DIAGNÓSTICO DA INCLUSÃO DO DEFICIENTE VISUAL NO ENSINO REGULAR...

Por marlene_afmt | 07/09/2017 | Educação

DIAGNÓSTICO DA INCLUSÃO DO DEFICIENTE VISUAL NO ENSINO REGULAR, SEGUNDO A OPINIÃO DOS PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO DA ESCOLA ESTADUAL JAYME VERÍSSIMO DE CAMPOS JÚNIOR, EM ALTA FLORESTA-MT, NO ANO DE 2017.

 

Marlene Avancini [1]                        

Edinalva dos santos Avancini[2]

Eliane borges ferreira³

 

RESUMO

 

 

Uma vez que a educação inclusiva desafia a escola e seus educadores, a identificar e buscar respostas educacionais à dificuldades apresentadas por seus alunos, faz-se indispensável possibilitar aos educadores e gestores a construção de conhecimentos, pois diante de tantas e diferentes necessidades, a escola deve ser adaptativa, capaz de conviver, aprender e ensinar com a “diferença”.  Dentro deste contexto, objetivou-se verificar as principais dificuldades encontradas pelos educadores para trabalhar com alunos que possuem deficiência visual. Foi utilizado o método indutivo e na coleta de dados a técnica de observação direta extensiva, através de questionários. Ao final da pesquisa pode-se verificar que a maior dificuldade dos educadores para trabalhar com os alunos deficientes visuais é a falta de capacitação dos professores. Verificou-se também que o professor utiliza a mesma metodologia para todos os alunos em sala de aula sem ter uma diferenciação para o aluno com deficiência visual. Constatou-se que o espaço físico da escola não está adaptado para a acessibilidade dos alunos deficientes visuais e que os professores não estão capacitados para atender os alunos deficientes visuais. Assim, percebe-se que a inclusão educacional só poderá existir plenamente, quando se reconhecerem a diversidade que a constitui, respeitar essa diversidade e se ajustar, transformando-se e providenciando todos os tipos de suporte de acordo as necessidades do aluno.

 

Palavras-chave: Deficiente Visual. Inclusão. Diversidade.

 

ABSTRACT

 

Since inclusive education challenges the school and its educators, identify and seek educational responses to the difficulties presented by their students, it is essential to enable educators and managers to build knowledge, because in the face of so many different needs, the school Must be adaptive, able to live, learn and teach with "difference." Within this context, the objective was to verify the main difficulties encountered by educators to work with students who are visually impaired. It was used the inductive method and in the data collection the technique of extensive direct observation, through questionnaires. At the end of the research it can be verified that the greatest difficulty of the educators to work with the visually impaired students is the lack of qualification of the teachers. It was also verified that the teacher uses the same methodology for all students in the classroom without having a differentiation for the student with visual impairment. It was found that the physical space of the school is not adapted for the accessibility of the visually impaired students and that the teachers are not able to attend the visually impaired students. Thus, it can be seen that educational inclusion can only exist fully, when it recognizes the diversity that constitutes it, respect this diversity and adjust, transforming and providing all kinds of support according to the needs of the student.

 

Keywords: Visual deficiency. Inclusion. Diversity.

 

INTRODUÇÃO

 

 

Atualmente a educação tem um grande desafio, de transformar a exclusão em inclusão, para que os alunos considerados “normais” e ou com necessidades especiais possam ter direito à educação em sua totalidade, é imprescindível que a escola aprimore suas práticas, a fim de atender as diferenças e tornar possível a igualdade para todos.

Assim a escola deve criar um processo de interação mútua entre alunos e professor, ou seja, criar um clima diferenciado e ao mesmo tempo favorável à produção de conhecimento e ao convívio social que tende a ser significativo e dinâmico para o aluno, pois o processo de inclusão vai muito além da inserção dos educandos na escola, determinando uma transformação na estrutura social vigente, organizando assim, uma sociedade que atenda aos interesses de todos os indivíduos com necessidades especiais.

O objetivo desta pesquisa é verificar as principais dificuldades encontradas pelos educadores para trabalhar com alunos que possuem deficiência visual. A apresentação do trabalho está disposta em tópicos que discorrem sobre o deficiente visual, a escola inclusiva, a educação inclusiva e a importância da formação do professor da educação especial.

Escolheu-se o tema visto que, a inclusão é um movimento com apenas um interesse: construir uma sociedade para todos. Mesmo sendo muito recente o movimento sobre inclusão, o conhecimento das diferenças que se apresentam em cada criança que será incluída torna-se fundamental neste processo.

Diagnóstico da Inclusão do deficiente visual no ensino regular, segundo a opinião professores do Ensino Médio da Escola Estadual Jayme Veríssimo de Campos Júnior  em Alta Floresta-MT, no ano de 2017.

Será que os professores da Escola Estadual Jayme Veríssimo de Campos Júnior têm dificuldade em trabalhar o processo de ensino-aprendizagem com os alunos  que possuem deficiência visual?

O referido trabalho tem como objetivo geral verificar as principais dificuldades encontradas pelos educadores para trabalhar com alunos que possuem deficiência visual. Sabe-se que é do interesse da sociedade que seus cidadãos sejam educados, instruídos e formados, e que este é o fundamental papel da escola, administrá-la de maneira adequada e eficaz é uma das condições para que desempenhe o seu papel.

A escola sempre esteve aberta à diversidade e hoje mais do que nunca, não há mais possibilidade de impedir ou retroceder, agora é enfrentar o desafio e vencê-lo. A escola necessita absorver, digerir e assimilar, criando novas competências para atender à diversidade existente na sociedade.

Na Educação Inclusiva, a proposta ressalta que não se retire a criança da classe comum e que, além disso, ela receba um atendimento mais elaborado, ou seja, de acordo com suas necessidades.

Para que haja uma inclusão satisfatória a pessoa cega e a família deverão receber a ajuda necessária, com uma equipe organizada que deve envolver vários especialistas, tais como: oftalmologista, psicóloga, psicopedagoga, assistente social, professor itinerante e professores conscientes que favoreçam a inclusão.

Assim, faz-se necessário reverter o jeito de pensar, e de fazer educação nas salas de aula, de planejar e de avaliar o ensino, de desenvolver e aprimorar o educador, especialmente os que atuam na educação infantil e no ensino fundamental.

Espera-se que este trabalho aponte alguns enfoques que venham a contribuir para que os educadores de uma forma geral reflitam sobre suas práticas, pois para que o movimento de inclusão tenha sucesso, é necessário estar atento à qualidade do ensino que está sendo oferecido à comunidade em geral, que ele seja realmente especializado para todos.

           

2. EMBASAMENTO TEÓRICO

 

A inclusão no âmbito escolar é um movimento cujo maior interesse é construir uma sociedade de igualdade para todos. O movimento sobre inclusão é uma temática recente, sendo ainda desconhecidos de muitos profissionais da educação. As deficiências apresentadas pelos alunos devem ser estudadas e conhecidas pelos professores, tornando-se necessário um conhecimento teórico e prático das diferenças e deficiências apresentadas pelas crianças que serão incluídas no processo de Ensino e Aprendizagem.

Um dos grandes desafios da inclusão é a elaboração de uma política educacional voltada para o estabelecimento de uma escola realmente aberta a alunos com suas diferenças, escola esta acessível a todos, dando-lhes garantia de que seus direitos serão respeitados.

Para a escola e os professores a educação inclusiva é ainda um desafio, visto que os professores precisam buscar muitas respostas para as suas práticas. Vale ressaltar que a formação dos professores é apontada como um elemento-chave para a melhoria da educação. Trata-se de repensar o sistema educativo como um todo, de se atrever a ensaiar outras formas de entender os contextos nos quais se ensina e se aprende.

Segundo o caput do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. No entanto, sabe-se que da legislação às práticas sociais há uma grande distância, vive-se numa sociedade que supervaloriza algumas formas em detrimento de outras.

Na sociedade onde “o perfeito”, “o belo”, “o normal” é definido por padrões de grupos dominantes, os que não se enquadram em tais padrões ficam excluídos. São muitos os casos de exclusão existentes na sociedade e uma delas é a que acontece com pessoas com necessidades especiais.

Durante milênios na História da Humanidade, essas pessoas não tiveram oportunidade de se educar, vivendo, em regra, marginalizadas, socialmente, vítimas de preconceitos e discriminações generalizadas, sendo considerados como “seres totalmente incapazes ao trabalho e à guerra”, atividades essenciais de valorização do homem à época”.  (LEMOS 2001, p. 10)

Os tempos mudaram, apesar de descrenças, preconceitos e discriminações continuem imperando, sobre as verdadeiras possibilidades de quem possui alguma necessidade especial o que certamente dificulta, não impedem a inclusão e as inúmeras conquistas alcançadas socialmente nas mais diferentes atividades da vida humana.

            Assim, a educação para alunos especiais necessita ser de qualidade, não podendo ser feita de forma indiscriminada, ou seja, incluir por incluir. A pessoa com necessidades especiais necessita de uma boa educação para continuar lutando contra o preconceito e a discriminação que ainda sofre nos dias de hoje.

Em função deste fato, entender o que vem a ser o conhecimento e quais são as suas implicações no ramo da ciência da administração tornou-se um fator decisivo para uma gestão eficaz e eficiente, onde a escola e a democracia são normalmente associadas por grande parte das pessoas, incluindo os educadores, pois, teoricamente trata-se de uma instituição a que todos têm direito. No entanto a partir da década de 70, a escola passou a ser questionada quanto o seu papel de inclusão social.

Essa exclusão escolar está diretamente relacionada às práticas e ações da mesma. São considerados exemplos destas práticas a gestão centralizadora, a relação distante entre professores e alunos, e destes com os saberes e a forma de divisão dos alunos em classes, dentre outros (PORTER, 2005, p. 37).

Sabe-se que atualmente é possível pensar em uma educação mais inclusiva, baseadas em processos participativos, constituindo ciclos de aprendizagem mantidos por um currículo multicultural de uma instituição é um sonho, cuja realização vem resolver o problema da evasão e do fracasso escolar, pois os problemas administrativos muitas vezes originam dificuldades que acabam sendo passadas ao aluno que afasta-se da escola para evitar confrontos.

Deve-se atentar também para o fato de a escola estar inserida em um ambiente que está em constante transformação. Diferentes culturas, novas tecnologias, distintas pessoas estimulam a modificação dentro da escola. Portanto, a escola precisa estar sempre em sintonia com o ambiente externo, pronta para se adequar aos novos cenários.

 

A Educação Inclusiva

 

            A humanidade foi evoluindo de acordo com as crenças, valores culturais, concepção de homem e mudanças sociais que ocorreram nos distintos períodos históricos. Assim sendo, na antiguidade o indivíduo com alguma deficiência era apresentado como aleijado, mal constituído, anormal ou deformado. Compreendido como degeneração da raça humana, essa pessoa era abandonada ou eliminada.

A eliminação dos cegos e dos considerados inválidos não se dava somente pelas difíceis condições de vida da época. Nas sociedades primitivas, acreditava-se que as pessoas cegas eram possuídas por espíritos malignos e manter uma relação com estas pessoas significava manter uma relação com o espírito mau. O cego, então, convertia-se em objeto de temor religioso. Em outros casos, muitos frequentes entre os primitivos, a cegueira era considerada um castigo infligido pelos deuses, e a pessoa cega levava em si mesma o estigma do pecado cometido por ele, por seus pais ou seus avós. (MECLOY, 1974, p. 32).

Segundo Lemos (2001), na Idade Média, com o apogeu do Cristianismo, as pessoas com necessidades especiais passam a ser alvo de proteção, caridade e compaixão. Ao mesmo justifica-se a deficiência pela expiação de pecados ou como passaporte indispensável ao reino dos céus. Surgem assim, as primeiras instituições asilares com encargo de dar assistência e proteção às pessoas deficientes.

Para Porter (2005), a Educação protagoniza na história da deficiência, de maneira especial. A escola, como se sabe, é uma extensão da família e da sociedade. Na escola o indivíduo passa a fazer parte do mundo do conhecimento e também passa a ser parte integrante de uma sociedade, onde será preparado para o futuro, ou seja, para o trabalho.

O trabalho é fundamental para que uma sociedade sobreviva e perpetue a espécie humana. Para Porter (2005), quando os alunos com necessidades especiais passam a frequentar a escola, seus valores sociais ganham novas perspectivas e os estigmas relacionados à diversidade se transformam em respeito.

Em 1919, cria-se em São Paulo as classes especiais e de formação de pessoal especializado para este trabalho, por intermédio do Serviço de Higiene Mental e Saúde Pública. Em 1921, três europeus (Theodora Simon, Arthur Perrelet e Helena Antipoff) chegam em Belo Horizonte com o propósito de trazer aos brasileiros novos paradigmas sobre a educação de             pessoas com necessidades especiais (PORTER, 2005, p. 42).

Segundo Lemos (2001), nos anos 40, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) já estava ganhando vida através da Escola Paulista de Medicina. Nos anos 60, a APAE já está consolidada como uma instituição de educação de deficientes, e, em 1964, a Associação Brasileira para o Estudo da Deficiência Mental (ABDM) reforça os propósitos educativos e sociais da APAE, pelo comando do médico Stanislau Krynski, até o final da década de 70.

De acordo com Porter (2005), neste mesmo período, o Ministério da Educação, começa a implantação de classes especiais em escolas de ensino regular em todo o país. A preocupação com a capacitação de educadores também estava inserida nos planos do MEC, mas a maior atenção foi oferecida à educação de surdos e cegos, almejando a sua inserção no mercado de trabalho.

A Secretaria de Ensino Especial foi criada muitos anos depois, em 1992, por meio da Lei 8.490, por influência da Resolução 45/91das Nações Unidas que trata sobre a questão da inclusão. A demorada criação dessa secretaria a nível nacional explica que a questão da deficiência no nível educacional, não se encontrava nos planos do governo. Atualmente, pode-se contar com diversas leis que auxiliam educacionalmente o indivíduo com necessidades especiais.

Porter (2005) salienta que nas décadas passadas, a inclusão já era algo almejado por muitos médicos e educadores. Na Suécia, Noruega, Islândia e Dinamarca já praticam a inclusão desde 1959. Em 1979, no México foi documentada a primeira escola inclusiva da América Latina e no Brasil, as coisas ainda caminhavam devagar.

Faz-se necessário refletir sobre a questão da inclusão e se esse termo inclusão não é mais uma palavra demagógica numa sociedade marginalizadora como a brasileira.

A visão é a parte fundamental da atuação total dos sentidos na manutenção do equilíbrio. Segundo Mazzotta (1992) a perda da visão afeta de 3 maneiras a mecânica do andar, perda do senso de justeza dos passos, diminuição do equilíbrio e deficiência dos reflexos de produção.

Mazzotta (1992) em seus estudos assinala a importância dos dois componentes da mobilidade; a orientação mental e locomoção física. Orientação mental definida como habilidade do indivíduo para reconhecer seu meio ambiente e suas próprias relações temporais e especiais, locomoções física como o movimento do organismo para ganhar o espaço por meio de seu mecanismo orgânico. De natureza diferente, ambas as funções são necessárias para mobilidade.

Tanta mobilidade quanto locomoção referem-se a movimento, por isso parecem sinônimos. No entanto, cada uma representa um conteúdo muito particular. Assim, a mobilidade refere-se à capacidade de movimento em resposta a estímulos internos ou externos, englobando a realização do movimento em todas as áreas do corpo, em equilíbrio estático ou dinâmico, enquanto a locomoção refere-se à capacidade do indivíduo mover-se sistemática e racionalmente de um lugar a outro.

                                      O cego deve fazer uso de todos os sentidos no esforço da orientação,              necessitando de um “mapa mental” para guiá-lo e também fazer uso de sua         experiência para reconhecer situações de seu ambiente, “da memória                                                   muscular” e do “sentido do tempo’’ gasto para realizar determinado percurso              (BRASIL, 1982, p. 22).

            O treinamento da mobilidade para o cego sob todas as condições até o uso da bengala constitui área de interesse dos educadores e técnicos em reabilitação, sendo parte essencial do ajustamento individual nesta deficiência.

            Segundo Fonseca (1997), o deficiente visual de cegueira congênita ou precoce, geralmente tem problema de postura, maneirismo, rigidez corporal, falta de coordenação no andar, movimentos corporais excessivos, inadequados ou mal dirigidos, ausência de expressões faciais.  As pessoas com visão subnormal e de cegueira com resíduo visual são tipicamente relacionadas com as características anteriores de acordo com a utilização do resíduo visual que possuem.

            Nenhuma diferença existe, entretanto, sob o aspecto intelectual, entre os deficientes visuais e as pessoas dotadas de visão, assim toda a potencialidade do deficiente visual pode vir a tona no desenvolver da capacitação do raciocínio, compreensão, de conceitos abstratos, percepção de fatos essenciais e discernimento de relações importantes através de uma igualdade de condição com a criança vidente, isto é, não limitando o seu contato com o mundo.

            Ao entrar para a escola o deficiente visual está em atraso com a aprendizagem da criança vidente pelo seu limitado contato com o mundo, pela falta de visão embora isto seja passível de recuperação no que se refere à inteligência e aptidões para a aprendizagem.

            Para Mazzotta (1992) apesar da incapacidade visual, têm condições assim, os cegos, de estruturar conhecimentos dos mais simples aos mais complexos, pela utilização plena dos sentidos remanescentes, sem que isso implique nenhuma compensação sensorial.

            Parte daí a importância da escola na vida do deficiente visual. A criança cega entrega somente ao grupo familiar provoca uma inadequada situação onde muitas vezes os deficientes visuais agem como se fossem deficientes mentais em virtude de privação cultural e experiência de vida que geralmente e infelizmente não ocorre.

A Educação Especial está amparada pela Constituição Federal de 1988 que prevê como dever do Estado o atendimento educacional especializado aos indivíduos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.

Portanto, o aluno com necessidades especiais deve cursar o ensino regular, porque é um cidadão com os mesmos direitos que outro aluno e porque ele necessita conhecer o ambiente social dos “normais” com quem ele conviverá sempre.

Nesse sentido cabe a escola e o seu gestor, elaborar o projeto político pedagógico, que deverá prever cursos de capacitação de professores, assessorias e encontro da equipe pedagógica com professores ou instituições especializadas no processo ensino-aprendizagem do aluno com necessidades especiais. Esse projeto pedagógico torna-se relevante para a comunidade visto que todos os alunos  com problemas de aprendizagem seriam alvos das políticas de inclusão, e não somente os alunos com necessidades especiais.

A UNESCO, com muito propriedade se manifesta a esse respeito, assegurando em seus documentos, que a inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais procede de um processo de reforma total do sistema educativo tradicional, “cuja meta é a criação de uma escola comum que ofereça uma educação diferenciada a todos, em função de suas necessidades e num marco único e coerente de planos de estudos” (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994).

Uma educação que tenha compromisso com a cidadania e com a constituição de uma sociedade democrática e não excludente necessita promover o convívio com a diversidade, pois esta é uma qualidade da vida social brasileira. Para isso, a escola inclusiva necessitará ser uma meta buscada por todos os cidadãos empenhados com o fortalecimento de uma sociedade democrática, justa e solidária.

Assim sendo, a política nacional de educação especial no Brasil prevê alternativas de atendimento educacional às pessoas com necessidades educacionais especiais que favoreçam, prioritariamente, a sua inclusão escolar.

No Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal nº 8069/1990) a Educação Especial é ressegurada o dever do Estado de garantir o direito à educação à criança e ao adolescente, e que o atendimento educacional, deverá ser oferecido, preferencialmente na rede regular de ensino.

Na LDB 9394/96, a Educação Especial foi contemplada com um capítulo, “educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”. O Artigo 58º dessa lei estabelece que se entende por Educação Especial:

Modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos que apresentam necessidades especiais, e que haverá quando necessário serviço de apoio especializado, na escola regular para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino.

Portanto, há mais de uma década a legislação brasileira vem garantindo a matrícula obrigatória de alunos com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino. A política de inclusão dos educandos com necessidades educacionais especiais também vem sendo defendida em praticamente todo o campo da comunidade educacional.

A inclusão dos alunos com necessidades especiais no ensino regular é bem mais do que inserir simplesmente o aluno em uma classe regular. Na escola, a inclusão do aluno com necessidades especiais é um procedimento, que envolve ingresso, permanência e sucesso, sendo que o sucesso envolve o rendimento escolar do aluno e sua interação social com a comunidade escolar.  A escola deve primeiramente “integrar” o aluno em classe regular. “Pela integração, o aluno tem acesso às escolas por meio de um leque de possibilidades educacionais, que vai da inserção às salas de aula do ensino regular ao ensino em escolas especiais”. (MANTOAN, 1999, p. 68)

O Governo Federal determina que crianças com necessidades especiais deve frequentar escolas comuns, os educadores que não estão devidamente preparados para conviver com a diversidade humana simplesmente os colocam na sala de aula em geral no fundo da sala onde ficam isolados sem “perturbar” os demais colegas, sem parar para pensar que a troca  de experiências fariam com que um crescesse com o outro.

Quando se fala em integração ou inclusão temos que pensar que tudo isso desenvolve nos sentimentos de solidariedade humana, de afeto, fazendo com que o ser humano tenha uma visão mais generosa do que significa ser companheiro, ser colega, ser leal, ter compreensão da ética nas relações humanas.

Nas situações de integração escolar, nem todos os alunos com deficiência cabem nas turmas de ensino regular, pois há uma seleção prévia dos que estão aptos à inserção. Para esses casos, são indicados: a individualização dos programas escolares, currículos adaptados, avaliações especiais, redução dos objetivos educacionais para compensar as dificuldades de aprender. Em uma palavra, a escola não muda como um todo, mas os alunos têm de mudar para se adaptarem às suas exigências (MANTOAN, 1999, p. 75)

A integração escolar pode ser percebida como o especial na educação, ou seja, a aproximação do ensino especial ao regular, gerando um inchaço desta modalidade, pelo deslocamento de profissionais, recursos, métodos, técnicas da educação especial às escolas regulares.

Quanto à inclusão, esta discute não apenas as políticas e a organização da educação especial e regular, mas também o próprio conceito de integração. Ela é conflitante com a integração, pois presume a inserção escolar de maneira radical, completa e sistemática. Todos os alunos, sem restrições, devem cursar as salas de aula do ensino regular.

Dessa forma os termos integração e inclusão, embora tenham sentidos similares compreendem formas diferentes de inserção. A integração implica a inserção da pessoa com necessidades especiais, apta para conviver na sociedade. Já a inclusão sugere a mudança da sociedade como pré-requisito para que a pessoa com necessidades especiais possa procurar seu desenvolvimento e desempenhar a sua cidadania. A inclusão provoca e determina que a escola brasileira tenha novos posicionamentos perante os processos de ensino e de aprendizagem.

Para Lemos (2001, p. 45). “O termo “inclusão” só tem sentido e significado para os deficientes, quando representa e expressa a realidade de uma participação ativa de convivência, em qualquer grupo social”. 

Assim, por exemplo, na escola, só há inclusão de fato, se o aluno tem rendimento escolar durante o processo ensino-aprendizagem. Não basta também somente a presença do aluno em sala de aula, pois, sem interação com o professor, sem aprendizagem, sem aquisição de conhecimento, sem ciência, sem cultura, não se pode falar em inclusão.

Por tudo isso, a inclusão implica uma transformação de perspectiva educacional, pois não se restringe aos alunos com necessidades especiais e aos que possuem problemas de aprendizado, mas a todos os demais, para que não fique margem do sistema educacional.

Segundo Lemos (2001), muitos educadores ainda confundem Integração com Inclusão e isso também confunde a família e a sociedade como um todo. Às vezes, uma escola com a filosofia da Inclusão é meramente uma escola voltada à integração e vice-versa. É preciso que os dois conceitos estejam claros aos profissionais de educação, porque uma educação não pode ser integradora e inclusiva ao mesmo tempo; e o que está acontecendo também em muitas instituições educacionais é a mera inserção do aluno com necessidades especiais no âmbito escolar, sendo que este não está sendo integrado, nem incluso, apenas frequentando a escola.

No movimento de integração a pessoa com necessidades especiais da escola regular, por exemplo, é aceito que se coloque junto com os outros na mesma sala de aula, mas não é exigida da escola uma mudança de postura. Já no movimento em prol da inclusão é a escola que deve se adequar aos seus alunos seja eles quem for.

A escola é quem tem que descobrir respostas educativas para as necessidades específicas de cada aluno, quaisquer que sejam eles. Assim, para que a inclusão tenha êxito, faz-se necessário que o ensino oferecido à comunidade em geral, seja realmente especializado para todos.

De acordo com os PCNs (1998), o conceito de escola inclusiva para Educação Especial, insinua que na escola onde o projeto político-pedagógico está incluído o currículo, a metodologia e a forma de avaliar, as estratégias de ensino tem como objetivo oferecer uma educação inclusiva de qualidade, ou seja, ações que visam proteger a inclusão social e as específicas práticas educativas necessárias para atender a todas as necessidades de cada aluno. Isso porque segundo Glat e Fernandes (2005, p. 4), ”[...] numa escola inclusiva a diversidade é valorizada em detrimento da homogeneidade”.

Atualmente percebem-se mudanças nesse sentido a sociedade lentamente caminha na construção de uma escola que possa atender realmente a todos os alunos, seja ele com necessidade especiais ou não.

 Para Fernandes (2005), essa mudança se caracteriza pelos movimentos que defendem a inclusão estar cada dia mais frequente no cotidiano das pessoas, seja pela mídia, por organizações sociais ou por políticas públicas, possibilitando assim uma mudança no sistema educacional brasileiro, ou seja, está surgindo à possibilidade de futuramente termos uma escola que esteja aberta e saiba realmente como acolher as diferenças.

Embora se saiba que as instituições e escolas sofrem com a falta de recursos e de profissionais habilitados, muitos são os casos em que o professor trabalha apenas orientado por uma pessoa mais experiente e às vezes nem assim, são inúmeros os casos em que o profissional sequer tenha recebido um treinamento mais profundo na área em que atua.

A Política Nacional de Educação Especial define como pessoa com necessidades especiais, todo indivíduo que apresente necessidade específica e diferente dos demais, quanto ao domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua própria idade, necessitando assim, “de recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas” (BRASIL, 1998, p.24).

 

            Portanto, os trajetos enfrentados por essas pessoas para conseguirem o direito ao ensino regular conseguiram conquistar seu espaço na educação denominada por pessoas tidas por “normais”, em uma sociedade, que apesar dos avanços, ainda é egoísta e preconceituosa, por não aceitarem o diferente.

            E segundo Fernandes (2005), pensando nessa sociedade preconceituosa, é que surge a pergunta: Será que, atualmente, os professores estão preparados para essa inclusão? Será que estes professores estão tendo apoio técnico nas escolas que já adotaram a inclusão social desses alunos especiais? Será que realmente estas escolas estão seguindo o que a Lei diz quanto a realizar esse tipo de inclusão, ou simplesmente deixam matricular estes alunos e o professor que procure se adequar a essa nova realidade?

Para Mittler (2000), o professor do ensino regular com alunos com necessidade educacionais especiais, devido ao seu despreparo não podem desenvolver satisfatoriamente sua prática pedagógica estando desarticulado de uma rede de apoio especializada, e o pouco recurso didático pedagógico e o salário insuficiente para cumprir as exigências sociais podem desencadear ainda sua baixa auto-estima, refletindo negativamente em sua ação pedagógica.

            Enfim o direito de todos à educação inclusiva é, sem dúvida, uma tarefa difícil, mas perfeitamente possível.

            Faz-se necessário que gestores e professores desviem-se dos obstáculos que às vezes, são criados para impedir a proposta de uma escola para todos, democráticas e abertas às diferenças individuais.

            A formação do profissional em educação especial, no Brasil, é muito delicada, principalmente quando se trata do profissional que trabalhará no ensino regular. Segundo, autores como Goffredo (1992) isso aconteceu porque a implantação da educação inclusiva tem encontrado limites e dificuldades, em virtude da falta de formação dos professores das classes regulares para atender às necessidades educativas especiais, além da infraestrutura adequada e condições de materiais para o trabalho pedagógico junto às crianças com deficiência.

            O que se tem colocado em discussão, principalmente, é a ausência de formação especializada dos educadores para trabalhar com essa clientela, e isso certamente se constitui em um sério problema na implantação de políticas nas quais o sistema educacional, muitas vezes, favorece e estimula a discriminação e a exclusão social.

            Quando o estado, em nome da autonomia e da diversidade, oferece um ensino cada vez mais pobre, com um currículo mínimo “descontextualizado”, carência de recursos econômicos e financeiros e também de recursos culturais, os setores dirigentes, estão na verdade, reforçando as desigualdades sociais. Tais políticas contribuem para que a exclusão social e econômica se mantenha e se aprofunde, porque aos alunos não é oferecida outra expectativa de futuro que não aquela que já se conhece.

            Por isso, as formações ministradas nas universidades deveriam dar mais importância a esse assunto, visto que de acordo com Gotti (1998), a universidade, além de oferecer cursos de aperfeiçoamento e de pós-graduação, também tem o dever de envolver-se, e envolver os acadêmicos em pesquisa sobre o ensino não só aos alunos com necessidades especiais, mas, desenvolvendo métodos que facilitem a aprendizagem de todos os alunos, sejam eles especiais ou não.

            Uma pesquisa realizada por Sant’Ana (2005), revela que além dos professores do ensino regular não estarem preparados para atuar com crianças com deficiências especiais, dizem que não recebem orientação na prática  cotidiana, não tem o apoio familiar e nem o técnico necessário para melhor atender essa clientela, e pior, as classes estão super lotadas e as escolas não tem estruturas tanto físicas, quanto financeiras, como também pedagógicas para atender as necessidades específicas dessa clientela.

            Segundo Fernandes (2005, p. 25), “a inclusão não admite qualquer tipo de discriminação”. Infelizmente a realidade brasileira é outra. O maior problema é que as redes de ensino e as escolas não cumprem a lei. A Constituição garante desde 1988 o acesso de toda a educação, sendo que alunos com necessidades especiais devem receber atendimento especializado, preferencialmente na escola e isso não vem sendo cumprido.

            Por isso, Muller e Glat (1999) divulgam que a educação inclusiva só será concretizada quando o sistema educacional conseguir abranger todas as ações pedagógicas, uma vez que a inclusão deve ser desafiadora. E é em busca desse desafio que os docentes nas universidades devem participar na construção dessa mudança. Ou seja, não se pode pensar na formação de um professor de Educação Especial de maneira isolada, é preciso considerá-la como parte integrante da formação dos profissionais da educação em geral, seja esse profissional um professor atuante, um diretor, um supervisor, os zeladores, enfim, todos os funcionários deverão estar preparados para melhor atender essa nova clientela.

            Neste contexto, segundo Carneiro (1997) é que se descortina o novo campo de atuação da Educação Especial. Não visando com isso importar métodos e técnicas especializados para a classe regular, mas sim, torná-la um sistema de suporte permanente e efetivo para os alunos especiais incluídos, bem como a todos os funcionários da rede educacional. Assim sendo, Educação Especial não será mais idealizada como um sistema educacional paralelo ou segregado, mas como um conjunto de recursos que a escola regular deverá dispor para atender à diversidade de seus alunos.

            Porém para que a inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema regular de ensino se efetive, possibilitando o resgate de sua cidadania e ampliando suas perspectivas existenciais, não basta a promulgação de leis que determinem a criação de cursos de capacitação básica de professores, nem a obrigatoriedade de matrículas nas escolas da rede pública e discussões sobre a inclusão de todo tipo de ser humano. É preciso que linguagem e atitudes se tornem essências da questão do acesso e da aceitação do sujeito com deficiência nos diferentes segmentos da sociedade. Essas são, sem dúvida, medidas primordiais, plausíveis e mais efetivas no processo de inclusão.

            E um dos preceitos ditados pelos PCNs (1998), é que o professor seja especializado em todos os alunos, inclusive os alunos com necessidades educacionais especiais. Para tanto é preciso pensar um modelo de escola que atente para os recursos humanos, mais especificamente para os professores que precisam ser efetivamente capacitados para transformar a sua prática educativa.

            O primeiro passo é o professor conhecer seus direitos e deveres dentro da educação, principalmente quando o assunto é incluir alunos que possuem necessidades especiais, em suas salas superlotadas. A respeito da inclusão, na Constituição Federal, no inciso III do art. 208, relata que o estado tem o dever de garantir o “atendimento educacional especializado aos indivíduos com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.

            No parágrafo 1º do art. 58 da LDB, diz claramente que: “Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular para atender as peculiaridades da clientela de educação especial”, ou seja, cada escola, que esteja abrindo suas portas para a inclusão, deverá ter pelo menos um técnico especializado para dar apoio pedagógico ao profissional que nela atuar.

           

            As políticas públicas para a inclusão devem ser concretizadas na forma de programas de capacitação e acompanhamento contínuo, que oriente o trabalho docente na perspectiva da diminuição gradativa da exclusão escolar, o que virá a beneficiar, não apenas os alunos com necessidades especiais, mas de uma forma geral a educação escolar como um todo.

O desafio é fazer da escola, uma escola especial, uma escola que se especialize em promover a aprendizagem a todos os alunos, que respeite a singularidade educativa do sujeito, que se responsabilize pelos índices de repetência e evasão, que não condene parte dos educandos ao fracasso, a serem considerados sujeitos educativos especiais, com projetos educacionais diferentes, muitas vezes menores e irrelevantes, ou seja, que tenha uma política de educação de cunho inclusivo, e não prime pela exclusão (RODRIGUES, 2012, p. 15).

            Contudo, as dificuldades enfrentadas no processo de ensino-aprendizagem pelos professores não devem se restringir apenas aos alunos com necessidades educacionais especiais, mas sim a todos os alunos. Por isso a necessidade de uma boa formação acadêmica, uma vez que esta tem como finalidade formar profissionais críticos que consigam questionar à sua formação que no momento, não consegue prepará-los para ajustar o seu fazer pedagógico às necessidades dos seus alunos, tenham estes necessidades educacionais especiais ou não.

 

3 MATERIAIS E MÉTODOS

 

Para a realização da presente pesquisa, optou-se pelo método de abordagem indutivo em que, a partir dos dados particulares coletados por meio de questionários, contendo perguntas abertas e fechadas, para identificar a opinião de 10 professores da Estadual Jayme Veríssimo de Campos Júnior.

As técnicas utilizadas na pesquisa para a obtenção dos dados foram documentação indireta com pesquisa em livros, internet, artigos e revista. E documentação direta extensiva com a entrega de questionários aos pesquisados.

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Conforme análise gráfica dos dados coletados através dos questionários respondidos pelos professores da Escola Estadual Jayme Veríssimo de Campos Júnior, do município de Alta Floresta - MT, chegou-se aos seguintes resultados:

Segundo os pesquisados 70% são do sexo feminino; 50% têm entre 26 a 33 anos; 50% são casados, conforme respostas dadas as perguntas 1, 2 e 3 respectivamente.

De acordo com os professores, 70% responderam que têm renda mensal de 1 a 3 salários mínimos, 40% trabalham na escola de 1 a 5 anos e 70% responderam que o nível de formação é a graduação, conforme respostas dadas nas perguntas  4, 5 e 6 respectivamente.

Conforme os professores pesquisados, 60% responderam que já fizeram curso de capacitação para trabalhar com alunos especiais e 40% responderam que a inclusão possibilita igualdade e oportunidade para todos, conforme respostas dadas nas perguntas 7 e 8 respectivamente.

O papel da escola no processo de inclusão é acolher a todos com igualdade e que o processo de inclusão é encaminhar os que necessitam a sala de recursos, com professores com formação continuada e cursos.

De acordo com os pesquisados 60% responderam que não utilizam metodologia diferenciada em sala de aula para trabalhar com alunos deficientes visuais; 90% responderam que não são capacitados para trabalhar com alunos deficientes visuais; 80% afirmaram que a escola não tem espaço físico adaptado a acessibilidade dos alunos deficientes visuais, conforme respostas dadas as perguntas 9, 10 e 11.

Percebe-se que a escola e os professores não estão totalmente preparados para desenvolver o aprendizado para com crianças com necessidades especiais, visto que formação pedagógica não oferece formação especializada e qualificada para tal pratica, principalmente em se tratando de deficiência visual.

De acordo com os pesquisados 90% afirmaram que a escola não oferece recursos necessários para se trabalhar com alunos deficientes visuais; 48% afirmaram que a maior dificuldade para trabalhar com alunos deficientes visuais é não ter capacitação e 50% afirmaram que o ponto positivo da inclusão de deficientes visuais é respeitar as diferenças, conforme respostas dadas às perguntas 12, 13 e 14 respectivamente.

A falta de preparo em ensinar um aluno com deficiência visual, bem como a precariedade de material didático para tal ensino são os grandes problemas da inclusão nesta escola.

De acordo com os pesquisados 50% afirmaram que o ponto negativo da inclusão de deficientes visuais é a falta de professores capacitados e 50% deram como sugestão capacitação dos professores, conforme respostas dadas às perguntas 15 e 16 respectivamente.

Sabe-se que incluir é necessário, mas não adianta incluir por incluir. O atendimento educacional na escola comum pode por vezes não contribuir, em nada para a socialização do aluno cego, reforçando inclusive preconceitos e opiniões de descrença o seu respeito, quando ele apresenta baixo rendimento escolar na aprendizagem, seja por limitações intelectuais próprias, seja pela má qualidade de ensino, ministrados por professores não habilitados, convenientemente, ou por falta de recursos didáticos apropriados e materiais especializados.

A pesquisa tem origem na seguinte problemática: Será que os professores da Escola Estadual Jayme Veríssimo de Campos Júnior tem dificuldade em trabalhar o processo de ensino-aprendizagem com os alunos que possuem deficiência visual? Diante desta problemática levantaram-se hipóteses, chegando aos seguintes resultados:

O processo de inclusão na escola comum é plenamente possível desde que, sejam oferecidos as condições fundamentais para o processo educativo, com recursos humanos e materiais especializados, principalmente, nos primeiros anos de escolaridade. (LEMOS, 2001, p. 59).

 

Sabe-se que, a insuficiência de material didático-pedagógico, limita o avanço na construção do processo ensino-aprendizagem. Faz-se necessário o uso de materiais concretos, sobretudo na fase de elaboração de imagens mentais que constituirão os elementos organizadores dos pensadores.

Assim, a ação do professor, tanto no que se refere ao seu planejamento, como a sua atuação efetiva na vivência de sala de aula, é determinada pelo seu jeito de pensar a vida, pela sua visão de mundo, pela leitura que faz da sociedade, da educação, do ensino, do seu papel no trabalho, de si mesmo enquanto cidadão, de seu compromisso com o aluno, da relação professor/aluno.

Rodrigues, (2012, p. 15) descreve que á necessidade de promover as adaptações curriculares, pois as diferenças, muitas vezes necessitam de respostas educativas adequadas. A utilização de adaptações curriculares proporcionará a individualização do processo ensino-aprendizagem

Utilizando a mesma metodologia com os alunos deficientes visuais não ocorre o processo de inclusão, pois o aluno está apenas integrado ao sistema de ensino.

Percebe-se que o problema enfrentado pelos professores é a insegurança frente ao novo, pois influi na sua prática pedagógica em sala de aula, quando se depara com as necessidades educacionais especiais, dificultando o planejamento de suas aulas não sabendo manejar eficazmente as diferenças e outras demandas que possa vir a ser apresentadas na educação inclusiva.

A deficiência visual em qualquer grau compromete a capacidade da pessoa de se orientar e de se movimentar no espaço com segurança e independência. Um declive, mudança de piso, saliência numa parede, podem ajudar um cego a identificar um determinado local.

[...] o desenvolvimento do deficiente visual pode ser prejudicado pela falta de programas próprios e currículos adaptados à ação educativa específica, pela falta de métodos e recursos didáticos especiais, pela ausência de acessibilidade no espaço escolar e pela não utilização de equipamentos e materiais especializados. (LEMOS, 2001, p. 57).  

 

Assim, as barreiras para a acessibilidade física impedem o acesso, ingresso e a permanência com sucesso dos alunos nas escolas constituindo barreiras para a aprendizagem, somando-se a isto a organização no atual modelo que tem dificultado o atendimento individualizado com relação às necessidades de cada um.

Dentro da comunidade escolar o desconhecimento e o despreparo dos profissionais quanto as necessidade educacionais especiais do aluno, favorece e acentua os preconceitos, mitos, tabus e rejeição a este aluno. A escola também socializa os alunos não somente através daquilo que ensina no currículo explicito, mas muito no que é transmitido no currículo oculto (RODRIGUES, 2012, p. 16).

 

A formação dos professores é apontada como um elemento-chave para a melhoria da educação. Trata-se de repensar o sistema educativo como um todo, de se atrever a ensaiar outras formas de entender os contextos nos quais se ensina e se aprende.

Mesmo os cursos de capacitação fornecem aos professores uma teoria distante da prática escolar e a grande maioria deles estão preparados somente para trabalhar com turmas homogêneas, onde os alunos apresentam facilidade de aprendizagem. Não se sentem aptos para atender as diferenças individuais.

Outra questão a salientar é o grande número de alunos em sala de aula que dificulta o trabalho individualizado do professor, no atendimento a necessidade dos mesmos.

           

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

No decorrer deste trabalho, percebe-se a necessidade em abordar o tema inclusão do deficiente visual como um dos novos paradigmas da educação brasileira, legalmente amparado pela Lei nº 9394/96, o qual delega à família, à escola e à sociedade o compromisso para a efetivação de uma proposta de escola para todos.

De acordo com as hipóteses levantadas verificou-se que a maior dificuldade dos educadores para trabalhar com os alunos deficientes visuais é a falta de capacitação dos professores. Verificou-se também que o professor utiliza a mesma metodologia para todos os alunos em sala de aula sem ter uma diferenciação para o aluno com deficiência visual. Constatou-se que o espaço físico da escola não está adaptado para a acessibilidade dos alunos deficientes visuais e que os professores não estão capacitados para atender os alunos deficientes visuais.

Por tudo isso, a inclusão implica uma transformação de perspectiva educacional, pois não se restringe aos alunos com necessidades especiais e aos que possuem problemas de aprendizado, mas a todos os demais, para que não fiquem à margem do sistema educacional.

Assim, faz-se necessário reverter o jeito de pensar, e de fazer educação nas salas de aula, de planejar e de avaliar o ensino e de desenvolver e aprimorar o conhecimento educador, especialmente os que atuam na educação infantil e no ensino fundamental.

Portanto, ao final deste trabalho, tendo concluído o objetivo do mesmo, percebe-se que os desafios para a concretização dos ideais inclusivos na educação brasileira são inúmeros. Acredita-se que a inclusão é possível, mas não se deve incluir apenas por incluir. O aluno não deve ser incluído no ensino regular apenas porque a legislação determina, porque é o correto.

Precisa-se saber como esse aluno se sentirá junto aos outros, se sentirá alegria e entusiasmo, se gostará de conviver com seus colegas de classes regulares ou se ele se adaptará melhor em uma escola especial, junto com outros alunos deficientes visuais. São questões que se podem fazer ao próprio aluno em vias de inclusão. Outro ponto observado é a qualidade de ensino, não se pode esperar que os professores de classe regular ensinem as crianças com necessidades especiais sem um suporte técnico, sem uma capacitação adequada. 

A inclusão provoca uma mudança no paradigma educacional atual, para que se encaixe no mapa da educação escolar que se precisa retraçar. Acredita-se que a inclusão é mais um pretexto para que a educação se atualize, para que os professores aperfeiçoem as suas práticas e para que gestores de escolas públicas e particulares se obriguem a um esforço de atualização e de reestruturação de suas condições atuais a fim de responderem às necessidades de cada um de seus alunos.

Finalizando, espera-se que este trabalho aponte alguns enfoques que venham a contribuir para que os gestores e educadores de uma forma geral reflitam sobre suas práticas, de forma a garantir a todos os alunos com deficiência visual o direito de serem realmente incluídos nas salas de aula regulares.

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[1] Graduada em pedagogia pela Uniflor Faculdade de Educação de Alta Floresta 

[2] Graduada em pedagogia pela Uniflor Faculdade de Educação de Alta Floresta 

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