seu filho (a) começou ir para a escola?
______________________________________________________________________
2- Qual o tipo de escola que ele (a) freqüenta?
( ) Particular
( ) Municipal
( ) Estadual
3- Em relação à freqüência escolar, o seu filho(a) é um aluno(a):
( ) Assíduo
( ) Não assíduo
4- O tratamento da fissura interferiu na freqüência escolar do seu filho (a)?
( ) Sim
( ) Não
5- Existe algum relato dos professores que seu filho (a) apresenta alguma dificuldade no desempenho escolar?
( ) Sim
( ) Não
6- Se sim, as informações recebidas referem-se a qual dificuldade:
56
( ) Leitura ( ) Cálculos Matemáticos
( ) Escrita
7- Existe relato dos professores de que ele (a) apresenta alguma dificuldade em relação a:
( ) Relacionamentos
( ) Disciplina
( ) Desatenção
( ) Outros _____________________________________________________________
8- Você acredita que a fissura interfere no desempenho escolar do seu filho(a)?
( ) Sim ( ) Não
9- Como é a sua participação na vida escolar do seu filho(a)?(Pode marcar mais de uma opção).
( ) Participa de todas as reuniões
( ) Participa de algumas reuniões
( ) Não comparece às reuniões
( ) Ao participar das reuniões tem pouca oportunidade de falar com os professores sobre o seu filho(a) especificamente.
( ) Ao participar das reuniões sempre fala com os professores sobre o seu filho especificamente.
( ) Conversa sempre com os professores sobre o desempenho escolar do seu filho(a)
( ) Não obtém informações sobre a vida escolar de seu filho (a)
10- Quando encontra dificuldade seu filho (a) solicita ajuda de:
( ) Colegas de classe ( ) Em casa (pais ou irmãos)
( ) Professores ( ) Não solicita ajuda
11- Como é o comportamento do seu filho (a)?
( ) Tímido
( ) Agitado
57
( ) Triste
( ) Alegre
( ) Irritado
( ) Agressivo
( ) Distraído
( ) Isolado
12- Na escola, ele já recebeu algum apelido por causa da fissura?
( ) Sim. Qual? _________________________________________________________
( ) Não
13- Qual foi a reação dele (a) frente a esta situação?
( ) Agressivo ( ) Afastou-se dos colegas
( ) Magoado ( ) Mostrou-se indiferente
( ) Outros _____________________________________________________________
OBSERVAÇÕES:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
58
ANEXO 3
Termo de Consentimento Pré-Informado
Eu,....................................................................................................................................
RG......................., estado civil.....................,.........anos, residente na..............................
....................................................................................................nº............bairro..............
................................, na cidade de.....................................................................................
Declaro ter sido esclarecido(a) sobre os seguintes pontos:
1. A presente pesquisa intitulada "Dificuldades de aprendizagem em crianças portadoras de fissuras labiopalatinas", de autoria da aluna do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário de Araraquara ? UNIARA, Quezia Oliveira Ribeiro, sob a orientação da Fga Maria Luisa Miceli Silveira Leite, tem por objetivo identificar possíveis problemas escolares em crianças portadoras de fissuras labiopalatinas que possam dificultar o desenvolvimento da comunicação escrita.
2. Para a obtenção dos dados desta pesquisa será utilizado um questionário elaborado pela pesquisadora, que será respondido pelos pais das crianças portadoras de fissuras labiopalatinas, na residência do sujeito em horário pré estabelecido de acordo com a sua disponibilidade.
3. A participação nesta pesquisa está vinculada ao meu consentimento e a minha vontade. Fui orientado (a) pela pesquisadora de que poso retirar o meu consentimento em qualquer momento.
5. O questionário não possui qualquer conotação moral e /ou religiosa. Não apresenta qualquer risco a minha saúde (física e psíquica) e ao meu bem estar geral, assim como em relação a meu/minha filho (a).
6. Não terei qualquer despesa se consentir na participação da pesquisa, assim como, não terei qualquer gratificação da mesma espécie pela participação na mesma.
59
7. Os dados como, nome e idade serão mantidos em sigilo e não haverá nenhum registro de imagem ou som.
8. Os resultados serão utilizados pelas pesquisadoras com a finalidade de contribuição científica.
9. A qualquer momento, se houver dúvidas, fui orientado (a) a procurar pelas duas pesquisadoras Maria Luisa Miceli Silveira Leite e Quezia Oliveira Ribeiro, através dos telefones: (16) 3382 3766 e/ou (16) 8809 2796.
Ciente dos esclarecimentos prestados, consinto participar do estudo "Dificuldades de aprendizagem em crianças portadoras de fissuras labiopalatinas", na qualidade de voluntário (a).
..........................., ............de ..........................de...........
Assinatura:
60
ANEXO 4
TERMO DE CONSENTIMENTO INSTITUCIONAL
Ilma Sra.
Fga. Luciana Andrade Tebet
Presidente da ADAF-RP
Eu, Quezia Oliveira Ribeiro, RG 15.467.033, aluna do 4º ano do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário de Araraquara ? UNIARA, solicito consentimento para analisar os prontuários dos pacientes desta Instituição, diagnosticados como portadores de fissuras labiopalatinas, cuja finalidade é o desenvolvimento do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), intitulado "Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas", orientado pela professora Fga Maria Luisa Miceli Silveira Leite.
Responsabilizo-me pelo sigilo dos dados, sem divulgação dos nomes dos pacientes dentro dos preceitos éticos da Fonoaudiologia e também pela entrega dos resultados à esta Instituição e a divulgação no meio científico. Responsabilizo-me também a manter a organização dos prontuários e/ou ambientes utilizados, bem como cumprir os horários estabelecidos.
Araraquara,_____de____________de 2009
___________________________ ___________________________
Quezia Oliveira Ribeiro Maria Luisa Miceli Siveira Leite
Aluna Orientadora
Eu, Luciana Andrade Tebet Presidente da Associação de Deficiente Auditivos e Fissurados de RibPreto,(ADAF-RP), autorizo a aluna.............................................................. a desenvolver sua pesquisa, neste Centro para o desenvolvimento do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Assinatura: Data: