DIFERENTES MODELOS DE ESCOLAS NA ATUALIDADE: ESCOLA DA PONTE (Portugal) E SUMMERHILL SCHOOL (Inglaterra).

Por Fábio Santos de Andrade | 08/08/2009 | Resumos

Resenha acerca do tema: Diferentes modelos de escolas na atualidade: Escola da Ponte (Portugal) e Summerhill School (Inglaterra).

FÁBIO SANTOS DE ANDRADE

Julho de 2009

ESCOLA DA PONTE (PORTUGAL)

A escola da Ponte foi criada em 1976, pelo Professor José Francisco de Almeida Pacheco, esta localizada, na cidade do Porto em Portugal, defende que é indispensável alterar a organização das escolas e questionar as práticas educativas tradicionais. Para ele, é urgente interferir humanamente no íntimo das comunidades humanas, questionar convicções e, fraternalmente, desassossegar os acomodados. Na Escola da Ponte as crianças decidem o que e com quem estudar. Em vez de tempo determinado para cada aula e turmas, há grupos de estudo, independente da idade, o que as une é a vontade de estar juntas e de juntas aprender. Novos grupos surgem a cada projeto ou tema de estudo, sempre formados pelos próprios alunos organizados entre si. E tudo que tem a ver com a escola é decidido pelas crianças nas Assembléias semanais, presididas por uma diretoria eleita pelas e entre as próprias crianças. Na escola, vive-se a democracia plenamente e aprende-se cidadania.  Além de aprender os conteúdos em seu próprio ritmo, as crianças são livres, têm direitos e deveres, todos decididos e registrados em conjunto. A Escola da Ponte na época era exatamente igual a todas as outras. Entre as mudanças, optou-se por destruir os 'muros pedagógicos' que eram as paredes, turmas e salas de aulas. Construiu-se um espaço aberto onde todos os professores estão disponíveis para todos os alunos, sem paredes a dividir um grupo de estudos do outro.

Pacheco explica que na Escola da Ponte, os alunos aprendem todo o conteúdo curricular ensinado na totalidade das escolas portuguesas. A diferença é que isso é feito respeitando-se o ritmo de aprendizagem de cada aluno. Não há turmas, nem aula expositiva do professor, também não há sala de aula e nem paredes para separar um grupo de alunos do outro. Os grupos são formados por afinidades e interesse de aprendizagem pelos próprios alunos. São os alunos que decidem o que e com quem estudar. E os professores estão lá, atentos e disponíveis para todos os alunos. Quando um aluno não consegue respostas para um determinado trabalho, escreve num papel Preciso de Ajuda e, aguarda até que um professor o procure. Mas antes de dar a resposta, o professor pergunta todos os passos dados até não conseguir as respostas que precisava para alcançar os objetivos do trabalho.

As dúvidas e perguntas sem resposta na pesquisa em fontes diversas e na interação com os colegas, poderão ser desvendadas no encontro do grupo com um professor - a chamada "aula direta". Trata-se de um encontro do pequeno grupo com o professor, quando os alunos o solicitam.

Os professores só poderão dar respostas se os alunos lhes dirigirem perguntas. Só participa do encontro quem deseja e externa este desejo.

Pacheco acredita que qualquer escola pode fazer a mesma coisa. Para tanto, basta à equipe optar por alterar, transformar a prática, fundamentando teoricamente estas ações.
"Qualquer escola pode fazer o mesmo, ou até melhor, mas é importante que a equipe queira, porque é um trabalho que precisa ser coletivo, trata-se de construir um projeto de escola e cidade educativa", explica. É, portanto, um trabalho de equipe que faz o professor superar o desgaste e ajuda a ultrapassar os obstáculos.  O simples fato de não estar sozinho numa sala, ter uma perspectiva de toda a escola e não só daquele grupo controlado por si, ajuda o professor a não encarar tudo com aquela frieza resultado da solidão vivenciada em sala única.

"Os professores da Escola da Ponte fazem tudo com mais vontade, dão mais de si, pois se sente parte de uma equipe, uma "família". E em família, as pessoas sentem-se amadas e há a inter-ajuda", completa.O projeto da Escola da Ponte é, de certo modo, um projeto eclético, por adotar contributos de diferentes origens, modelos, autores, correntes... É nossa convicção que um projeto só poderá encontrar sentido e sustentabilidade se for escorado numa permanente interrogação das suas práticas e escapar à vertigem de fundamentalismos pedagógicos. Todo o contributo que faça sentido no projeto é integrado, avaliado, transformado em função do contexto e seres-autores. Rejeitamos as teorias, propostas metodológicas, os modelos, as "modas", por mais bem embrulhadas e recomendadas que cheguem até nós, se não fizerem sentido. É só isso: o quanto baste de sensibilidade e bom senso. Em 2003, o Ministério da Educação de Portugal encomendou a uma equipe da Universidade de Coimbra uma avaliação da Escola da Ponte. Entre outras conclusões extraídas do relatório de avaliação, ressalta um trabalho estatístico realizado com as notas de pauta atribuídas pelos professores, em cada trimestre dos últimos 20 anos. Isto é, foram comparados os resultados obtidos pelos ex-alunos da Escola da Ponte com as classificações obtidas pelos alunos oriundos de outras 20 escolas que a escola de 5ª série acolheu. Os avaliadores concluíram que os ex-alunos da Ponte obtiveram melhores resultados no currículo de 5ª série que os ex-alunos de outras escolas. Mas esta constatação - que para os governantes foi decisiva para o apoio que agora disponibilizam ao projeto - não tem para nós nenhum significado. A classificação não é o mais importante o importante é saber que as crianças estão se socializando cada vez mais.

SUMMERHILL SCHOOL (INGLATERRA)

Summerhill é uma escola inglesa, fundada em 1921 por Alexander Sutherland Neil, que faleceu em 1973. É uma das pioneiras dentro do movimento das escolas democráticas. Atende crianças do ensino fundamental e do ensino médio. Atualmente a diretora é a filha de Neil, Zoe Readhead. Em Summerhill os alunos não são obrigados a frequentar as aulas. Mas uma vez que se decidam a frequentá-las, são obrigados a manter a disciplina e respeitar seus colegas e professores. Segundo Neil, muito tempo se perde forçando crianças a frequentar aulas antes do tempo, quando seus interesses e atividades não condizem com estar sentado em uma sala de aula, reprimindo sua natural energia e vontade de explorar o mundo com suas próprias mãos. Crianças de sete a dez anos raramente se interessam em assistir aulas, porém o tempo supostamente perdido é rapidamente recuperado quando se decidem a frequentá-las. A escola é administrada pelos próprios alunos. Em assembléias semanais, os alunos decidem as regras e como a escola devem funcionar. Em determinados casos, crianças de sete anos eram líderes das assembléias, e eram respeitadas. Summerhill atende alunos de 5 a 16 anos. As crianças são divididas em três grupos etários: dos 5 aos 7 anos, dos 8 aos 10 anos, dos 11 aos 15 anos.

As crianças dormem na escola durante todo o período letivo e são instaladas por grupos etários com uma "mãe-de-casa" para cada grupo. Os alunos não sofrem inspeção nos quartos e ninguém é responsável por pegar os objetos pessoais deixados fora do lugar, além é claro do próprio dono.

As manhãs são destinadas para as lições e as tardes são livres para atividades diversas que as crianças desejem desenvolver. Apesar de os alunos não serem obrigados a participar das aulas, um grupo pode expulsar de uma aula um aluno faltoso por atrapalhar o andamento dos trabalhos.

Muito do que A. S. Neil prega é certamente controverso e será rotulado por muitos como heresia da pior espécie. Entretanto, dos muitos ensinamentos que Neil nos deixou, o mais importante é o respeito integral ao aluno, respeito às diferenças. Summerhill, antes de tudo, é uma escola (ela ainda funciona, mesmo depois da morte de seu fundador) onde se respira liberdade e onde as crianças são confiantes e felizes.

Muitas teorias são feitas sobre o que uma escola deve ensinar, o que é outra das grandes tragédias da educação. Summerhill acerta em cheio ao propiciar meios para que seus alunos sejam confiantes e felizes. Aprender, o que quer que seja, fica muito mais fácil nestas condições.

A função de uma criança é viver a sua própria vida - não a vida que seus pais ansiosos pensam que ela deve viver, nem uma vida de acordo com o propósito do educador que pensa que sabe o que é melhor. Toda esta interferência e orientação da parte dos adultos apenas contribuem para formar uma geração de robôs.

O jeito certo para se educar eu não sei qual seja, mas o que devemos buscar em educação é oferecer o ambiente e o meio para um desenvolvimento sadio e feliz das crianças. O resto se arruma por si só.

CONCLUSÃO

No caso da Escola da Ponte é claro que existe um currículo a nível nacional que deve ser seguido, mas, isso não impede que a Escola da Ponte trabalhe de uma maneira diferenciada com vista é claro à liberdade do aluno. Em Summerhill nós não sabemos se existe um currículo a ser seguido, sabe-se que a liberdade nesta instituição de ensino é bem mais abrangente que na Escola da Ponte. Posso afirmar entretanto, sem medo de errar, que a abordagem básica de qualquer método educacional deve ser o respeito total ao aluno, integral e sem restrições, e é isso sem restrições que a Escola da Ponte em Portugal e a Summerhill School na Inglaterra, fazem, respeitar as vontades de seus alunos em todos os sentidos.

Referências Bibliográficas

Site: aprendebrasil.com.br/entrevistas

Site: escolaonline.com.br