Dever à Vida
Por Bruno Azevedo | 22/11/2010 | FilosofiaMuitas discussões ocorrem acerca do direito à vida, aqui apenas será expresso mais um viés.
Pois, pensando a respeito de Michel Foucault em sua "História da Sexualidade" e a análise acerca da sociedade contemporânea, ao contrário de outrora, que tinha como parâmetro a morte, agora pautava-se na vida.
Interessante observar que esse simbolismo de perpetuação da espécie ganhou proporções que outorgaram a sociedade toda uma formatação baseada nesse argumento, embora nem sempre eficaz, mesmo que prático.
Deparamo-nos com certas situações esdrúxulas, como a pessoa após a constatação de morte cerebral e ainda permanecendo com aquele corpo desfalecido conservado em um hospital, além de outros fatores como depauperamento do ser diante de um quadro patológico irreversível, ou mesmo o resultado de algum acidente que cause um lesão também irreversível.
Onde começa a vida, ou talvez a pergunta seria, onde ela acaba?
Pensando a respeito de tal constatação e de que mesmo o indivíduo desejando findar seu sofrimento ou dar fim a sua existência, sendo impedido justamente pela ética de preservação da vida do profissional da área médica ou da jurisdição em torno da preservação da vida, chego a uma conclusão diferenciada sobre o tema.
Pois tendo em vista, que temos "obrigação" de viver, na verdade o ato de viver torna-se um dever, logo não temos direito à vida, mas dever para com ela e sob a perspectiva que o dever antecede o direito, pois segundo Sartre, nos felicitamos pelo direito mas nos esquecemos que pressupõe um dever.
Assim sendo, temos Direito à Morte e Dever à Vida.
Mesmo que a morte esteja eminente é à vida que devemos nos submeter, mesmo a custo de muito sofrimento e que seja contra a nossa vontade, tendo em vista que agir contra a normatização social também é um ato imoral.
A moralidade manifesta de nossa sociedade visa abarcar os meios de preservação da vida, o que pressupõe uma ética de preservação que procura adequar os indivíduos a utilizar todos os meios e se sujeitar aos mesmos para conservação de seu status vivente.