DEVOÇÃO POPULAR
Por Claudimar Fontinele | 13/06/2010 | Religião
Em Tianguá, como em muitas
outras
cidades do Brasil, verifica-se um fenômeno de devoção popular. Além das
festas
tradicionais da padroeira, Nossa Senhora de Sant’ana e a de São
Francisco das
Chagas, que também é realizada com grande pompa, uma santinha nativa da
região
da Ibiapaba, ainda não reconhecida pela Igreja Católica, mas amplamente
venerada pela devoção popular, tem seu espaço garantido no coração dos
tianguaenses.
Trata-se de Francisca Carla, uma
moça que contraiu hanseníase (lepra) numa época em que não havia cura
para a
doença. De acordo com a mentalidade daqueles tempos, só havia um caminho
para
pessoa que contraia esse mal: o total isolamento. Foi o que aconteceu...
Após
serem detectados sinais da doença, Francisca Carla foi deixada por sua
família
adotiva numa cabana abandonada, no meio da mata, onde morreu sem ter
mais
contato com a sociedade. Até a comida que levavam para ela era deixada a
certa
distância da cabana, pois todos temiam o contágio da temida doença.
No livro “Um olhar sobre
Francisca Carla e outros fatos sobre Tianguá”, já na segunda edição, o
escritor
L. G. Bezerra traça um perfil biográfico dessa santa popular que hoje
empresta
seu nome a farmácia,
funerária, mercearias e outros estabelecimentos comerciais de Tianguá:
funerária, mercearias e outros estabelecimentos comerciais de Tianguá:
“Francisca Carla, nascida em
1910, dia e mês desconhecidos, embora sabendo-se que ocorreu na cidade
serrana
de Ubajara, Ceará. Filha de Ana Quirina e pai ignorado, adaptou-se ao
nome
atual devido o pai adotivo de sobrenome Carlos, do casal Joaquim Carlos
de
Vasconcelos e Maria Rodrigues de Vasconcelos, sem registro declarante
por parte
de sua genitora, mas atendia pelo assento conhecido de Francisca Quirina
(segundo a Certidão de Óbito). Adotada aos 8 anos, de família humilde,
que
viera nas partidas de retirantes das secas sertanejas. Solteira, de
atividade
doméstica e pouca instrução funcional, tendo por características
físicas:
altura média de 1,70m, cor morena claro, cabelos longos, castanho escuro
e
amarrados feito cocó, olhos castanho-escuros médio. Usava vestido de
mangas e
abaixo do joelho, com chinelos de tira entre os dedos. Não espontânea,
restringindo-se em função do trabalho. Convicção pessoal à devoção
católica,
sem se negar ao seu único embevecimento: gostava de música para ouvir,
uma valsa,
em enlevo do espírito a outras dimensões. Solitária, faleceu num casebre
do
Sitio Lagoa do Padre, em 22 de abril de 1953, em TIANGUÁ-CE.”