Deuses da antiga Mesopotâmia e santos católicos
Por Gustavo Uchôas Guimarães | 15/12/2014 | ReligiãoDEUSES DA ANTIGA MESOPOTÂMIA E SANTOS CATÓLICOS – semelhanças de devoção e proteção no imaginário popular
Gustavo Uchôas Guimarães[1]
Resumo
Os povos da Mesopotâmia deixaram um rico legado religioso aos povos que os sucederam no domínio do Oriente antigo. Esta herança proliferou no mundo junto com as religiões chamadas monoteístas, ou seja, aquelas que adoram uma só divindade, todas elas surgidas no Oriente Médio. No Ocidente, a grande força religiosa é a Igreja Católica, cuja doutrina em relação aos santos permite uma série de devoções que muito se assemelham às práticas religiosas da antiga Mesopotâmia. Cada vez mais, a Igreja Católica deve repensar as devoções de seus fiéis, para que se contextualizem na doutrina e não alienem os indivíduos em relação ao mundo atual.
Palavras-chave: Mesopotâmia. Catolicismo. Santos. Devoções.
Introdução
Desde que o ser humano começou a organizar-se em sociedade, práticas religiosas passaram a fazer parte do seu cotidiano, primeiro em uma forma primitiva (o culto aos mortos)[2] e depois mais complexa (reconhecimento de uma ordem espiritual atuando sobre o mundo)[3]. Quanto mais o homem evoluía socialmente, mais a noção religiosa crescia nele, sendo usada para explicar e reverenciar o que era misterioso aos olhos humanos. A partir daí, surge o conceito de divindade e o termo deus (na antiga língua indo-europeia, significava “brilhante”, referindo-se ao sol)[4], aplicado primeiramente a elementos da natureza e aos astros do Universo.
Na Mesopotâmia, região entre os rios Tigre e Eufrates (atual Iraque), a religião evoluiu conforme os povos que nela dominavam, desde os sumérios (III Milênio a.C.) até os caldeus (século VI a.C.). Vemos na religião dos povos mesopotâmicos (principalmente sumérios, acádios, assírios e babilônios) uma íntima relação entre a espiritualidade e o cotidiano, característica de quase todos os povos na História da humanidade. A religião subordinava a política, a cultura e as relações sociais, tentando explicá-las e sustentá-las. O poder dos reis era considerado como dádiva dos deuses[5] e, portanto, quem fosse contra a realeza desobedeceria também às divindades.
A grande intimidade entre a religião e o cotidiano das pessoas gerou o que chamamos de “devoção popular”. Por devoção entendemos a dedicação e a veneração que o ser humano tem a seres considerados “superiores”[6]. Assim, uma pessoa devota reza para o ser a quem atribui poderes e de quem busca seguir o exemplo. As pessoas da Mesopotâmia eram muito devotas, como podemos ver nas várias estátuas mostrando indivíduos em oração. O temor de que os deuses pudessem causar catástrofes naturais levava os devotos a assumir práticas de humildade e retidão, externada também em forma de sacrifícios de animais, para acalmar os deuses e ganhar deles a proteção e a prosperidade.
Nos dias atuais, o catolicismo destaca-se no Ocidente como uma religião cheia de devoções e práticas direcionadas aos santos, pessoas de grandes virtudes que, ao morrerem, tornar-se-iam intercessores junto a Deus, em favor dos vivos. Os católicos têm especial devoção a Maria, mãe de Jesus Cristo e chamada de “Rainha do Universo”[7] (os sumérios também tinham uma “rainha do céu”[8], chamada Inanna, deusa do amor, da procriação e da fertilidade). Esta onda devocional acentuou-se principalmente na Idade Média, quando os santos, no imaginário popular, passaram a suprir nos fiéis a necessidade de ligação com um Deus considerado distante e vingativo[9], sendo os santos, portanto, intermediários entre o divino e o humano.
Neste trabalho, veremos com detalhes esta história de devoções e sentimentos religiosos aflorados, dividindo o assunto em três partes: na primeira, as características da antiga religião mesopotâmica; na segunda, a doutrina católica sobre os santos e as práticas religiosas populares (sem entrar em dogmatismos e subjetivismos, mas será necessário um aprofundamento em certos aspectos devocionais, para melhor compreensão do leitor); e na terceira, a influência das devoções mesopotâmicas na vida religiosa dos católicos. Cada povo, em todas as épocas, tem um sentimento peculiar em relação ao divino, mas em todos há essencialmente um desejo de contemplar mistérios e ligar-se a planos considerados “superiores”, na esperança da proteção e de um sentido para a vida neste mundo.
1 – A multidão dos deuses heroicos[10]
Não é aconselhável falarmos em uma “religião mesopotâmica”, como se esta tivesse sido uniforme em toda a História da região, pois eram muitos os povos que ali habitaram ao longo de mais de três milênios. Cada povo tinha a sua tradição religiosa, e esta tradição predominava sobre as outras quando um povo dominava a região. Assim temos, por exemplo, o predomínio do deus Assur enquanto os assírios reinaram sobre os outros povos mesopotâmicos, sucedido pelo deus Marduk quando os caldeus assumiram o controle da região[11]. Mesmo assim, o fato de termos várias tradições religiosas na Mesopotâmia acarretou nas influências exercidas entre elas, como veremos a seguir.
A primeira grande civilização da Mesopotâmia foi a dos sumérios, cuja religião viria a influenciar os mitos e tradições de povos que ali dominaram depois deles. Os sumérios imaginaram a existência das forças naturais anterior aos próprios deuses, pregando assim o domínio do caos no Universo, do qual se formariam os deuses e os astros (semelhante à religião dos antigos gregos)[12].
1.1 – Deuses sumérios
Segundo os sumérios, Apsu (a vida) e Tiamat (a matéria) organizaram o Universo e geraram Anshar, o Céu, e Kishar, a Terra; por causa destes, o Universo tinha o nome de An-Ki (“Céu-Terra”)[13]. Anshar e Kishar se uniriam para gerar Anu, deus do céu e senhor dos deuses, além de Ea, que origina a vida humana, e Enlil, deus do ar[14]. O panteão dos deuses sumérios ainda tinha[15]:
- Enki, deus da água;
- Ninhursag, deusa da mãe-terra;
- Utu, ou Shamash, deus-sol da justiça[16];
- Inanna, deusa do amor (correspondente à deusa assírio-babilônica Ishtar, à grega Afrodite e à romana Vênus);
- Nammu, deusa do mar primitivo;
- Nanna, deus-lua;
- Ninlil, ou Ereshkigal, deusa do mundo dos mortos[17];
- Geshtinanna, deusa do prazer, do vinho, da música e da fertilidade[18];
- entre outros.
Estes deuses tinham formas e sentimentos humanos, envolviam-se em aventuras e alguns até mesmo morriam (para depois renascerem). Para os sumérios, os deuses eram capazes até mesmo de crimes e traições, como na história em que o deus Enlil estuprou a deusa Ninlil, gerando o deus Nanna, ou no mito em que o deus Enki entrega “leis universais” nas mãos da deusa Inanna, após ela tê-lo embriagado[19].
As crenças sumérias diziam que o Universo fora criado das águas, que seriam primitivas e eternas[20]. Esta noção de águas primitivas anteriores à criação sobrevive ainda hoje na tradição judaico-cristã, através do texto bíblico que diz[21]: “No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. (Gênesis 1, 1-2)
Os deuses principais (An, Enlil, Enki e Ninhursag) tudo criaram com simples palavras (paralelo ao “Faça-se” no relato bíblico da criação) e depois entregaram o Universo aos cuidados dos demais deuses[22].
1.2 – Cidades-estado
Os sumérios nunca formaram um Estado unido, mas eram divididos em cidades-estado, cada uma com seu rei e seu deus protetor. O modelo de cidades-estado viria a ser imitado principalmente entre os gregos, os fenícios e os maias, e ainda hoje sobrevive na Europa (Vaticano e Mônaco) e na Ásia (Cingapura)[23]. As cidades-estado sumérias eram: Ur, Uruk (ou Erech), Eridu, Lagash, Nippur, Kish, Adab, Umma, Sipar, Larak, Akshak, Larsa e Bad-tibira[24]. Periodicamente, uma delas se impunha sobre as outras, normalmente pela guerra, e o deus daquela cidade também passava a “dominar”. A discórdia entre as cidades sumérias foi a principal causa das invasões que destruíram o povo sumério[25] entre os séculos XXIV e XX a.C. Apesar da destruição das cidades e do desaparecimento do povo, a cultura suméria continuou influenciando os povos posteriores. Assírios e babilônios, por exemplo, adotaram vários deuses e mitos da antiga Suméria.
1.3 – Devoções mesopotâmicas
Entre os povos da Mesopotâmia, a devoção pelos deuses era questão de sobrevivência. Para eles, o favor dos deuses era a principal causa da prosperidade e do bem-estar[26]. Por isto, o serviço religioso era levado extremamente a sério, e os bens considerados propriedades do deus eram administrados pelo rei do lugar, auxiliado por seus funcionários. O rei visitava o templo para informar o deus sobre a situação da cidade e para fazer oferendas[27]. Já o povo servia passivamente aos deuses, consequência da mentalidade dominante nas tradições religiosas mesopotâmicas.
Para os devotos, o ser humano fora criado para servir aos deuses e aceitar suas vontades. Resignados, contentavam-se com os mitos como explicação de seu destino sobre a terra, oferecendo alimento e abrigo às divindades, em troca da proteção nesta vida, já que sua visão de “vida após a morte” era pessimista[28]: para os sumérios e os povos que vieram depois, o espírito do falecido descia ao mundo dos mortos, onde era julgado pelo deus-sol e passava a ter uma “vida” muitas vezes melancólica. Ainda na visão mesopotâmica, os mortos atravessavam um rio para chegarem às profundezas onde seriam julgados (vemos tal ideia também na mitologia grega); além disto, o mundo dos mortos tinha uma hierarquia, na qual os “melhores” lugares eram dos reis e dos nobres.
Tamanha resignação levou os mesopotâmicos a crerem que os grandes deuses eram distantes e muito ocupados para atenderem os clamores do homem comum. Por isto, surgiu a ideia de “deuses pessoais”[29]. O indivíduo ou uma família tinha o seu “deus padroeiro”, que intercedia em seu favor.
1.4 – Herança dos sumérios passada a outros povos
O imaginário sumério passou, como já foi dito, às tradições religiosas posteriores. Dentro da Mesopotâmia, os acádios, assírios, babilônios, caldeus, entre outros, conciliaram tradições próprias com as dos sumérios, carregando ao longo dos séculos noções que culminariam em ideias como a existência de demônios ou o mito de um dilúvio que arrasou toda a terra (ideias fortemente presentes nas atuais religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo).
Falando em demônios, estes eram, na visão dos sumérios e dos povos depois deles, espíritos que podiam auxiliar ou destruir com seus poderes, estando abaixo dos deuses ou equiparando-se a eles. Entre os sumérios, acreditava-se, por exemplo, em Nergal, o deus-peste[30], que guardava o mundo dos mortos com a deusa Ereshkigal. Criam ainda que vários demônios (os galla) auxiliavam na organização do mundo dos mortos. Outro conhecido demônio mesopotâmico era Puzuzu, o demônio dos ventos[31], que protegia o parto das mulheres contra o demônio feminino Lamashtu.
Mesmo influenciados pelos sumérios, os babilônios e os assírios mantiveram importantes tradições religiosas, como a adoração de El[32], ou Ilu[33], que aparece entre os principais deuses da Babilônia no tempo de Hamurabi (também com o nome de Marduk ou Bel) e que recebia o nome de Assur entre os assírios. Além de Assur, eram cultuados pelos assírios[34]: Nabu, deus da sabedoria; Ninurta, deus da guerra; Ishtar, deusa do amor; Adad, deus da chuva, dos relâmpagos e da fertilidade; entre outros. Estes deuses eram também cultuados pelos babilônios, que ainda adoravam deuses cósmicos, como Sin (a Lua) e Shamash (o Sol)[35]. Muitos destes deuses eram cultuados também por povos ao redor da Mesopotâmia, como podemos ver no culto ao deus Tammuz, originário na Babilônia (onde ele era deus da primavera, das flores e dos filhotes)[36] e que logo espalhou-se pelos povos vizinhos. Identificamos Tammuz com o deus fenício Baal e o grego Adônis; Tammuz é também o nome de um dos meses do calendário judaico[37], além de ter sido, na Antiguidade, celebrado pelos hebreus, que lembravam sua morte, como podemos ver no relato bíblico a seguir[38]: “Conduziu-me então à entrada do portal do Templo de Iahweh, que dá para o norte, e eis ali as mulheres sentadas a chorar por Tamuz”. (Ezequiel 8, 14).
As tradições religiosas da antiga Mesopotâmia perdem força com as sucessivas invasões de povos estrangeiros a partir do século VI a.C., quando a região passa a integrar os Impérios Persa, Macedônio e Sírio. Mesmo assim, conceitos e mitos mesopotâmicos têm passado a vários povos e influenciado as religiões monoteístas. O cardeal católico John Henry Newman (século XIX), por exemplo, enumera algumas heranças que o cristianismo adotou das práticas mesopotâmicas[39]: ofertas como agradecimento pela cura de uma doença, o uso da aliança de casamento[40], a oração aos mortos, entre outros costumes. Além destes, as religiões monoteístas também herdaram mitos (como o dilúvio, a criação e a torre de Babel) e de certa forma a própria ideia de monoteísmo[41] (apesar de sempre terem sido politeístas, os mesopotâmicos, dependendo da cidade ou da época, exaltavam tanto um deus que quase chegavam à prática monoteísta).
Boa parte da bagagem religiosa dos povos mesopotâmicos chegou, em adaptações, ao imaginário cristão (principalmente o católico) através do judaísmo, a partir do qual o cristianismo espalhou sua mensagem pelo mundo. Veremos como é a doutrina católica sobre os santos e sua relação com as práticas religiosas mesopotâmicas.
2 – A multidão das testemunhas virtuosas
“Eis que vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajados com vestes brancas e com palmas na mão”. (Apocalipse 7,9)
“...com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor... corramos com perseverança... com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador da fé, Jesus”. (Carta aos Hebreus 12,1-2)
Os textos bíblicos acima citados pertencem ao Novo Testamento[42], conjunto de livros escritos pelos primeiros cristãos. Os trechos falam de uma multidão de testemunhas que nada mais são o que a Bíblia chama de “santos”. Para compreendermos as práticas religiosas católicas em relação aos santos, precisamos entender os conceitos de “santo” e “santidade”, assim como a doutrina católica a respeito do culto aos santos.
2.1 – Definição do termo “santo” e surgimento da devoção aos santos
O termo “santo” vem do latim sanctus, a partir do verbo sancire, que significa “delimitar”, “separar”[43], referindo-se ao que, por razões religiosas, é delimitado e separado daquilo que é considerado “profano”. Na Igreja Católica, santo vai além do que é material, designando também pessoas que vivem virtuosamente e que são exemplo de fé e boas obras. Em relação à “santidade”, é definida como “um comprometer-se com Deus, vinte e quatro horas por dia... é um estilo de vida segundo o Espírito de Cristo”[44].
A Bíblia traz o termo “santo” para falar de pessoas vivas (conforme 1Tessalonicenses 4,3 e 1Pedro 2,9), extensivamente a todos os que se convertiam à fé cristã. Com o passar dos séculos, porém, a mentalidade em relação aos santos transformou-se, com os católicos cada vez mais voltados aos “santos falecidos”. Para Bastos (2006), os “eleitos de Deus” (assim como o clero) sobrepuseram-se aos demais, trazendo para si a exclusividade da mediação entre o humano e o divino. A noção de um Deus distante fez com que o “monopólio da vontade divina” ficasse nas mãos do clero (papa, bispos e padres), que eram, junto com os santos, intermediários na relação do povo com Deus. Assim, estrutura-se a teologia[45], conjunto de saberes a respeito do divino.
A relação com os santos, no entanto, não começa na Idade Média. Desde os primórdios do cristianismo, há uma veneração aos justos que morreram e a sua importância como exemplares seguidores de Cristo. O bispo Policarpo, no século II, escreve sobre isto[46]: “Nós adoramos Cristo qual Filho de Deus. Quanto aos mártires, os amamos quais discípulos e imitadores do Senhor e, o que é justo, por causa de sua incomparável devoção por seu Rei e Mestre”.
Sobre esta união com santos descrita por Policarpo, o documento Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II (1962-1965), diz[47]: “Veneramos a memória dos habitantes do céu ... para corroborar a união de toda a Igreja no Espírito ... O consórcio com os santos nos une a Cristo”.
2.2 – As relíquias dos santos
Junto com a devoção aos santos, surgiu também o costume de se guardar e venerar as relíquias dos santos, objetos que para os cristãos teriam o poder de ligar o fiel a Deus. O costume de se venerar relíquias começou muito cedo na Igreja. A história dos primeiros santos conta que o bispo Policarpo foi morto em uma arena, diante do governador, e que os restos mortais foram tão disputados, ao ponto dos judeus pedirem ao governador que não entregasse os restos do bispo aos cristãos, temendo que a multidão o adorasse no lugar de Jesus e que por isto fizesse incontroláveis tumultos na cidade[48].
Sobre as relíquias, ainda hoje a Igreja Católica recomenda que sejam autênticas[49] e que mostrem aos fiéis os exemplos a serem seguidos. Esta recomendação de autenticidade refere-se ao absurdo costume da falsificação de relíquias, praticado frequentemente na Idade Média, período em que cidades chegavam a guerrear, disputando uma relíquia de santo (como a guerra entre as cidades italianas de Benevento e Bari)[50]. A fixação dos fiéis pelas relíquias margeava o fetichismo[51], tamanhos eram o poder atribuído aos objetos santos e a necessidade que as pessoas sentiam de terem tais objetos, o que lhes conferiria um certo status. Atualmente, a devoção pelas relíquias dos santos e suas imagens (das quais falaremos a seguir) é incentivada pela Igreja com a condição de serem ordenadas e não levantarem “devoções incorretas”[52].
2.3 – As imagens sagradas
Além das relíquias, outra característica muito forte das devoções católicas é o uso de imagens. Na Bíblia, vemos Deus proibindo imagens que representem a ele mesmo ou a criaturas com fins de adoração (Êxodo 20,4-5), ao mesmo tempo em que permite imagens de querubins[53] na Arca da Aliança (Êxodo 25,18) e de uma serpente numa haste de madeira (Números 21,8-9). Entre os primeiros cristãos, vemos pinturas nas catacumbas[54], representando principalmente Jesus Cristo (além de uma representação de Maria, mãe de Jesus), mas foi na Idade Média que as imagens esculpidas tornaram-se populares, muitas vezes como opção pedagógica para ensinar os fiéis (lembrando que, na Idade Média, a maioria da população era analfabeta). Rapidamente, as imagens passaram a ser parte importantíssima no devocionário popular, como que uma necessidade de tornar palpável a presença de Deus e dos fiéis falecidos.
2.4 – Canonização dos santos[55]
Com o passar do tempo, porém, as devoções populares ganharam tons de extremo abuso, distanciando-se da doutrina da Igreja. Esta, para combater os abusos no culto aos santos, criou os ritos de beatificação e canonização, etapas nas quais a Igreja analisa as virtudes do “candidato” a santo e, mediante milagres comprovados por sua intercessão, o declara digno dos altares, ou seja, permite que os fiéis o venerem e façam imagens suas.
Até o século X, um fiel falecido podia tornar-se santo por aclamação popular ou pelo fato de ter sido mártir, isto é, ter morrido em defesa da fé. O primeiro santo canonizado pela Igreja foi Ulrich (890-973), bispo de Augsburgo[56], proclamado santo em 993 pelo papa João XV. Desde então, a Igreja tornou-se extremamente meticulosa no processo de canonização (Joana D’Arc, por exemplo, foi canonizada 489 anos após sua morte, pelo papa Bento XV, em 1920). Raríssimos casos são exceção nesta atitude da Igreja, como o do padre Antônio de Lisboa (o famoso Santo Antônio), canonizado apenas onze meses após sua morte, em 1231[57].
Como o processo de canonização envolve milagres feitos por intercessão do “candidato” a santo, podemos afirmar que a Igreja Católica admite que seus fiéis dirijam-se aos mortos em busca de auxílio[58], embora proíba a evocação do espírito[59], ou seja, que se chame o espírito de alguém para obter revelações, como era prática no antigo Israel (conforme 1Samuel 28,3-25, em que o rei Saul evoca o espírito do profeta Samuel). Esta permissão dada aos fiéis para que orem aos falecidos faz parte do que a Igreja chama de “comunhão dos santos”[60], na qual os fiéis, vivos ou mortos, permanecem unidos em Jesus Cristo, segundo a doutrina católica.
2.5 – Orações e festas aos santos
Dado o incentivo da Igreja para que os fiéis recorram aos santos, os católicos organizaram, com o passar dos séculos, uma série de devocionais compostos por festas, músicas e orações em homenagem a seus santos padroeiros. O termo “padroeiro” refere-se aqui ao santo adotado como protetor por um indivíduo ou grupo. Mais adiante, falaremos mais detalhadamente sobre os santos protetores.
Voltando aos devocionais, hoje são inúmeras as festas dedicadas aos santos, com expressões populares próprias e ricas manifestações culturais, que por vezes desviam-se da doutrina católica, como no caso da devoção ao Divino Pai Eterno, amplamente divulgada no interior do Brasil. Vamos nos deter um pouco nesta devoção, para depois prosseguirmos.
A devoção ao Divino Pai Eterno começou em 1840[61], no interior do estado de Goiás, quando um casal de agricultores encontrou um medalhão em que se via a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) coroando Maria, mãe de Jesus (o Filho). Na época, um artista da região fez uma imagem baseada no medalhão, e esta imagem é até hoje venerada em Trindade, cidade goiana. Todos os anos, milhares de pessoas peregrinam até o município de Trindade, para visitarem o Santuário do Divino Pai Eterno. Nesta devoção encontramos um desvio em relação à doutrina católica e uma característica devocional tipicamente popular: o desvio está na representação do Pai, visto que a doutrina católica só permite imagens de Jesus, de Maria e dos santos, por estes terem vivido neste mundo[62], além da doutrina católica baseada nos dizeres de Jesus: “Quem me vê, vê o Pai” (João 14, 9)[63]; e a característica devocional popular refere-se à exaltação de Maria, colocando-a em pé de igualdade com Deus (veremos mais adiante a respeito da devoção mariana entre os católicos).
Além da devoção acima detalhada, muitas outras compõem o calendário festivo e a vida de oração dos católicos. Algumas festas acabaram tornando-se marcas importantes da cultura popular brasileira, como a Festa dos Santos Reis e as Festas Juninas. Nesta última, os santos celebrados são o apóstolo Pedro, o profeta João Batista e o padre Antônio de Lisboa, e ocorrem diversas festividades em todo o país, com animados folguedos que param as atividades rotineiras em muitas regiões.
Normalmente, estas festas se caracterizam principalmente por procissões em homenagem aos santos, tendo suas imagens carregadas pelas ruas das cidades, além das missas e de todo o itinerário de promessas feitas ou cumpridas. Todas estas maneiras de se celebrar o santo ficam mais evidentes nas cidades pequenas do interior, onde a gente simples é mais apegada às devoções pelos santos.
Os bispos latino-americanos, reunidos em 2007 na cidade de Aparecida (estado de São Paulo), chamaram a atenção da religiosidade popular como uma “história compartilhada” que conduz a Cristo[64]. No entanto, dentro da Igreja Católica tem-se pensado a questão das devoções populares, olhando principalmente para os “aspectos que não provêm da inspiração evangélica”[65].
2.6 – Santos padroeiros
Um costume muito arraigado entre os católicos é o de estabelecer santos protetores para todos os aspectos da vida (indivíduos, lugares, fenômenos naturais, profissões, entre outros). Este costume se espalhou principalmente na Idade Média, quando as pessoas viam Deus como um ser distante e recorriam aos santos para pedir auxílio em todas as situações.
A escolha daquilo que o santo vai “proteger” depende de fatores como: detalhes da vida do santo, graça recebida pelo devoto, lugar onde o devoto se estabelece, fato importante ocorrido no dia consagrado ao santo, entre outros. Assim temos, por exemplo, Santo Antônio como “santo casamenteiro” porque celebrava muitos casamentos quando era padre, ou São Francisco de Assis como “protetor dos animais” porque dialogava com eles quando orava no bosque.
A devoção ao santo padroeiro chega a apresentar algumas peculiaridades, como a escolha de São Sabiano e São Zenon como protetores dos que aprendem a nadar, ou de São Paulo (o apóstolo) como protetor contra câimbras e mordidas de cobras[66]. Lugares também recebem padroeiros, como o Brasil (“apadrinhado” por Nossa Senhora Aparecida) e até mesmo a ateia China (“protegida” por São José). As profissões não escapam deste costume: nelas podemos ver São Lucas como padroeiro dos pintores e dos vidraceiros, ou Santo Ivo como padroeiro dos advogados[67]. Enfim, todas as situações da vida recebem um santo protetor, que garanta ao fiel relativa segurança em sua existência.
2.7 – Lendas católicas?
Quando um herói se destaca, logo seus admiradores espalham histórias a seu respeito, enfatizando façanhas e exaltando a coragem e as virtudes que lhe conferiram o heroísmo. Esta é justamente a prática que se viu na Igreja Católica ao longo dos séculos: os fiéis espalharam várias histórias sobre os santos, até chegarmos ao incontável conjunto de memórias, reais ou fictícias, que caracterizam as devoções populares.
O objetivo da divulgação das histórias dos santos é eternizar as virtudes dos fiéis falecidos e mostrar aos vivos as atitudes de quem quer chegar ao Céu. Várias histórias são verossímeis e refletem o que realmente o santo viveu, porém outras recorrem a recursos de narração lendária que lhes conferem um caráter puramente de entretenimento.
Entre as lendas católicas, uma das mais conhecidas é a de São Jorge[68]. Historicamente, foi um soldado romano morto pelo imperador Diocleciano no início do século IV. Porém, ficou famoso pela lenda em que salva uma princesa que seria devorada por um feroz dragão (semelhante ao mito nórdico envolvendo o herói Sigurd[69]). Outra lenda refere-se a Santa Úrsula, princesa britânica do século IV que foi morta quando ia ao encontro de seu noivo junto com 11 mil virgens[70].
Até hoje, as histórias dos santos fascinam os católicos pelas demonstrações de fé dada por eles enquanto eram vivos, e isto encoraja os fiéis em suas devoções, levando-os a uma relativa firmeza dentro de suas convicções a respeito da Igreja.
2.8 – Maria, centro de intensa devoção católica
A Igreja Católica, ao longo de sua história, adotou quatro dogmas (“verdades da fé”) a respeito de Maria[71]:
- Pan-hagia, que em grego significa “toda santa”, título dado pelos padres do Oriente para dizerem que ela é Imaculada, ou seja, nasceu e viveu sem pecado.
- Aeiparthenos, que em grego significa “sempre virgem”, atestando que Maria permaneceu virgem antes, durante e depois da gravidez na qual gerou Jesus Cristo.
- Theotokos, que em grego significa “mãe de Deus”, dizendo que ela, sendo criatura de Deus, tornou-se também mãe dele, ao conceber e gerar Jesus.
- Assunta ao céu, ou seja, levada em corpo e alma para a presença de Deus.
Estes quatro dogmas fundamentam a fé católica na pessoa de Maria e na sua importância como instrumento da salvação que, segundo o catolicismo, Deus trouxe à humanidade em Jesus Cristo. No entanto, a prática devocional católica vai muito além da crença nestes dogmas, expressando-se por vezes exageradamente em homenagens e cultos à mãe de Jesus. Para se ter uma ideia da importância de Maria nos cultos católicos, basta vermos que estes cultos são classificados em três níveis[72]: latria (em grego, significa “adorar”), culto dirigido a Deus; hiperdulia (em grego, “dulia” significa “honrar”), culto dirigido a Maria; e dulia, culto dirigido aos santos. Pela classificação dos cultos, portanto, Maria tem importância maior que a dos santos, estando apenas abaixo de Deus.
Para o catolicismo, existem duas expressões do culto a Maria[73], sendo elas as festas litúrgicas, quando a Igreja celebra fatos da vida de Maria ou títulos que lhe atribuem qualidades especiais, e as “orações marianas”, sendo a principal delas o Rosário.
O Rosário foi criado como um conjunto de 150 orações da Ave-Maria, divididas em 15 dezenas, todas iniciadas com a oração do Pai-Nosso, sendo cada dezena uma memória de fatos da vida de Jesus e de Maria[74]. A devoção do Rosário surgiu na Igreja por volta do ano 800, como uma forma do povo rezar à maneira dos monges (estes tinham suas orações baseadas nos 150 salmos bíblicos). Em 2002, o papa João Paulo II acrescentou mais cinco dezenas ao Rosário, através da Carta Apostólica Rosarium Virginis Marie.
Na medida em que os católicos aumentavam sua devoção por Maria, foram atribuindo-lhe títulos, referentes a lugares, qualidades ou situações que deveriam ser “protegidos” pela mãe de Jesus. No início, Maria foi chamada de “Nossa Senhora” (lembrando que o nome Maria vem do hebraico[75], significando “senhora” ou “soberana”). Com o passar dos anos, o título Nossa Senhora ganhou novos acréscimos, originando os inúmeros títulos com que hoje os católicos a ela se dirigem em suas orações[76].
Temos, por exemplo, títulos que remetem a lugares onde Maria teria aparecido aos fiéis, como Nossa Senhora de Fátima (Portugal) e Nossa Senhora de Lourdes (França); ou ainda, títulos que se referem aos dogmas católicos, como Nossa Senhora da Assunção e Nossa Senhora da Conceição; e ainda títulos que lembram atribuições de Maria (Nossa Senhora do Bom Conselho e Nossa Senhora da Consolação) ou fatos de sua vida (Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora da Glória). Alguns títulos nos admiram pela inventividade de quem os criou, como Nossa Senhora do Equilíbrio[77] e Nossa Senhora das Estradas[78].
Tão variados quanto os títulos são também as “orações prontas” dirigidas a Maria. Uma das mais conhecidas é o Ofício da Imaculada Conceição[79], que contém diversas atribuições a Maria, como “co-redentora”, “rainha dos céus”, “senhora do mundo” e “rainha dos anjos”. Em outra oração dos devotos, Maria é chamada de “Augusta rainha do céu e senhora dos anjos”, com os fiéis clamando o auxílio das legiões de anjos que estariam sob suas ordens, o que é contrário à doutrina católica que diz[80]: “Os anjos são servidores e mensageiros de Deus... poderosos executores de sua palavra, obedientes ao som de sua palavra”.
O título mariano de “co-redentora” também é contrário à doutrina oficial da Igreja Católica, que coloca Maria na condição de serva e fruto da redenção[81] trazida, segundo o cristianismo, na figura de Jesus Cristo e em sua morte na cruz.
Cada vez mais, os devotos aumentam sua admiração e veneração por Maria, muitas vezes incentivados pelo clero, que exorta os fiéis a aprenderem sobre Deus na “escola de Maria”[82].
2.9 – Rompimento protestante
Se estamos, nesta seção do artigo, falando sobre a devoção aos santos à luz da doutrina católica, porque falar em protestantismo e rompimento com a Igreja Católica? Justamente a devoção aos santos (incluindo Maria) é um dos pontos de maior divergência entre católicos e protestantes, cada qual interpretando a Bíblia conforme acredita ser a verdade.
O protestantismo nasceu em 1517, quando o padre alemão Martinho Lutero publicou suas “95 teses”[83], que criticavam principalmente a venda de indulgências (perdão dos pecados). Antes de Lutero, porém, outros pregadores já haviam questionado o poder da Igreja Católica sobre a Europa medieval[84], mas foi Lutero quem fez a maior revolução, originando a divisão que persiste até hoje no cristianismo.
As igrejas que foram fundadas após a chamada Reforma Protestante (o movimento luterano) adotaram práticas que as distanciaram dos costumes católicos. Assim, os protestantes logo rejeitaram a devoção aos santos[85], alegando que seriam costumes idólatras da Igreja Católica (idolatria é um termo grego que se refere à adoração de outros deuses que não sejam o Deus cristão), embora os luteranos, particularmente, conservem um calendário religioso semelhante ao católico[86], inclusive com a memória de alguns santos (o “Calendário dos Santos da Igreja Luterana”[87]).
Atualmente, as igrejas mais ferrenhas em suas críticas às devoções católicas são as chamadas “pentecostais”, que abertamente chamam os católicos de “idólatras”, “hereges”, “sincréticos” e “politeístas”[88]. Estas igrejas crescem cada vez mais, principalmente no Brasil, com milhões de fiéis que frequentam igrejas com inúmeras denominações.
3 – Relações entre o mundo heroico e o mundo virtuoso
Depois de expostas as devoções dos mesopotâmicos com seus deuses e as dos católicos com seus santos, podemos perceber diversas semelhanças que são frutos de intensas trocas culturais. Embora a última grande civilização mesopotâmica, os caldeus ou neobabilônicos, tenha sido aniquilada quase 600 anos antes do nascimento do cristianismo, temos entre estas tradições religiosas uma importantíssima ponte: o judaísmo.
A relação do judaísmo com as tradições mesopotâmicas começam logo em suas origens. Os judeus dizem ser descendentes de Abraão, que teria vivido no início do II Milênio a.C. na cidade de Ur, sul da antiga Suméria. Depois, os hebreus (antigo nome dos judeus) adotaram, em seu processo de formação, tradições culturais provenientes principalmente dos povos mesopotâmicos, como por exemplo, a adoração de El, que viria a chamar-se Iahweh. Exilados na Babilônia durante mais de 60 anos (século VI a.C.), os judeus “beberam” da cultura mesopotâmica e carregaram consigo costumes, mitos e conceitos, que depois foram adotados no cristianismo. A partir de agora, tendo entendido a ligação cultural intermediada pelos judeus, veremos que semelhanças existem entre as devoções cultivadas pelos povos mesopotâmicos e as cultivadas pelos católicos.
3.1 – Submissão à vontade divina
Vimos que os povos da Mesopotâmia, em suas tradições religiosas, prezavam por servir bem às divindades, a fim de delas obterem favores. O cristianismo, por muitos séculos, caracterizou-se também por uma submissão extrema aos desígnios de Deus (pelo menos os seus representantes diziam que se tratava da vontade divina). Partindo do princípio de que “o mundo foi criado para a glória de Deus”[89], a Igreja tudo fez para manter junto de si os fiéis, através dos preceitos que norteiam as várias situações da vida.
Isto aconteceu principalmente na Idade Média, quando na Europa a Igreja Católica era a única instituição capaz de reconstruir a civilização arrasada pelas invasões dos povos germânicos[90]. Ciente de seu poderio e de sua capacidade para tomar a frente na reconstrução da Europa ocidental, a Igreja deteve por muito tempo o poder espiritual e o temporal, ao ponto do papa, definido então como representante máximo de Cristo sobre a terra, coroar e destronar diversos reis e imperadores em solo europeu. O papa Gregório VII (século XI) chegou a afirmar que o papa era “a única pessoa cujos pés são beijados por todos os príncipes”[91]. As pessoas facilmente obedeciam, pois viam no clero a presença do próprio Cristo, a cuja divindade os fiéis deveriam se submeter.
Voltando à submissão dos mesopotâmicos a seus deuses, vejamos um trecho de um hino ao deus Enlil[92]:
“Enlil, cujas ordens alcançam a distância, cuja palavra é santa,
O senhor cuja decisão é imutável, que decreta para sempre os destinos,
Cujos olhos erguidos percorrem as terras (...)
As suas divinas leis são como as divinas leis do abismo, ninguém as pode olhar,
O seu ‘coração’ como um distante santuário, desconhecido como o zénite do Céu (...)
Quando no seu poder aterrador, ele decreta os destinos,
Nenhum deus se atreve a olhá-lo. (...)
Sem Enlil, a grande montanha,
Nenhuma cidade seria construída, nenhumas instituições fundadas”.
Neste hino, podemos ver como o compositor se sente pequeno ante a sua divindade favorita. Percebe-se também a ideia do distanciamento do deus em relação ao devoto, no verso “o seu coração como um distante santuário, desconhecido como o zênite do Céu”. Ao mesmo tempo, nota-se uma perplexidade diante do potencial divino, encontrando paralelo no trecho bíblico a seguir[93]:
“Iahweh, Senhor nosso,
Quão poderoso é teu nome
Em toda a terra!
Ele divulga tua majestade sobre o céu.
Quando vejo o céu, obra dos teus dedos,
A lua e as estrelas que fixaste,
Que é um mortal, para dele te lembrares,
E um filho de Adão, que venhas visitá-lo?” (Salmo 8,1.4-5)
Ao fim da Idade Média, pessoas começaram a questionar o caráter da Igreja como representante da vontade divina. Eram principalmente padres que não mais aceitavam uma obediência passiva, em face das contradições entre a doutrina pregada e a prática de muitos líderes católicos. Os questionamentos culminaram com as teses de Lutero e sua ruptura com o catolicismo.
Após o cisma que originou as igrejas protestantes, Martinho Lutero fez uma releitura da submissão à vontade divina, dizendo[94]:
“De nenhum valor é para a alma se o corpo se cobre de vestes sagradas... nem se, da boca para fora, recita orações repetidas, jejua, faz peregrinações... A alma pode prescindir de tudo, menos da palavra de Deus... de mais nada necessitará, pois na palavra de Deus encontrará o suficiente”.
Para Lutero, portanto, a submissão a Deus não está propriamente nas ações do corpo, mas nas da alma, quando esta se volta à palavra de Deus (Bíblia), o que reforça o princípio protestante de sola scriptura, ou seja, somente a Bíblia como autoridade para ensinar e conduzir os fiéis[95].
Ao longo dos últimos séculos, o catolicismo se viu diante de uma grande discussão sobre a liberdade humana. A submissão a Deus, tal como vivida nos primeiros tempos do cristianismo, foi substituída pela liberdade individual, na qual o homem decide sobre seu destino. Mesmo assim, a doutrina católica insiste que “a liberdade alcança sua perfeição quando está ordenada para Deus”[96], sendo ela a maneira do ser humano crescer e amadurecer “na verdade e na bondade”.
3.2 – Deuses e santos pessoais
As tradições religiosas mesopotâmicas vêm ao encontro das atuais práticas católicas quando nos referimos à necessidade de intermediários entre o humano e o divino. Enquanto na Mesopotâmia tivemos devotos assumindo deuses pessoais para suprir a distância dos grandes deuses, houve também no catolicismo uma adoção dos santos como intermediários que pudessem levar as orações dos fiéis a um Deus considerado distante (principalmente pelo pensamento religioso medieval).
A doutrina católica diz que Jesus é o único mediador entre Deus e o ser humano, baseado nas palavras do apóstolo Paulo em 1Timóteo 2,5-6[97]. Ser mediador, para a Igreja, é ser o único capaz de salvar o ser humano, levando-o a Deus. No entanto, a doutrina católica também aceita os santos como intermediários, não no sentido de salvadores, mas de auxiliares que podem obter para os vivos o socorro nas fraquezas e o perdão dos pecados[98].
Entre os povos da Mesopotâmia, os deuses pessoais desempenhavam papel importantíssimo no relacionamento entre o devoto e as divindades, sendo capazes de suprir as carências humanas e dar auxílio a todo momento[99], intercedendo aos grandes deuses, por exemplo, em casos de doença do devoto[100]. Como estes deuses pertenciam a uma esfera muito pessoal, são raríssimos seus nomes que chegaram ao nosso conhecimento.
Atualmente, a Igreja Católica, sem deixar de incentivar a relação entre os devotos e os santos, procura mostrar um Deus próximo, capaz de estabelecer comunhão com o ser humano[101].
3.3 – Protetores das coisas, situações e lugares
Tanto nas tradições religiosas da Mesopotâmia quanto no catolicismo, assim como na maioria das religiões ao longo da História, os devotos sempre atribuíram “funções” a seus intermediários, sejam eles deuses ou santos. Em algumas situações, dá até para estabelecer paralelos, como por exemplo, a proteção para as mulheres em trabalho de parto, atribuída pelos sumérios ao demônio Puzuzu (lembrando que entre eles os demônios nem sempre eram maus) e pelos católicos a São Leonardo de Noblat[102].
Na Mesopotâmia, assim como hoje nos territórios de população católica, era costume entregar cada cidade à proteção de um deus. Assim, tínhamos An como deus protetor de Uruk, Marduk protegendo Babilônia e Enlil protegendo a cidade de Nippur, da mesma forma como atualmente Santa Joana D’Arc protege a França e Nossa Senhora de Guadalupe protege o México[103].
Além de lugares, mesopotâmicos e católicos têm em comum a entrega aos intermediários de situações importantes da vida, como a gravidez (protegida pela deusa babilônica Zarpanitum[104] e pelo católico São Geraldo Magela[105]) ou uma viagem pelo mar (protegida pelo deus dos marinheiros Sirsir[106] e pelo católico São Nicolau de Mira[107]), bem como a súplica por proteção diante de fenômenos naturais, como as tempestades (antigo atributo do deus acádio Adad[108] e contra a qual se é protegido por Santa Escolástica[109]). Este tipo de entrega faz parte da necessidade que o homem tem de encontrar segurança na vida, recorrendo a seres que lhe pareçam “superiores”.
Em tempos mais antigos, encontrar respostas no sobrenatural era questão de sobrevivência, numa tentativa do ser humano para entender os fenômenos ao seu redor. Como forma de oferecer respostas palpáveis, os homens criavam os mitos e entregavam seus destinos nas mãos dos seres superiores. Isto faz parte do ser humano até hoje, em um mundo cada vez mais tecnológico e globalizado, no qual o homem ainda tenta respostas para seus anseios por segurança e ligação com o divino.
3.4 – Demônios
Na antiga Mesopotâmia, nem todos os demônios eram malignos, como já foi dito aqui na explanação sobre as tradições religiosas mesopotâmicas. No entanto, o catolicismo adotou a noção de demônios atribuindo-lhes apenas caracteres malignos, em contraposição aos anjos, seres bons que servem a Deus. A Igreja Católica, inclusive, diz que os demônios eram anjos que se rebelaram contra Deus e que depois quiseram corromper o ser humano, como no relato de Adão e Eva tentados pela serpente[110].
A Bíblia chega a mencionar alguns demônios das tradições mesopotâmicas, como nos trechos a seguir:
“Os gatos selvagens conviverão aí com as hienas, os sátiros chamarão aí os seus companheiros. Ali descansará Lilit, e achará um pouso para si”. (Isaías 34,14)[111]
“Então todos os maus, e filhos de Belial, dentre os homens que tinham ido com Davi, responderam, e disseram: Visto que não foram conosco, não lhes daremos do despojo que libertamos; mas que leve cada um sua mulher e seus filhos, e se vá”. (1Samuel 30,22)[112]
Na citação do livro bíblico de Isaías, vemos a menção do nome de Lilith[113], que era um dos demônios mesopotâmicos mais conhecidos da Antiguidade, e cujo nome vem do sumério lulu, significando “libertinagem”. Ligada à sexualidade, também aparece na tradição cabalística judaica, como primeira esposa de Adão, tendo ela se revoltado contra Deus por causa da posição sexual “inferior” que Adão lhe impunha nas relações. Lilith é identificada na Epopeia de Gilgamesh com o nome Ki-sikil-lil-la[114]. Na outra citação, a do primeiro livro de Samuel, aparece o nome Belial[115], demônio cujo nome vem de Belili[116], outro nome da deusa Geshtinanna.
O imaginário mesopotâmico ainda concebeu vários outros demônios, como[117]: Alu, que matava as pessoas enquanto dormiam; Miqut, ligado à parada cardíaca; Ugallu, o leão demônio; Muttabriqu, associado aos relâmpagos; entre outros. Esta associação de demônios a situações ruins chegou ao cristianismo medieval encontrando terreno fértil no homem europeu. Os católicos da Idade Média viam demônios em todos os lugares[118], como que aterrorizando as almas para perdê-las do caminho virtuoso.
Entre os demônios que mais assustavam os ingênuos fiéis medievais, estavam[119]: Azazel, antigo ser dos mitos judaicos e cananeus (aparece na Bíblia em Levítico 16,8-10); Asmodeu, outro demônio dos mitos judaicos; Satanás, cujo nome significa “o adversário”; Belzebu[120], associado ao príncipe dos infernos; Íncubo[121], demônio masculino que assediava as mulheres em seus sonhos; Súcubo[122], demônio feminino que sugava a energia vital dos homens em seus sonhos, após ter relações sexuais com eles. Estes eram os demônios mais temidos e contra os quais os católicos dirigiam intensas orações e exorcismos, procurando afastá-los com inúmeros rituais, os quais podemos exemplificar com um aparentemente absurdo aos nossos olhos: quando um homem tinha polução noturna (considerado pecado na época medieval), deveria rezar sete salmos ao acordar e mais 30 pela manhã, para afastar o demônio e pedir o perdão de Deus[123].
Nos dias de hoje, a figura do demônio vem ganhando novo destaque na corrente do cristianismo chamada “pentecostal”, conjunto de movimentos e igrejas que envolvem católicos e protestantes. Em algumas igrejas, chega-se até a “dialogar” com o demônio, antes de expulsá-lo do corpo a quem “possui”[124].
3.5 – Lendas, mitos e heróis
As histórias dos heróis são parte da identidade de um povo, dando-lhe a certeza do seu valor e animando seu orgulho. Todos os povos contam histórias, com personagens que lutam, amam, superam barreiras, morrem ou até mesmo renascem. Focando nossas atenções nos povos da Mesopotâmia e nos fiéis do catolicismo, vemos também a pedagogia usada nas histórias, para explicar fatos e fenômenos, comunicar as tradições ou simplesmente entreter.
As tradições católicas “beberam” da cultura mesopotâmica, através do judaísmo, para contar acontecimentos que remetem à origem do mundo e ao curso dos primeiros tempos históricos. Em ambas as culturas, existe a necessidade de relembrar grandes feitos e memoráveis personagens, como forma de legitimar aquela cultura e perpetuá-la no coração de seus membros.
3.5.1 – Moisés e Sargão
A Igreja Católica venera como santos também alguns personagens do Antigo Testamento, como Noé, Davi, Abraão, entre outros[125]. Um destes personagens veterotestamentários, o legislador Moisés (século XIII a.C.), tem seu nascimento envolto em uma história idêntica não só a uma lenda mesopotâmica, mas também de outras regiões do Velho Mundo. Vamos detalhar estas histórias para compreendermos o grau de influência entre as culturas mesopotâmica e cristã (na qual a lenda chegou pelo judaísmo).
Segundo a Bíblia, Moisés nasceu já condenado, pois o faraó egípcio decretara a morte dos recém-nascidos hebreus. A mãe de Moisés, para protegê-lo, colocou o menino em um cesto e depositou-o no rio Nilo, de modo que o cesto acompanhou a corrente até ser encontrado pela filha do faraó, que lhe deu o nome Moisés e o criou no palácio real, até Moisés libertar os hebreus da escravidão no Egito. A história é idêntica a de Sargão (século XXIV a.C.), que foi deixado pela mãe em um cesto de junco flutuando sobre as águas do rio Eufrates[126], até ser encontrado por um horticultor, servir ao rei de Kish e tornar-se rei de Acad, reino ao sul da Suméria. Estas histórias têm paralelo com as lendas dos nascimentos de Rômulo (fundador de Roma), Ciro (imperador persa), Édipo (herói grego), Gilgamesh (rei e herói sumério), entre outros[127].
Além das histórias de Moisés e Sargão, poderíamos sugerir as semelhanças entre a criação de Adão por Iahweh e a dos primeiros homens de barro pelos deuses Enki e Nammu[128], ou ainda entre Noé (personagem bíblico) e Utnapishtim (personagem sumério)[129], assim como outras histórias que, com suas características comuns, revelam a intensa influência exercida pelos povos da Mesopotâmia, mesmo depois de seu aniquilamento.
3.5.2 – São Jorge e Gilgamesh
De certa forma, podemos também relacionar o mito de São Jorge com o de Gilgamesh. Ambos são famosos por enfrentarem, no imaginário popular, monstros cuja derrota deram aos heróis uma eterna notoriedade. Já foi falado sobre São Jorge, que matou um dragão para salvar uma donzela. Gilgamesh[130] foi rei de Uruk, e seu nome foi imortalizado em aventuras relatadas desde o III Milênio a.C. Este herói, entre outros feitos, matou o Touro do Céu (enviado pela deusa Inanna, a cujas seduções Gilgamesh rejeitara), além de ter vivido uma intensa amizade com Enkidu, um selvagem criado pelos deuses para castigar Gilgamesh, mas que criara laços afetivos com o herói ao invés de lhe fazer mal. Gilgamesh buscou e encontrou a “planta da juventude”, que no entanto foi devorada por uma serpente (paralelo com a Árvore da Vida mencionada na Bíblia).
3.5.3 - Tammuz
Para terminarmos esta parte sobre lendas e heróis, vale mencionar outro herói das tradições mesopotâmicas que influenciou alguns traços cristãos: Dumuzi ou Tammuz.
Segundo Kramer (1980), Dumuzi era um rei que buscava a imortalidade, e para isto casou-se com a deusa Inanna[131]. Porém, a deusa quis dominar o mundo dos mortos, e por tal ambição foi condenada a morte pela deusa Ereshkigal, que só permitiria a “ressurreição” de Inanna se esta lhe desse um substituto. Como Inanna descobriu que Dumuzi se alegrara com sua morte, ordenou que ele fosse levado em seu lugar ao mundo dos mortos. Geshtinanna, irmã de Inanna, concordou em substituir Dumuzi no mundo dos mortos por metade de cada ano. Outras fontes relatam que Dumuzi morrera e fora para o mundo dos mortos[132]. Inanna, desesperada, vai atrás de seu amado e consegue sua libertação por metade de cada ano, ficando Geshtinanna em seu lugar. A história de Dumuzi, relatada pelos sumérios, foi a base para o mito de Tammuz, deus babilônico do florescimento e da primavera[133].
Tammuz era identificado com Nimrod, misterioso rei e herói mesopotâmico[134], de quem pouco se sabe (a maior parte das informações sobre ele está na Bíblia, em Gênesis 10,8-11). Na tradição judaica, Nimrod foi morto como castigo por ter desafiado a Deus na construção da torre de Babel (Gênesis 11,1-9). Outra tradição afirma que Tammuz era filho de Nimrod, tendo este morrido antes do nascimento do filho, razão pela qual a mãe, Semíramis, espalhou a história de que Tammuz era na verdade a “reencarnação” de Nimrod[135]. Semíramis era mãe de Nimrod e foi intitulada “rainha do céu”, ao passo que Nimrod foi divinizado (embora muitos estudiosos se dividam quanto à sua identidade, alguns relacionando-o a Sargão, outros a Gilgamesh[136], e assim por diante); encontramos paralelos de Semíramis nas deusas Inanna (Suméria), Ishtar (Assíria), Ísis (Egito), Afrodite (Grécia), Vênus (Roma) e Ashtarot (Fenícia)[137].
Diz a lenda que Tammuz foi morto prematuramente. Sua mãe o pranteou por 40 dias, até que ele ressuscitou[138], razão pela qual as mulheres hebreias choravam em ritos que celebravam Tammuz, no I Milênio a.C. Ainda de acordo com a lenda, o sangue de Tammuz deu origem a uma árvore sagrada[139], talvez o motivo pelo qual um dos símbolos de Tammuz era o madeiro (a cruz)[140]. Esta lenda foi adaptada à mitologia grega[141], onde o personagem passa a chamar-se Adônis (provavelmente do hebraico Adonai, que significa “senhor”). A relação com as devoções católicas é intensa: a presença de uma “rainha do céu” que é também a mãe do ser divino; o nascimento de um filho do céu; a cruz como símbolo que leva o fiel a um contato com a divindade.
Não pretende-se aqui discutir a veracidade das crenças cristãs, pois são questões de fé (mais que isto: para os fiéis, tratam-se de dogmas). A intenção é perceber a grande troca cultural entre civilizações que se desenvolveram numa região de intensa convivência étnica e religiosa, o que deve ser um enriquecimento intelectual para quem pesquisa tais assuntos e uma base mais sólida para a fé de quem acredita na dimensão espiritual e teológica destes mesmos assuntos.
3.6 – O julgamento das almas
Embora da Antiguidade nos seja mais conhecido o modelo de julgamento após a morte concebido pelos egípcios, as tradições religiosas mesopotâmicas também conceberam a ideia de um processo para se entrar no mundo dos mortos, apesar do destino não ser muito agradável até mesmo ao mais virtuoso dos homens. Segundo Kramer (1980), a alma, depois de atravessar um rio, era julgada pelo deus Utu, mas mesmo assim nada poderia esperar de consolador, pois a existência no mundo dos mortos era sombria[142]; e segundo Schroeder (2010), as almas vagavam errantes pelo mundo dos mortos, vigiado por sete demônios[143].
A visão católica conservou esta ideia de um “mundo dos mortos” em algumas passagens do Novo Testamento, como o trecho a seguir[144]: “Por isso é que se diz: ‘Tendo subido às alturas, levou cativo o cativeiro, concedeu dons aos homens’. Que significa ‘subiu’, senão que ele também desceu às profundezas da terra?” (Efésios 4,8-9).
O apóstolo Paulo fala que Jesus Cristo desceu às profundezas, clara referência ao mundo dos mortos, cujo imaginário os judeus herdaram dos povos mesopotâmicos. Apesar das menções neotestamentárias ao mundo dos mortos, o catolicismo distingue três realidades espirituais[145], sendo duas definitivas (céu e inferno) e uma temporária (o purgatório, estado de purificação das almas destinadas ao céu). A doutrina católica ainda fala de um Juízo Final[146], quando Cristo, voltando ao mundo, julgará os indivíduos e lhes dará, eternamente, o céu ou o inferno, conforme a opção de vida do próprio indivíduo.
3.7 – As imagens e os sacerdotes
Objeto religioso comum à maioria das tradições religiosas na História, a imagem do deus ou do santo tem papel de destaque na instrução dos fiéis e na condução dos ritos. Algumas religiões proíbem a confecção de imagens, como o islamismo, o judaísmo e o protestantismo, sob a alegação de que a imagem leva à idolatria. Na Mesopotâmia, a maior parte das imagens mostravam os deuses ou pessoas em oração, especialmente os reis, considerados representantes dos deuses. Entre os sumérios, existia o hábito de se deixar imagens de pedra diante dos altares quando era necessário interromper as orações, acreditando-se que a imagem iria orar em nome da pessoa ausente[147]. Hoje, entre os católicos, a imagem é um ponto de grande importância no devocional dos fiéis, sendo também instrumento de ligação com o divino.
Outro importante instrumento de comunicação com o divino e de incentivo às devoções é a figura do sacerdote. Na Mesopotâmia, os sacerdotes se ocupavam apenas no serviço dos templos, administrando os “bens” dos deuses e interpretando a vontade divina para transmiti-la aos fiéis[148]. Já no catolicismo, o sacerdote é considerado “imagem viva de Deus Pai”[149], agindo na pessoa de Cristo, ou seja, acredita-se que Jesus Cristo é visível aos fiéis através do sacerdote (seja ele o padre, o bispo ou o papa).
3.8 – Rainha do Céu
“Ave, Maria, Filha de Deus Pai. Ave, Maria, Mãe de Deus Filho. Ave, Maria, Esposa do Espírito Santo. Ave, Maria, templo da Santíssima Trindade. Ave, Maria, Senhora minha, meu bem, meu amor. Rainha do meu coração, Mãe, vida, doçura e esperança minha, muito querida, meu coração e minha alma. Sou todo vosso, e tudo o que possuo é vosso, ó Virgem sobre todos bendita”.[150]
“Eu digo ’Ave!’ à Deusa que aparece nos céus!
Eu digo ‘Ave!’ à Alta Sacerdotisa dos Céus!
Eu digo ‘Ave!’ à Inana, a Grande Senhora dos Céus!
Tocha Sagrada! Vós encheis os céus de luz!
Vós iluminais o dia ao alvorecer!”[151]
Um dos pontos de maior semelhança entre as devoções mesopotâmicas e as católicas é a figura da “Rainha do Céu”, a mãe dos homens que os auxilia e a quem se dirige especial atenção da parte dos fiéis. Nas orações acima citadas, se tirássemos os nomes da santa e da deusa, talvez não saberíamos a quem se dirigem tais louvores.
Inanna era filha do deus Enki, de quem ela roubou as Tábuas do Destino, após tê-lo embriagado. Ela tinha dois pretendentes, o agricultor Enkidu e o pastor Dumuzi[152]; recebendo presentes de ambos os pretendentes, preferiu Dumuzi e casou-se com ele (lembrando a história bíblica do agricultor Caim e do pastor Abel, e de como Caim matou Abel porque Deus escolheu as ofertas deste). Com a morte de Dumuzi, Inanna o busca no mundo dos mortos.
A deusa Inanna faz parte de uma categoria formada pelas “deusas-mãe”[153], divindades femininas adoradas em diversos povos antigos. Inanna, portanto, pode ser equiparada a Eurínome (pelasgos, antigo povo da Grécia), Asera (Canaã), Astarte (Síria), Pinikir (Elam, atual Irã), Anann ou Dana (Irlanda), Ymai (Sibéria) e Durga (Índia). Estas deusas eram importantes para seus devotos como fontes de fertilidade, especialmente nas colheitas e na geração de filhos. Sobre Maria, não podemos chamá-la de “deusa-mãe”, pois o catolicismo não a tem como divindade, mas podemos afirmar que o culto a Maria tem resquícios dos antigos cultos a divindades femininas, principalmente se levarmos em conta a influência que o cristianismo recebeu por onde seus missionários passavam nos primeiros séculos da era cristã.
A Bíblia faz duas referências à “Rainha do Céu”, ambas no livro do profeta Jeremias[154]:
“Os filhos ajuntam a lenha, os pais acendem o fogo e as mulheres preparam a massa para fazerem tortas à rainha dos céus”. (Jeremias 7,18)
“A palavra que nos falaste em nome de Iahweh, nós não a queremos escutar. Porque continuaremos a fazer tudo o que prometemos: oferecer incenso à rainha do céu e fazer-lhe libações, como fazíamos, nós e nossos pais, nossos reis e nossos príncipes, nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém; tínhamos, então, fartura de pão, éramos felizes e não víamos a desgraça. Mas desde que cessamos de oferecer incenso à rainha do céu e de fazer-lhe libações, tudo nos faltou e nós perecemos pela espada e pela fome”. (Jeremias 44,16-18)
Principalmente no segundo trecho bíblico acima citado, percebemos que o culto à “Rainha do Céu” era antigo entre os hebreus, e assim permaneceu apesar do monoteísmo de Moisés ou da reforma religiosa feita pelo rei Josias, no século VII a.C. (conforme o trecho bíblico de 2Reis 23,4-27). Já era de se esperar tal culto entre o povo hebreu, afinal seu território era cercado por inúmeros povos que adoravam deusas-mãe, e o próprio povo hebreu era descendente de um mesopotâmico, Abraão.
O título “Rainha do Céu” passou a Maria, apesar desta não ser cultuada como deusa. Os devotos católicos de todo o mundo se dirigem a ela com este atributo, que faz parte do dogma da Assunção, pelo qual Maria teria sido levada ao céu, em corpo e alma, e lá foi coroada por Deus[155]. No entanto, apesar de toda a devoção e do título real de Maria, a doutrina católica afirma[156]:
“Por sua multíplice intercessão prossegue em granjear-nos os dons da salvação eterna... Isto, porém, se entende de tal modo que nada derrogue, nada acrescente à dignidade e eficácia de Cristo, o único Mediador. Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser colocada no mesmo plano com o Verbo encarnado e Redentor”.
Apesar desta doutrina, vemos em muitos lugares manifestações devocionais contrárias ao pensamento católico, como a oração a seguir[157]:
“Augusta Rainha do Céu e Senhora dos anjos, vós que desde o princípio recebestes de Deus o poder e a missão de esmagar a cabeça de satanás, nós vos pedimos humildemente, enviai vossas santas Legiões de Anjos, para que elas, sob vosso poder e vossas ordens, persigam os infernais espíritos, combatendo-os por toda a parte, confundam a sua audácia e os precipitem no abismo. Quem como Deus? Ó boa e terna Mãe, vós sereis sempre o nosso amor e a nossa esperança. Ó Mãe de Deus, enviai vossas santas Legiões de anjos para nos defender e repelir para longe de nós o cruel inimigo. Santos Anjos e Arcanjos, defendei-nos e protegei-nos”.
Não pretende-se aqui, como já foi dito neste trabalho, discutir a veracidade de dogmas e devoções ou entrar em polêmicas desnecessárias com grupos religiosos, mas analisar a devoção e, no caso católico, confrontá-la com a doutrina, a fim de se perceber a postura da Igreja Católica diante das devoções e a dos fiéis diante da doutrina. Assim, podemos destacar nesta oração as seguintes características:
1 – O título “Augusta” refere-se a Augusto, imperador romano divinizado após sua morte (inclusive há uma lenda romana que diz que Augusto nasceu da união de sua mãe com o deus Apolo[158], semelhante à concepção de Jesus no ventre de Maria); Augusto vem do latim e significa “sagrado”, “sublime”, “majestoso”, “venerável”[159].
2 – “Rainha do Céu” é o título, como já vem sendo dito, das deusas-mãe adoradas desde a Antiguidade.
3 – O título “Senhora dos Anjos” não é apropriado a Maria; já foi mencionado neste trabalho que a Igreja Católica considera os anjos como servos de Deus.
4 – A missão mariana de esmagar Satanás é uma interpretação católica do trecho bíblico de Gênesis 3,15, segundo o qual, após levar Adão e Eva ao pecado, a serpente recebe sua condenação: seria pisada por uma mulher.
5 – A expressão “sereis sempre o nosso amor” fica estranha quando atribuída a Maria, pois o cristianismo refere, no trecho bíblico de 1João 4,8, que “Deus é amor”.
O catolicismo ainda venera Maria com outros atributos além de Rainha do Céu, como “estrela da evangelização”[160], “primeira redimida”[161], “modelo”[162], “sede da sabedoria”[163], entre outros. Todos são atributos que mostram a importância de Maria no catolicismo, ao mesmo tempo em que nos revela uma realidade: mudam os povos e as culturas, mas algumas manifestações (como o culto a seres femininos) sempre se renovam para permanecer no coração humano, sobrevivendo a toda evolução filosófica, teológica, sociológica, cultural e histórica.
Considerações finais
A religião não é uma instituição estática na história da humanidade, mas evolui, assim como outras instituições de cunho político, social, cultural e econômico. A evolução da religião não se dá de maneira igual e não é, necessariamente, de forma linear e progressiva. Sociedades que adoram um deus “abstrato”, criador das coisas concretas, convivem com outras sociedades que ainda adoram coisas concretas como se fossem divindades.
Aos poucos, na história do homem, a noção de divindade também evoluiu: primeiro, os deuses eram, por exemplo, aquilo que os homens podiam ver e não podiam entender (astros, por exemplo); depois, as “divindades naturais” foram personificadas, representadas como animais ou seres humanos (caso da religião do antigo Egito, por exemplo); logo após, enquanto as religiões antigas divinizavam “criaturas” e coisas visíveis, surgiram tradições religiosas que conceberam divindades acima das coisas visíveis e que, portanto, não poderiam ser representadas em nenhuma forma concreta (destaque para o judaísmo); no entanto, ainda hoje, podemos ver tradições religiosas que cultuam a natureza, sem representá-la em imagens (por exemplo, o neopaganismo), ou que adoram seres que personificam as atribuições que lhe são dadas (hinduísmo, por exemplo).
Quando um povo definia suas divindades e os cultos a elas, a partir daí se fortalecia a cultura popular, marcada pela piedade, pelas homenagens, pelas devoções e por um transporte da vivência espiritual a todas as outras áreas da vida (família, profissão, negócios, entre outros). É o caso do povo hebreu quando assumiu Iahweh como sua divindade: a cultura hebreia se fortaleceu e os laços fraternais se tornaram tão firmes que a religião judaica sobreviveu a quase 2 mil anos de dispersão dos seus fiéis, que praticamente “respiram” judaísmo em todas as esferas da vida (levando em conta que a Torá, conjunto de leis divinas escrita nos cinco primeiros livros bíblicos, traz como palavras de Deus várias normas referentes à alimentação, ao comportamento, à vivência familiar e até mesmo aos hábitos de higiene). Além do judaísmo, podemos citar também o cristianismo, cuja doutrina quis abranger todas as áreas da vida do ser humano, embora com menos intensidade e detalhes em relação aos judeus.
Esta característica de viver a espiritualidade no cotidiano marca a questão devocional dos povos mesopotâmicos e dos que seguem o catolicismo, embora hoje se veja entre os católicos uma distinção entre a esfera religiosa e as demais esferas da vida, exemplificada pelos que só rezam quando vão à missa (o auge do culto católico). Fora este detalhe contemporâneo, vemos em toda a História como as pessoas assumem em suas vidas o caráter espiritual, como se tudo fosse uma coisa só. Os povos da Mesopotâmia atribuíam suas vitórias bélicas ao deus protetor, culpavam espíritos malignos pelas doenças que atacavam as pessoas, agradeciam aos deuses por uma colheita farta ou se penitenciavam a eles por uma colheita mal sucedida; da mesma forma, os católicos fazem novenas para pedir emprego, fazem peregrinações para agradecerem pela cura de uma doença, expõem sinais religiosos em comércios ou até mesmo repartições públicas.
As tradições religiosas mesopotâmicas se renovaram conforme os povos que dominavam a região. Assim, a influência suméria acompanhou também, entre os povos posteriores, a entrada de novos deuses, novos mitos, novos heróis, ou a adaptação de antigas tradições constantemente relidas, para que os feitos heroicos antes creditados a An ou a Enlil fossem atribuídos a Assur ou a Marduk, conforme o centro do poder mesopotâmico. Na religião católica, a renovação também é constante, tendo seu grande salto quando deixou de ser uma religião perseguida para tornar-se a religião oficial do Império Romano, no século IV. O contato com outros povos fora das origens cristãs (Israel) incrementou o pensamento, a doutrina e os costumes da Igreja, que no decorrer dos séculos chegou a adotar tradições pagãs, relidas sob a ótica cristã (caso do Natal, por exemplo).
Nos dias de hoje, a Igreja Católica se vê em constantes desafios diante da modernidade. Como instituição, tem o direito de atuar e opinar nos assuntos nacionais, como qualquer outra instituição (religiosa, social, política, econômica, cultural, entre outras). Cada vez mais crítica em relação às instituições (e devemos discutir até onde é legítima e imparcial esta criticidade), nossa sociedade pede respostas do catolicismo ante as questões do mundo em que vivemos, dada a importância católica em momentos cruciais da História no Ocidente (reestruturação da Europa medieval, por exemplo).
Não só o catolicismo, mas todas as grandes religiões precisam sempre refletir sobre o seu papel nas sociedades em que predominam, a fim de que a memória religiosa não se traduza apenas em sangue, fanatismo e alienação (como vem sendo em diversos momentos históricos), mas passe a ser também contribuição para um mundo mais tolerante, pacífico e justo para todos.
[1] Graduado em História pela Universidade de Franca (2013) e Normal Superior (2008); Pós-graduado em Metodologia do Ensino de História e Geografia (2014). E-mail: virginenseuchoas@bol.com.br
[2] MONTEIRO, Domingos. O livro de todos os tempos. Rio de Janeiro: Lidador, 1963. Volume 2. Páginas 9-33.
[3] Idem, pág. 62-63.
[4] PAULI, Evaldo. Religião dos indo-europeus: Exame histórico-crítico das religiões. Disponível em: <www.simpozio.ufsc.br/Port/1-enc/y-mega/mega-filosgeral/filosofia-religiao/7270y110.html> Acesso em: 10 de junho de 2011. Ver também: Deuses. Disponível em: <http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Deuses> Acesso em: 10 de junho de 2011.
[5] SCHMIDT, Mário Furley. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração, 2005. 2ª edição. 5ª série do Ensino Fundamental. Páginas 82 a 85.
[6] CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário escolar da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.
[7] VIER, Frei Frederico (org.). Compêndio do Vaticano II. Petrópolis: Vozes, 2000. 29ª edição. Página 108. Constituição Dogmática Lumen gentium.
[8] KRAMER, Samuel Noah et al. Mesopotâmia: o berço da civilização. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1980. Página 109.
[9] PINELLI, Felice. Anjos e demônios. Disponível em: <www.padrefelix.com.br/anjos22.htm> Acesso em: 10 de junho de 2011.
[10] KRAMER, Samuel Noah et al. Op. cit. Páginas 105 a 123.
[11] ENCICLOPÉDIA Delta Universal. Rio de Janeiro: Delta, 1988. Volume 2. Página 801. Ver também: MONTEIRO, Domingos. Op. cit. Volume 3. Página 220.
[12] ENCICLOPÉDIA Delta Universal. Volume 10. Página 5392.
[13] KRAMER, Samuel Noah et al. Op. cit. Página 105.
[14] Idem, pág. 106.
[15] Idem.
[16] Os romanos que seguiam o mitraísmo (religião persa) também adoravam um deus associado ao sol (o Sol Invictus), celebrado no dia 25 de dezembro, data escolhida pelos cristãos para comemorar o nascimento de Jesus Cristo, chamado de “Sol de justiça” (conforme trecho bíblico de Malaquias 3, 20). Informação mencionada na página: <http://www.centrowhite.org.br/textos.pdf/01/66.pdf> Acesso em: 10 de junho de 2011.
[17] BRITO, Daphne. Enlil e Ninlil. Disponível em: <http://dragaosumeriano.blogspot.com/2010/05/enlil-e-ninlil.html> Acesso em: 10 de junho de 2011.
[18] TAMMY, Rainna. História e o legado da Suméria. Disponível em: <http://luzparaasluzes.blogspot.com/2011/01/historia-e-o-legado-da-shumeria.html> Acesso em 10 de junho de 2011.
[19] KRAMER, Samuel Noah et al. Op. cit. Páginas 108 e 109.
[20] Idem, pág. 105.
[21] CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Bíblia Sagrada. Brasília e São Paulo: Edições CNBB e Canção Nova, 2007. 6ª edição.
[22] KRAMER, Samuel Noah et al. Op. cit. Página 106.
[23] JUAREZ, Rodolfo. No “pires” uma carta de oito pontos com propostas genéricas. Disponível em: <http://www.jdia.com.br/pagina.php?pg=exibir_not&idnoticia=32700> Acesso em 13 de junho de 2011.
[24] MOURA, Francisco das Chagas. Os sumérios. Disponível em: <http://portaldoconhecimentonet.blogspot.com/2009/04/os-sumerios.html> Acesso em: 13 de junho de 2011. Ver também: Uruk. Disponível em: <http://www.tiosam.org/enciclopedia/index.asp?q=Uruk> Acesso em 13 de junho de 2011.
[25] KRAMER, Samuel Noah et al. Op. cit. Páginas 40 a 42.
[26] Idem, pág. 86.
[27] Idem, pág. 92.
[28] Idem, pág. 110-112.
[29] Idem, pág. 111. Ver também: Um breve olhar sobre a religião na Mesopotâmia. Disponível em: <http://www.angelfire.com/me/babiloniabrasil/brevepanrel.html> Acesso em: 13 de junho de 2011.
[30] Ver nota 29.
[31] Ver nota 4.
[32] Pequeno glossário de religião da Mesopotâmia. Disponível em: <http://www.angelfire.com/me/babiloniabrasil/glossa1.html> Acesso em: 13 de junho de 2011.
[33] El, o mesmo que Ilu, aparecia em várias mitologias do Oriente Médio, principalmente nos mitos da Fenícia, do Império Hitita e de Israel. Neste último, passou a ser o Deus hebreu, com o nome de Iahweh. O deus El era representado em Ugarit (Fenícia) como um touro, fazendo-nos lembrar dos touros de ouro construídos por Aarão, irmão de Moisés (Êxodo 32,1-6), e pelo rei hebreu Jeroboão (1Reis 12,28-29); nos dois casos bíblicos, porém, o relato diz que os touros foram reprovados por Iahweh. Sobre El e sua relação com Iahweh, que reprovou os touros, veja: LOPES, José e VERSIGNASSI, Alexandre. Deus – uma biografia. Revista Superinteressante. São Paulo, Editora Abril, nº 284, páginas 58 a 67, novembro de 2010. Ver também: OLIVEIRA, Marlanfe Tavares de. A hierarquia dos nomes divinos. Disponível em: <http://www.ictys.kit.net/Cabala/pasta04/hierarquia.pdf> Acesso em: 13 de junho de 2011.
[34] Ver nota 11.
[35] Ver nota 32.
[36] A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus, 1994.
[37] O mês de Tamuz. Disponível em: <http://www.chabad.org.br/datas/calendario/tamuz.html> Acesso em: 13 de junho de 2011.
[38] A Bíblia de Jerusalém. A citação refere-se ao mito mesopotâmico da morte de Tammuz, que era esposo da deusa Ishtar. Esta lenda nada mais é do que uma adaptação do mito sumério de Dumuzi, rei e esposo da deusa Inanna. Para conhecer melhor o mito de Tammuz, veja: MONCAY, Lara. Mitologia assíria-babilônica. Disponível em: <http://cantinhodosdeuses.blogspot.com/2011/03/mitologia-assiria-babilonica.html> Acesso em: 13 de junho de 2011.
[39] Babilônia. Disponível em: <http://www.nehnaarab.net/component/content/article/128-babilonia.html?start=1> Acesso em: 14 de junho de 2011.
[40] OLIVEIRA, Pastor Denis de. Por que as Testemunhas de Jeová não comemoram aniversário. Disponível em: <http://www.webservos.com.br/gospel/estudos/estudos_show.asp?id=399> Acesso em: 14 de junho de 2011.
[41] Mesopotâmia e seus povos. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-mesopotamica/mesopotamia-e-seus-povos-2.php> Acesso em: 14 de junho de 2011.
[42] A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus, 1994.
[43] RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA. Santidade. São Paulo: Loyola, 2006. Pág. 8. Apostila 5. Módulo básico da Escola Paulo Apóstolo.
[44] Idem, pág. 9.
[45] CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2004. Página 136.
[46] Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000. Parágrafo 957.
[47] Idem.
[48] São Policarpo, bispo e mártir. Disponível em: <http://beinbetter.wordpress.com/2010/02/23/sao-policarpo-bispo-e-martir/> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[49] VIER, Frei Frederico (org.). Op. cit. Página 298. Constituição Sacrossanctum Concilium.
[50] BASTOS, Mário Jorge da Motta. Santidade, hierarquia e dependência na Alta Idade Média. Disponível em: <http://www.pime.org.br/missaojovem/mjhistdaigrejamedia.htm> Acesso em: 14 de junho de 2011.
[51] URANTIA FOUNDATION. Fetiches, encantos e magias. Disponível em: <http://www.urantia.org/pt/o-livro-de-urantia/documento-88-fetiches-encantos-e-magias> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[52] VIER, Frei Frederico (org.). Op. cit. Página 303. Constituição Sacrossanctum Concilium.
[53] Querubim é, no pensamento judeu, uma criatura com asas, semelhante aos anjos. O termo pode vir do babilônico karibu, que se referia aos seres meio homens e meio animais que protegiam as portas de templos e palácios, ou ainda do assírio Kirabu, um deus metade homem e metade touro com asas. Para melhor entender os querubins, veja: A Bíblia de Jerusalém. Nota explicativa do trecho de Êxodo 25,18. Ver também: TOMAZINE, Anderson de Castro. Arcanjos-anjos-serafins-querubins. Disponível em: <http://www.dedechi.hd1.com.br/anjos.html> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[54] Catecismo da Igreja Católica. Páginas 19 e 299.
[55] ENCICLOPÉDIA Barsa. Rio de Janeiro e São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil, 1982. Volume 5. Página 60.
[56] 04 de julho – Santo Ulrico. Disponível em: <http://www.fotolog.com.br/oracoes/15665005> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[57] Santo Antônio de Lisboa. Disponível em: <http://www.igrejahoje.com.br/site/index2.php?pagina=revistas&id=515> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[58] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafo 2683.
[59] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafo 2116. Para ver o ponto de vista do espiritismo a respeito da evocação dos mortos, recomenda-se a página <http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/1863/63-10-da-proibicao-de-evocar.html> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[60] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafo 1331.
[61] Devoção. Disponível em: <http://www.paieterno.com.br/?class=Textos&method=onListar&tipo=devocao> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[62] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafo 1159.
[63] Na mencionada passagem, Jesus responde a um questionamento do apóstolo Felipe: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!” (João 14,8). Por este trecho, a Igreja Católica entende que não é necessário representar o Pai, primeira pessoa da Santíssima Trindade.
[64] CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (CELAM). Documento de Aparecida. Brasília e São Paulo: CNBB, Paulus e Paulinas, 2007. 3ª edição. Página 32.
[65] VITALINO, Dom Antônio. Repensar as manifestações religiosas populares. Disponível em: <http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=86143> Acesso em: 15 de junho de 2011. Entrevista cedida a Luís Filipe Santos.
[66] Santos protetores. Disponível em: <http://www.cademeusanto.com.br/protetores.htm> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[67] Santos padroeiros. Disponível em: <http://www.portaldascuriosidades.com/forum/index.php?topic=19001.0> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[68] São Jorge – o santo guerreiro. Disponível em: <http://www.casadobruxo.com.br/textos/magia94.htm> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[69] Dia de São Jorge. Disponível em: <http://fsj.edu.br/feriadosDatasEspeciais/abril/diadesaojorge.pdf> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[70] Santa Úrsula e companheiras. Disponível em: <http://www.portalangels.com/santo_do_dia/21outubro.htm> Acesso em: 15 de junho de 2011.
[71] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafos 487 a 507 e 966.
[72] Intercessão dos Santos. Disponível em: <http://www.lepanto.com.br/dados/ApSantos.html> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[73] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafo 971.
[74] Como surgiu a oração do santo Rosário. Disponível em: <http://www.acidigital.com/rosario/> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[75] Significado e origem dos nomes: letra M. Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/nomes/m.htm> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[76] Títulos de Nossa Senhora. Disponível em: <http://www.cot.org.br/igreja/titulos-de-nossa-senhora.php> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[77] REIS, Reinalda Delgado dos (org.). Orações selecionadas por cura, libertação e intercessão. São Paulo: Loyola, 2001. Página 157.
[78] Mês de Maria e seus inúmeros títulos. Disponível em: <http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=1861> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[79] Ofício da Imaculada Conceição da Virgem Maria. Disponível em: <http://www.paginaoriente.com/titulos/oficio.htm> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[80] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafo 329. O trecho do Catecismo cita a passagem bíblica do Salmo 103,20.
[81] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafos 494 e 508.
[82] CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (CELAM). Op. cit. Parágrafo 270.
[83] AZEVEDO, Gislaine Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História. São Paulo: Ática, 2007. Página 142. Ver também: As 95 teses de Lutero. Disponível em: <http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=857&menu=7&submenu=1> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[84] O cristianismo, antes de Lutero, tivera outras divisões, sendo a principal delas entre os católicos do Ocidente e os do Oriente, em 1054, que deu origem às igrejas ortodoxas espalhadas principalmente na Europa Oriental e no Oriente Médio.
[85] Protestantismo. Disponível em: <http://www.casadobruxo.com.br/religa/protestantismo.htm> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[86] Luterana. Disponível em: <http://www.brazilsite.com.br/religiao/evangelica/lut01.htm> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[87] Santos no protestantismo. Disponível em: <http://charlesgomes.wordpress.com/2008/12/06/santos-no-protestantismo/> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[88] VARGENS, Pastor Renato. As romarias e a idolatria do catolicismo. Disponível em: <http://www.cacp.org.br/catolicismo/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=2173&menu=2&submenu=9> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[89] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafo 293.
[90] FREMANTLE, Anne et al. Idade da fé. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1981. Página 31.
[91] Idem, pág. 39.
[92] KARLOFF, Álvaro. Hino de louvor a Enlil. Disponível em: <http://documentofantastico.blogspot.com/2011/05/hino-de-louvor-enlil.html> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[93] Ver nota 42.
[94] LUTERO, Martinho. Da liberdade cristã. São Leopoldo: Sinodal, 2004. 6ª edição. Páginas 9 e 11.
[95] MATOS, Alderi Souza de. Sola Scriptura. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/cinco_solas/solascriptura_alderi.htm> Acesso em: 16 de junho de 2011.
[96] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafo 1731.
[97] A Bíblia de Jerusalém. Nota explicativa do trecho de 1Timóteo 2,6.
[98] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafos 956 e 1434.
[99] TURCI, Érica. O politeísmo e o mito do dilúvio. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/historia/mesopotamia---religiao-o-politeismo-e-o-mito-do-diluvio.jhtm> Acesso em: 17 de junho de 2011.
[100] Saúde e magia na Mesopotâmia. Disponível em: <http://www.ff.ul.pt/paginas/jpsdias/Farmacia-e-Historia/node16.html> Acesso em: 17 de junho de 2011.
[101] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafo 773.
[102] São Leonardo de Noblat. Disponível em: <http://www.catolicosdobrasil.com.br/santos-da-igreja-catolica/sao-leonardo-de-noblat/> Acesso em: 17 de junho de 2011.
[103] Ver nota 66.
[104] Ver nota 32.
[105] São Geraldo Magela. Disponível em: <http://www.catolicosdobrasil.com.br/santos-da-igreja-catolica/sao-geraldo-magela/> Acesso em: 17 de junho de 2011.
[106] Ver nota 32.
[107] São Nicolau. Disponível em: <http://www.catolicosdobrasil.com.br/santos-da-igreja-catolica/sao-nicolau/> Acesso em: 17 de junho de 2011.
[108] Ver nota 32.
[109] Ver nota 65.
[110] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafos 391 a 395. Sobre a tentação de Adão e Eva, ver na Bíblia o trecho de Gênesis 3,1-24.
[111] Ver nota 36.
[112] A Bíblia Sagrada. Sociedade Bíblica do Brasil: Barueri, 2005.
[113] Lilith – a lua negra. Disponível em: <http://www.gnosisonline.org/textos-especiais/lilith-a-lua-negra/> Acesso em: 18 de junho de 2011.
[114] Lilith. Disponível em: <http://robsobrenatural.blogspot.com/2010/08/lilith_21.html> Acesso em: 18 de junho de 2011.
[115] OPPERMANN, Álvaro. Diabo: o mal em pessoa. Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/diabo-mal-pessoa-518181.shtml> Acesso em: 18 de junho de 2011.
[116] Ver nota 32.
[117] Ver nota 32.
[118] FREMANTLE, Anne et al. Op. cit. Página 63.
[119] A Bíblia de Jerusalém. Nota explicativa dos trechos de Levítico 16,8, Tobias 3,8 e Jó 1,6.
[120] Belzebu é uma figura derivada de dois deuses das mitologias cananeia e fenícia: Baal, deus dos trovões, da agricultura, da fertilidade, da morte e da crueldade; e Zebu, deus das moscas e das pestes. Alguns judeus chegaram a dizer que as ações de Jesus Cristo eram inspiradas por Belzebu (Mateus 12,22-32). Sobre este demônio, veja: A Bíblia de Jerusalém. Nota explicativa do trecho de Mateus 12,24. Ver também: Demonologia – Demônio Beelzebuth. Disponível em: <http://www.psioculto.com/2010/10/demonologia-demonio-beelzebuth.html - Acesso em: 18 de junho de 2011.
[121] FARIAS, Érik. Íncubo. Disponível em: <http://misteriosfantasticos.blogspot.com/2010/09/incubo.html> Acesso em: 18 de junho de 2011.
[122] Idem. Súcubo. Disponível em: <http://misteriosfantasticos.blogspot.com/2010/09/sucubo.html> Acesso em: 18 de junho de 2011.
[123] SCHNEIDER, Maitê. Entre o amor real e o ideal. Disponível em: <http://www.casadamaite.com/node/3903> Acesso em: 18 de junho de 2011.
[124] Cenas de entrevista com demônios na Igreja Universal. Disponível em: <http://exorcismosreais.blogspot.com/2010/05/cenas-de-entrevista-com-demonios-na.html> Acesso em: 18 de junho de 2011.
[125] FEDELI, Orlando. Redenção dos santos do Antigo Testamento. Disponível em: <http://www.montfort.org.br/old/perguntas/redencao_at.html> Acesso em: 19 de junho de 2011.
[126] A Bíblia de Jerusalém. Nota explicativa do trecho de Êxodo 2,10. Ver também: SILVA, Airton José da. História de Israel. Disponível em: <http://www.airtonjo.com/historia06.htm> Acesso em: 19 de junho de 2011.
[127] COIMBRA, David. O que Freud dizia de Moisés. Disponível em: <http://wp.clicrbs.com.br/davidcoimbra/2011/05/22/historias-muito-curtas-5/> Acesso em: 19 de junho de 2011.
[128] O nascimento do homem. Disponível em: <http://www.daphneshinnar.blogspot.com/> Acesso em: 19 de junho de 2011. Poema sumério.
[129] KRAMER, Samuel Noah et al. Op. cit. Páginas 122 e 123.
[130] Idem, pág. 120-121.
[131] Idem, pág. 112-113.
[132] O mito de Inanna – O retorno. Disponível em: <http://www.angelfire.com/me/babiloniabrasil/retorno.html> Acesso em: 21 de junho de 2011. Ver também: QUINTAS, Beto. Dumuzi, o deus touro. Disponível em: http://betoquintas.blogspot.com/2010/10/dumuzi-o-deus-touro.html Acesso em: 21 de junho de 2011.
[133] RAZ, Simcha. O mês de Tamuz. Disponível em: <http://www.webjudaica.com.br/religiao/textosDetalhe.jsp?textoID=27&temaID=5> Acesso em: 19 de junho de 2011.
[134] MORENO, Mário. O fim no princípio. Disponível em: <http://www.shemaysrael.com/artigos/125-escrituras/1804-o-fim-no-principio.html> Acesso em: 19 de junho de 2011.
[135] TROIS, Cláudio. Início das raças e nações. Disponível em: <http://solascriptura-tt.org/Seitas/Romanismo/Nacoes-NimrodeSemiramisMariaBabelBabilonia-Trois.htm> Acesso em: 20 de junho de 2011.
[136] Ver nota 133.
[137] Ver nota 134.
[138] Ver nota 134.
[139] CORDEIRO, Pastor Ismael Alves. Quem é a mulher da nota do real? Disponível em: <http://www.ieqcruzeirodooeste.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=105%3Aquem-e-a-mulher-da-nota-do-real&catid=23%3Ageral&Itemid=38> Acesso em: 20 de junho de 2011.
[140] Jesus morreu mesmo numa cruz? Disponível em: <http://www.watchtower.org/t/200604a/article_01.htm> Acesso em: 20 de junho de 2011.
[141] Mitologia grega: Adônis. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/MGAdonis.html> Acesso em: 20 de junho de 2011.
[142] KRAMER, Samuel Noah et al. Op. cit. Páginas 113 e 114.
[143] SCHROEDER, Gilberto. Um inferno para cada um. Disponível em: http://www.revistasextosentido.net/news/um-inferno-para-cada-um/ Acesso em: 20 de junho de 2011.
[144] Ver nota 36.
[145] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafos 1021 a 1037.
[146] Idem. Parágrafos 1038 a 1041.
[147] A civilização mesopotâmica. Disponível em: <www.idealdicas.com/a-civilizacao-mesopotamica/> Acesso em: 20 de junho de 2011.
[148] A Mesopotâmia – o templo e os sacerdotes. Disponível em: <http://www.astronomiaamadora.net/mesopotamia.asp?id_page=4> Acesso em: 20 de junho de 2011.
[149] Catecismo da Igreja Católica. Parágrafos 1548 a 1551.
[150] REIS, Reinalda Delgado dos (org.). Op. cit. Página 22. Coroa das Glórias da Virgem Maria.
[151] À sagrada sacerdotisa dos céus. Disponível em: <http://www.daphneshinnar.blogspot.com/> Acesso em: 20 de junho de 2011.
[152] MONAGHAN, Patrícia. Inanna. Disponível em: <http://www.hranajanto.com/goddessgallery/inanna.html> Acesso em: 20 de junho de 2011.
[153] Deusa mãe. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Deusa_m%C3%A3e> Acesso em: 21 de junho de 2011.
[154] Ver nota 36.
[155] VIER, Frei Frederico (org.). Op. cit. Página 108. Constituição Dogmática Lumen gentium.
[156] Idem. Página 109. Constituição Dogmática Lumen Gentium.
[157] REIS, Reinalda Delgado dos (org.). Op. cit. Páginas 28 e 29.
[158] SALOM, Padre Agustin Juan Calatayud y. Repensando minha opção no Natal do Senhor. Disponível em: <http://www.natalpress.com/index.php?Fa=aut.inf_mat&MAT_ID=11387&AUT_ID=53> Acesso em: 21 de junho de 2011.
[159] SOUZA, Francisco Antônio de. Novo dicionário latino-portuguez. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1931. Ver também: Significado do nome Augusto. Disponível em: <http://www.osignificadodonome.com/significado-do-nome-augusto-2026.html> Acesso em: 21 de junho de 2011.
[160] PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi. São Paulo: Paulinas, 2005. 18ª edição. Página 116.
[161] PAPA JOÃO PAULO II. Abri as portas ao redentor. São Paulo: Paulinas, 1983. 3ª edição. Página 46.
[162] Idem. Carta encíclica Redemptoris Missio. São Paulo: Paulinas, 2005. 7ª edição. Página 143.
[163] Idem. Carta encíclica Fides et ratio. São Paulo: Paulinas, 2005. 8ª edição. Página 140.